A unicidade de mestre e discípulo no budismo — (parte 3)

O desejo do Mestre é ensinar a correta conduta da fé no Gohonzon, ou seja, estabelecer a unicidade da própria vida com a Lei mostrando aos discípulos como extrair o ilimitado potencial que possuem — o estado de Buda.

Portanto, corresponder ao Mestre é comprovar a veracidade do budismo na própria vida; vencer em tudo, não importando o que aconteça. Por isso, o budismo não existe fora da unicidade de mestre e discípulo.

No capítulo Hoben (Meios) do Sutra de Lótus que recitamos diariamente durante o Gongyo, Sakyamuni descreve sua compreensão de que todos possuem o estado de Buda. A mensagem desse capítulo, conforme explanou o presidente Ikeda no livro Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo é que o ensino fundamental do Sutra de Lótus pode ser resumido nas frases “Eu próprio sou um Buda” e “Venerem o sol do estado de Buda em seu coração”. (Pág. 47.) Assim, o Sutra de Lótus é um ensino que tem como base a premissa irrefutável de que todas as pessoas são iguais, ninguém é superior ou inferior. Por isso, não há diferenças essenciais entre mestre e discípulo.

Nitiren Daishonin também destaca: “A Lei não se propaga por si mesma. Por ser propagada pelas pessoas, tanto a Lei como as pessoas tornam-se dignas de respeito”. (Gosho Zenshu, pág. 856.)

Nenhum empreendimento épico pode ser alcançado em uma única geração. Somente quando o espírito do mestre é herdado pelos discípulos e transmitido continuamente às sucessivas gerações é que ele é alcançado.

A perpetuação do budismo é um ponto também vital. Não basta apenas o ensino ser perfeito; deve ser propagado e perpetuado para que seja útil às pessoas de todas as épocas. Portanto, a função dos discípulos em unicidade com o mestre também está ligada à questão da perpetuação do próprio budismo.

No Sutra de Lótus, o Buda Sakyamuni transferiu a missão de propagar o budismo nos Últimos Dias da Lei aos Bodhisattvas da Terra liderados por Jogyo, garantindo a perpetuação de seus ensinos. Nitiren Daishonin iniciou seus esforços pela realização do Kossen-rufu, ou seja, a propagação do budismo na era de Mappo com a consciência de que ele era o herdeiro da missão do Bodhisattva Jogyo. Somente após enfrentar diversas provações e perseguições, em especial após a Perseguição de Tatsunokuti, Daishonin assumiu sua condição de Buda, revelando o objeto de devoção — o Gohonzon — para toda a humanidade, deixando-o para a posteridade. A sucessão dos ensinos de Sakyamuni ocorreu de fato por meio de Nitiren Daishonin.