marcar-conteudoAcessibilidade
Tamanho do texto: A+ | A-
Contraste
Cile Logotipo
Incentivo do líder

Xô, problemas... será?

download do ícone
ícone de compartilhamento

Edson Tokunaga

06/09/2023

Xô, problemas... será?

Num dos estudos semanais da Nova Revolução Humana nos quais tenho me desafiado junto com os companheiros, defrontei-me com o seguinte trecho:


No decorrer da vida, estamos fadados a nos deparar com todos os tipos de adversidades, não somente desastres naturais, mas acontecimentos como falência, desemprego, doença, acidentes e a morte de entes queridos. Nenhuma vida é totalmente tranquila. Na realidade, ela consiste numa infindável série de provações e tribulações, e não seria exagero afirmar que, de fato, vida é enfrentar dificuldades.1


Imediatamente, relembrei-me de um dos maiores desafios da minha vida: o nascimento do meu primogênito com trissomia do cromossomo 13, a síndrome de Patau, para a qual as previsões médicas não eram nada promissoras, pois essa síndrome era incompatível com a vida. Estava totalmente desnorteado, desesperado e inerte diante dos fatos com os quais a vida me testava. Fui dominado pela escuridão fundamental e somente prevalecia o sentimento de culpa: “O que havia feito de errado para merecer tal circunstância?”.

Em meio ao caos, recebi incentivos de um grande veterano. “Você acha que os obstáculos e as maldades escolhem pessoas fracas? Os fracos se derrubam por si sós. Os obstáculos e as maldades não querem perder tempo com os fracos, preferem os fortes! Então, essa situação está abrindo seus olhos para eles. Você é uma pessoa forte, mas, e para você? Agora é a hora de provar se isso é verdade ou não?”

Foram dias desafiadores, indo ao hospital pela manhã com minha esposa, ao trabalho à tarde e retornando ao hospital à noite a fim de receber o relatório médico. Ao retornar para casa, sentávamos diante do Gohonzon e recitávamos daimoku para ter a serenidade de compreender e de encarar a realidade, sem esmorecer. Depois de 59 dias, ele cumpriu dignamente sua missão nesta existência.

O apoio incondicional de um grande número de companheiros da família Soka foi imprescindível para superarmos essa perda, que hoje não vejo como tragédia, mas como valioso aprendizado para a vida toda. Assim, o desespero deu espaço para a gratidão, porque, apesar de ele não estar conosco, nos possibilitou a condição de sermos pais e nos mostrou como transformar o carma incompatível com a vida. Ele conseguiu nascer e precisou viver 59 dias para cumprir sua missão. Todavia, ao compartilhar esse episódio comovente, três famílias já se converteram ao budismo. Danadinho, nem está aqui, mas continua propagando o budismo para a felicidade de outras pessoas!

Graças ao incentivo daquele veterano que não desistiu de mim, e foi ainda mais forte que a dificuldade ao ser rigoroso e benevolente comigo, abrindo meus olhos para a verdade fundamental, agora temos duas princesas sapequinhas que nos enchem de alegria e nos propiciam a recitar ainda mais daimoku.

Ikeda sensei reforça essa sabedoria:


Algumas religiões preconizam que há essencialmente muito pouco que as pessoas possam fazer ao se defrontarem com grandes dificuldades, acarretando uma sensação de desamparo e o desejo de fugir da realidade. O Budismo Nichiren, contudo, encoraja-nos a ver até a adversidade mais dolorosa como uma oportunidade para nos tornar mais fortes, e essa luta contra dificuldades, de fato, permite que desbloqueemos nosso potencial ilimitado.2

O budismo nos possibilita enxergar a verdade e ultrapassar sofrimentos, obstáculos e dificuldades com coragem e esperança, afinal, eles só escolhem os fortes, não é mesmo? Dessa forma, nossa postura diante deles não é mais “Xô, problemas! Fiquem longe de mim”, mas estamos prontos a enfrentá-los, fortalecendo ainda mais nossa fé e comprovando como um praticante budista encara os fatos da vida: com vitórias, para inspirar todos ao redor.


Edson Tokunaga

Vice-coordenador da Divisão Sênior da BSGI

Notas:

1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 16, p. 174-175, 2020.

2. Terceira Civilização, ed. 660, agosto 2023, p. 55.

Ilustração: GETTY IMAGES

Compartilhar nas