Conheça o Budismo
BS
Um mestre da paz imbatível
O segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, liderou a reconstrução da organização após o término da Segunda Guerra Mundial, promoveu a paz e a expansão do budismo, treinou seu sucessor, Daisaku Ikeda, e delegou aos jovens a missão da concretização do kosen-rufu.
REDAÇÃO
08/09/2022
Josei Toda nasceu no dia 11 de fevereiro de 1900, na cidade de Kaga, província de Ishikawa (Japão). Quando criança, recebeu o nome de Jin’ichi. Em 1902, a família numerosa, que vivia basicamente da pesca e do transporte, se muda para Hokkaido. Ele era o sétimo filho e foi uma criança muito dedicada aos estudos.
Aos 17 anos, inspirado por seu falecido irmão, Sotokichi, ele decide abraçar a carreira educacional, conciliando trabalho e estudo, dedicação que lhe rendeu uma conquista tão sonhada: o certificado de professor. E assim passa a lecionar na Escola Primária Mayachi, também em Hokkaido. Nesse período, adota o nome de Jogai.
Encontro de mestre e discípulo
Três anos após iniciar sua jornada nesse campo, um encontro mudaria de vez sua trajetória de vida. Durante uma ida a Tóquio, Jogai Toda foi apresentado ao educador Tsunesaburo Makiguchi (1871–1944), ocasião em que travaram um longo diálogo sobre práticas e pesquisas na educação. Encantado com as ideias de Makiguchi, passou a considerá-lo como seu mestre.
Em 1928, Tsunesaburo Makiguchi conhece o Budismo de Nichiren Daishonin e começa a seguir essa filosofia. Ao tomar conhecimento desse ensinamento, Josei Toda acompanha seu mestre e inicia a prática budista. Makiguchi percebe proximidade entre sua forma de pensar e o Budismo Nichiren e fortalece a teoria pedagógica à qual vinha se dedicando havia anos para consolidar uma educação em que a criança se torna feliz enquanto aprende.
Em 18 de novembro de 1930, Toda sensei lança o primeiro volume da obra Sistema Pedagógico de Criação de Valor, de autoria de Makiguchi, fato que marca a fundação da Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor].
Convicção inabalável
Posteriormente, o mundo foi assolado pela Segunda Guerra Mundial [1939-1945] e o militarismo tomou conta do Japão. Como forma de unificar os cidadãos em torno de um único ideal, o governo decide impor o talismã xintoísta como símbolo religioso nacional em prol do esforço de guerra.
Em junho de 1943, veio dos líderes da Nichiren Shoshu o aconselhamento para que Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda aceitassem o talismã. Indignados com essa sugestão do clero e convictos de sua fé, decidem não sucumbir à arbitrária exigência governamental. Como resultado, eles são presos em 6 de julho do mesmo ano, acusados de violação da lei da manutenção da ordem pública e suspeita de desrespeito ao santuário xintoísta.
Tsunesaburo Makiguchi, em decorrência de uma desnutrição severa agravada por maus-tratos, faleceu serenamente na prisão em novembro de 1944. Jogai Toda foi informado da morte do seu mestre meses depois, em janeiro de 1945. A morte de Makiguchi marca profundamente a vida do discípulo, que se entrega totalmente à meditação e ao estudo das escrituras budistas, disposto a encontrar respostas para seus mais profundos anseios, entre os quais, a melhor forma de honrar a memória do grande mestre. Ele obtém a compreensão plena do Sutra do Lótus, atingindo a iluminação.
Reconstrução
Josei Toda foi libertado da prisão em 3 de julho de 1945, um mês antes do cessar-fogo da Segunda Guerra Mundial. Apesar do corpo combalido, seu olhar transmitia a forte determinação que nem o pior cárcere pôde abater. Carregando o juramento seigan do seu mestre, mudou seu nome de Jogai (“Exterior do Castelo”) para Josei (“Sábio do Castelo”).
A reconstrução da organização seria uma tarefa difícil e solitária, mas ele não se deixou abalar. O nome Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor] foi mudado para Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor], refletindo a decisão de Toda sensei de que a nova organização deveria transcender os objetivos puramente educacionais da sociedade, engajando-se de forma mais ativa no campo da cultura e tendo como objetivo básico a promoção da paz mundial.
Encontro ideal
No ano de 1947, em 14 de agosto, um encontro amplia a esperança no coração de Josei Toda, mudando o rumo da própria humanidade. Em meio à reconstrução da Soka Gakkai, numa pequena reunião, conheceu Daisaku Ikeda, um jovem de 19 anos, que buscava uma verdadeira filosofia de vida. A partir daquele instante, o jovem Ikeda, adotando-o como seu mestre, abraçou os ideais de Josei Toda e se tornou seu discípulo imediato. Converteu-se ao Budismo Nichiren dez dias depois, em 24 de agosto.
Nessa época, o Japão encontrava-se em séria crise financeira e a editora de Josei Toda estava à beira da falência. Mesmo nessa situação, o jovem Ikeda manteve-se fiel a ele e trabalhava em sua empresa.
Com o sentimento de bradar pela verdade e pela justiça e de propagar o ideal da paz para todo o Japão e para os povos da Ásia, Josei Toda lançou o desafio de criar um jornal — o Seikyo Shimbun.
Realizações históricas
Pouco depois, em 3 de maio de 1951, Josei Toda tornou-se o segundo presidente da Soka Gakkai, proclamando que atingiria a meta de 750 mil famílias durante a sua existência. Para isso, edificou organizações de base, realizou reuniões de palestra em todas as partes do Japão, orientou os membros sobre diversos assuntos, fez visitas às famílias e fundou as Divisões Feminina, Masculina de Jovens e Feminina de Jovens.
Ainda no ano de 1951, visando comemorar os setecentos anos do estabelecimento do Budismo Nichiren, anunciou o projeto de publicação da Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin (Gosho). Com o auxílio de Ikeda, a obra foi lançada em 28 de abril de 1952.
Em 1957, tal qual o seu desejo, a Soka Gakkai concretizou 750 mil famílias, um resultado sem precedentes, selado pela união entre mestre e discípulo. No dia 8 de setembro desse ano, foi realizado um festival esportivo pela Divisão dos Jovens. Nessa ocasião, Josei Toda proferiu sua famosa Declaração pela Abolição das Armas Nucleares para as 50 mil pessoas presentes no Estádio de Desportos de Mitsuzawa e a deixou como testamento para os jovens.
Desenvolvendo sucessores
Em 16 de março de 1958, Josei Toda liderou pela última vez uma atividade. Essa data ficou conhecida como “Dia do Kosen-rufu” — oportunidade em que transmitiu a tarefa de realizar a paz mundial aos membros da Divisão dos Jovens, mais precisamente a Daisaku Ikeda. Toda sensei jamais traiu seus princípios e suas crenças. Foi com esse espírito inabalável que faleceu no dia 2 de abril de 1958, aos 58 anos, e deixou importantes legados.
Sob o alicerce construído pelo presidente Josei Toda, o budismo expandiu-se além do Japão. Ele deixou uma organização solidamente estruturada e ensinou o caminho que todos devem trilhar para a realização do kosen-rufu.
Seus ideais foram totalmente herdados e concretizados por Daisaku Ikeda, que se tornou seu sucessor na presidência da Soka Gakkai, em 3 de maio de 1960, criando a partir daí um movimento de expansão da organização para 192 países e territórios.
Com relação ao seu mestre, o presidente Ikeda afirma:
Ele [Josei Toda] confiava sinceramente em mim, embora eu fosse 28 anos mais novo que ele. “Não posso confiar em ninguém mais a não ser em você”, ele dizia. (...) Sinto profunda e eterna gratidão por meu mestre. Este é o caminho de mestre e discípulo na Soka Gakkai — um belo laço espiritual. Desejo agora transmitir esse espírito aos jovens em quem deposito máxima confiança.1
Fonte:
Brasil Seikyo, eds. 2.502 a 2.505, 1º, 8, 15 e 29 fev. 2020, p. 10-13.
Nota:
Brasil Seikyo, ed. 1.934, 5 abr. 2008, p. A3.
FOTOS: Seikyo Press / fundo: GETTY IMAGES
Compartilhar nas