Capa
TC
Convicção
O Caminho da fé absoluta
05/09/2015

A convicção sustenta as atitudes
No calor da emoção, a pessoa resolve ter hábitos saudáveis. Vai cortar o açúcar, fará dieta com verduras e realizará exercícios diários. Chega segunda-feira, ela está animada e cheia de planos. Na quinta feira, desanimada e cheia de desculpas: deslizou na alimentação e não teve tempo de fazer exercícios. Sem saída, com “aquela convicção”, decide recomeçar... na próxima segunda.
O motivo aparente do fracasso foi a falta de planejamento, de objetivo claro, de comprometimento etc. Mas a raiz, a razão principal, é a falta de convicção.
Numa situação como essa, o que seria convicção? Ação. A pessoa não pode mais se contentar em apenas desejar, sonhar e planejar, ela precisa fazer.
Uma pessoa de convicção não perde o foco. Não se distrai nem se abala com as dificuldades. Para o convicto, obstáculos são a certeza de que vai conseguir. Ele age porque está convencido daquilo que é necessário para vencer.
Nada externo pode impedir um indivíduo de alcançar o que deseja. A verdadeira causa da derrota é a fraqueza interna. Se não estiver convencido do que quer, o menor dos obstáculos irá impedi-lo. Ele achará que tudo é impossível e arrumará qualquer desculpa para não agir.
Desejo não é convicção. Você pode querer fazer qualquer coisa na vida, mas, sem convicção, não conseguirá. Desejar é fácil, mas o que sustenta suas ações é a convicção.
Desejar sem saber se o caminho é o correto não basta, é preciso ter certeza. Convicção é trilhar a estrada certo de onde ela vai chegar.
Ser capaz de perfurar uma pedra com uma flecha
Um pessoa de convicção é capaz de feitos extraordinários.
Um conto chinês diz que a mãe do general Li Guang foi morta por um tigre. Um dia, Li Guang, excelente arqueiro, avistou o tigre agachado em uma moita. Convicto de que era o mesmo que matou sua mãe, atirou uma flecha e acertou seu alvo. Correu até ele e descobriu que se tratava de uma pedra que tinha o formato de tigre. Numa situação normal, a flecha jamais perfuraria a pedra, o surpreendente é que ela estava cravada até as penas. Desse feito, ele ficou conhecido como o general Tigre de Pedra.
Nichiren Daishonin conta essa história como um exemplo do que uma pessoa convicta é capaz de fazer. O general só cravou a flecha porque estava totalmente convencido de que a pedra era o tigre.
Segundo o budismo, convicção é a fé fundamentada em base sólida. Uma crença firme, livre de dúvidas.
Se a base da sua fé não muda e dura para sempre, sua convicção será inabalável. Dessa forma, você será capaz de “perfurar uma pedra com uma flecha”. Ou seja, conquistará seus objetivos, independentemente das circunstâncias. Você terá o poder de mover todo o universo a seu favor e realizar qualquer coisa.
Para se tornar uma pessoa de convicção, a chave é fundamentar sua fé numa base concreta. Quanto mais sólida for essa base, mais forte e duradoura será sua convicção. O Gohonzon é essa base concreta porque nele está contida a Lei Mística, que é eterna e imutável.
A verdade eterna e imutável
A convicção mais poderosa que existe é a fé no Gohonzon, que representa a verdade eterna e imutável — o Nam-myoho-renge-kyo que existe dentro de si.
A fé no Gohonzon é a convicção que transforma suas circunstâncias de vida, por mais que acredite que não tenha condições para isso.
Pelo fato de o Nam-myoho-renge-kyo ser uma verdade eterna e imutável, ele nunca se altera. Seu poder não diminui e não depende de condições favoráveis. Você pode começar de qualquer ponto, a qualquer momento. Não precisa esperar a segunda-feira. Decida hoje e faça agora. O daimoku recitado diariamente com fé no Gohonzon alimentará sua convicção que, por sua vez, lhe dará todas as condições de realizar aquilo que deseja. Dessa convicção nasce sabedoria, força e coragem para agir.
O segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, definiu o que é essa convicção ou fé no Gohonzon: “Você é realmente uma pessoa de forte fé se tiver a profunda convicção de que tudo ficará bem porque você tem o Gohonzon, que você ficará bem porque você ora para o Gohonzon. Você sabe que não precisa se preocupar em ter de fazer isto ou aquilo, ou como as coisas vão acontecer. Você mantém o Gohonzon. Você orou diante dele esta manhã, você está mantendo-o agora. Se tiver a convicção de que ficará tudo bem na sua vida, então ficará. A partir de hoje, adote esta atitude. Não há a menor dúvida de que você se tornará feliz” (TC, ed. 565, set. 2015, p. 46).
A racionalidade da fé
Afirmar que a convicção depende da fé pode soar estranho para aqueles que acreditam que a crença numa religião seja algo irracional. No entanto, isso não é verdade. E, a cada dia, a sociedade se convence disso.
O presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, comenta: “O filósofo Blaise Pascal escreveu: ‘Devemos declarar que a religião não é irracional’. Essas palavras, direcionadas às pessoas sem fé religiosa, ainda permanecem vivas.
Atualmente, muitas pessoas consideram qualquer tipo de crença — e a fé religiosa em particular — como algo oposto à razão ou, no mínimo, como um tipo de paralisia da faculdade da razão.
Existem, de fato, religiões fanáticas em que a fé opõe-se à razão. Mas é uma grande falta de lógica admitir, sem qualquer evidência, que todas as religiões são assim. Isso em si é irracional e pode ser caracterizado como um tipo de fé cega. Uma religião elevada não nega a racionalidade. Nenhuma religião que suprime a razão humana pode conquistar a confiança da humanidade.
O budismo, a religião da sabedoria, é extremamente racional. Na verdade, é tão racional que muitos ocidentais chegam a questionar se ele pode ser classificado como religião” (BS, ed. 1.385, 5 out. 1996, p. 4).
O ponto de partida
da busca intelectual
Querendo ou não, qualquer ser humano age com base nas crenças que possui. A fé molda seus pensamentos e impulsiona suas atitudes.
A filosofia budista esclarece que a fé é o ponto de partida da busca intelectual. Segundo o presidente Ikeda, “A fé no budismo definitivamente não é uma fé cega e fanática que rejeita a razão. É uma função racional, um processo de cultivo da sabedoria que se inicia com um espírito de busca respeitosa” (BS, ed. 1.386, 12 out. 1996, p. 4).
O filósofo espanhol José Ortega y Gasset escreveu: “Temos ideias, mas vivemos baseados em nossas crenças, que já estão operando nas profundezas de nossa vida quando começamos a pensar em algo. Elas constituem a nossa base vital, o solo no qual a vida humana se desenrola... Todo o nosso comportamento, incluindo as atividades intelectuais, depende do nosso sistema de crenças fundamentais.
Nós vivemos, agimos e existimos dentro de nossa fé. Precisamente por essa razão, não temos uma percepção clara de nossas crenças, e costumamos não pensar muito nelas. Mesmo assim, aquelas crenças, operando num modo latente, são parte de nossos atos e pensamentos conscientes”.1
A fé não existe separada da vida humana, sendo assim, a questão essencial não é se o indivíduo tem fé ou não, e sim no que ele acredita. O objeto da fé é o que está “operando num modo latente”. Esse objeto tem importância fundamental na vida humana e determina a força da sua convicção.
O presidente Ikeda comenta sobre o que diz o filósofo: “Ortega y Gasset descreve a fé como ‘a base do conhecimento’. Se aceitarmos a posição dele, veremos que o conflito entre conhecimento e fé, que hoje normalmente se acredita existir, não é da forma como dizem. A crença é a base da vida e, desse modo, realmente não temos a escolha de acreditar ou não. Podemos escolher, entretanto, no que acreditaremos. Nesse sentido, a religião é parte indispensável da vida do indivíduo, e tem importância decisiva em nosso cotidiano” (BS, ed. 1.385, 5 out. 1996, p. 4).
A opção mais poderosa
O jornalista norte-americano Norman Cousins tinha interesse especial no poder da fé. A começar pela própria experiência de superação, documentou várias histórias que demonstravam o poder da crença no processo de cura. Ele escreveu: “Nada é tão extraordinário nos 100 bilhões de neurônios que a capacidade deles de converter pensamentos, esperanças, ideias e atitudes em substâncias químicas. Tudo começa, portanto, com a crença. O que acreditamos é a opção mais poderosa para tudo”.2
De fato, o que acreditamos é fundamental. Todos somos persuadidos a acreditar que somos pessoas diminutas, insignificantes e que a solução para tudo existe fora de nós.
O Budismo de Nichiren Daishonin rejeita essa ideia e ensina que a solução para tudo está dentro de nós.
A fé no próprio potencial iluminado é a convicção que se baseia na verdadeira realidade da vida: a Lei eterna e imutável que se manifesta nas pessoas comuns, aqui e agora.
Por exemplo, geralmente uma pessoa que enfrenta problemas financeiros é persuadida a acreditar que a dificuldade durará para sempre. Ou seja, ela acredita que o problema é sua verdadeira realidade e não tem solução. O caminho para solucionar está na percepção do que vem a ser a verdadeira realidade. Essa realidade é que a própria pessoa é o Nam-myoho-renge-kyo — a Lei suprema que transforma qualquer situação. Sendo assim, ela é capaz de superar as dificuldades a partir da mudança da sua fé.
Acreditar que a Lei Mística existe dentro de si é a verdade eterna e imutável conhecida como realidade última ou Nam-myoho-renge-kyo.
O termo “realidade” é utilizado para esclarecer que a verdadeira realidade não são as circunstâncias repletas de problemas [fatos externos] e, sim, o potencial para resolvê-los, que existe dentro do ser humano [a Lei Mística]. Acreditar nisso é ter convicção, porque o Gohonzon representa a Lei Mística — a verdade eterna e imutável, o poder de transformação que está sempre “operando num modo latente”.
O que acreditamos é a opção mais poderosa para tudo. Essa afirmação de Norman Cousins confirma a convicção do presidente Toda quando diz que tudo “ficará bem porque você ora ao Gohonzon”. O Gohonzon é o verdadeiro aspecto da vida que integra todos os fenômenos e está dotado de toda a experiência, boa sorte, sabedoria e força para resolver qualquer coisa. Recitar Nam-myoho-renge-kyo com fé nele constitui a ação mais poderosa, pois aciona o poder ilimitado que existe nas profundezas da vida humana. A partir daí, cabe ao seu esforço direcioná-lo para onde desejar.
Mecanismo da felicidade
O Gohonzon funciona com base em princípios imutáveis da vida universal.
A lâmpada, por exemplo, é um meio sofisticado que demonstra os princípios da eletricidade. O Gohonzon, por outro lado, é o meio mais eficaz que demonstra o budismo — os princípios da realidade última da vida — com máxima precisão.
O presidente Ikeda comenta: “Podemos interpretar o Gohonzon como um mecanismo que emprega os princípios supremos do budismo — da mesma forma que a lâmpada é um mecanismo que se baseia nos princípios da eletricidade” (TC, ed. 558, 14 fev. 2015, p. 44).
Como objeto da fé, o Gohonzon funciona como meio para ajudar as pessoas a alcançar a felicidade. A maneira de acionar esse objeto é recitar Nam-myoho-renge-kyo com fé no Gohonzon. Essa é a prática pela qual todas as pessoas despertam uma poderosa convicção e tornam-se felizes.
Reforçando, o poder do Gohonzon é ativado por meio da fé. Ele funciona quando a pessoa tem um objetivo claro, recita daimoku e se esforça com convicção e ilimitada esperança.
A pessoa de fé absoluta no Gohonzon põe em prática a verdade contida nele. “Pôr em prática” significa esforçar-se pela felicidade dos outros e, sinceramente, valorizar a pessoa que está bem diante de si. Fazer isso exige que se tenha fé absoluta no potencial iluminado inerentemente a cada indivíduo. Essa fé absoluta é a convicção que impulsiona o ser humano a conquistar uma vida de realização, esperança e felicidade, além de capacitá-lo a abrir o caminho da transformação da sociedade.
“A verdadeira felicidade só pode ser edificada quando se possui uma inabalável convicção dentro do coração.
O presidente [Josei] Toda disse: ‘Possuo uma força extraordinária porque acredito firmemente no Gohonzon. Possuo uma fé que me permite superar absolutamente quaisquer adversidades, circunstâncias ou épocas que me confrontem. O importante é ter essa convicção, esse é o tesouro da vida’”.
Dr. Daisaku Ikeda
(BS, ed. 2.277, 30 maio 2015, p. A2)
Conclusão
Numa ocasião, o presidente Ikeda relembrou: “Quando eu ainda era jovem, perguntei ao presidente [Josei] Toda: ‘O que torna uma pessoa grandiosa?’. Com um sorriso, ele respondeu: ‘Ter convicção. Em tudo, a convicção é fundamental’. Há muitas coisas importantes na vida e dentre todas as respostas possíveis, o Sr. Toda, sem hesitar, citou a ‘convicção’. Naturalmente, ele se referia à grande convicção na Lei Mística” (Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo, p. 131).
A “convicção na Lei Mística” é a fé absoluta — o fundamento indispensável da existência humana. E a felicidade e a realização do ser humano são decididas por quão forte ou fraca é a fé no Gohonzon.
Portanto, o fator decisivo é quanto uma pessoa se dedica de maneira abnegada à sua felicidade e à dos outros. Ter forte fé significa devotar a vida ao kosen-rufu. Isso é possuir convicção, é trilhar o caminho da fé absoluta. Ter fé no Gohonzon é estar convencido da vitória.
Compartilhar nas