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Todos querem (e merecem) um lar harmonioso

Uma família feliz é composta por pessoas autônomas, fortes, que se aprimoram sempre, esbanjam amor e vivem por um bem maior

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23/07/2016

Todos querem (e merecem) um lar harmonioso
A vida em grupo é dinâmica, com inúmeras formas de organização familiar conforme crenças, gostos, culturas, necessidades, interesses.

O elemento comum em todos esses exemplos é o desejo da pessoa de ser feliz e ter um ambiente harmonioso.

O presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, no livro A Família Criativa, apresenta reflexões sobre como viver de maneira criativa.

Sua análise começa com a definição do que é família e percorre temas fundamentais como papel da mãe e do pai, educação espiritual, individualidade e senso de responsabilidade em relação ao mundo. Esta é a primeira parte de uma matéria do BS sobre essa importante obra.

A família é um organismo vivo

As conexões entre as pessoas são invisíveis aos olhos. Mas reais no coração.

O núcleo familiar é formado por laços de amor entre pais, filhos, avós etc. São fios invisíveis, dinâmicos, ricos e repletos de significado. O presidente Ikeda afirma:

“A família pode ser descrita como um organismo. Se pensarmos na sociedade como um corpo humano, então cada família é um grupo de células. Algumas famílias movem-se por esse corpo, enquanto outras permanecem fixas. Cada unidade familiar deve viver em harmonia com a sociedade como um todo; caso contrário, não sobreviverá. Se, por outro lado, cada uma das células não funcionar plenamente, com toda a vitalidade, não se pode esperar que a sociedade progrida. A família é como um grupo de células que se desenvolve por meio dos esforços de cada um dos integrantes. Ela é a unidade básica que determina a direção da sociedade. O amor é como o sangue que circula por todo o corpo, mantendo os membros unidos. A família é um organismo no qual o amor pode ser compartilhado entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos e irmãs” (A Família Criativa, p. 19).

Um lar saudável é composto por pessoas vigorosas, que doam aos outros mais do que recebem. Que cuidam mais do que esperam ser cuidadas.

Uma sociedade sadia é formada por famílias revitalizadas, que não vivem apenas para se autoproteger; que, por meio da compaixão, da coragem e da sabedoria, inspiram outros a vencer.

Uma família criativa é vivaz e se dedica ao bem-estar de si e dos demais.

Criatividade na hora do aperto

Quando a economia oscila e os preços sobem, o lar é o lugar mais afetado.

Pessoas criativas se unem na hora do aperto. É importante refazer as contas, controlar o mercado, cortar o supérfluo. As refeições devem ser controladas e com o menor gasto possível. É preciso reagir diante das dificuldades com otimismo e sabedoria. Vale dar ideias, cooperar, unir forças para vencer problemas. Lamentação e acusação mútuas não têm nada de criativo.

“A família criativa ou lar criativo a que me refiro é como uma escola em que as pessoas se empenham para o seu próprio aprimoramento e de outros, valendo-se do amor que flui entre eles. Acredito que são as pessoas criativas que trarão a mudança ao mundo” (Ibidem, p. 24-25).

O presidente Ikeda propõe a sociedade criativa, uma rede de grupos familiares dinâmicos que transbordam amor, compaixão, inteligência e radiância.

Inovar, reinventar

Revitalizar a família significa tornar cada pessoa feliz.

Segundo o budismo, ser feliz é ser forte. Quando cada indivíduo fortalece sua vida espiritual, enriquece seu coração e se dedica a encorajar mais do que cobrar dos demais, uma brisa saudável de esperança e coragem começa a soprar dentro de casa.

O presidente Ikeda afirma que “O lar não é simplesmente o espaço físico que alguém ocupa. É um local de relações humanas” (Ibidem, p. 28). O prazer de voltar para casa depois de um dia desgastante de trabalho, por exemplo, é proporcional ao encantamento que cada familiar tem pelo outro.

“O lar é onde o indivíduo se revitaliza; é o solo fértil que provê nutrientes nutrientes para a árvore da vida humana. Sem o amor, a compaixão e a educação que o lar provê, não podemos nos desenvolver como seres humanos. O lar é de fato o centro da sociedade humana” (Ibidem, p. 29).

Sociedade saudável e segura se faz com famílias revitalizadas.

É fundamental que o foco esteja no ser humano; a casa deve ser uma mini universidade da criatividade e do encorajamento na qual o intercâmbio de experiências e elogios impulsione cada um a avançar, a achar boas saídas para problemas e a criar novos laços que rompam os muros e revigore a sociedade.

Mesmo em casa encoraje as pessoas sem buscar recompensas

“A família deve basear suas atividades na compaixão e no amor; sem procurar recompensas, seus membros devem se empenhar para estabelecer um ambiente no qual essas emoções possam prosperar. Nesse sentido, um esforço muito grande é requerido” (Ibidem, p. 30).

O foco está no indivíduo: ele deve se esforçar sem esperar algo em troca. Doar-se mais do que cobrar. Elogiar mais do que criticar. Apoiar mais do que exigir tratamento especial.

O sol ilumina tudo à sua volta porque primeiro de tudo “queima” a si mesmo, benevolentemente. O sol não depende do elogio nem da aprovação de ninguém para continuar brilhando. Um lar deve ser aquecido pelo coração que transborda energia vital de seus componentes.

Quem não brilha depende da energia dos outros e isso cria uma espiral de acusação e sofrimento. É preciso quebrar esse ciclo rompendo a concha do ego: “Se uma família é ou não criativa — é determinado unicamente pelo grau de humildade de cada um de seus integrantes” (Ibidem, p. 31).

O diálogo nutre e harmoniza

Dentro de casa podemos ser autênticos. E isso muitas vezes revela o lado sombrio das pessoas:

“No lar a pessoa se sente livre para deixar cair suas armaduras e revelar os próprios sentimentos. Consequentemente, em nenhum outro lugar o lado feio e angustiado da natureza humana é tão evidente. É inevitável que, quando as pessoas abandonam suas restrições e permitem seu lado menos atraente aparecer, o resultado seja frequentemente o conflito” (Ibidem, p. 33).

O presidente Ikeda propõe que cada integrante da família se esforce com sinceridade mesmo nas pequenas tarefas. Lapide seu caráter dentro de casa, cultivando a integridade e fazendo pequenas gentilezas aos demais.

Surpreenda as pessoas, elogie-as, faça de cada momento de convivência um ato de aprimoramento, de compaixão. Revitalizar é trazer nova vida para dentro de casa.

O diálogo é a base de tudo isso. Dialogar, ensina o presidente Ikeda, é discutir as questões cotidianas que preocupam os envolvidos incluindo o que é agradável e também o que é doloroso. É preciso conversar com honestidade e sinceridade. Ser amado e compreendido requer que você seja confiável. Conquiste isso falando aberta, franca e respeitosamente sobre as questões que mais importam.

Na próxima edição deste caderno, abordaremos a educação em casa e a individualidade.

“Um lar deve ser um local onde uma pessoa pode se revitalizar para o dia seguinte. O diálogo ideal é aquele que possibilita a compreensão mútua em todos os tipos de assuntos”

(Daisaku Ikeda, A Família Criativa, p. 34)

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