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Gratidão, o caminho para a verdadeira felicidade

O Budismo de Nichiren Daishonin nos ensina como o conceito das quatro dívidas de gratidão nos proporciona uma visão mais ampla e profunda da vida para transformar positivamente a sociedade

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Redação

24/10/2024

Gratidão, o caminho para a verdadeira felicidade

Nichiren Daishonin explica as quatro dívidas de gratidão como: 1) a todos os seres vivos, 2) aos pais, 3) ao soberano e 4) aos três tesouros.1

Estar vivo é a maior felicidade. Como a vida nos foi dada pelos pais, seremos tão humanos quanto mais retribuirmos a eles por esse presente. Sentimento semelhante devemos ter pelos outros seres humanos e pela natureza que, de alguma forma, permitiram e contribuíram para que chegássemos até aqui seguros e vivos. Um autêntico ser humano sente infinita gratidão por tudo o que lhe foi feito e age por toda a vida para retribuir. Dentre as formas de gratidão, a dedicada ao mestre é a mais profunda e a que mais produz alegria e transformação em si e na sociedade. Uma pessoa dedicada a saldar sua gratidão com o mestre transforma o mundo.

Vencer o egoísmo

Vamos ponderar sobre o porquê a gratidão é tão importante: ela pode ser um trampolim para nos ajudar a superar nosso ego e os estreitos limites dos nossos interesses pessoais.

Nos ensinamentos expostos antes do Sutra do Lótus, Shakyamuni citou a falta de gratidão como a razão pela qual as pessoas dos dois veículos2 não atingiam a iluminação. Sem esse espírito de gratidão, elas não eram capazes de superar seu egocentrismo nem podiam reconhecer que todas as pessoas possuíam a natureza de buda. Consequentemente, não eram capazes de revelar o próprio estado de buda inato nem experimentar a alegria de ajudar os outros a fazer o mesmo.

Situação semelhante sucedeu com Shariputra, discípulo de Shakyamuni, que, em uma existência passada, abandonou a prática do bodisatva porque foi incapaz de suportar a rancorosa atitude do brâmane a quem ele ofereceu seu olho. Quando seu ato altruísta foi rejeitado e ridicularizado, Shariputra viu-se incapaz de manter sua dedicação em ajudar os outros e caiu na armadilha de buscar a iluminação somente para si.

Em Carta para Horen, Daishonin escreve:

Entre os seres vivos dos seis caminhos e das quatro formas de nascimento, há tanto homens quanto mulheres. E todos esses homens e todas essas mulheres foram nossos pais em algum momento de nossas existências anteriores.3

Todo indivíduo que encontramos nesta vida é alguém com quem temos uma dívida de gratidão de existências anteriores.

Retribuição

No romance Nova Revolução Humana, Ikeda sensei afirma:

Josei Toda havia ensinado que era natural um budista querer bem às pessoas e amar seus pais. Dizia ele: “Como podem os jovens amar os outros se nem ao menos amam seus próprios pais?”. Por outro lado, Nichiren Daishonin ensinou que saldar as dívidas de gratidão com os pais e com as pessoas era o caminho de vida dos seres huma­nos. O conceito de quitar as dívidas com quem temos gratidão é um pensamento típico do budismo. Em sua raiz, existe o princípio da origem dependente, isto é, a ideia de que nada existe só, de que todas as coisas estão intrinsecamente relacionadas e influem umas nas outras. Segundo essa perspectiva, cada indivíduo existe graças ao apoio dire­to e indireto de inúmeras pessoas. Por essa razão, todos devem se relacionar com o sentimento de gratidão e de retribuição uns com os outros, não se limitando apenas aos pais.5

Como praticantes do Budismo de Nichiren Daishonin, nós nos esforçamos para apoiar os companheiros e ajudá-los a se tornar felizes, pois temos com eles enorme dívida de gratidão. Se perdermos de vista esse importante espírito de “prática para os outros”, nós nos fecharemos em nosso mundo repleto de interesses próprios. Nossa prática budista é, em certo sentido, uma luta para superar tal egocentrismo. Sem nutrir gratidão aos outros, não podemos esperar concretizar nossa revolução humana.

Jornada da transformação

Outro aspecto prático é a compreensão sobre a gratidão ser o reconhecimento de que o caminho do estado de buda com base na fé na Lei Mística é verdadeiro — um caminho de benefícios e de construção da felicidade. Quem não o reconhece como verdadeiro acaba abandonando-o por ingratidão, tal qual as pessoas dos dois veículos assim o fizeram.

Empenhar-se ainda mais no caminho da fé budista por meio das ações em prol do kosen-rufu e pela felicidade das pessoas é ter gratidão, é ter fé na Lei Mística, em si próprio e nos outros.

Uma existência de compaixão dedicada a encorajar indivíduo por indivíduo e manifestar em cada um a felicidade plena é uma vida na qual se paga as dívidas de gratidão.

Ações humanísticas

Fazer shakubuku em alguém é um sublime ato no qual lhe “devolvemos” a vida. Saldamos o que recebemos devolvendo a vida (o estado de buda) a cada ser humano.

Kosen-rufu significa também propagar amplamente (de pessoa para pessoa, até chegar a todas) a Lei Mística sobre a qual aprendemos com nosso mestre. Dedicar-se ao kosen-rufu é quitar totalmen­te a dívida com todos os seres.

A gratidão ao mestre que nos ensina essa forma genial de retribuição aos nossos pais e aos seres é, portanto, infinita. A maior alegria é nos levantar com essa convicção e nos unir aos demais companheiros em torno da meta de eternizar o “Buda Soka Gakkai”.

Viver a cada momento o juramento de retribuir ao mestre produz a maior força humana. A vida flui de forma completa e, por mais terríveis que sejam os obstáculos, tudo se transforma, a exemplo da vida épica e vitoriosa de Ikeda sensei.

No topo: Getty Images

Fontes:

Brasil Seikyo, ed. 2.264, 28 fev. 2015, D5.

Idem, ed. 2.385, 26 ago. 2017, p. C2-C3.

Notas:

1. Os três tesouros do budismo são o Buda, a Lei (os ensinamentos do Buda) e a Ordem budista (a comunidade de praticantes). Em termos atuais, no âmbito do Budismo de Nichiren Daishonin, o tesouro da Ordem budista não é outro senão a reunião dos membros da SGI — um corpo harmonioso de praticantes que luta com o espírito de unicidade de mestre e discípulo pelo kosen-rufu, tal como Daishonin ensina.

2. Dois veículos: De acordo com a teoria budista dos “dez mundos”, os dois veículos correspondem ao mundo dos ouvintes da voz e ao mundo dos que despertaram para a causa e se referem, respectivamente, aos estados de erudição e de autorrealização. Do ponto de vista da iluminação do Buda, a percepção alcançada pelas pessoas dos dois veículos é apenas parcial.

3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 536, 2020.

4. Idem, p. 44.

5. IKEDA, Daisaku. Abrindo Caminho. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 5, p. 52, 2019.

Leia mais

Matéria da revista Terceira Civilização com o tema Gratidão — Muito Mais que Obrigado, ed. 542, nov. 2013. Acesse clicando aqui.

Ouça

Podcast da série Incentivo do Dia sobre gratidão. Acesse clicando aqui

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