Conheça o Budismo
BS
A transformação do mundo começa com o diálogo em família
A mudança da sociedade se inicia quando cada grupo familiar cria ondas de diálogo que revitalizam o lar e se irradiam para a vizinhança e, por fim, para todo o mundo
13/08/2016
A educação das crianças, o relacionamento amoroso entre os adultos, a busca de soluções financeiras, a melhor maneira de educar, métodos para revitalizar o ambiente familiar — tudo isso acontece com mais efetividade quando há a revolução humana individual.
Não adianta apenas esperar que os outros mudem. A revitalização do lar começa com a primeira pessoa que se disponha a quebrar o egoísmo e criar um ambiente colaborativo, transbordante de confiança e temperado com o prazer da convivência. O budismo afirma que a chave dessa mudança é o diálogo.
Acredite no poder da linguagem
“Os seres humanos transmitem seus pensamentos por meio da linguagem. Nós não somos telepatas, não podemos nos expressar totalmente por meio de movimentos ou gestos” (A Família Criativa, p. 39).
Os seres humanos aprendem de várias maneiras. Pode ser por meio da leitura de jornais, revistas e livros, ou então, da televisão, rádio e internet; essas formas de comunicação muitas vezes têm mão única e não há espaço para perguntar nem opinar.
Outra forma de obter informação é o diálogo. Não é apenas uma troca de informações. É um processo multifacetado que eleva o nível de consciência dos envolvidos.
Supor que as pessoas do convívio sabem ou deveriam saber o que está se passando na nossa cabeça é mera ilusão. É preciso falar. É necessário conversar, dialogar.
O presidente Ikeda afirma: “A criatividade que se encontra em uma família aberta não pode ser nutrida em um lar cujos membros são cativos da TV. Gostaria de ver os membros de uma família abrindo-se cada vez mais para o diálogo” (Ibidem, p. 38).
Muitas pessoas colecionam centenas de amigos em redes sociais virtuais, mas são incapazes de dialogar com os familiares que moram no mesmo teto. Aos poucos, a falta da boa conversa gera distanciamento emocional e a família perde a capacidade de unir forças na hora das dificuldades.
Aproveite os momentos de convívio para dialogar. Durante o jantar ou nos fins de semana, crie tais momentos. Expresse sua opinião sobre tudo. Ouça com atenção as opiniões alheias. Quanto mais se treina esse tipo de atitude, mais revitalizada e feliz fica a família.
Aprecie o diálogo
“Aprecio conversar mais do que qualquer outra coisa, pois dialogar com uma pessoa me proporciona a oportunidade de conhecê-la melhor e fazer dela uma parte de mim mesmo.
Durante este ano e pelo resto de minha vida, incentivarei meus amigos e manterei nossos diálogos. E, à medida que o diálogo começa a desempenhar um papel mais ativo em nossa vida social, nosso mundo vai se tornando mais agradável e um local de maior compreensão”
(A Família Criativa, p. 44)
As crianças — pequenos adultos
É uma equação simples: daqui a 20, 30 e 50 anos, quem estará liderando o mundo serão as crianças de hoje. É fundamental para elas que o lar seja um local saudável de educação construída por meio do diálogo.
O presidente Ikeda orienta: “Jamais menosprezem uma criança. Tratem as crianças como pequenos adultos, como bons amigos. Respeitem a personalidade da criança, e ao conversar com ela, se dirigir como a um verdadeiro amigo” (A Família Criativa, p. 56).
Essa é uma proposta ousada e exige mudar completamente a forma de lidar com os pequenos — de uma relação de superioridade adulta para o respeito absoluto e a confiança. Na criança não floresceu totalmente ainda a capacidade de se comunicar, mas já possui tudo o que é necessário para viver. É um adulto que apenas não avançou na idade.
Quando os mais velhos tratam as crianças dessa forma e se esforçam sinceramente para dialogar com elas com respeito, tudo começa a mudar. Ao descobrir quanto cada pessoa é preciosa, “fará evidenciar o potencial ilimitado inerente na garotinha, que pode estar tendo dificuldades com matemática, ou no garotinho a quem consideram um desordeiro” (Ibidem, p. 57). Numa família criativa, impera o diálogo e cada um se esforça para despertar o melhor em todos.
Educar é se devotar ao desenvolvimento de cada pessoa
A educação não pode sufocar os jovens nem se restringir a transmitir conhecimento. Educar é trazer à tona o potencial máximo de cada ser humano.
“Acredito que a maior parte da tarefa de ‘cultivar o humanismo’ deveria ser executada em casa, local em que ocorre o desenvolvimento mais significativo do indivíduo”, afirma o presidente Ikeda ao discorrer sobre a influência do lar na educação.
Quando o lar é saudável, as crianças crescem criativas, sábias e livres. Quando as relações familiares são embasadas no diálogo sincero, os jovens são nutridos com confiança, valores humanos e capacidade de tomar boas decisões. Ao contrário, a superproteção e a desarmonia familiar produzem muitas vezes indivíduos “com mente estreita, frios e covardes” (Ibidem, p. 59).
O lar é o local da verdadeira educação humana que deve começar pela coragem dos adultos em romper as tendências egoístas e tornar-se o sol do encorajamento, da gentileza e da luta contínua em busca da felicidade. Num lar criativo, dialogar é fonte de prazer.
Jamais perder a identidade
Família criativa é aquela na qual cada pessoa é cuidada e sua indivualidade, respeitada. O presidente Ikeda condena o abandono da identidade pessoal em nome da convivência familiar.
Em algumas famílias, por exemplo, a esposa descuida de si mesma, tentando forçosamente construir uma família harmoniosa à custa da própria individualidade.
O Mestre expõe que certas pessoas fazem observações cínicas que definem as mulheres como “empregadas permanentes, com direito a três refeições diárias e permissão para tirar um cochilo durante o dia” (A Família Criativa, p. 32).
Ele clama: “Jamais percam sua identidade”.
Cada pessoa precisa ter seus sonhos, desenvolver uma vida com identidade bem-definida estando disposta a batalhar pelo que gosta e deseja. Isso naturalmente vai desencadear uma batalha e uma tensão espiritual. A vitória nessa batalha enriquece o caráter: “Essa condição é o que origina a atratividade em um ser humano. O senso de propósito é o que possibilita às mulheres conservar o seu magnetismo” (Ibidem, p. 32).
Uma pessoa sem brilho, sem magnetismo, causa estragos. A aparente submissão cobra alto preço com o passar do tempo.
Em vez de resignação, é preciso emoção, luta e compaixão. Busque o autoaprimoramento em paralelo com o amor intenso pela família: essas duas ações não são contraditórias, precisam caminhar juntas — são, na verdade, a fonte da criatividade e do cultivo de uma lar saudável e no qual todos sentem vontade de sempre retornar.
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