Sociedade em foco
TC
A janela da educação
Valdirene Tizzano é membro da BSGI desde 1975. Como diretora-presidente da Fundação Paulistana de Educação e Tecnologia, vinculada à Secretaria Municipal de Educação, ela se dedica para cumprir os ideais do presidente Ikeda e promover um ensino aberto à comunidade
01/04/2010

Verde-escuro, verde-claro. Pinceladas amarelas de flores da época — ipês, provavelmente. Num resquício de Mata Atlântica, o bairro Cidade Tiradentes, extremo leste de São Paulo, se levantou.
O bairro em que a escola está instalada recebe o nome do herói da Inconfidência Mineira. Cidade Tiradentes se desenvolve a passos largos e hoje não carrega mais o título de um dos bairros mais perigosos de São Paulo.
Valdirene trabalha na “Escola Makiguti”, como chamam os alunos. Os desafios são inúmeros, assim como a alegria de atuar numa comunidade carente. “Na carta de um aluno, que estava se mudando daqui, dizia: ‘Muito obrigado, professora!’”
De brincadeira a coisa séria
Professora. Está aí a aspiração de Valdirene. Aos sete anos, ela brincava de “escolinha”, o que já denunciava seu gosto pela profissão. “Tinha uma lousa pequenininha e brincava com meus primos. O que gostava mesmo era de passar lição no caderno”, relembra.
No primeiro dia de aula, a professora faz a clássica pergunta: “O que você quer ser quando crescer?” De imediato, a menina diz: “Quero ser professora”. Seu sonho não é apenas de criança, e sim de uma estudante com o desejo de corresponder ao mestre da vida.
O que fez Valdirene tornar o sonho realidade foi a participação no Grupo 2001 (atual DE). Nele, construiu o alicerce de sua vida: “Aprendi a olhar o outro com respeito e a ter sempre grandes objetivos”.
Anos de estudo culminaram numa magnífica vitória. Nesse caminho, Valdirene passou a juventude na BSGI, casou-se e aguardou o nascimento da herdeira, Ana Clara, 18.
E por falar em Ana, ela está estudando na Austrália. Medo e zelo se misturam quando Valdirene fala dela. “Tenho de proteger essa criatura que está a mais de quatorze horas daqui. Meu maior desafio é não parar de recitar Daimoku, para que minhas orações a protejam.”
Na Organização, o objetivo é fazer da Comunidade Leôncio Gurgel, RM Itaquera, CCSP, um local de pessoas felizes e “monarcas”.
Homenagem ao mestre da educação
Duas mesas compõem a sala da direção. À esquerda, a de Valdirene, tudo arrumado e com tons esverdeados como seu vestido. Na parede, uma textura aponta o gosto pelo moderno e não-tradicional.
Ali, é o seu cantinho. De onde ela delineia projetos da escola. Durante a entrevista, a cada sinal de novo e-mail, sobrancelhas e mãos dizem: “Com licença”. Num salto, ela está diante do computador — aguarda por um e-mail da Secretaria da Educação.
Apreensiva, lágrimas inundam sua face rosada ao recordar momentos antes da alteração do nome da Escola. “Apresentei o projeto em 2007. O objetivo era trazer uma proposta humanística para a escola. Minha justificativa foi a afirmação do Professor Makiguti que defendia a educação como promotora da felicidade. O professor tem de ser feliz enquanto ensina, o aluno feliz enquanto aprende, os funcionários felizes enquanto trabalham.”
Após trâmites junto da prefeitura, dificuldades pessoais e muita recitação de Daimoku, chega o grande dia. Em novembro de 2008, realiza-se a cerimônia de oficialização do nome. Antes, era Escola Técnica de Saúde Pública Cidade Tiradentes; agora, Escola Técnica de Saúde Pública Professor Tsunessaburo Makiguti.
Na janela da vida de Valdirene, muitas são as paisagens; diversas são as molduras; intensas são as emoções. Mas o que de fato existe é o grande desejo de corresponder aos anseios do mestre e de ser mulher, mãe, amiga e diretora da Escola Técnica de Saúde Pública Tsunessaburo Makiguti.
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