O poder da oração

REDAÇÃO

Palavras incentivadoras têm poder. Elas são um dos fatores que compõem o centro da relação de mestre e discípulo. Unidos pelo juramento e pela missão de propagar a Lei Mística (Nam-myoho-renge-kyo) para alcançar a paz (kosen-rufu), mestre e discípulo esforçam-se de maneira a fazer com que todos compreendam que possuem tenacidade e energia vital infinitas. E, uma vez conscientes da sua natureza de buda, agem com sabedoria para tornar possível o impossível. Para nós, praticantes do Budismo de Nichiren Daishonin, membros da Soka Gakkai, é a firme oração que ativa essa enorme potencialidade. O poder da oração budista nos permite atingir patamares inimagináveis e gerar valor mesmo nas dificuldades — como a flor do cacto, que nasce em meio aos espinhos, ao tempo que revela sua máxima beleza.

Basear a vida na Lei e se fortalecer por meio dos escritos

Para evidenciarmos nossa natureza de buda, não existe uma receita ou passo a passo. Porém, em muitos dos seus escritos, Nichiren Daishonin encoraja seus seguidores a viver da maneira correta. Encontramos diversas orientações de como deve ser a conduta de um budista nas cartas enviadas pelo Buda aos seus discípulos, datadas do século 13, mas com direcionamentos cada vez mais aplicáveis aos nossos dias. Daí a necessidade de estudar com afinco o Gosho (Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin), para compreender e basear a vida em seus ensinamentos. Assim como fizeram Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, respectivamente, primeiro e segundo presidentes da Soka Gakkai, o Dr. Daisaku Ikeda, terceiro presidente da Soka Gakkai e presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), dedica-se a compreender os escritos de Nichiren Daishonin com a própria vida e suas palavras são baseadas nesse conteúdo. Os Três Mestres Soka são exemplos dessa atuação abnegada.

Erradicar o carma negativo

Ao agirmos de acordo com os ensinamentos de Nichiren Daishonin, deixamos de cometer causas negativas (mau carma) e passamos a construir uma vida de causas positivas (carma positivo). [Para saber mais sobre “carma”, leia Conheça o Budismo, BS, ed. 2.454, 2 fev. 2019.] No escrito A Repreensão pela Calúnia à Lei e a Erradicação dos Maus Atos,¹ Nichiren Daishonin registra que a calúnia contra a Lei é a principal causa do sofrimento das pessoas. Ikeda sensei declara que “A espada afiada da fé — isto é, a convicta fé na Lei correta — é o caminho fundamental para pôr fim à calúnia contra a Lei”.² O agora é a oportunidade ideal para erradicar o carma negativo, conduzir a vida por um caminho positivo e despertar para o supremo poder inerente, o estado de buda, conforme orienta presidente Ikeda:

Com isso, ele [Nichiren Daishonin] está enviando a mensagem de que “Não permita que essa oportunidade se perca. Este é o momento da verdade. As ocasiões em que somos atacados por uma série de dificuldades são oportunidades inigualáveis para transformarmos nosso destino!”.³

Compartilhar com outras pessoas

Com o estudo do budismo, é possível compreender também que as causas negativas oriundas da calúnia e da descrença em relação à Lei Mística são as principais motivações do nosso sofrimento. Em contraponto, ao propagarmos os ensinamentos de Nichiren Daishonin para a felicidade das pessoas (shakubuku), amenizamos os efeitos do carma e extraímos a sabedoria de buda nesta existência, sendo que os benefícios conquistados são reflexos de tudo isso. Sobre esse ponto, vejamos uma consideração de Ikeda sensei:

Daishonin enfatiza que cada pessoa, que, nesta época conturbada, abraça a fé no Sutra do Lótus (Nam-myoho-renge-kyo) e compartilha isso com os outros, tem uma missão verdadeiramente profunda, e elogia sinceramente os discípulos que o apoiam em sua grande missão pelo kosen-rufu nos Últimos Dias da Lei.⁴

Todos são capazes

Compartilhar os ensinamentos budistas, assim como faz a SGI, é um sinal de grande respeito pela vida humana. Em nossa organização, conhecemos diversos exemplos de pessoas que conquistaram feitos incríveis ao desafiar a si mesmas. Na flora brasileira, também encontraremos exemplos de flores belíssimas como a do cacto e as flores do deserto que, como se desafiassem as condições naturais, desabrocham nos ambientes mais inóspitos e nas condições mais improváveis. Trazendo para nossa realidade, ao enfrentarmos as condições mais difíceis com base na fé na Lei Mística, adquirimos força e determinação para conquistar vitórias grandiosas. Nosso mestre pondera: “Bem consciente desse traço humano, Daishonin ensina os meios pelos quais os mortais comuns podem trilhar pelo caminho para atingir o nobre estado de buda. O genuíno budismo ensina sobre a confiança fundamental e o respeito pela natureza de buda inerente a todos os seres humanos”.⁵

Isso é ter fé! Ter fé em si mesmo (e nos outros) é fundamental e, ao recitarmos Nam-myoho-renge-kyo (daimoku), desenvolvemos plena capacidade e sabedoria, cruciais para compreender que tudo depende da nossa mente e dos nossos esforços.

Persistir até o fim

Manter firme fé, e não desistir dos objetivos, é determinante para o vencedor budista. Isso porque essa pessoa não duvida de sua capacidade (condição de buda) e sabe que está utilizando a estratégia correta (daimoku), o que lhe permite tomar as decisões que a levarão ao sucesso (sabedoria budista). Permanecer firme e persistir até conquistar os objetivos — esta é a postura de quem está convicto de que abraçar o caminho da fé conduz à condição de buda nesta existência, manifestação máxima do benefício da prática da fé. Existe uma frase muito popular nos escritos de Nichiren Daishonin que diz: “Mesmo que alguém errasse ao apontar para a terra, ou fosse capaz de atar o firmamento; mesmo que o fluxo e o refluxo da maré cessassem; e o Sol nascesse no Oeste, jamais ocorreria de as orações do devoto do Sutra do Lótus ficarem sem resposta”.⁶

Forte oração

No escrito A Repreensão pela Calúnia à Lei e a Erradicação dos Maus Atos, Nichiren Daishonin expressa profundo desejo de proteger seus seguidores, oferecendo fervorosas orações. Essa determinação está impressa nas palavras “Oro com forte convicção, capaz de produzir fogo com lenha encharcada ou obter água do chão ressequido”.⁷ Ele acredita definitivamente que uma oração sincera é capaz de transformar qualquer circunstância. Foi com base nesse trecho do Gosho que, no Japão, em 1956, se registrou o estrondoso sucesso da Campanha de Osaka. Na época, os membros da localidade de Kansai, unidos ao jovem Daisaku Ikeda, dedicaram-se vigorosamente a uma grande campanha que resultou na conversão de 11.111 famílias ao Budismo Nichiren.

Convicção

Estudar o budismo, basear a vida nos ensinamentos, pôr em prática as orientações do Mestre — eis alguns dos pontos levantados aqui, os quais são importantes para nossa vitória, enquanto budistas. Além disso, ter fé em sua capacidade, acreditar que outras pessoas também têm condições de vencer e ter convicção na estratégia do daimoku são fundamentais para tornar possível o impossível. É fazer desabrochar a flor da vitória no local menos provável. Não é uma mudança momentânea, mas sim uma profunda transformação do destino, conforme declara o presidente Ikeda:

O ensinamento da Lei Mística nos permite transformar completamente o nosso destino; isso nos mostra que podemos construir aqui e agora um estado de felicidade que perdurará ao longo das “três existências” — passado, presente e futuro. (...) Os genuínos devotos são definidos por seus esforços em ajudar as pessoas a transformar a vida em um nível fundamental e dissipar sua escuridão ou ignorância inata. Ao transformar as crenças e o pensamento estruturais das pessoas, é possível mudar fundamentalmente a sociedade e criar uma nova era.⁸

Notas:

1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 455, 2020.

2. Terceira Civilização, ed. 591, nov. 2017.

3. Ibidem.

4. Ibidem.

5. Ibidem.

6. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 362, 2020.

7. Ibidem, p. 464.

8. Terceira Civilização, ed. 591, nov. 2017.

Fontes:

A Repreensão pela Calúnia à Lei e a Erradicação dos Maus Atos. In: Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 455, 2020.

Terceira Civilização, ed. 591, nov. 2017.