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Estudo

[49] O Daimoku do Sutra do Lótus

Aqueles que perseveram recitando Nam-myoho-renge-kyo vivem com alegria, felicidade e glória

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10/06/2017

[49] O Daimoku do Sutra do Lótus

Aqueles que perseveram recitando Nam-myoho-renge-kyo vivem com alegria, felicidade e glória

Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda

Em julho de 1949, há 65 anos [explanação veiculada em 2014; atualmente faz 68 anos], a Soka Gakkai começou a publicar a Daibyakurenge como uma revista mensal de estudo para promover a compreensão do Budismo de Nichiren Daishonin e servir como força motriz para o kosen-rufu. A primeira tiragem foi de mil exemplares.

Meu mestre e segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, contribuiu com um editorial intitulado Revolução Religiosa e um artigo chamado A Filosofia da Vida. Na época, eu tinha 21 anos e ajudei a revisar a revista, lutando ao lado do meu mestre, para preparar essa primeira edição. Lembro-me tão claramente como se fosse ontem.

Buscando atender ao fervoroso chamado para o kosen-rufu que meu mestre fizera em seus textos, para a segunda edição da Daibyakurenge (em agosto de 1949), contribuí com o poema Expectativa aos Jovens:

Jovens, dedicarei minha vida

para a grande filosofia

de Nichiren Daishonin,

que esclarece a essência da vida

e revela a Lei fundamental do universo.

O kosen-rufu é o caminho

para uma paz duradoura — 

que os sábios estejam cientes disso

e que aqueles que amam a humanidade trabalhem para esse fim.

Jovens, abram seus olhos!

Jovens possuidores de força e paixão

para avançar aceitando e

abraçando esta grande filosofia.

Expressei minha determinação de que nós, os jovens, desempenharíamos o papel principal nos esforços da Soka Gakkai para propagar a grandiosa filosofia do Budismo Nichiren, que tem o poder de iluminar toda a humanidade.

“Lótus branco” — símbolo de compaixão e sabedoria ilimitadas

Atualmente, as traduções dos artigos publicados na Daibyakurenge são lidas e elogiadas por pensadores de todo o mundo. Revistas de estudo coirmãs também são lançadas por nossas organizações da SGI em diferentes países e são lidas e apreciadas por muitas pessoas. O kosen-rufu está avançando vigorosamente em conjunto com essas publicações em cada país, transmitindo uma mensagem de coragem e esperança para membros e não membros.

Byaku renge (“lótus branco”) no título Daibyakurenge refere-se ao lótus (renge) do Myoho-renge-kyo (Sutra do Lótus) — símbolo de um genuíno buda, que incorpora a Lei Mística da iluminação universal e se reveste de infinita compaixão e sabedoria.

A Lei Mística é o ensinamento que nos desperta para a verdade de que todos os seres vivos são budas. Como também, é o caminho para a felicidade absoluta ao longo das “três existências” — passado, presente e futuro. Nada supera a Lei Mística.

O título Daibyakurenge — “grande lótus branco” — expressa o compromisso ou o juramento de ensinar a Lei Mística e comunicar sua verdade suprema a todas as pessoas.

Nos primeiros dias do nosso movimento, os associados da Soka Gakkai costumavam levar exemplares da Daibyakurenge com eles quando saíam para incentivar os membros e compartilhar o Budismo Nichiren com as pessoas.

Não importam quais provações ou dificuldades enfrentemos, quando abraçamos a filosofia transbordante de esperança do Budismo Nichiren e avançamos continuamente recitando Nam-myoho-renge-kyo, nossa vida brilha intensamente. Quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo e ensinamos aos outros a fazer o mesmo, acumulando assim o tesouro do coração, conseguimos prosseguir pelo caminho da felicidade e da vitória por toda a eternidade. Daishonin repetidamente nos assegura disso.

Em O Daimoku do Sutra do Lótus, o escrito que analisarei nesta edição, Nichiren Daishonin explica a uma discípula sobre a filosofia da Lei Mística, que é fonte de esperança e coragem, e lhe mostra o caminho direto para a felicidade. Estudemos juntos o grande poder benéfico da Lei Mística.

Nam-myoho-renge-kyo.

Pergunta: É possível evitar a influência das más ações leves ou graves, ou escapar dos quatro maus caminhos1 e alcançar o estágio da não regressão2 apenas pela recitação dos cinco ou sete ideogramas do Nam-myoho-renge-kyo3 uma vez por dia, uma vez por mês, ou uma vez a cada ano, uma vez a cada dez anos, ou uma vez na vida sem compreender o significado do Sutra do Lótus?

Resposta: Sim, é possível. (CEND, v. I, p. 147)

Recitar Nam-myoho-renge-kyo mesmo uma única vez contém um poder benéfico imensurável

Que tipo de poder está contido nos sete ideogramas do Nam-myoho-renge-kyo?

No início deste escrito, Nichiren Daishonin faz a pergunta: “Existe realmente algum benefício em recitar Nam-myoho-renge-kyo mesmo somente uma vez e sem entender o seu significado?”. E, em seguida, passa a delinear claramente o enorme poder do daimoku do Sutra do Lótus — Nam-myoho-renge-kyo.

Este escrito foi composto no primeiro mês de 1266. A destinatária, embora desconhecida, pelo conteúdo da carta, aparenta ter sido uma mulher que anteriormente acreditava nos ensinamentos da Terra Pura (Nembutsu) e era relativamente nova na fé no Budismo de Daishonin.

Desde o início da carta, Daishonin afirma que o benefício de recitar Nam-myoho-renge-kyo é imenso. Ele afirma que é realmente possível “evitar que a influência das más ações leves ou graves, ou escapar dos quatro maus caminhos e alcançar o estágio da não regressão apenas pela recitação dos cinco ou sete ideogramas do Nam-myoho-renge-kyo uma vez por dia, uma vez por mês, ou uma vez a cada ano, uma vez a cada dez anos, ou uma vez na vida sem compreender o significado do Sutra do Lótus” (CEND, v. I, p. 147).

Pelo fato de a Lei Mística ter os vastos e ilimitados poderes do Buda e da Lei,4 ela pode transformar qualquer tipo de carma negativo.

Assim como Daishonin escreve em outro escrito: “O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão” (Ibidem, p. 431 — Resposta a Kyo’o). Um único rugido do leão silencia todos os outros animais. O poder do grande bem resultante de uma única recitação de daimoku pode derrotar todas as formas de mal.

Nichiren Daishonin também escreve: “Somente os sete ideogramas do Nam-myoho-renge-kyo são a semente para atingir o estado de buda” (WND, v. II, p. 804 — Daimoku, A Semente do Estado de Buda). De uma única semente pode brotar uma muda, dar muitas folhas e produzir abundantes flores e frutos.

O Nam-myoho-renge-kyo, a semente do estado de buda, contém as causas de todas as inúmeras práticas que levam ao estado de buda, e os efeitos de toda excepcional boa sorte e benefício a serem obtidos ao atingir o estado de buda. É por isso que, se apenas plantarmos essa semente no campo do nosso coração uma única vez, teremos a garantia de sermos capazes de alcançar o mesmo estado de vida do Buda.

A mulher a quem esta carta foi endereçada deve certamente ter sido profundamente tranquilizada pela declaração de Daishonin de que recitar Nam-myoho-renge-kyo até mesmo uma vez permite que a pessoa entre no caminho para atingir o estado de buda. Deve ter fortalecido sua fé e possibilitando que recitasse daimoku ainda mais alegremente.

O “coração” de todos os ensinamentos do budismo e os “olhos” de todos os budas

Na sequência, para enfatizar o extraordinário poder da Lei Mística, Nichiren Daishonin escreve: “Dizem que se alguém tocar um koto [harpa japonesa] feito com tendões de leão, todos os outros tipos de corda arrebentarão. E que só de ouvir ‘ameixa em conserva’, já dá água na boca. Se até na vida diária há maravilhas como essas, o que dirá das maravilhas do Sutra do Lótus!” (CEND, v. I, p. 147).

No que diz respeito à Lei Mística, benefício significa eliminar o mal e fazer o bem (cf. OTT, p. 148).5 O daimoku do Sutra do Lótus — Nam-myoho-renge-kyo — elimina o mal fundamental inerente à vida e dá origem ao bem fundamental. É por essa razão que, ao recitarmos daimoku, podemos eliminar todas as formas de mau carma instantaneamente e manifestar boa sorte e benefício imensuráveis.

Ao recitarmos Nam-myoho-renge-kyo uma única vez, nós, seres comuns, não iluminados — atormentados por problemas, dúvidas e sofrimentos — podemos transformar positivamente nossas circunstâncias de acordo com o princípio da “transformação do veneno em remédio”6 e atingir um estado de vida repleto de esperança, coragem e paz de espírito. Para as pessoas comuns, este é realmente um ensinamento surpreendente e insondável. E porque consiste na Lei maravilhosa e misteriosa para a qual o Buda se iluminou, ela é chamada de Lei Mística.

Daishonin declara: “O daimoku do Sutra de Lótus (...) é o coração de todos os oitenta mil ensinamentos sagrados do budismo e os olhos de todos os budas” (CEND, v. I, p. 147).

“O coração de todos os oitenta mil ensinamentos sagrados do budismo” indica a essência de todos os ensinamentos e doutrinas expostos durante a vida do Buda, a parcela mais importante. O ápice do budismo é a Lei Mística que permite às pessoas comuns atingirem o estado de buda.

“Os olhos de todos os budas” significam que é por meio do despertar para esta Lei que todos os budas alcançam a iluminação. Em outras palavras, o Nam-myoho-renge-kyo é a única Lei fundamental que permeia eternamente todos os fenômenos.

A fé é a base da recitação do Nam-myoho-renge-kyo

Qual é a chave para revelar esse imenso benefício inato na vida? Não é outra senão a fé. Para enfatizar sua importância, Daishonin passa a comparar aqueles que “possuem conhecimento destituído de fé” e aqueles que “careciam de conhecimento, mas possuíam fé” (CEND, v. I, p. 148). Conhecimento, aqui, refere-se à compreensão dos ensinamentos e doutrinas budistas.

Claro, o ideal é ter tanto conhecimento quanto fé. No entanto, a sabedoria do Buda é “infinitamente profunda e imensurável” (LSOC, cap. 2, p. 56), e é impossível para as pessoas comuns com sua própria sabedoria limitada compreender plenamente a Lei suprema que é o coração dos ensinamentos do Buda.

O terceiro capítulo do Sutra do Lótus, “Analogia e Parábola”, afirma a respeito do caminho do buda como algo que “somente podemos obter acesso por meio da fé” (LSOC, cap. 3, p. 110). Dito de outra forma, mesmo Shariputra, discípulo de Shakyamuni conhecido como “o mais notável em sabedoria”, finalmente compreendeu a verdade mística do Sutra do Lótus não por meio de sua própria compreensão ou sabedoria, mas por meio da fé no vasto e ilimitado ensinamento do Buda. A fé sozinha é a chave para alcançar o caminho do buda.

O Gohonzon é descrito como uma “concentração de benefícios”7 (WND, v. I, p. 832). A chave para extrair inesgotável benefício do Gohonzon é a nossa própria firme fé. Nesta carta, Daishonin escreve: “Deste modo, a fé é o requisito básico para entrar no caminho do buda” (CEND, v. I, p. 147).

Por meio de nossos sinceros e consistentes esforços para recitar daimoku, conseguimos obter infinitos benefícios. A oração também produz um poderoso impulso de coragem e energia vital.

Como afirma Daishonin: “Considere tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida e continue recitando Nam-myoho-renge-kyo, independentemente do que aconteça” (Ibidem, p. 713 — A Felicidade neste Mundo. Quando estiver sofrendo, recite daimoku; quando estiver em um impasse, recite daimoku.

Toda sensei orientava frequentemente:

Uma forte oração ao Gohonzon certamente será concretizada. No entanto, existem três condições para isso: em primeiro lugar, daimoku; em segundo lugar, daimoku; e, em terceiro lugar, daimoku!

***

O poder do daimoku é gigantesco. Ele pode transformar uma vida imbuída de um doloroso carma em algo como passear por um belo jardim, ou como um agradável sonho.

***

Se recitar daimoku com sincera determinação, certamente receberá benefícios. Quando recitar seriamente, pensamentos dispersos desaparecerão e você será capaz de se concentrar em obter sucesso em seus esforços pelo kosen-rufu.

***

Decida firmemente que não se permitirá ser derrotado. Lute, recitando mais e mais daimoku. A coisa mais importante é o daimoku; é a oração.

Toda sensei nos ensinou o caminho infalível de dedicar nossa vida ao kosen-rufu e nos tornarmos felizes.

Na SGI pulsa a fé diretamente ligada a Nichiren Daishonin. A oração de cada membro é imbuída do juramento pela realização do kosen-rufu. Recitamos o daimoku do Sutra do Lótus — o coração de todos os oitenta mil ensinamentos sagrados do budismo e os olhos de todos os budas (cf. CEND, v. I, p. 147) — com insuperável fé. Consequentemente, não há a menor dúvida de que conseguimos superar todas as formas de carma e alcançar um estado de vida elevado, como estivéssemos voando livremente através do “céu da Luz Tranquila” (WND, v. I, p. 821).

Pergunta: Qual a é grandiosidade dos benefícios [ou bênçãos] contidos nos cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo?

Resposta: O grande oceano contém todos os vários rios que nele deságuam; a grande terra contém todos os seres sensíveis e insensíveis; a joia da realização dos desejos8 é capaz de fazer chover tesouros infindáveis; e o rei celestial Brahma9 governa todo o mundo tríplice.10 Os cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo são comparáveis a todos eles. Todos os seres dos nove mundos,11 bem como aqueles do mundo dos budas, estão contidos nesses cinco ideogramas. E uma vez que todos os seres dos dez mundos estão contidos neles, seus respectivos ambientes também estão. (CEND, v. I, p. 149-150)

A Lei Mística contém todos os benefícios do universo

A partir desta passagem, Nichiren Daishonin explica a natureza infinita dos benefícios da Lei Mística. Inicia por uma pergunta: “Qual a grandiosidade dos benefícios contidos nos cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo?” (CEND, v. I, p. 149). Sua resposta é que eles contêm todos os seres dos nove mundos, e do mundo dos budas, bem como os ambientes de todos esses seres.

Assim como “o grande oceano contém todos os vários rios que nele deságuam” (Ibidem), afirma ele, o único ensinamento do Nam-myoho-renge-kyo contém todos os seres vivos dos dez mundos e seus ambientes — ou seja, todos os fenômenos.

Da mesma forma, quando se possui a “joia da realização dos desejos”, que tem o poder de produzir tantos tesouros quanto se deseja, então se pode real-

mente possuir todos os tesouros do universo. Daishonin usa isso como uma analogia para os imensuráveis benefícios que podemos desfrutar e revelar em nossa vida por meio do poder do Nam-myoho-renge-kyo.

O daimoku da Lei Mística contém todos os benefícios do universo.

Em outras palavras, a Lei Mística não existe fora de nós. Não devemos procurá-la fora de nós mesmos. A vida de cada um de nós é originalmente a entidade da Lei Mística. Recitar daimoku é a prática para extrair o poder que já possuímos dentro de nós.

Declarando que não estamos praticando o ensinamento correto do budismo, se buscarmos a causa fundamental para alcançar a iluminação fora de nós mesmos, Daishonin adverte severamente: “Se pensa que a Lei está fora do seu coração, o senhor não está abraçando a Lei Mística, mas um ensinamento inferior” (CEND, v. I, p. 3 — Atingir o Estado de nesta Existência).

Toda sensei costumava dizer: “Recitar daimoku desenvolve a condição de vida de um buda”; e “fé significa possuir a mais poderosa convicção. Com certeza, tudo acontece quando recitamos daimoku com a convicção de que as divindades celestiais nos protegerão sem falta porque somos entidades da Lei Mística”.

Tal como Daishonin afirma nesta carta: “Os cinco ideogramas — Myo, ho, ren, ge, kyo — contêm todos os ensinamentos” (CEND, v. I, p. 150). Portanto, a essência do budismo se encontra na convicção de que nossa vida é a entidade da Lei Mística, e assim manifestar e desfrutar os benefícios da Lei Mística que residem dentro de nós.

Em relação ao ideograma myo [maravilhoso ou místico], o Sutra do Lótus afirma: “Este sutra abre o portal dos meios apropriados e expõe a verdadeira realidade” [LSOC, cap. 10, p. 205]. O grande mestre Zhangan12 afirma: “Myo significa revelar as profundezas da arca secreta”.13 O grande mestre Miaole14 comenta sobre isso: “Revelar significa abrir”.15 Nesse sentido, o ideograma myo significa “abrir”.

Se uma pessoa tem uma arca cheia de tesouros, mas não tem a chave, ela não poderá abri-la, e se não puder abri-la, tampouco poderá ver os tesouros em seu interior. (CEND, v. I, p. 151)

Myo significa “abrir”

Em seguida, nesta carta, Nichiren Daishonin discorre sobre o profundo significado do único ideograma myo, especificamente explicando os “três significados de myo” — ou seja, abrir, ser dotado de perfeição e reviver.

Primeiro, Daishonin afirma: “o ideograma myo significa ‘abrir’” (CEND, v. I, p. 151). O Sutra do Lótus é a única escritura que abre o caminho para a iluminação de todos os seres vivos, que é o propósito último do budismo.

A Lei Mística tem o poder de abrir a arca de tesouros que reside dentro de todos os seres humanos — isto é, o mundo do estado de buda latente dentro da realidade dos nove mundos — e para revigorar energicamente sua vida.

Nos diversos sutras ensinados antes do Sutra do Lótus, a arca contendo o tesouro da Lei Mística — a essência da iluminação suprema do Buda — permanece fechada. A arca podia ser vista, mas ninguém ainda havia mirado o tesouro lá dentro. 

No entanto, com o ensinamento do Sutra do Lótus, que elucida o princípio da iluminação universal, a arca de todas as escrituras anteriores é aberta pela primeira vez, revelando o tesouro da Lei Mística, o supremo ensinamento que Shakyamuni realmente desejava transmitir.

Nesse trecho, Daishonin destaca qual é o objetivo essencial do budismo. Os vários outros sutras detalham o caráter sublime do Buda e a grandiosidade de sua iluminação, mas, a menos que esses ensinamentos sejam realmente acessíveis a todas as pessoas, eles não são benéficos.

O verdadeiro valor do budismo só pode ser demonstrado se formos realmente capazes de transformar nossa vida e manifestar em nossa realidade cotidiana o mesmo estado de vida extremamente nobre como o Buda.

Os seguidores das escolas budistas estabelecidas na época de Daishonin depositavam sua fé num “grande buda” que existia fora deles mesmos, confiando passivamente nesse buda para que lhes concedesse benefícios. A prática popular da Nembutsu de recitar o nome do buda Amida foi o epítome dessa abordagem.

No entanto, recitar o daimoku do Sutra do Lótus, Nam-myoho-renge-kyo, é a prática que nos permite manifestar o poder da Lei Mística inerente à nossa própria vida — um poder tão vasto quanto o próprio universo — e abrir o ilimitado estado de vida do estado de buda.

Em seu editorial da primeira edição da Daibyakurenge, intitulado Revolução Religiosa, que mencionei anteriormente, Toda sensei escreveu:

A religião é a base da vida e deve existir em nossa vida diária (...). Se alguém perguntar aos jovens ou aos intelectuais qual é a diferença entre Nam-myoho-renge-kyo e [a oração da Nembutsu] Namu Amida Butsu, quantos conseguiriam responder? Ninguém. Isso mostra quão pouco as pessoas estão interessadas no budismo e como o budismo é irrelevante para a vida diária delas.16 A verdadeira filosofia budista revitaliza a sociedade. Nichiren Daishonin estabeleceu um genuíno budismo do povo — cuja essência é o daimoku da Lei Mística.

O Budismo de Daishonin é um ensinamento que nos permite transformar a nós mesmos e às nossas circunstâncias. Evidenciamos nossa natureza de buda inerente e realizamos nossa revolução humana. Recitamos vigoroso daimoku dia após dia, acumulamos as experiências do poder de nossa prática budista, compartilhamos a alegria da fé com os outros e, assim, expandimos nossa rede dedicada à causa do bem. Nosso movimento budista popular de indivíduos conscientes lançará as bases para a criação de uma cultura de respeito pela vida e dignidade humana, bem como para um vibrante desenvolvimento social e para a paz mundial.

Na Índia, o ideograma myo [maravilhoso ou místico] corresponde à palavra [sânscrita] sad, e na China, à miao. Myo significa “dotado de perfeição”, que, por sua vez, quer dizer “perfeito e pleno”. Cada palavra e ideograma do Sutra do Lótus contém os 69.384 ideogramas que compõem o sutra. Para ilustrar, uma gota do grande oceano contém a água dos vários rios que nele deságuam, e uma única joia da realização dos desejos — embora seja menor que uma semente de mostarda —, tem a capacidade de conceder os mesmos tesouros que alguém poderia desejar se possuísse todas as joias da realização dos desejos. (CEND, v. I, p. 152)

Myo significa “dotado de perfeição”

Na sequência, Nichiren Daishonin escreve: “Myo significa ‘dotado de perfeição’, que, por sua vez, quer dizer ‘perfeito e pleno’” (CEND, v. I, p. 152). Como disse anteriormente, o daimoku do Sutra do Lótus é a única Lei fundamental, que abrange todos os benefícios.

No que diz respeito a ser “dotado de perfeição”, Daishonin apresenta duas analogias: “Uma gota do grande oceano contém a água de vários rios que nele deságuam”, e “as plantas e as árvores murcham e perdem suas folhas no outono e no inverno, mas quando o sol da primavera de verão irradia sua luz sobre elas, ramos e folhas aparecem e, em seguida, flores e frutos” (Ibidem, p. 152).17 Do mesmo modo, um único ideograma myo contém em si todos os ensinamentos e todos os benefícios, os quais se manifestam em resposta às causas e às condições.

Todos os benefícios do Sutra do Lótus sem exceção estão incluídos e são inerentes a um único ideograma myo. Myoho (Lei Maravilhosa ou Lei Mística) é a tradução chinesa da palavra sânscrita saddharma apresentada pelo estudioso budista e tradutor Kumarajiva (344–413).18 Diz-se que sad de saddharma significa “perfeito e completo”.

Assim como todos os tesouros possíveis podem ser produzidos por uma joia da realização dos desejos, tão pequena quanto uma semente de mostarda, e assim como plantas e árvores que ficam murchas e desfolhadas no outono e no inverno podem dar folhas verdes, belas flores e frutos em resposta à luz e ao calor do sol da primavera e do verão, cada ideograma do Sutra do Lótus contém todos os ensinamentos e benefícios e pode revitalizar todas as coisas.

O som da Lei Mística tem o poder de ativar a nobre natureza de buda inerente à vida do universo. É por isso que, no momento em que recitamos Nam-myoho-renge-kyo, os budas e as divindades celestiais começam a nos estender sua proteção e tudo e todos se tornam nossos aliados.

Myo [maravilhoso ou místico] significa “reviver”, ou seja, “retornar à vida”. Por exemplo, mesmo que o filhote de um grou amarelo morra, dizem que se a mãe invocar o nome de Zian,19 o pássaro voltará à vida. E os peixes e moluscos que morrem cada vez que o pássaro venenoso chamado chen20 entra na água, dizem que se forem tocados por um chifre de rinoceronte, todos retornarão à vida. De maneira semelhante, os sutras anteriores ao Sutra do Lótus descreveram os homens dos dois veículos, os icchantika [pessoas de descrença incorrigível] e as mulheres como pessoas que queimaram até o fim as sementes que lhes possibilitariam tornar-se budas. Porém, se eles abraçarem firmemente este único ideograma myo, poderão fazer reviver essas sementes queimadas do estado de buda. (CEND, v. I, p. 155-156)

Myo significa “reviver”

Por fim, Nichiren Daishonin escreve: “Myo significa ‘reviver’, ou seja, ‘retornar à vida’” (CEND, v. I, p. 155). Isso expressa o imensurável e ilimitado benefício da Lei Mística que tem o poder de reviver todos os seres vivos e capacitá-los a atingir o estado de buda. Indica que aqueles que, nos sutras anteriores ao Sutra do Lótus, eram considerados incapazes de alcançar o estado de buda — pessoas más,21 mulheres e pessoas dos dois veículos22 — podem de fato alcançá-lo (cf. CEND, v. I, p. 155-156).

Nichiren Daishonin elucida o ilimitado poder de myo por meio dos exemplos de plantas que revivem na primavera e no verão, ou de um grande médico que pode transformar veneno em remédio (cf. CEND, v. I, p. 152).23 Reviver significa restaurar ou retornar à vida (Ibidem, p. 155).

Nesse trecho, Daishonin afirma claramente que o Sutra do Lótus ensina o princípio da iluminação universal — um princípio que não é ensinado em nenhum dos outros sutras. Ela revela que as pessoas más, as mulheres e outras pessoas para as quais são negadas a possibilidade de iluminação pelos outros sutras podem de fato atingir o estado de buda, abrindo caminho para a realização do estado de buda para todos os seres vivos.

Outra maneira de interpretar isso é que, embora todos possam ter desistido de certa pessoa, o Sutra do Lótus não. Ao abraçarem a Lei Mística, as pessoas, sem exceção, podem atingir o estado de buda. Esta é uma brilhante luz de esperança que pode transformar fundamentalmente o destino da humanidade. O poder revitalizador da Lei Mística é a fonte de energia para transformar nossa vida das profundezas do sofrimento numa vida repleta da alegria da “criação de valor”.

Aqueles que recitam daimoku jamais se encontram num beco sem saída

Em seu exemplar dos escritos de Nichiren Daishonin, o fundador e primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, sublinhou a passagem “Myo significa ‘reviver’, ou seja, ‘retornar à vida’” (CEND, v. I, p. 155).

Toda sensei também afirmou:

O poder do Gohonzon só pode ser descrito como myo — insondável. O benefício pode absolutamente ser adquirido por meio da fé no Gohonzon. A fé no Gohonzon garante a vitória absoluta. Não há nenhuma maneira de suas orações ficarem sem resposta. Use cada momento disponível para recitar daimoku!

Imediatamente após o terremoto e tsunami de Tohoku em março de 2011, o Dr. Jim Garrison, ex-presidente da John Dewey Society nos Estados Unidos, enviou uma mensagem de incentivo e apoio. Nela, ele disse: “O que vem imediatamente à minha mente é que a Soka Gakkai é uma organização que se levantou poderosamente da destruição da guerra [Segunda Guerra Mundial]. A organização incorporou o princípio de que ‘myo significa reviver, isto é, retornar à vida’ no mundo real”.24 Referindo-se aos “três significados de myo”, ele afirmou que viu uma grande esperança nos esforços no exemplo dos membros da SGI na reconstrução de Tohoku, porque estavam “abrindo todo o seu potencial, revitalizando-se e avançando com nova criatividade”.25

Transformar as profundezas do desespero numa vida repleta de vitalidade — que é de fato a revolução humana que cada associado da SGI está realizando. A SGI demonstrou ao mundo inteiro a verdade das palavras de que “myo significa reviver, isto é, retornar à vida”. Ninguém pode deter essa onda de alegria do povo, dinâmica e crescente. Nossos membros em todo o mundo são protagonistas de dramas da transformação positiva — de revitalização e felicidade.

Os “três significados de myo” garantem que, assim como o sol da manhã dissipa a escuridão, a vida daqueles que recitam consistentemente o Nam-myoho-renge-kyo jamais ficará num beco sem saída. A recitação do daimoku é a base do Budismo Nichiren. Quando recitamos vigorosamente daimoku, o sol desponta radiante em nosso coração. Brota energia, aumenta a compaixão, a alegria irradia e brilha a sabedoria. Todos os budas e divindades celestiais — as forças positivas do universo — entram em ação. A vida se torna agradável. Nada é mais poderoso que o daimoku.

Entramos numa nova era do kosen-rufu mundial, em que a recitação do Nam-myoho-renge-kyo pode ser ouvida em todos os continentes.

O crescimento da nossa organização na África, o continente da esperança no século 21, é impressionante. Em setembro de 2012, incentivei dezessete integrantes da Divisão de Jovens da África que visitavam o prédio do Seikyo Shimbun (em Shinanomachi) enquanto estavam em Tóquio para um Curso de Aprimoramento da SGI. Todos estavam radiantes de orgulho como bodisatvas da terra e cheios de determinação para construir um futuro melhor para a humanidade. Tenho ouvido com grande encanto e confiança que, desde que retornaram para casa, cada um deles se tornou uma poderosa força motriz para o kosen-rufu.

Hoje, o som do daimoku reverbera em todo o continente africano, e um constante fluxo de novos membros percorrendo o caminho da revitalização e da esperança está surgindo. Os jovens estão brilhando. As sementes da felicidade da Lei Mística estão sendo plantadas, ondas de felicidade estão se espalhando, e finalmente o século da África está nascendo.

“O ensinamento que nos coloca na órbita da vitória”

Em outro escrito, Nichiren Daishonin afirma: “Daqueles que pronunciam mesmo uma só vez as palavras Nam-myoho-renge-kyo, nenhum deixará de se tornar buda” (WND, v. II, p. 1081). Sempre que tiver um problema, sente-se diante do Gohonzon e ore; avance sempre com base no daimoku. Aqueles que têm esse espírito serão vitoriosos. 

Toda sensei declarou: “O Budismo de Nichiren Daishonin é a Lei suprema do universo. É a arca do tesouro da sabedoria (...). É a arte de alcançar a suprema felicidade. É o ensinamento que nos coloca na órbita da vitória”. 

Nós que recitamos Nam-myoho-renge-kyo não temos nada a temer. Vamos recitar ressonante daimoku hoje novamente, despertando vigorosa energia vital, e dialoguemos corajosamente para ajudar os outros a se tornarem felizes.

Todos estão à espera, todos estão à procura de uma grande filosofia para evidenciar seu potencial humano e reavivar o poder fundamental para a felicidade. Chegou a hora de os bodisatvas da terra da SGI se apresentarem ainda mais vibrantemente ao mundo e fazerem florescer as grandes flores de felicidade e vitória, como lótus brancos que desabrocham.

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