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Conheça o Budismo

Torne-se uma árvore de felicidade

Para atingir a felicidade absoluta e transformar a sociedade positivamente, é essencial realizar os dois tipos de prática budista — individual e altruística — e promover a reforma interior de vida

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20/01/2022

Torne-se uma árvore de felicidade

REDAÇÃO

O budismo explica que o estado de buda, condição repleta de compaixão e de sabedoria, é originalmente inerente à própria vida do ser humano.

O objetivo da prática budista consiste em evidenciar essa elevada condição de vida e conquistar a felicidade absoluta. Porém, para essa força se manifestar na existência da pessoa, é preciso realizar um trabalho concreto de transformação a partir do seu interior. Em outras palavras, para manifestar o estado de buda, são necessárias contínuas ações centradas na razão. Essas ações correspondem à “prática”.

Há dois aspectos na “prática”: um deles refere-se à prática individual, o exercício budista visando à conquista dos benefícios da Lei para si mesmo; e o outro corresponde à prática altruística, a ação de ensinar o budismo às outras pessoas para elas obterem benefícios.

Em um de seus escritos, Nichiren Daishonin afirma:

Entretanto, agora entramos nos Últimos Dias da Lei e o daimoku que eu, Nichiren, recito é diferente daquele das eras anteriores. Esse Nam-myoho-renge-kyo inclui tanto a prática individual como a altruística.1


Nos Últimos Dias da Lei, tanto a prática individual (jigyo) como a altruística (keta) são essencialmente a prática do Nam-myoho-renge-kyo, a Lei fundamental para se tornar buda. De forma concreta, a “prática individual” é composta pela recitação do gongyo e do daimoku e se estende à participação nas atividades e à dedicação ao estudo do budismo; e a “prática altruística”, pelo shakubuku — o mais nobre ato de benevolência, quando oramos e desejamos a felicidade de outra pessoa — e pelo estudo e diálogo dos ensinamentos junto com outras pessoas, incluindo as visitas que realizamos para ajudar alguém a se aprofundar na fé.

Ações que se complementam

Em termos de benefícios, não há distinção entre os dois tipos de prática, ou seja, envolvem a todos. Por exemplo, o daimoku que recitamos beneficia a nós próprios e àqueles a quem dedicamos nossas orações. Os esforços empenhados para incentivar os que se encontram em dificuldades nos fortalecem também. Quando uma pessoa inicia a prática e consegue comprovar a veracidade do budismo, é um tesouro desfrutado não somente por ela, mas por quem lhe ensinou essa filosofia. Isso se deve à nossa profunda relação com essas pessoas e às causas extremamente positivas realizadas com essas nobres ações.

Caminho do bodisatva

A prática individual é também o processo pelo qual uma pessoa pode fazer sua revolução humana, isto é, a transformação interior e o desenvolvimento de seu pleno potencial com base na manifestação do estado de buda contido em sua vida. Esse autoaprimoramento começando pela prática budista é o ponto de partida para a mudança da sociedade.

Estamos ligados aos nossos pais, por nos conceber e nos criar; aos professores, pela educação recebida; e aos amigos, por nos incentivar. Estamos ainda unidos àqueles com quem nunca nos encontramos, mas nos favorecem plantando as frutas e verduras para nossa alimentação, confeccionando nossas roupas, escrevendo os livros que nos transmitem conhecimento, enfim a uma infinidade de pessoas.

Essa compreensão deu origem ao caminho do bodisatva, como é chamado no budismo. Um bodisatva é aquele que se esforça para atingir a iluminação, ou seja, faz a sua revolução humana, e para auxiliar outros a atingi-la. Ele realiza os dois tipos de prática budista.

Comprovação

Realizar as práticas individual e altruística gera o benefício budista, conhecido como kudoku, ou seja, a extinção do mal e a manifestação do bem. Conforme afirma o presidente Ikeda:

No Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, [Nichiren] Daishonin diz: “Ku [de kudoku — benefício] significa extinguir o mal, e doku quer dizer evidenciar o bem”.2 Somente quando nos empenhamos intrepidamente em vencer o mal e o negativismo em nós próprios e nos outros é que o poder do bem inerente à Lei Mística emergirá. Sem esforços corajosos, nenhum benefício significativo pode ser evidenciado. Para ter uma existência realmente grandiosa, é importante realizar a prática do shakubuku.3

Árvore inabalável

O segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, declarou:

A prática da fé significa abraçar o Gohonzon, e equivale a plantar uma árvore que se transforma em felicidade absoluta. Em outras palavras, significa plantar a semente para se tornar Buda no “arrozal do seu coração”. A partir de então, embora invisível, os deuses budistas4 estarão se empenhando firmemente para sua proteção. A semente irá então brotar e desenvolver troncos e ramos; surgirão densas folhagens, e em seguida flores e frutos. (...) A isto, chamamos de estado de buda ou a conquista de uma vida de verdadeira felicidade.5


De acordo com o presidente Josei Toda, quando iniciamos a prática, estamos na fase em que a semente está apenas germinando; e se a semente for atacada por insetos e pragas, a planta não se desenvolverá. E se a plantação for invadida por ervas daninhas, suas raízes apodrecerão. Justamente por isso, ele nos solicita a retirar as “ervas daninhas” do coração com a realização do shakubuku e nos ensina que a recitação diária do daimoku, pela manhã e à noite, é equivalente a fertilizar o solo do arrozal e as pessoas não conseguem evidenciar os benefícios porque não estão “carpindo” suas “ervas daninhas”.

Vamos, portanto, manifestar a atitude correta da fé, incentivando-nos a dedicar persistentemente às práticas individual e altruística e, assim, criar uma frondosa árvore repleta de comprovações.

“Deve se tornar uma pessoa admirada em sua localidade. Se tiver uma única árvore de grandes proporções, as pessoas se reunirão em torno dela nos dias de intenso calor para se refrescar e nos dias de chuva para se proteger dela. Se você que abraçou o budismo for admirada e confiada por todos, tal como a grande árvore, esse fato em si trará a simpatia das pessoas pelo budismo e resultará na propagação dos ensinamentos. Por favor, desenvolva a si mesma como uma grande árvore. Torne-se uma valorosa grande árvore da localidade”6

Dr. Daisaku Ikeda


Notas:

1. The Writings of Nichiren Daishonin [Escritos de Nichiren Daishonin]. v. II. Tóquio: Soka Gakkai, p. 986.

2. Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 762.

3. Terceira Civilização, ed. 435, nov. 2004, p. 18.

4. Deuses budistas: Também conhecidos como “deuses protetores” ou “divindades celestiais”, entre outros. São as funções do universo que protegem os ensinamentos do budismo e seus praticantes. Elas beneficiam tanto pessoas quanto locais em que habitam, proporcionando-lhes boa sorte. Cabe ressaltar, porém, que a visão budista em relação a essas divindades não é absolutamente no sentido de objeto primário para a crença ou devoção, mas sim de funções de suporte e de proteção à Lei, aos ensinamentos budistas e aos seus praticantes.

5. Terceira Civilização, ed. 88, dez. 1975, p. 19.

6. IKEDA, Daisaku. Sino do Alvorecer. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-I, p. 371.


Fontes:

Os Fundamentos do Budismo Nichiren para a Nova Era do Kosen-rufu Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 41, 2019.

Terceira Civilização, ed. 401, jan. 2002, p. 10.

Brasil Seikyo, ed. 1.613, 28 jul. 2001, p. A6.

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