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Orar com sinceridade e determinação

Brasil Seikyo publica, em formato de perguntas e respostas, incentivos do presidente Ikeda sobre a prática da fé diária e o poder da recitação do Nam-myoho-renge-kyo

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Redação

27/03/2025

Orar com sinceridade e determinação

Ilustração: Getty Images

Podemos orar por qualquer objetivo que desejarmos?

Ikeda sensei: Vocês podem orar por qualquer coisa que acreditam que contribuirá para a sua felicidade e para a felicidade dos outros. Por exemplo, podem orar para se desenvolverem ou para se tornarem certo tipo de pessoa. Basicamente, podem orar por qualquer coisa que desejarem. No entanto, recomendo-lhes que jamais orem por coisas negativas. Se orarem por algo que prejudicará o seu progresso ou o de outras pessoas, somente causarão um efeito negativo em sua vida. Essa atitude vai contra o ritmo fundamental da vida. A chave para que nossas orações sejam respondidas é estar em ritmo com o Universo. (...)

Apesar de afirmarmos que “as orações são respondidas”, isso não é algo mágico ou misterioso; não tem nada a ver com algum ser irreal ou um deus que habita um mundo distante e que, por ter piedade de nós, satisfaz nossos desejos.

Assim como existem leis físicas, tais como as que controlam a eletricidade e que o homem descobriu como fazer uso delas, o budismo investigou e revelou a Lei da vida e do Universo. E assim como a luz elétrica foi inventada baseada nas leis da eletricidade, Nichiren Daishonin inscreveu o Gohonzon com base na suprema Lei do budismo. (...)

O Gohonzon é a manifestação máxima da sabedoria do ser huma-no e do buda. É por essa razão que o poder do buda e o poder da Lei manifestam sua força de acordo com a força de nossa fé e de nossa prática. Se elas equivalem a cem, então seremos capazes de manifestar o poder do buda e o poder da lei na mesma proporção; e se equivaler a dez mil, atrairemos uma força de dez mil.

O importante é sempre desafiar a recitação do gongyo tanto de manhã como à noite, não é mesmo?

Ikeda sensei: É claro que é preferível recitar o gongyo da manhã e o da noite. O gongyo é importante; no entanto, o mais importante é abraçar o Gohonzon por toda a sua vida e jamais, em nenhum momento, abandonar essa prática. Será uma completa derrota pessoal se praticarem fervorosamente por apenas algum tempo, com uma “fé de fogo”, e, mais tarde, acabarem abandonando a fé. Desafiar a si próprios em pequenos progressos está perfeito. O importante é que desenvolvam uma “fé como água corrente” que flui incessantemente como um rio que aumenta de tamanho até desembocar no vasto oceano.

Algumas pessoas ficam com a consciência pesada quando não podem recitar o gongyo da manhã ou o da noite.

Ikeda sensei: Enquanto possuirmos fé no Gohonzon, jamais sofreremos punição ou consequências negativas por causa disso. Assim, por favor, fiquem tranquilos. Nichiren Daishonin afirma que um único daimoku contém ilimitados benefícios.

O que fazer quando não conseguimos nos concentrar durante a oração e nos distraímos ou divagamos?

Ikeda sensei: Como somos seres humanos, é muito natural que nossa mente comece a devanear, fazendo com que venha à tona todo tipo de pensamentos e recordações. [Devemos] simplesmente compartilhar todos esses pensamentos com o Gohonzon. Não existe uma forma estabelecida ou um padrão para fazermos a oração. O budismo enfatiza a naturalidade. Portanto, simplesmente orem de forma sincera sem fingimento nem artifícios, sendo exatamente como vocês são. Com o tempo, à medida que a fé for se desenvolvendo, verão que ficará cada vez mais fácil se concentrar ao orar.

Como agir quando não conseguimos resultados imediatos em relação aos objetivos pelos quais estamos orando?

Ikeda sensei: É uma insensatez pensar que podemos conseguir tudo da noite para o dia. Se todas as nossas orações fossem respondidas instantaneamente, isso acabaria por nos arruinar. Ficaríamos muito preguiçosos e arrogantes. (...)

Seria como fazer uma reforma superficial num prédio que está desmoronando, sem resolver o problema fundamental. Somente reconstruindo o alicerce em primeiro lugar é que podem construir algo sólido em cima. A fé nos capacita a transformar não apenas os problemas do dia a dia, mas nossa vida em seu âmago. Com a prática budista, podemos desenvolver uma forte essência e um inesgotável reservatório de boa sorte. (...)

Existem dois tipos de benefício que derivam da fé no Gohonzon: os perceptíveis e os imperceptíveis. O benefício perceptível é visível, de estar claramente protegido e conseguir superar rapidamente um problema quando ele aparecer — seja uma doença, seja um conflito de relacionamento pessoal. O benefício imperceptível já é menos evidente. É a boa sorte acumulada aos poucos, com constância, como uma árvore que cresce ou a maré que se levanta, resultando na formação de um rico e vasto estado de vida. Talvez nós não consigamos discernir nenhuma mudança na vida diária, mas, com o passar dos anos, ficará evidente que nos tornamos felizes, que crescemos como indivíduos. Este é o benefício imperceptível. (...)

Haja o que houver, o importante é continuar a orar. Se agirem assim, com certeza serão felizes. Mais tarde, ao fazerem um retrospecto, poderão compreender num nível mais profundo que, se as coisas não acabaram solucionadas da maneira como esperavam, foi porque esse era o melhor resultado. Esse é um grande benefício imperceptível. Os verdadeiros benefícios do Budismo Nichiren não são tanto os de natureza momentânea e perceptível, mas sim os de natureza imperceptível que surgem nas profundezas da vida.

Podemos orar ao Gohonzon de olhos fechados?

Ikeda sensei: É melhor ficar com os olhos abertos e focalizar o Gohonzon. Em geral, considera-se falta de educação não olhar as pessoas nos olhos ao conversar com elas. Creio que isso também vale quando estamos diante do Gohonzon fazendo nossas orações. É claro que se vocês fecham os olhos de vez em quando não há necessidade de se preocuparem. Devemos compreender que, quando fechamos os olhos, fica mais difícil nos fundirmos com o Gohonzon. Obviamente que isso não se aplica às pessoas cegas ou com problemas de visão, que precisam simplesmente fazer gongyo e daimoku diante do Gohonzon utilizando “os olhos” de seu coração.

Qual é o ritmo correto para recitar gongyo e daimoku?

Ikeda sensei: O gongyo e o daimoku não devem ser muito rápidos nem lentos demais, nem recitados com voz muito alta ou muito baixa. A recitação deve ter um ritmo vigoroso. A velocidade do gongyo também depende de fatores como a idade da pessoa, a hora e o local em que ela está realizando a prática. Portanto, não se preocupem demais com qual deve ser o ritmo correto. Apenas recitem o gongyo da maneira mais natural e confortável possível. Certa vez, um dos meus veteranos afirmou que o ritmo do gongyo deveria ser como o trotar de um cavalo.

Em que parte do Gohonzon devemos fixar o olhar?

Ikeda sensei: Olhar para o Gohonzon é como contemplar o Universo — como se o estivéssemos observando em sua totalidade de uma vista panorâmica. O Gohonzon é a representação da força motriz e da essência do próprio Universo. Portanto, seja qual for a parte em que focalizamos nosso olhar, é como se estivéssemos contemplando todo o Universo. Nesse sentido, não importa em que parte fixamos nosso olhar. Ainda assim, será mais fácil orar se focalizarmos o centro.

Também aprendi com meus veteranos que o ideograma myo representa a cabeça do ser humano, e que eu deveria focalizar meu olhar nessa parte enquanto estivesse orando. (...)

Simplesmente focalizem a parte do Gohonzon que seja mais apropriada a vocês. O Gosho somente afirma que devemos nos sentar eretos, mas não diz nada em relação a que parte devemos focalizar enquanto oramos. Nichiren Daishonin nos deixou livres para orar da maneira que fosse mais adequada a cada um de nós. Com sua imensa compreensão e percepção, Daishonin levou em consideração a autonomia de cada indivíduo, sua personalidade e suas circunstâncias, encorajando-o a abraçar a fé com flexibilidade e liberdade.

Ao recitarmos o daimoku, o que é mais importante: a qualidade ou a quantidade?

Ikeda sensei: Tanto a qualidade como a quantidade são importantes. Praticamos o budismo com o objetivo de nos tornar felizes. Desse modo, o mais importante é que cada um de nós sinta uma profunda satisfação após ter recitado daimoku. Não há nenhum preceito que imponha certo número de horas para orar. A atitude de estabelecer metas de daimoku pode ser proveitosa, mas quando estiverem cansados ou sonolentos, somente murmurando sons incompreensíveis envoltos em um sono entorpecente, então é melhor irem para a cama. Após terem descansado, vocês conseguirão recobrar a concentração e as energias para continuar orando. Isso será de mais-valia. Devemos permanecer alertas e concentrados quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo, e não cochilando. O mais importante é que nosso daimoku nos faça sentir tão satisfeitos e revigorados que, quando tivermos terminado, possamos exclamar: “Ah! Como isso me fez bem!”. Ao reforçarmos esse sentimento dia após dia, naturalmente nos direcionaremos para o caminho mais positivo.

Fonte:

Cf. IKEDA, Daisaku. Juventude: Sonhos e Esperanças. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 117-150, 2013.


Dica de leitura

Livro Juventude: Sonhos e Esperanças, v. 2.

Para mais informações, clique aqui .

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