Conheça o Budismo
BS
Missão: Possível
08/07/2021
DATA: 10 DE JULHO DE 2021
LOCAL: ONDE VOCÊ SE ENCONTRA NESTE MOMENTO.
MISSÃO: SER FELIZ E CONDUZIR OS OUTROS À FELICIDADE.
DESTINATÁRIO: VOCÊ.
Está preparado(a) para receber uma missão que só você pode desempenhar? Essa missão é destinada especialmente para você e com certeza é algo que abraçará imediatamente — na verdade, foi você quem a escolheu. Uma pista: no budismo, aprendemos que os bodisatvas da terra surgem para levar a felicidade à vida das outras pessoas. E aí, já está pronto(a) para cumprir esse desafio?
REDAÇÃO
“Cada um possui uma missão exclusiva a desempenhar. Se não tivessem uma missão não teriam vindo neste mundo.”1 Nessa frase, o Dr. Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), reafirma que as pessoas possuem uma missão — todas as pessoas —, independentemente de serem ou não budistas. No budismo ter uma missão significa pôr em prática o que se aprende com a filosofia budista e aplicar na vida, por iniciativa própria, decidido a se tornar feliz e apoiar outros a se tornarem também.
Em japonês, o ideograma equivalente à palavra “missão” quer dizer “uso da própria vida”. Precisamos utilizar a vida para algo útil, para cumprir nossa missão. Nada na vida ocorre sem um propósito, tudo é causa e efeito, e mesmo o efeito precisa ser ressignificado. O presidente Ikeda declara: “Tudo o que ocorre em nossa vida possui um significado. O modo de vida de um budista é descobrir um significado em todas as coisas. Nada é em vão ou sem sentido. Seja qual for o carma de uma pessoa, sempre há um profundo significado para a sua existência”.2
Missão do bodisatva
Existe uma franquia de cinema muito famosa que se chama Missão Impossível, na qual o personagem principal recebe uma tarefa e, para cumpri-la, vive uma grande e árdua aventura. Diferentemente dos filmes, a missão do bodisatva da terra é algo que pode ser cumprido, de forma alegre e satisfatória, apesar dos desafios que possam surgir. Refere-se a compreender profundamente o propósito de ter encontrado o Gohonzon, objeto de devoção da prática budista, assim como o Budismo de Nichiren Daishonin “nesta” existência. No parágrafo anterior, já trouxemos, de certa forma, o que é essa missão de bodisatva quando afirmamos que “significa pôr em prática o que se aprende com a filosofia budista e aplicar na vida, decidido a se tornar feliz e apoiar outros a se tornarem também”. Porém, observando com mais cuidado, corresponde à ação de dedicar a vida à propagação do Budismo Nichiren. Cabe a nós, bodisatvas da terra, dar continuidade ao trabalho do Buda, cumprindo seu papel em meio às circunstâncias que se desenrolam em nosso dia a dia, transformando as dificuldades em combustível para seguir em frente e acumulando ainda mais boa sorte.
Transformar destino em missão
Em um dos seus discursos, Ikeda sensei afirma:
Ele [Nichiren Daishonin] declara que as grandes perseguições que enfrentou correspondem ao princípio de que os bodisatvas adotam voluntariamente o carma apropriado para viver um destino com determinados sofrimentos com o objetivo de conduzir os seres humanos à iluminação. Assim como os bodisatvas consideram que adotar sofrimentos para salvar os seres vivos é uma alegria, Daishonin diz que ele também vê a dor e o sofrimento decorrentes das perseguições como um motivo de júbilo, pois estes lhe possibilitarão evitar os maus caminhos em existências futuras.3
Essa frase, por si só, já explica o que significa transformar destino em missão, o que nada tem a ver com sofrer como se carregasse um fardo para que, um dia, seja feliz ao vencer tais questões. Bodisatva vence hoje, torna-se feliz neste momento em meio aos seus desafios e usa seu exemplo para incentivar os outros a vencer também. Utiliza suas dificuldades como impulso para recitar “ainda mais daimoku” e faz surgirem a sabedoria e a boa sorte budistas para vencer a tudo.
“Carma adotado por desejo próprio” (ganken ogo)
O princípio budista de “carma adotado por desejo próprio” (ganken ogo) explica que uma pessoa, que praticou o budismo em existências passadas e que deveria nascer em circunstâncias favoráveis, determina nascer em condições desfavoráveis para comprovar a veracidade do budismo por meio de suas vitórias. É justamente por isso que o carma não deve ser considerado algo negativo, mas sim uma oportunidade do bodisatva de assumir a missão que é só sua: vencer com base na prática do Budismo Nichiren e influenciar positivamente as demais pessoas. Para compreender um pouco mais, gan significa “pedido, desejo, aspiração”; ken, “combinação”; o, “no”; e go, “carma”; ou seja “desejo combinado no carma”, traduzido como “carma adotado por desejo próprio”.4 Diferentemente do personagem do cinema, nossa missão é adotada de forma voluntária e a vitória se estenderá por existência após existência.
Desafio de cada um
Cada um de nós possui uma missão só sua, como já foi dito anteriormente. Mas como identificar “qual a minha missão”? O primeiro ponto é enfrentar as dificuldades do dia a dia, isto é, o próprio destino com coragem. Se basear a vida no daimoku, e jamais duvidar da sua condição de buda, surgirá a convicção da vitória diante de um impasse, uma das características da iluminação.
O segundo aspecto é compreender que a felicidade absoluta manifestada durante o nosso desafio nos inspira a propagar o Budismo Nichiren. Ao enfrentarmos as mais árduas questões, é possível enxergar como elas nos empoderam e que, enquanto as enfrentamos e após superá-las, podemos incentivar outros a vencer também.
Missão mais que possível
Quando se fala em missão, trata-se de algo bem particular. Cada um tem a sua e, por meio de força interior, consegue concretizá-la. É no dia a dia que nossa missão se revela e, por essa razão, é necessário desenvolver força e otimismo, assim como Ikeda sensei orienta:
Os membros da Soka Gakkai compreendem essa verdade suprema do budismo nas profundezas da vida. Como prova disso, quando enfrentam dificuldades, eles manifestam a força e, acima de tudo, o otimismo. Isso porque eles já vivem no ritmo do bem fundamental que acompanha o processo de transformação do destino. Ou, se ainda não sabem o que é isso, estão constantemente em contato com outros que têm essa experiência.5
Nossa vida não é como nos filmes de aventura em que vencemos apenas num futuro longínquo —, precisamos entender que a felicidade deve ser vivida agora, daí a importância de enxergar valor em tudo. Vencer agora com leveza e convicção é possível e é o ideal. A prática budista nos habilita a desenvolver um “eu” poderoso, que não se abala diante de nada. Nós, membros da SGI, temos a boa sorte de aprender sobre isso e empreender esforços consistentes para cumprirmos a nossa missão junto com o Mestre, que incentiva:
Aqueles que se empenham na fé em prol do kosen-rufu enquanto travam uma batalha contra seu destino incorporam a essência do princípio budista de “carma adotado por desejo próprio”. Nossos membros, companheiros do remoto passado, possuem o coração do rei leão — o espírito de assumir corajosamente os desafios, jamais temendo as dificuldades ou lamentando-se das grandes adversidades — enquanto lutam valentemente para transformar seu destino em missão e desempenhar o drama vitorioso da grande revolução humana. São pessoas que possuem uma condição de vida realmente elevada.6
Notas:
1. IKEDA, Daisaku. Juventude — Sonhos e Esperanças. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, 2020. p.21.
2. Brasil Seikyo, ed. 2.287, 15 ago. 2015.
3. Ibidem.
4. Terceira Civilização, ed. 451, mar. 2006.
5. Brasil Seikyo, ed. 2.287, 15 ago. 2015.
6. Ibidem.
Fontes:
Brasil Seikyo, ed. 2.287, 15 ago. 2015.
Brasil Seikyo, ed. 1.702, 7 jun. 2003.
Terceira Civilização, ed. 624, ago. 2020.
Terceira Civilização, ed. 535, mar. 2013.
Terceira Civilização, ed. 481, set. 2008.
Terceira Civilização, ed. 451, mar. 2006.
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