Na prática
TC
Ser feliz ou estar feliz?
Descubra o caminho para a verdadeira felicidade
08/12/2018
As diversas faces da felicidade
Antes de tudo, é importante esclarecer que a felicidade pode ter significados diferentes para cada pessoa. Alguém que está desempregado, pode se sentir muito feliz ao encontrar um emprego. Ou então, alguém que já está trabalhando, porém está infeliz com seu emprego, deseja encontrar uma colocação ideal no mercado de trabalho que o satisfaça. Mas o que é felicidade num senso geral? O budismo explica que existem dois tipos de felicidade: a relativa e a absoluta.
Muitas pessoas certamente ficariam felizes se ganhassem um grande prêmio na loteria. Por mais maravilhoso que isso pareça, podemos dizer que essa seria uma situação bastante frágil. Mesmo com o grande prêmio em mãos, se a pessoa for diagnosticada com uma grave doença, naturalmente a alegria que sentia antes se transformaria em preocupação. Dinheiro não garante a constância do estado de felicidade em todos os aspectos da vida.
De acordo com o presidente Josei Toda,
Felicidade relativa é realizar desejos tais como ganhar uma grande quantia em dinheiro, casar-se com a mulher (ou homem) ideal, ter bons filhos, construir a casa própria, adquirir boas roupas etc. A felicidade de conquistar esses desejos não é de grande importância. No entanto, todos estão convencidos de que isso é tudo sobre felicidade.2
Por ser uma situação muito instável é que chamamos de “felicidade relativa”, sempre depende de algo externo para existir.
Estado de buda e felicidade absoluta
Diferentemente da relativa, a felicidade absoluta não é abalada por nada. O budismo explica que existem “dez estados de vida”. São dez maneiras diferentes de enxergarmos nossa realidade. A forma mais elevada é a que denominamos “estado de buda”. Quando a pessoa atinge esse estado, é dotada de grande sabedoria. A felicidade que se sente ao atingir a iluminação do estado de buda é a absoluta.
Há quem acredite que será feliz quando deixar de ter problemas. Outros relacionam a felicidade a uma condição de vida de conforto e segurança financeira. No entanto, felicidade não é um objetivo ou uma linha de chegada, mas sim uma maneira de viver, de encarar as questões do dia a dia.
Essa condição que se atinge com a iluminação muda a forma como a pessoa se comporta diante das situações. Ela passa a enxergar a vida como ela é com alegrias e desafios, a enfrentar cada questão com sabedoria de forma elevada, e a fazer dos desafios um trampolim para a felicidade.
Certa vez, o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, afirmou:
Quando possuímos forte energia vital e abundante sabedoria, vencemos as mais diversas dificuldades da vida com plena satisfação, assim como um surfista se empolga diante de grandes ondas, ou um alpinista sente prazer diante do desafio de escalar íngremes montanhas.3
Muitas vezes, seja por ansiedade ou por receio, vemos os desafios na vida maiores do que realmente são. Ao atingirmos a iluminação, adquirimos sabedoria para redimensionar essas questões; ou seja, enxergar a nós mesmos maiores que os problemas e os encaramos fazendo deles o caminho para nossa própria felicidade. A vida é muito maior que qualquer dificuldade ou questão momentânea.
Esperança — a chave para vencer os sofrimentos
A vida de cada pessoa é um drama único e particular. Naturalmente existem pessoas que passam por grandes traumas que mudam a perspectiva que têm da vida. Nesses momentos de sofrimento é difícil enxergar a possibilidade de ser feliz ou ter esperança de dias melhores. Mesmo assim, ainda é possível redimensionar o sofrimento e transformar a infelicidade em algo grandioso.
Vamos tomar como exemplo uma conhecida história de situação extrema. Existem registros de pessoas que tiveram experiência em campos de concentração nazistas na Alemanha que, após serem aprisionadas, perderam totalmente a esperança. Houve ainda aquelas que cometeram suicídio antes mesmo de ser confinadas. No entanto, entre os sobreviventes existem aqueles que se agarraram à vida para contar ao mundo as atrocidades sofridas e assegurar que isso jamais aconteça novamente. Eles fizeram do drama da vida sua própria missão.
Ao relatar esse episódio, o presidente Ikeda afirma que a esperança é fonte de energia vital. A morte da esperança equivale à morte do espírito. Nada neste mundo é tão forte quanto a esperança e o senso de missão.4
Guardando as proporções, ao enfrentarmos momentos de tristeza ou falta de esperança, precisamos transformar as experiências negativas em positivas. Não é tarefa fácil, mas é possível. Da esperança surge a felicidade.
Da perspectiva da ciência, essa habilidade de transformar experiências negativas é chamada “inteligência emocional”. Augusto Cury, doutor em psicanálise, professor, escritor e médico psiquiatra, escreveu: “[pessoas com inteligência emocional alta] não deixam ninguém limitar sua alegria”.5 É preciso criar essa consciência para edificar uma vida feliz, repleta de conquistas e superações.
Seis condições para a felicidade
No livro Felicidade, o presidente Ikeda apresenta seis pontos que devemos construir em nós mesmos para sermos felizes:6
1. Plena realização — Uma pessoa feliz vive todos os dias com sensação exultante, propósito claro, satisfação da tarefa cumprida e profundo senso de realização.
2. Possuir uma profunda filosofia — Nesta época repleta de maldade que o budismo chama de Últimos Dias da Lei, praticar uma filosofia que permite se empenhar pela felicidade dos outros, como o budismo, é a maneira mais nobre de viver.
3. Ter convicção — É importante manter resolutamente suas convicções, aconteça o que acontecer, tal como Daishonin ensina. Quem tem essa inabalável convicção certamente é feliz.
4. Viver alegre e vibrantemente — Considerar tudo sob uma luz positiva ou um espírito de boa vontade significa ter sabedoria para realmente mover tudo numa direção positiva, encarando sempre pela melhor perspectiva, ao mesmo tempo que se mantém os olhos fixos na realidade.
5. Coragem — As pessoas corajosas superam tudo. Os medrosos, por outro lado, falham sem saborear as verdadeiras e profundas alegrias da vida.
6. Tolerância — Aqueles que são tolerantes e de mente aberta deixam as outras pessoas confortáveis e tranquilas. Não somente os que possuem um coração amplo são felizes, como todos ao redor também são felizes.
As seis condições expostas estão resumidas na palavra “fé”. Uma vida baseada na fé é uma vida de insuperável felicidade. O budismo esclarece que o caminho para o estado de buda está justamente em cultivar um coração de firme fé e elevado estado de vida. Isso é possível quando se mune de energia vital com base na recitação do Nam-myoho-renge-kyo e age diariamente com coragem para superar os obstáculos.
A felicidade absoluta existe aqui
No Estudo deste mês, o presidente Ikeda afirma: “As dificuldades e os desafios incalculáveis que enfrentamos se transformarão em algo que agregue alegria à nossa existência, como uma pitada de sal realça o sabor do doce”.7
Dos dois tipos de felicidade, a absoluta é a mais importante, pois é a que nos leva ao caminho para superar a questões da vida com sabedoria, esperança e coragem. Dessa forma, nós nos tornamos pessoas que transformam todo o ambiente ao redor. O presidente Josei Toda diz:
Felicidade absoluta significa que estar vivo, estar aqui, é por si só uma grande alegria. (...) Quando atingimos esse estado de vida, este mundo — o mundo saha cheio de conflitos — torna-se uma terra pura.8
Desejar conquistar somente a própria felicidade é uma maneira muito egoísta de viver, e não condiz com a filosofia budista. Porém, abdicar da própria felicidade em prol dos outros é hipocrisia. Não se tem uma existência plena sem almejar a própria felicidade.
Na visão do budismo, portanto, ser feliz é alcançar elevado estado de vida com a recitação do Nam-myoho-renge-kyo e enfrentar as adversidades com o espírito de “Eu sou mais forte que estas questões!”. Quando se tem essa compreensão e experimenta essa condição de vida, compartilha-se o mesmo caminho com as pessoas. Isso acontece por meio do movimento de propagação da Soka Gakkai chamado kosen-rufu. Dessa maneira, entendemos que a felicidade absoluta é inabalável e deve ser compartilhada.
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