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Expresse sua gratidão
Texto extraído e adaptado da série de incentivos do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, à Divisão dos Estudantes publicado no jornal Kibou, em março de 2016
13/01/2018

Em fevereiro de 2016 foi anunciada a “descoberta do século” — um grande passo para aprofundar nosso conhecimento do cosmo. Pela primeira vez os cientistas conseguiram detectar ondas gravitacionais, ou ondulações no espaço-tempo.
O grande físico Albert Einstein (1879–1955) predisse a existência dessas ondas há cem anos, a partir de então cientistas têm procurado por elas. Por isso, essa descoberta foi uma surpresa e grande satisfação para muitos.
Tenho certeza de que alguns de vocês, nossos membros da Divisão dos Estudantes, também se tornarão renomados cientistas que irão fazer importantes descobertas e iluminar os mistérios da vida e do universo.
A constatação da existência das ondas gravitacionais foi resultado de esforços combinados de incontáveis pessoas. Cada conquista notável só foi atingida por conta das inúmeras pessoas que trabalharam nos bastidores.
A cosmonauta, ou astronauta, russa Valentina Tereshkova foi a primeira mulher a viajar pelo espaço graças aos incentivos de muitas outras pessoas. Ela é uma querida amiga de minha esposa, Kaneko, e minha também, tem um coração lindo e nunca se esqueceu de ter gratidão por quem a ajudou em sua conquista, incluindo sua amada mãe, que lhe deu à luz e a criou.
Vamos todos imaginar que estamos voando pelo espaço junto com a Sra. Tereshkova, enquanto aprendemos com a história de sua vida.
Valentina nasceu em 6 de março de 1937, dentro de uma família humilde que vivia numa pequena vila rodeada por bosques. Morava com a avó, os pais, a irmã mais velha e o irmão mais novo.
Seu pai era operador de trator, mas a Sra. Tereshkova não tem muitas recordações dele, que foi mandado para a guerra quando ela tinha apenas 2 anos. Pouco tempo depois a família recebeu a notícia de que havia sido morto em combate.
A mãe dela chorou e ficou profundamente triste,
mas se recusou a ser derrotada. Ela trabalhou em
fazendas e fábricas para sustentar e criar seus três filhos sozinha.
Valentina amava muito a mãe. Nas aulas de artes no ensino fundamental, ela desenhava com lápis de cor pinturas de sua mãe fazendo tarefas diárias, como lavando roupas num tanque ou carregando lenha.
Depois de terminar a escola, a Sra. Tereshkova conseguiu um emprego numa fábrica de tecidos. Um dia ela ouviu notícias bem interessantes: o jovem cosmonauta russo Yuri Gagarin (1934–1968) se tornou a primeira pessoa a realizar uma viagem ao espaço.
A família de Valentina Tereshkova conversou sobre esse evento com sua mãe, que disse: “Agora que um homem foi ao espaço, a próxima a ir será uma mulher”. O comentário casual da mãe inspirou a jovem Tereshkova a batalhar para virar cosmonauta.
Mas isso não foi fácil. Ela teve de se esforçar muito para se qualificar a se tornar cosmonauta. Teve de estudar muito, desenvolver força física e completar um curso de paraquedismo. Apesar desses desafios, a Sra. Tereshkova não desistiu de seu sonho e passava dias em intensos treinamentos, bem longe de casa.
Quando voltava para seu quarto à noite, ela olhava a fotografia de sua mãe e sentia como se ela a estivesse incentivando: “Eu sei que você pode fazer isso!”. E de fato levantava o seu ânimo.
A Sra. Tereshkova compartilhou uma vez: “Acredito que quando você tem um sonho e dedica toda a sua força e energia para atingi-lo, consegue realizá-lo
sem falha”.
Ela estudou ainda mais, se preparou física e mentalmente e se esforçou em cada estágio do treinamento para finalmente ter a chance de ir ao espaço, aos 26 anos. Em 16 de junho de 1963, pessoas ao redor do mundo assistiram a Sra. Tereshkova se tornar a primeira mulher a ser lançada ao espaço. Quando a decolagem foi realizada, ela mandou uma mensagem para a Terra: “Sou eu, Gaivota. Eu
estou bem”.
“Gaivota” (ou Chaika, em russo) era o sinal de chamada, ou codinome, que ela usava quando se comunicava com o centro de controle na Terra. Suas palavras “Sou eu, Gaivota” foram transmitidas ao redor do globo e se tornou uma frase popular em muitos países.
Visto do espaço, o planeta azul chamado Terra era indescritivelmente belo. As luzes das cidades lembravam pérolas num colar.
A cosmonauta também viu um raio soltar faíscas como fogos de artifício no oceano à noite. Enquanto orbitava a Terra pensou em sua mãe e em como as pessoas de todos os países que ela conseguia ver do espaço também tinham mãe, que os pássaros voando pelos céus, os peixes que nadavam nos mares e os animais que se moviam pela terra tinham mãe. Então desejou a felicidade de todas as mães que estavam nutrindo preciosas vidas deste fascinante planeta.
A Sra. Tereshkova orbitou a Terra 48 vezes durante o período de 70 horas e 50 minutos. Foi uma conquista brilhante para as mulheres e de toda a humanidade.
Ela retornou de sua missão com profunda consciência de como é realmente incrível nosso planeta. Tudo a preenchia de alegria e emoção — inspirar profundamente o ar puro, ouvir os pássaros cantar, ouvir pessoas conversando — viver neste planeta parecia um incrível milagre em si.
Encontrei a Sra. Tereshkova três vezes, e nossas conversas foram sobre diversos assuntos, incluindo seu trabalho no espaço e seus esforços pela paz. Nós nos encontramos pela primeira vez em 22 de maio de 1975, durante minha visita à Rússia.
Quando eu disse sobre quanto sua mãe deveria ser maravilhosa por ter criado uma pessoa tão notável como ela, a Sra. Tereshkova respondeu: “Acredito de todo coração que tudo o que sou hoje devo à minha mãe”. Não há dúvida de que a gratidão que a Sra. Tereshkova têm pela mãe sempre foi a força motriz para seguir com os desafios da vida.
Ela viajou ao Japão inúmeras vezes, e visitou as províncias de Fukushima e Miyagi, em 1981, onde as pessoas estão atualmente reconstruindo bravamente a vida em comunidade depois do devastador terremoto e tsunami de março de 2011, em Tohoku. Durante sua visita mais de três décadas atrás, ela disse a um grupo de mulheres locais: “Vamos criar a paz juntas para estas lindas crianças!”.
Para sua mãe e seu pai, vocês,crianças, são os tesouros mais preciosos e nada pode tomar o lugar de vocês.
Alguns podem ter perdido a mãe, o pai ou os dois, ou podem viver numa casa com apenas um deles, mas seus colegas e membros da SGI, assim como minha esposa e eu, estão orando e pensando em vocês com o mesmo amor e carinho dos seus pais.
No Japão, março é o mês de cerimônias de graduação. É uma oportunidade para quem geralmente se sente constrangido em agradecer aos pais e de expressarem seus sinceros agradecimentos a eles.
Nichiren Daishonin escreveu: “Da mesma forma, quando uma pessoa se curva diante do espelho, a imagem refletida curva-se também” (Gosho Zenshu, p. 769). Aqueles que demonstram gratidão, respeito e preocupação com relação a outras pessoas também serão gratificados e respeitados de volta. Ao se tornar esse tipo de indivíduo, vai gerar força para seguir em frente e crescer.
Por exemplo, você pode dizer à sua família:
“Muito obrigado por me acordar todas as manhãs”, “Muito obrigado por fazer minhas refeições todos os dias”, “Muito obrigado por ser tão atencioso e acolhedor”.
Tudo o que precisa ser feito é um pequeno gesto. Por favor, expressem sua gratidão aos seus pais, professores e amigos e àqueles que os apoiam nos bastidores, olhando nos olhos deles e dizendo
“Muito obrigado!”.
Vamos iniciar alegremente uma nova e empolgante jornada de aprendizados e novos desafios!
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