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Equilibre-se

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09/07/2020

Equilibre-se

Redação

Caminho do meio, princípio básico budista, explica a importância da sabedoria para conquistar uma vida realmente feliz

O que é “caminho do meio”?

Pela sabedoria adquirida com a prática budista, olhar cada acontecimento da vida e lidar com eles de maneira equilibrada, mantendo-se no controle dos impulsos e comportamentos — é isso que explica o princípio do “caminho do meio”. Ele indica a rota para um tipo de vida cujas ações geram felicidade, condição que depende unicamente dos nossos esforços. Em geral, a forma conciliadora como muitos veem o budismo é reflexo do caminho do meio, e de maneira mais profunda se refere à visão iluminada do Buda para todas as questões do dia a dia.

Como surgiu esse princípio?

O grande mestre Tiantai, da China, formulou o princípio de “três verdades” e de “unificação das três verdades”. As três verdades são:1

a) Verdade da não substancialidade (kutai): indica que os fenômenos não possuem existência por si sós. Sua verdadeira natureza carece de substância, isto é, transcende os conceitos de existência e não existência.
b) Verdade da existência temporária (ketai): indica que, apesar do seu aspecto de não substancialidade, todos os fenômenos possuem uma realidade transitória que está em constante fluxo ou mudança.
c) Verdade do caminho do meio (chutai): ensina que a verdadeira natureza dos fenômenos não é de não substancialidade nem temporária, embora apresente ambas as características.

No ensinamento provisório deixado por Shakyamuni, essas verdades foram expostas como separadas e independentes umas das outras. Todavia, com base no Sutra do Lótus, Tiantai expôs o conceito de “unificação das três verdades” ensinando que as três verdades da não substancialidade, da existência temporária e do caminho do meio são fases inseparáveis de todos os fenômenos.

A visão de Nichiren Daishonin

No escrito Atingir o Estado de Buda nesta Existência, o buda Nichiren Daishonin apresenta o caminho do meio como algo muito além das palavras. Ele declara que:

A vida é, de fato, uma realidade impalpável que transcende tanto as palavras como os conceitos de existência e não existência. Não é existência nem não existência; porém, mostra características de ambas. É a entidade mística do caminho do meio, ou seja, a realidade fundamental.2

Com base em seus estudos, Daishonin define que caminho do meio é o próprio Nam-myoho-renge-kyo. Ou seja, por meio da recitação do daimoku, manifesta-se a energia vital necessária para permear a vida, tanto em seu aspecto físico como espiritual, fazendo surgir a condição de buda, verdade mais profunda da vida humana.

Apesar de a vida geralmente ser observada por esses três diferentes ângulos, eles são na verdade inseparáveis, intrínsecos à vida humana. Dessa maneira, o caminho do meio indica que existe a possibilidade de conciliar diferentes aspectos da vida humana desde que o foco seja a felicidade, a flexibilidade e o não se apegar excessivamente.

Da teoria à prática

Estamos falando de conciliação, característica que não se pode confundir com comodismo. Assim como tudo na filosofia budista, o caminho do meio tem como base o esforço contínuo para trazermos para nossa realidade tudo o que aprendemos no budismo, transformando a teoria em prática. O equilíbrio do caminho do meio é uma busca incessante para abandonar de vez os sofrimentos e viver de maneira plena.

Vida equilibrada

Reforçando a ideia desse esforço para desenvolver esse equilíbrio na vida, encontramos no capítulo “Contínuas Vitórias”, da obra Nova Revolução Humana, uma explicação do Dr. Daisaku Ikeda, presidente da SGI, sobre o caminho do meio:

O caminho do meio não se refere à moderação política ou à atitude passiva diante da realidade da vida e do mundo. É um princípio universal que esclarece a visão correta da vida com base em três verdades (santai, em japonês) expostas no budismo: verdade da não substancialidade (kutai), verdade da existência temporária (ketai) e verdade do caminho do meio (chutai).3

Caminho do meio na sociedade

Em âmbito coletivo, caminho do meio se refere a uma sociedade na qual pulsa o respeito pela dignidade da vida humana, à frente de aspectos como política e economia. Ainda nas palavras de Ikeda sensei, esse exercício corresponde a “estabelecer o princípio da confiança e da harmonia nas relações sociais”.4
Observando a nossa realidade atual, compreender e pôr em prática o que se aprende com o caminho do meio correspondem a voltar-se para o desenvolvimento de um ambiente social mais respeitoso e empático.

Valiosa condição humana

Caminho do meio não significa sentar e apenas observar a vida, sendo apático perante o que se vê. É o princípio da não passividade que instiga o indivíduo a empreender uma forte decisão de pôr em prática o que se aprende nas atividades da BSGI, assim como nos estudos dos escritos budistas e na leitura das orientações do presidente Ikeda. E tudo isso movido pelo forte desejo de manifestar uma sabedoria que gera felicidade tanto para si como para as demais pessoas. É perceber que é possível viver encontrando o equilíbrio onde as pessoas geralmente enxergam impasses ou conflitos.

Temos a grande oportunidade de viver na mesma época que o presidente Ikeda, um verdadeiro mestre cuja dedicação pelo kosen-rufu possibilita a milhões de pessoas pelo mundo terem acesso ao estudo do budismo, uma filosofia que enaltece a valiosa condição iluminada do ser humano. Viver tudo isso é caminhar pela estrada da felicidade.

Notas:

1. CEND, v. I, p. 1022.

2. CEND, v. I, p. 4.

3. Nova Revolução Humana, v. 11, p. 190.

4. Idem, p. 222.

Fontes:

Atingir o Estado de Buda nesta Existência. v. I. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin.

Contínuas Vitórias. v. 11. Nova Revolução Humana.

• Terceira Civilização, ed. 402, fev. 2002.

• Terceira Civilização, ed. 462, fev. 2007.

• Brasil Seikyo, ed. 2.376, 17 jun. 2017.

• Brasil Seikyo, ed. 2.428, 14 jul. 2017. 

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