Conheça o Budismo
BS
Estrada de ouro
Viver a “unicidade de mestre e discípulo” é seguir por um caminho dourado, o qual, apesar de conter desafios, leva à felicidade absoluta
12/11/2020
Por que ter um mestre?
Todas as pessoas possuem um ilimitado potencial, mas nem sempre conseguem despertar para essa capacidade. No Budismo de Nichiren Daishonin, propagado pelos membros da Soka Gakkai, existe um conceito que explica como é importante e necessária a existência de uma pessoa que inspire outras a manifestar essa força interior. Esta é a função do mestre: orientar os discípulos pela estrada do desenvolvimento, mas sem se colocar em condição de superioridade.
Por outro lado, a pessoa que se permite ser treinada enxerga a si e os outros como seres humanos extremamente valorosos. É essa relação que caracteriza a “unicidade de mestre e discípulo” (shitei funi), conceito budista que revela que não há diferença entre mestre e discípulo — são pessoas distintas, porém se dedicam ao mesmo propósito. São personagens de uma magnífica história que caminham juntos pela estrada da revolução humana.
Continuar a missão
Discípulo também é aquele que herda os ideais do mestre. Ele assume o papel de dar continuidade aos sonhos do seu predecessor e de dedicar a vida a esse nobre propósito. Exemplo clássico foi vivido por Nichiren Daishonin, o qual teve Nikko Shonin como um dos seus discípulos. Nikko herdou a missão de Daishonin dando continuidade à propagação dos seus ensinamentos.
Outro exemplo, mais contemporâneo, é o da sucessão dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai: Tsunesaburo Makiguchi foi o mestre de Josei Toda, que abraçou seus ideais de promoção do kosen-rufu por meio dos ensinamentos da Lei Mística. Mais tarde, Josei Toda tornou-se o mestre de Daisaku Ikeda, que, por sua vez, se empenha até hoje na expansão dos ideais de paz, cultura e educação pelo mundo. Nós, membros da Gakkai, consideramos o presidente Ikeda como nosso mestre. Importante destacar que cada um deles possuía um jeito de conduzir essa missão, abraçando firmemente os sonhos e objetivos daquele que se esforçou para despertar o melhor do discípulo. O presidente Ikeda declara:
Um verdadeiro discípulo empenha-se para concretizar os objetivos do mestre, sem imitá-lo, mas pondo suas palavras em ação. As pessoas que meramente tentam imitar o mestre agindo só na aparência vão para o caminho errado. Isso realmente ocorreu na época do presidente Josei Toda e continua a acontecer atualmente. Há um caminho para cada discípulo, e esse caminho encontra-se unicamente no esforço de concretizar os ideais do mestre.1
Condição de buda
O poderoso potencial humano, que o discípulo desperta com os ensinamentos do mestre, é o que no budismo chamamos de “condição de buda” ou “dignidade da vida”. Todas as pessoas o possuem, mas, muitas vezes submersas em suas questões diárias, não conseguem perceber esse ilimitado poder para emergir dos desafios e das dificuldades. No entanto, uma vez que encontra essa verdade no coração, revela-se definitivamente a estrada a ser trilhada para conquistar a felicidade absoluta.
Despertar da coragem
Mestre é aquele que já despertou para a iluminação; e discípulo é quem está em busca desse caminho. Ao se espelhar nas ações do mestre, e agir de forma consistente, surge na vida do discípulo ilimitada sabedoria. Ele se empodera da verdadeira missão de “ser feliz e levar essa mesma condição iluminada à vida de outras pessoas”, ou seja, o shakubuku. O despertar daquele que decide aprender se consolida quando compreende que também é um buda, não importando as condições externas sob as quais ele vive. O mestre não dá boa sorte ou iluminação. O discípulo é quem cria essa condição com base na confiança aos ensinamentos do mestre.
O Mágico de Oz
Em 2020, a obra literária O Maravilhoso Mágico de Oz, escrita por L. Frank Braum, comemora 120 anos de sua publicação — e a primeira edição em português foi lançada em 1940. O livro narra a trajetória de quatro personagens que, no Mundo de Oz, seguem pela estrada de tijolos amarelos e enfrentam inúmeros desafios em busca do mágico local. Eles acreditam que, ao encontrar o Mágico de Oz, ele lhes dará o que lhes falta para serem felizes. Em contraste, o “caminho da unicidade de mestre e discípulo” apresenta a ideia de que, ao seguir por essa estrada, mestre e discípulo avançam juntos. É durante o percurso que se constrói a felicidade.
Shakubuku
Quando se afirma que a unicidade de mestre e discípulo é o caminho direto para a iluminação, significa que propagar o budismo para “aquela pessoa diante de nós” reveste-se do mais nobre sentimento: possibilita que ela abandone a mente egoísta do “eu menor”, jamais dependa de algo externo e não ceda às fraquezas e aos impulsos destrutivos. Essa é a principal lição a ser aprendida e, em seguida, ensinada. Mas como aplicar esse conceito na vida diária? A resposta é simples: por meio do shakubuku.
Atuação conjunta
“Se mestre e discípulo possuem pensamentos diferentes, jamais conseguirão realizar algo.”2 Essa frase dos escritos de Nichiren Daishonin reflete o desejo do Buda de que mestre e discípulos atuem juntos pelo mesmo objetivo, o kosen-rufu, por toda a eternidade. Como conceito fundamental do budismo, essa união, que abarca passado, presente e futuro, deve pulsar no coração de todos os membros da Soka Gakkai — pessoas que atuam em conjunto com o mestre, com o sentimento de “diferentes em corpo, unos em mente”, totalmente conscientes do seu papel de desenvolver outras pessoas valorosas, interligando seu coração ao de Ikeda sensei.
Sabedoria e alegria
Essa relação espelhada não deve ser encarada como um fardo pesado, mas sim como uma oportunidade de aprender a viver feliz, observando a tudo com sabedoria e alegria. Ikeda sensei afirma:
Quando nos dedicamos firmemente ao caminho de mestre e discípulo, manifestamos a sabedoria e a força ilimitadas e inerentes à nossa vida. Nada é mais forte que a luta unida de mestre e discípulo. Não existe nada mais alegre.3
Sua conduta define tudo
É na conduta do discípulo que se distingue a unicidade com o mestre. Se o discípulo vence, o mestre também vence; se a vida do discípulo se ilumina, a do mestre se ilumina; como declara o presidente Ikeda na mensagem enviada em comemoração dos sessenta anos da BSGI:
A vitória dos senhores é a minha própria vitória. A felicidade dos senhores é a minha própria felicidade. Por mais que estejamos fisicamente distantes, por vivermos pelo kosen-rufu em torno do Gohonzon, nosso coração está sempre próximo e fortemente conectado.4
Lembre-se de que a postura do discípulo reflete as qualidades do seu mestre, por toda a eternidade. Isso significa que, mesmo com o passar do tempo, essa conexão jamais se desfaz.
Notas:
1. Brasil Seikyo, ed. 1.548, 18 mar. 2000.
2. CEND, v. II, p. 173.
3. Brasil Seikyo, 1.651, 11 maio 2002.
4. Brasil Seikyo, ed. 1.628, 17 nov. 2001.
Fontes:
Como Aplicar a Unicidade de Mestre e Discípulo na Própria Vida? Brasil Seikyo, ed. 2.129, 28 abr. 2012.
Iluminação de Mestre e Discípulo — Tudo Depende do Discípulo. Brasil Seikyo, ed. 2.426, 7 jul. 2018.
Mestre e Discípulo — A Relação Fundamental que Sustenta a Soka Gakkai. Brasil Seikyo, ed. 1.861, 30 set. 2006.
Unicidade de Mestre e Discípulo — O Caminho Direto para a Iluminação. Terceira Civilização, ed. 540, 17 ago. 2013.
Shitei Funi: Unicidade de Mestre e Discípulo — Essência do Budismo Nichiren. Brasil Seikyo, ed. 2.173, 29 mar. 2013.
Leia mais no BS+
Sobre unicidade de mestre e discípulo no Brasil Seikyo, ed. 2.084, 21 maio 2011.
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