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Conheça o Budismo

Como um cisne, como um buda

O princípio budista de “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” ensina que a adversidade é uma oportunidade para a vitória

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14/09/2019

Como um cisne, como um buda

O Patinho Feio, um conto sobre transformação

 

REDAÇÃO

 

Hans Christian Andersen foi o autor de mais de 150 contos infantis, entre eles o clássico O Patinho Feio. A obra narra a história de um filhote de cisne que foi chocado, por engano, no ninho de uma pata. Por ser fisicamente diferente de seus irmãos, era considerado feio e passou a sofrer perseguições e ofensas por parte de outros animais.

Cansado daquela situação, o patinho fugiu em pleno inverno, mas, por sorte, foi acolhido por uma família de camponeses. Naquela casa também morava um gato que logo tratou de expulsá-lo.

Tempos depois, após tanto sofrimento, ele viu alguns cisnes nadando num lago, e, encantado por tamanha beleza, decidiu se unir ao grupo de aves tão elegantes. Ao entrar na água, viu-se refletido e então percebeu que também era um cisne de rara beleza.

Com essa história, é possível aprender sobre diversas questões, porém destacamos um ponto em especial: em meio às adversidades, esse pequeno filhote foi capaz de abandonar sua condição transitória de sofrimento e revelar seu verdadeiro aspecto interior, forte e belo como os outros cisnes que encontrou no lago.

 

Revelando a verdadeira essência

 

No Budismo de Nichiren Dai­shonin, aprendemos sobre o princípio de “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”. Significa deixar a condição de alguém que sofre com o carma negativo e se deixa levar pelos “oito ventos” (leia sobre isso no BS, ed. 2.439, 13 de outubro de 2018) e revelar a verdadeira natureza de buda. Ou seja, alguém que manifesta sabedoria para lidar com os fatos da vida. Em total acordo com a lei da causalidade budista, esse conceito consta em alguns escritos de Nichiren Daishonin, entre eles, Carta de Sado, escrita em 1272 e endereçada a Toki Jonin; Abertura dos Olhos, do mesmo ano, enviada a Shijo Kingo; e A Perseguição em Tatsunokuchi, redigida em 1271, também encaminhada a esse mesmo discípulo. Em sua explanação sobre este último, o Dr. Daisaku Ikeda, presidente da SGI, declara: “Ele [Nichiren] abandonou sua condição transitória de pessoa comum presa ao fardo do carma e sofrimentos, e, apesar de continuar sendo um simples mortal, revelou seu verdadeiro eu de buda do tempo sem início” (BS, ed. 2.340, 17 set. 2016, p. B2).

 

Alguns pontos para reflexão

 

O patinho feio, do clássico de Andersen, não sabia da sua condição de cisne. Só descobriu seu verdadeiro aspecto ao ver seu reflexo nas águas do lago, após enfrentar grande sofrimento. Relacionando esse fato ao budismo, muitas pessoas não imaginam que possuem a intrínseca e poderosa condição de buda. Essa força inerente à vida de cada um é manifestada por meio da recitação de sincero daimoku diante do Gohonzon, convicto da vitória infalível. Recitar Nam-myoho-renge-kyo é a maior das alegrias, garante Nichiren Daishonin.

A pequena ave não se deu por vencida e enfrentou as adversidades que surgiam em sucessão, sem desistir de encontrar a felicidade. Manter uma firme fé no Gohonzon e empreender ações rápidas são um ponto importante para quem quer vencer as dificuldades do dia a dia. 

O patinho não via suas qualidades porque se comparava aos irmãos. É comum a pessoa se comparar a outras, mas isso é o mesmo que perder tempo ao “admirar a grama do vizinho”. O que você está fazendo para “tornar a sua grama mais verde” ou o que está fazendo para se tornar feliz? O que está fazendo de si mesmo? Valorizar nossas características individuais, entender os pontos positivos e os negativos que possuímos, nos ajuda a fortalecer nosso interior, o poder do verdadeiro aspecto que revelamos no momento crucial.

 

Mostrar com a própria vida

 

O princípio budista de “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” não é somente sobre a grandiosidade de Nichiren Daishonin, mas também sobre observar seu exemplo e perceber que enfrentar uma grande adversidade é uma oportunidade de evidenciar força e nobreza interior. Nichiren usou a própria vida para mostrar como praticar o budismo corre­tamente, ligando o coração ao do mestre, faz manifestar ilimitada capacidade diante das dificuldades. Os Três Mestres Soka, Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda (primeiro, segundo e terceiro presidentes da Soka Gakkai) também utilizaram a vida para mostrar a todos que é possível vencer tudo se tiver a prática budista como ponto central da vida. Eles venceram as mais severas perseguições e mantiveram-se firmes e convictos não somente por si próprios, mas também pelo bem das outras pessoas. Ikeda sensei afirma: “Quando despertamos para o fato de que somos originalmente budas, percebemos que isso também vale para os outros” (BS, ed. 2.387, 16 set. 2017, p. C4). Convictos da nossa força e missão, vamos abandonar a condição momentânea e revelar nosso máximo potencial para a nossa felicidade e a de todas as pessoas.

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