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Na prática

Kosen-rufu começa dentro de casa

A Soka Gakkai promove um movimento chamado kosen-rufu. É uma grande correnteza de pessoas que constroem uma sociedade pacífica, tolerante e harmoniosa. Mas onde devemos começar nossas ações para atingir este ideal? O primeiro passo é a consolidação da felicidade familiar, pois a família é a base da sociedade. Independentemente do seu lar e de qual papel você desempenha nele, o que todas as pessoas têm em comum é a experiência de ser filho de alguém, biológico ou não. O sentimento que um filho cultiva por seus pais pode definir o rumo de toda uma existência. Na seção Na prática deste mês, vamos entender como a harmonia familiar é capaz de criar a paz em meio à sociedade.

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10/11/2018

Kosen-rufu começa dentro de casa
A melhor mãe do mundo

A cosmonauta russa Valentina Teresh­kova nasceu em 6 de março de 1937. Ela pertencia a uma família humilde. Seu pai fora convocado para defender o país na guerra quando ela tinha apenas 2 anos. Pouco tempo depois, a família recebeu a notícia de que ele havia falecido. Viúva aos 27 anos, a mãe de Valentina fez de tudo para criar os filhos da melhor maneira possível.

Em abril de 1961, o mundo inteiro recebeu a notícia de que Yuri Gagarin, jovem cosmonauta russo, tornou-se o primeiro homem a viajar ao espaço. Na ocasião, a mãe de Tereshkova comentou: “Agora que um homem foi ao espaço, na próxima será a vez de uma mulher”. O comentário despretensioso da mãe marcou profundamente a jovem filha.

Após muito esforço e treinamento, em junho de 1963 Valentina se tornou a primeira mulher a realizar uma viagem espacial. Ela orbitou a Terra 48 vezes durante 70 horas. O presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Daisaku Ikeda, se encontrou com ela em maio de 1975 em Moscou. Ao relembrar o diálogo, ele escreveu:

Observando-a do espaço, Valentina bradou: “A Terra é azul e linda. É linda!”. Então pensou: “Há todos os tipos de mãe no planeta, mas a minha é a melhor. Quero assegurar que não existam mais viúvas da guerra como minha mãe nem crianças como eu que nem mesmo conheceram o pai”.1

O pensamento que Tereshkova teve foi realmente muito nobre. O budismo explica que não é por acaso que temos a família do jeito que ela é, existe uma missão que compartilhamos com essas pessoas, ou seja, há uma relação cármica entre os familiares. Por isso, a filosofia budista enfatiza a importância de prezar os pais para cumprir tal missão de maneira digna.

Talvez por ter perdido o pai na guerra e mantido em seu coração carinho e gratidão a ele e à sua mãe a cosmonauta tenha expandido de maneira grandiosa seu intento quando observou a Terra de lá do espaço. Tais sentimentos a engrandecem ainda mais como ser humano. O líder da SGI também comenta:

Amor e gratidão aos pais são a base do verdadeiro humanismo.

Pessoas notáveis invariavelmente se importam com os pais e os prezam. Observei isso por meio das amizades que cultivei com líderes do mundo inteiro. (...)

Talvez alguns de vocês (...) tenham perdido um ou ambos os pais. Entretanto, lembrem-se de que eles continuam vivendo em seu coração.2

Mesmo que não tenham mais seus pais em vida, buscar em cada ação manifestar a gratidão a eles é um ato de puro humanismo. Na filosofia budista, aprendemos que a máxima expressão dessa gratidão é ter uma vida nobre e realizar a prática da fé de maneira consistente e honrosa.

O poder para vencer a desarmonia reside na fé

Nem sempre encontramos uma realidade com a qual conseguimos conviver tranquilamente com a família dentro de casa. Há familiares que parecem estar sempre em “pé de guerra”. Isso pode levar as pessoas a se afastarem do lar ou a passarem muito mais tempo fora de casa. Essa realidade também provoca desestímulo, aborrecimento e frustração. Como construir uma visão otimista em meio a um cenário como esse?

Em sua primeira visita ao Havaí, em 1960, Ikeda sensei abriu uma sessão de perguntas e respostas durante uma reunião de palestra. Na ocasião, uma jovem japonesa compartilhou a angustiada experiência que estava vivendo em terras estrangeiras. Ela havia se mudado do Japão para o Havaí, pois se casara com um americano contrariando o desejo de sua mãe que já era viúva. Chegando ao país, teve de morar com os sogros, enfrentando barreiras da cultura e do idioma. Logo depois o marido começou a agredi-la em casa. Ela desejava se separar e voltar ao Japão, porém como o casamento não tinha a aprovação da mãe, não teria quem a apoiasse, caso retornasse à terra natal. Sua vida era puro sofrimento e ela não sabia mais o que fazer. Por isso, solicitou ao presidente Ikeda que a orientasse. A resposta dele está registrada no romance Nova Revolução Humana da seguinte maneira:

— A senhora deve ter sofrido muito. Deve ter sido realmente muito difícil. Mas a senhora tem o Gohonzon, não é? A fé é o poder para sobreviver.

Desse momento em diante, a voz de Shin’ichi foi ficando mais forte:

— Quem decide se deve se separar do marido e voltar para o Japão é a senhora mesma. No entanto, como deve saber, a felicidade não necessariamente a estará esperando ali. A menos que transforme o seu carma, os problemas a seguirão aonde quer que vá. A ideia de que a felicidade existe em outro lugar se assemelha ao pensamento da escola budista Nembutsu, que prega a existência de uma terra pura distante, localizada a bilhões de terras do buda a oeste. O Budismo de Nichiren Daishonin, entretanto, permite-nos transformar o local em que nos encontramos agora na “Terra da Luz Eternamente Tranquila” e construir aí o palácio da felicidade. Para isso, a senhora deve transformar o carma da discórdia familiar que a faz sofrer. Não há outro caminho senão mudar radicalmente sua própria condição de vida. Se a senhora mudar seu estado de vida, o ambiente ou as circunstâncias também mudarão naturalmente.3

Quando enfrentamos situações de desarmonia que nos causam sofrimento, naturalmente a primeira reação que podemos ter é tentar sair desse ambiente e buscar um local melhor para continuar a viver. No entanto, por compartilhar uma relação de vida muito profunda com sua família, é provável que volte a encontrar os mesmos sofrimentos aonde quer que vá, até que consiga transformar verdadeiramente a

realidade. A prática do budismo nos ensina a buscar um estado de vida elevado por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo que nos capacite a enfrentar as questões que nos causam sofrimento, em vez de fugir da nossa realidade. A superação de cada desafio é uma verdadeira vitória que se alcança por meio da prática da fé.

Família harmoniosa cria a paz

O ambiente familiar é a base a partir da qual se constrói a sociedade. A felicidade de cada família compõe, por consequência, o desenvolvimento da sociedade. Porém, de maneira prática, seja em uma família harmoniosa, como a de Valentina Tereshkova, seja em uma família que está enfrentando desencontros, como a da jovem descrita na Nova Revolução Humana, como devemos agir para criar uma família harmoniosa capaz de contribuir para a paz no mundo? No Estudo deste mês,4 Ikeda sensei apresenta três pontos essenciais para esse objetivo (cf. p. 54):

1. Esforçar-se para ser uma pessoa alegre e radiante

Tome uma atitude positiva para contagiar os demais com alegria e fazer com que sua presença “envolva a todos os familiares com a luz da compaixão”. O presidente Ikeda afirma que devemos ser pessoas “alegres e radiantes como o Sol”.

2. Respeitar mutuamente uns aos outros

Agir com respeito mútuo é coerente quando se entende que “os vínculos familiares entre pais e filhos ou entre cônjuges e parceiros consistem em laços cármicos que se estendem pelas ‘três existências’ — passado, presente e futuro” —, conforme sensei orienta.

3. Contribuir de forma positiva para a sociedade

Como a família é a base da sociedade, é importante desenvolver sucessores que sejam verdadeiros valores humanos e que contribuam de maneira positiva para o ambiente em que se encontra.

Todas essas virtudes são cultivadas dentro da Soka Gakkai. As pessoas que se desenvolvem nesta organização realizam uma prática capaz de despertar o máximo potencial e transformam de maneira positiva sua família.

Mesmo que você ainda não desfrute uma família harmoniosa, encontre por meio da prática da fé a força necessária para avançar e vencer cada situação que possa causar angústia e sofrimento, e assim provocar as mudanças necessárias na família a partir das próprias atitudes de buda. Os benefícios disso serão consequentemente desfrutados por toda a sociedade.

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