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Discurso do presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada
“Vamos nos lançar vigorosamente, com a vitalidade dos jovens, ao movimento da base pela expansão da amizade”
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BS
Vitória absoluta da justiça
Sobrepujando os ataques do clero, os sucessivos presidentes da Soka Gakkai e os membros da organização se uniram para proteger o Budismo de Nichiren Daishonin e o kosen-rufu.
Redação
08/12/2022
Desde a sua fundação, a Soka Gakkai é uma entidade leiga autônoma e seus membros recebem orientação sobre a prática do Budismo de Nichiren Daishonin de seus líderes sem ficar subordinados ao clero da Nichiren Shoshu.
O segundo presidente, Josei Toda, assumiu essa posição porque o fundador da Soka Gakkai, o primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, via com olhos críticos a situação do clero da Nichiren Shoshu, que havia se afastado do espírito do buda Nichiren Daishonin, tornando-se uma entidade religiosa que, tal como outras seitas budistas, se ocupava apenas de formalidades religiosas, como funerais e cerimônias em memória dos falecidos.
Além disso, os clérigos da Nichiren Shoshu não tinham consciência de que o Budismo de Daishonin expunha os princípios fundamentais para mudar o destino das pessoas e da sociedade nem se esforçavam em propagá-lo visando ao kosen-rufu. Em virtude desse declínio, agravado com a disputa interna de poder entre os clérigos, a doutrina de Nichiren Daishonin, herdada por Nikko Shonin, estava sendo desviada dos seus reais propósitos. Diante desse cenário, a Soka Gakkai recuperou a legitimidade do Budismo de Nichiren Daishonin como religião viva que conduz as pessoas à felicidade e promove a paz social.
Três Mestres Soka e a proteção do budismo
Na época da Segunda Guerra Mundial, o governo japonês, desrespeitando o direito a liberdade de crença, obrigou o povo japonês a aceitar o xintoísmo como religião oficial e instituiu a adoção do talismã xintoísta como objeto de adoração por todas as demais religiões.
Em meio a essa circunstância, o clero orientou os adeptos a seguir essa orientação das autoridades militaristas e proibiu a publicação do Gosho de Nichiren Daishonin, chegando, inclusive, a eliminar frases dos escritos que pudessem ofender o governo xintoísta. Além disso, apoiou ativamente os atos de guerra, instigando os adeptos a orar pela vitória nas frentes de batalha. Esses fatos deixaram evidente a inexistência do espírito de Nichiren Daishonin no clero da Nichiren Shoshu.
Em contrapartida, o presidente Tsunesaburo Makiguchi e seu discípulo, Josei Toda, mantiveram esse espírito ao rejeitar energicamente a imposição do clero, que tentou obrigar a Soka Gakkai a adotar o talismã xintoísta. Eles defenderam a liberdade de crença, lutando contra a ordem do governo totalitário japonês de controlar o pensamento e a convicção religiosa.
Apesar disso, o segundo presidente, Josei Toda, empenhou-se em proteger o clero na esperança de estabelecer a harmonia entre clérigos e leigos. Em 1952, quando a Soka Gakkai já estava com uma estrutura mais forte, Toda sensei organizou peregrinações ao templo principal para os membros apoiarem o clero a solucionar a situação financeira caótica em que se encontrava e elaborou também o projeto de construção de templos locais.
Após assumir como terceiro presidente da Soka Gakkai, Daisaku Ikeda continuou a proteger o clero. Assim, Ikeda sensei promoveu a construção do Grande Salão de Recepção (Daikyakuden) e do Grande Templo Primordial (Sho-Hondo) — ambos destruídos mais tarde pelo sumo prelado Nikken — nas áreas do templo principal, além de erguer mais de 350 templos locais.
A problemática do clero
Ao longo dos anos, ocorreram atritos entre o clero da Nichiren Shoshu e a Soka Gakkai, devido à natureza autoritária dos clérigos. Todas as vezes a situação era contornada com a iniciativa da Soka Gakkai de manter a harmonia entre clérigos e adeptos. Dentre eles, destacam-se dois.
O primeiro foi no fim da década de 1970, quando um grupo de clérigos da Nichiren Shoshu atacou de forma injustificada a Soka Gakkai para persuadir os membros a se afastar da organização e a se tornar adeptos diretos dos templos (Danto).
O segundo aconteceu em dezembro de 1990. Nessa ocasião, o clero da Nichiren Shoshu, sob a liderança do sumo prelado Nikken, atacou repentinamente a Soka Gakkai com críticas e difamações infundadas. O clero pôs em ação um plano arquitetado por Nikken para destruir a organização e usurpar seus membros. Essa estratégia ficou conhecida como “Plano C” (a letra “c” é a inicial da palavra cut — “cortar”, em inglês — indicando o ato de “cortar a Soka Gakkai”).
Assim, sem qualquer justificativa, o clero destituiu o presidente Ikeda e os líderes da Soka Gakkai da função de coordenadores da Hokkeko (Associação de Leigos da Nichiren Shoshu). A direção do clero recusou todos os pedidos dos líderes da Soka Gakkai de dialogar sobre a problemática numa tentativa de encontrar soluções. Em 28 de novembro de 1991, o clero excomungou os membros da Soka Gakkai, negando-lhes a concessão do Gohonzon. A excomunhão libertou os membros das correntes que o clero da Nichiren Shoshu havia preparado para controlar os seguidores de Nichiren Daishonin, e lhes permitiu conquistar a verdadeira independência espiritual. Por essa razão, o dia 28 de novembro passou a ser conhecido em nossa organização como o “Dia da Independência Espiritual”. Pela sua postura invejosa e conspiradora, totalmente centrada no sumo prelado Nikken, desviando-se da doutrina do buda Nichiren Daishonin, o clero passou a ser designado pela Soka Gakkai como seita Nikken.
Em 1993, a Soka Gakkai adotou o Gohonzon transcrito por Nichikan Shonin, o 26º sumo prelado da Nichiren Shoshu, considerado o restaurador do Budismo de Nichiren Daishonin, promovendo a concessão do objeto de devoção aos membros do mundo inteiro. Dessa maneira, ela se tornou uma instituição independente do clero em todos os aspectos e assinalou um grande avanço como organização promotora do kosen-rufu, diretamente ligada a Nichiren Daishonin.
A heresia do clero e a retidão da Soka Gakkai tornaram-se evidentes passados poucos anos do início da problemática. A Soka Gakkai se expandiu de 115 países e territórios, em 1990, para 192 países, em 2008. Já o clero seguiu por uma trilha de decadência.
Alegando problemas de saúde, em dezembro de 2005, Nikken afastou-se da mais alta posição do clero, transferindo o posto de sumo prelado para Nichinyo. Entretanto, a correnteza do clero foi definitivamente manchada pelas ações maléficas de Nikken, transformando-se numa seita herética totalmente contrária ao Budismo de Nichiren Daishonin. Por essa razão, passou a denominada seita Nikken.
No Brasil
As ações maléficas do clero da Nichiren Shoshu afetaram também a BSGI. No Brasil, sob a consideração do presidente Ikeda, o clero estabeleceu um templo nas dependências da própria sede da organização, ainda na década de 1960. A partir de então, mantinha um sacerdote prior do templo em torno do qual se realizavam cerimônias religiosas.
Por ocasião da primeira problemática do clero no final da década de 1970, o prior do templo instalado no Brasil promoveu também um movimento para persuadir os membros da BSGI a se afastar da organização e se tornar seus adeptos diretos. Em consequência, algumas pessoas acabaram se afastando, constituindo um grupo ligado diretamente ao templo.
No intervalo entre a ocorrência da primeira e da segunda problemáticas do clero, novamente por consideração do presidente Ikeda, os membros da BSGI promoveram ampla campanha de contribuição para a construção de um novo prédio do templo, em São Paulo, cuja conclusão se deu no início de 1983.
Mais tarde, por conta da segunda problemática do clero na década de 1990, o grupo de adeptos ligados diretamente ao templo promoveu uma manobra jurídica ilegal, destituindo a diretoria legítima da entidade (em sua maioria formada por líderes da BSGI). Dessa forma, tal grupo de adeptos, junto com os sacerdotes do templo, tentou se apossar do imóvel anteriormente construído com as contribuições dos membros da BSGI.
Após uma longa batalha judicial, finalmente, em 14 de maio de 2008, a Justiça de São Paulo deu posse à diretoria legítima, determinando-lhe a retomada da administração do templo e, consequentemente, a expulsão dos invasores daquele local. No dia 1o de agosto daquele ano, o templo foi reaberto sob nova denominação concedida pelo presidente Ikeda de Josho Kaikan, isto é, Castelo de Contínuas Vitórias.
No Brasil, o empenho da organização na luta contra as ações maléficas da seita Nikken vem sendo denominado Movimento Renascença.
A importância do Movimento Renascença
Em relação aos “inimigos do Sutra do Lótus” e aos “inimigos do Buda”, Nichiren Daishonin ensina em diversas passagens sobre a atitude de denunciá-los veementemente, como nas seguintes frases: “Em vez de oferecer dez mil orações para remediar, seria melhor simplesmente banir esse único mal!”1 e “Por maiores que sejam as boas causas que as pessoas realizem, ou por mais que leiam e copiem o Sutra do Lótus inteiro mil ou dez mil vezes, ou atinjam o caminho da compreensão dos três mil mundos num único momento da vida, se falham em denunciar os inimigos do Sutra do Lótus, será impossível entrarem no caminho”.2 Daishonin afirma que, sem a atitude de combater os inimigos do Sutra do Lótus, não há como manifestar a iluminação.
O combate às ações que tentam destruir o budismo é a maior das responsabilidades de um verdadeiro praticante budista. Ignorar essas maldades, sem combatê-las, torna-se uma atitude caluniosa, conivente com a destruição desse ensinamento. Além disso, uma luta contra as maldades é, em si, uma prática para elevar a condição de vida rumo à própria felicidade absoluta.
Em síntese, devemos nos empenhar cada vez mais pela propagação mundial do budismo por meio da realização do shakubuku, enquanto combatemos com firmeza as maldades da seita Nikken.
As heresias da seita Nikken
1. Ameaça de destruição do kosen-rufu
Em novembro de 1991, a seita Nikken enviou um comunicado de excomunhão à Soka Gakkai. (...) Nessa notificação não foi mencionada nenhuma evidência do ponto de vista da doutrina nem citações do Gosho de Nichiren Daishonin. As únicas alegações eram de caráter autoritário e de ressentimentos pela falta de submissão da Soka Gakkai à autoridade do clero. (...)
Visando à realização do kosen-rufu, desde a sua fundação, a Soka Gakkai sempre se empenhou na realização do shakubuku, propagando o Budismo de Nichiren Daishonin, não só no Japão, mas no mundo inteiro. (...) As ações do clero de planejar a destruição da organização promotora do kosen-rufu, a Soka Gakkai, são heresias que contrariam o testamento de Nichiren Daishonin.
2. A heresia da crença no sumo prelado
Desde a eclosão da segunda problemática do clero, o sumo prelado na época, Nikken Abe, e seu seguidores vêm consistentemente pregando a teoria de que “sumo prelato é absoluto e, portanto, devemos obedecê-lo”, recusando qualquer iniciativa de diálogo e, com atitudes ditatoriais, induzem ao “absolutismo do sumo prelado” e à “crença no sumo prelado”. (...)
A crença no sumo prelado é uma doutrina de extrema arrogância que leva à destruição dos três tesouros do Budismo de Nichiren Daishonin (tesouro do Buda, tesouro da Lei e tesouro da Ordem ou da comunidade de seguidores), e é a causa básica da transformação da seita Nikken em seita herética.
3. Distorção do conceito de herança do sangue vital
O pensamento de absolutismo do sumo prelado criado na seita Nikken é consequência da distorção do conceito de herança do sangue vital (transmissão da doutrina budista). Para o clero, a simples sucessão ao posto de sumo prelado faz do novo ocupante um indivíduo dotado da iluminação do Buda e dos “ensinamentos secretamente transmitidos” no ato da sucessão. (...) Essa ideia mistificada é totalmente distorcida e nada tem a ver com o conceito de herança do sangue vital exposto por Nichiren Daishonin e Nikko Shonin. Trata-se de algo criado por seguidores das eras posteriores para afirmar a autoridade do sumo prelado.
Originalmente, o sangue vital do Budismo de Nichiren Daishonin é aberto e pode ser herdado pelas pessoas que têm fé no budismo e não é monopólio de determinado indivíduo.
4. Discriminação entre clérigos e adeptos
Um ponto em comum entre Nikken e os sacerdotes da seita Nikken é a impregnação da ideia de discriminação na qual clérigos ocupam uma posição superior e os adeptos leigos uma condição inferior. (...) O conceito de discriminar os adeptos jamais existiu no Budismo de Nichiren Daishonin. (...)
O que está por trás desta clara rejeição da igualdade de clérigos e leigos da seita Nikken é a transformação do budismo em religião de cerimônias fúnebres e a proliferação do sistema de danka (paróquias) no Japão, especialmente na era Edo. Os clérigos passaram a dominar e subordinar os adeptos, criando dependência a eles, negligenciando por completo sua própria prática budista.
5. Abuso em cerimônias religiosas
Uma das grandes calúnias cometidas pela seita Nikken refere-se ao abuso em cerimônias religiosas. Exemplos desse abuso são as cerimônias de funeral e em memória dos falecidos, a criação de nomes póstumos (kaimyo) ou a escrita de ripas em memória aos falecidos (toba), todas utilizadas como instrumento de arrecadação de dinheiro.
Nichiren Daishonin jamais estabeleceu a realização de funerais, cerimônias em memória aos falecidos, adoção de nomes póstumos pelas mão de saberdotes, como é faito pelo clero nos dias atuais. Todos esses ritos foram criados posteriormente pelos clérigos como fonte de renda.
O clero alega que a presença de sacerdotes em funerais é obrigatória para o falecido atingir o estado de buda, pois somente eles estão capacitados a conceder essa condição. Entretanto, Daishonin jamais fez afirmação dessa natureza.
6. Degeneração religiosa
Nichiren Daishonin definiu o caminho dos sacerdotes com as seguintes palavras: “Os verdadeiros sacerdotes são aqueles que conservam a honestidade, a rara cobiça e o sábio sustento”,3 indicando que deveriam ter pouca ambição e uma atitude modesta que se satisfaz com o mínimo.
Entretanto, o comportamento de Nikken e dos sacerdotes de sua seita em vertiginosa decadência contraria totalmente os ensinamentos do Buda Nichiren Daishonin.
Com rigor, Nichiren Daishonin repreende esses maus sacerdotes, referindo-se a eles como “um animal vestido com manto clerical”4 e “espíritos famintos devoradores da Lei”.5
No topo: Presidente Ikeda apresenta a caligrafia que escrevera em 1979 após ser obrigado a renunciar à presidência da Soka Gakkai. Ao centro, a palavra “justiça”. Na lateral direita: “Sozinho, levanto a bandeira em defesa da justiça” (out. 2004)
Notas:
1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 15, 2019.
2. Ibidem, p. 80.
3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 4, 2019.
4. Ibidem, p. 12.
5. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 199, 2019.
Fonte: Terceira Civilização, ed. 550, jun. 2014
Os Fundamentos do Budismo Nichiren para a Nova Era do Kosen-rufu Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2016. p.78
Foto: Seikyo Press
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