Encontro com o Mestre
BS
Nova partida para nova era
13/02/2020
Em sua atuação, os líderes da Soka Gakkai encontram sentido em um propósito muito especial: dedicarem-se com sinceridade aos membros para que se tornem felizes por meio da correta prática do Budismo de Nichiren Daishonin. Juntos, eles dão vida à extraordinária filosofia da “revolução humana” da organização, criando laços de amizade e de confiança na família e entre os amigos. No Encontro com o Mestre desta edição, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, discorre sobre a postura correta dos líderes para conseguir cumprir dignamente essa nobre missão em prol das pessoas beneficiando também a sociedade.
Todos os membros também são presidentes
DR. DAISAKU IKEDA
Permitam-me iniciar com algumas palavras sobre nossa nova partida. O budismo é um mundo formado pelo princípio de “diferentes em corpo, unos em mente”, no qual todos são iguais. Não existe hierarquia na fé. Os títulos tais como o de presidente ou de diretor-geral indicam nada mais que posições administrativas relacionadas com a questão operacional da nossa organização.
O eterno espírito da Soka Gakkai é o de que cada membro avance com a consciência e o orgulho de também ser presidente da organização, empenhando-se com humildade e senso de missão em prol do kosen-rufu.
(...)
Esta manhã, a neve que cobria o Monte Fuji era de um brilho especial. Estava realmente bela. O Monte Fuji sempre foi testemunha do nosso progresso. Gostaria de dedicar este poema a todos os nossos membros:
Ali está
a bela montanha Fuji;
ali está a montanha Soka
de mestre e discípulo
que compartilham a mesma
missão e o mesmo triunfo.
Nunca se esqueçam de que esta indomável “montanha de mestre e discípulo” existe em nosso coração e nos permite conquistar a eterna vitória. Esta é a fé da Soka Gakkai.
(...)
Os líderes existem para servir aos membros
A Soka Gakkai cresceu graças aos notáveis esforços de nossos muitos praticantes. Graças a eles, nossa organização desfruta firme progresso e desenvolvimento. A missão do presidente e dos demais líderes é apoiar esses maravilhosos companheiros com total dedicação, sinceridade e comprometimento. É simplesmente imperdoável que apenas deem ordens aos membros.
O primeiro e o segundo presidentes da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, realmente se empenharam pelo kosen-rufu. E, dando continuidade à visão deles, eu, como terceiro presidente, empreendi a decisiva batalha que permitiu à nossa organização um desenvolvimento grandioso. Embora pareça falta de modéstia, desejo esclarecer esse ponto para o bem das gerações futuras. Os três primeiros presidentes da Soka Gakkai estão unidos pelos inseparáveis laços de mestre e discípulo. Isso nunca deve ser esquecido.
Calorosa recepção aos membros visitantes da SGI
Quero fazer um agradecimento especial às participantes das Divisões Feminina (DF) e Feminina de Jovens (DFJ) de Tóquio. Elas sempre se esforçam ao máximo para compartilhar o budismo com outras pessoas e divulgar nossas publicações. Qualquer pessoa cometeria um grave erro ao dar ordens a elas ou menosprezar sua árdua dedicação. Ninguém, seja qual for sua posição, tem o direito de fazer isso.
Os líderes nunca devem se impor aos outros; ao contrário, devem ser gratos pelos sinceros esforços de todos. Quando os integrantes se empenham nas atividades da Soka Gakkai, devemos expressar nossa sincera gratidão e elogiá-los com humildade. Por favor, tenham em mente que essa é a atitude apropriada para os líderes.
(...)
O belo espírito dos jovens
O período da juventude é belo. Adoro o perspicaz senso de justiça frequentemente demonstrado pelos jovens. Gostaria de compartilhar com vocês um pequeno poema que compus no dia 2 de janeiro de 1996:
Jovens,
flores de cerejeira, pássaros,
três vivas!
Naquele dia, observava os membros da Divisão dos Jovens (DJ) da Soka Gakkai que se levantaram cedo para aproveitar o feriado de Ano-Novo e, pela manhã, dedicaram esforços nas atividades em prol do kosen-rufu. Minha esposa e eu admiramos sua extraordinária disposição. A visão daqueles imponentes jovens retumbava em meu coração com imagens de pássaros cantando e da primavera, a estação das flores de cerejeira. Acreditando que o futuro da Soka Gakkai estava garantido, senti vontade de dar “vivas”. Meu poema haiku1 é uma simples expressão dos sentimentos que estavam em meu coração.
“Que livros você está lendo agora?”
Desde jovem, Toda sensei lia os livros do pensador japonês Chogyu Takayama (1871—1902). Eu também adorava essa literatura, e logo depois da Segunda Guerra Mundial encontrei uma coleção das obras completas de Takayama num sebo. Então, eu a comprei e li de forma ávida.
Recordo-me ternamente de conversar com meu mestre sobre vários aspectos da vida e do pensamento desse notável escritor.
Naquela época, Toda sensei sempre me perguntava: “O que você está estudando?”, “Que livros está lendo agora?”, “Diga-me o que diz esse livro”. Essas perguntas me faziam suar frio. Ele realmente me deixava em apuros.
Todavia, desde jovem, eu tinha o hábito de separar parte do meu modesto salário para comprar livros. Naquela época, era inevitável que minha casa ficasse lotada deles. Parecia que o peso de todos aqueles volumes afundaria o assoalho.
Como quero que meus sucessores conheçam bons livros e sintam as alegrias da leitura, doei uma parte da minha coleção de livros para as Universidades Soka do Japão e dos Estados Unidos.
[O presidente Ikeda doou aproximadamente 70 mil livros que faziam parte de sua coleção particular à Universidade Soka do Japão e mais de 4 mil volumes para a Universidade Soka da América (SUA), as quais formam a Coleção Ikeda.]
Permitam-me compartilhar com vocês uma passagem escrita por Takayama:
O indivíduo sincero não pode deixar de menosprezar a hipocrisia, e aquele que ama o que é correto não deixa de se sentir injuriado com o que está errado.2
Aqueles que não lutam contra a hipocrisia, são eles próprios hipócritas. As pessoas justas ficam ultrajadas com a injustiça e a combatem — isso é algo que meu mestre, Josei Toda, sempre dizia. Esse é o espírito da Soka Gakkai.
Certa vez, quando trabalhava para a empresa de Toda sensei, ele me disse as seguintes palavras: “Escreva, escreva e escreva algo mais, assim como Chogyu Takayama fez!”. Aceitando esse conselho como se fosse um último pedido para mim, como todos sabem, tenho escrito profusamente até hoje.
Naquela época, os negócios do meu mestre passavam por graves dificuldades. Eu sofria com tuberculose, que poderia ser fatal. Em meio a essas tempestades de adversidades, apoiei sozinho Toda sensei em seu trabalho. Eu o protegi, plenamente preparado para dar a vida pela causa dele. Cada dia era uma árdua batalha que parecia o equivalente a um mês, ou mesmo dois, de esforços. Durante esse período, Josei Toda expressava com frequência profunda preocupação com meu bem-estar, dizendo algo como “Desculpe-me por pedir que você faça tantas coisas” e “Se eu pudesse, daria prontamente minha vida pela sua”. Ele orava sinceramente por mim.
Certa vez, ele me disse:
Torne-se o Chogyu Takayama da Lei Mística! Takayama morreu aos 31 anos, mas quero que você viva. Seja meu sucessor e tenha vida longa.
Nosso laço de mestre e discípulo transcende tanto a vida como a morte. Essa é a verdadeira essência da relação Soka de mestre e discípulo.
Notas
1. Haiku ou haicai: É uma forma poética tradicional do Japão. Tem como característica a escrita sintética, em apenas uma estrofe, composta por três versos. Escrever um haiku é captar em palavras um instante, uma emoção. As surpresas da vida, as sensações do momento e a natureza são os principais temas abordados nesse formato de poema.
2. TAKAYAMA, Chogyu. Chogyu Zenshu (Obras Completas de Chogyu Takayama). Tóquio: Hakubunkan, v. IV, p. 815, 1926.
Fonte
Este conteúdo é composto por partes do discurso do presidente da Soka Gakkai Internacional, Dr. Daisaku Ikeda, proferido na 1a Reunião Nacional de Líderes da Soka Gakkai, realizada em conjunto com a Convenção de Tóquio e a Convenção da Divisão dos Jovens de Tóquio, no Auditório Memorial Makiguchi em Hachioji, Tóquio, no dia 10 de novembro de 2006. Material originalmente publicado no BS, ed. 1.874, 1o jan. 2007.
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