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Marie Curie

Heróis que superaram adversidades - Parte 17

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Redação

01/11/2023

Marie Curie

O grande cientista Albert Einstein disse: “De todas as celebridades, Marie Curie foi a única que não foi corrompida pela sua fama”.

Marie Curie descobriu um novo elemento químico radioativo junto com seu marido Pierre e ganhou o Prêmio Nobel de Física em 1903, cinco anos mais tarde [como a primeira mulher a ser agraciada com tal premiação]. Em 1911, ela foi a vencedora do Prêmio Nobel de Química, tornando-se a única mulher a conquistar essa honraria por duas vezes.

Ela possuía uma forte crença: “Cada pessoa deve trabalhar para o seu aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo, participar da responsabilidade coletiva por toda a humanidade”. Continuar a estudar e a aprender pelo bem do mundo e pelo futuro, não por posição ou fama. Deve ser por isso que Einstein não poupava elogios a Marie Curie: “Ela sempre se considerava um instrumento a serviço da sociedade e sua humildade a impedia de almejar simplesmente uma satisfação pessoal”.

Em 2018, a revista britânica BBC History, especializada em história, elegeu Marie Curie como a número 1 dentre as mulheres mais influentes de todos os tempos, em sua matéria intitulada As Mulheres da História que Mais Influenciaram o Mundo. Ela é amplamente respeitada e admirada, ultrapassando as barreiras do tempo e das nações. Uma estátua de Marie foi erigida na Universidade Feminina Soka (em Hachioji, Tóquio) como “símbolo do desejo de aprender”, e na Universidade Soka da América existe um edifício de ciências denominado Prédio Curie.

Marie nasceu em novembro de 1867, em Varsóvia, Polônia, que estava sob domínio russo, como a caçula de cinco irmãos. Seu pai era professor de física e de matemática do ensino fundamental 2, e sua mãe, diretora de uma escola para meninas. Desde cedo, ela aprendeu o gosto pela leitura e pelos estudos.

Aos 8 anos, ela enfrentou uma grande provação ao perder a irmã mais velha devido a uma doença. Dois anos depois, sua mãe também faleceu, acometida de tuberculose. Essas perdas consecutivas despedaçaram a família, mas Marie ergueu a cabeça e seguiu em frente. Ela se formou com as melhores notas no colégio para meninas aos 15 anos.

No entanto, na Polônia daquela época, não importando quão capacitadas e talentosas fossem as mulheres, não lhes era permitido continuar em seus estudos depois disso. Para ajudar no orçamento familiar, Marie começa a dar aulas particulares aos 16 anos. Na mesma época, passa a estudar numa “faculdade itinerante”. Era uma “faculdade secreta” irregular, na qual as pessoas estudavam burlando a rigorosa supervisão da polícia. Havia sido criada por jovens que visavam ao renascimento de seu país, e eles ensinavam uns aos outros e estudavam juntos para lapidar seus conhecimentos e o intelecto.

Na juventude, Marie escreveu para um amigo: “Regra número um: não ser derrotada por ninguém e por nada”. Jamais ser derrotada, não recuar nem um passo sequer — foi esse coração forte que deu origem à grande Marie Curie.

Entusiasmada por estudar no exterior, Marie sonhava ir para a França e frequentar a Universidade de Paris. Contudo, a difícil situação financeira da família tornava isso impossível. Então, ela vai para o interior da Polônia e trabalha arduamente durante três anos como professora particular que mora no local de trabalho. Aos 24 anos, finalmente, consegue ir para Paris, onde sua irmã vivia com o marido. Na Universidade de Paris, que admitia mulheres, com muito esforço e dedicação, obteve diploma de bacharel em física e em matemática.

Nesse período, ela conhece o físico francês Pierre e se casa com ele em 1895. Dois anos depois, dá à luz a filha mais velha.

O objetivo seguinte ao qual Marie, agora mãe, se lançou foi a obtenção de um doutorado. Ela escolheu como tema de sua pesquisa investigar o fenômeno dos “compostos de urânio que emitiam raios misteriosos”, relatado pelo físico francês Henry Becquerel.

Após vários experimentos, o casal Curie, que batizou esse fenômeno de “radioatividade”, descobre um elemento ainda desconhecido pela humanidade. Então, denominou os novos elementos de “polônio” e “rádio”. Para provar a existência deles, solicita permissão à Universidade de Paris para trabalhar no grande laboratório da instituição.

A esperança de conseguir um espaço não se concretizou. O que se obteve a muito custo foi uma cabana utilizada anteriormente como sala de dissecação pelos alunos de medicina da Faculdade de Física e Química. Mesmo assim, Marie, que já havia suportado e superado muitas adversidades, possuía a convicção de que “Não importa quão inadequado seja o local em que estamos; dependendo de como o utilizamos e da criatividade, podemos realizar um grandioso trabalho”.

O laboratório do casal enfrentava condições climáticas extremas, esquentava muito com o calor do verão e congelava no inverno, além de apresentar goteiras. Apesar desse ambiente excessivamente desafiador, os Curies continuaram a trabalhar de forma diligente. Então, em 1902, quatro anos após iniciarem as pesquisas, eles alcançam um grande feito inédito no mundo: isolar sais de rádio.

Em 1903, o mérito das pesquisas sobre radioatividade foi reconhecido e o casal ganhou o Prêmio Nobel de Física. Marie também obteve o título de doutorado e deu à luz a sua segunda filha no ano seguinte.

Quando tudo parecia estar indo bem, Marie sofre o pior e mais triste golpe do destino. Pierre, professor da Universidade de Paris, é atropelado por uma carroça e acaba morto. Na época, Marie estava com 38 anos, e suas filhas tinham 8 e 1 ano. Foi uma despedida repentina e triste demais.

O que impediu Marie de se afundar no desespero foi o juramento feito a Pierre: “Independentemente do que ocorra, nós cumpriremos nossa missão”. Para contribuir com a humanidade, Marie enxuga as lágrimas, torna-se professora e passa a ministrar aulas na Universidade de Paris como sucessora do marido.

Embora fosse alvo de discriminação por ser mulher e estrangeira e pelo ciúme dos colegas por seu grande trabalho, Marie não desistiu. Ela herdou as aspirações do marido e prosseguiu em seus esforços nas pesquisas, o que a levou a conquistar o segundo Prêmio Nobel (de Química) aos 44 anos.

Mais tarde, ela escreveu em uma carta destinada à sua filha: “Vamos precisar de muita coragem, e espero que não a percamos. Devemos manter a convicção de que, depois dos dias ruins, os bons tempos virão novamente. É com essa esperança que eu as abraço em meu coração”.

Marie abriu o caminho para as mulheres cientistas e estabeleceu as bases para tratamentos por meio da radiação. Quando estourou a Primeira Guerra Mundial, ela e a filha mais velha, Irene, percorreram os hospitais de campanha para ajudar as vítimas e os feridos.

No fim de sua vida, ela concentrou seus esforços para desenvolver as gerações mais novas e continuou a trabalhar no instituto de pesquisas até poucos meses antes de falecer. Irene também recebeu o Prêmio Nobel de Química com o marido, justamente no mesmo ano em que Marie encerrou sua nobre existência, em 1935.

Reflexões do presidente Ikeda sobre Marie Curie

Há cinquenta anos, em 30 de abril de 1972, quando Ikeda sensei visitava a França, ele foi até a casa onde Marie Curie morou, nos subúrbios de Paris. Na ocasião, ele disse a uma amiga que caminhava ao lado de sua esposa, Kaneko:

Creio que a grandiosidade de Madame Curie não esteja tanto no fato de ela ter recebido dois Prêmios Nobel, mas, sim, na força de seu caráter, que lhe permitiu vencer uma grande tragédia pessoal. Nenhuma existência é totalmente fácil de viver. Na realidade, a vida é uma série de dificuldades. Nós as superamos despertando para nossa verdadeira missão, e esse despertar faz nascer a esperança.5

Posteriormente, ele continuou a incentivar muitos companheiros por meio das palavras e do exemplo de vida de Marie Curie, citando-os em seus ensaios e discursos.

A cientista polonesa Marie Curie (1867–1934) fez a famosa observação de que a única forma de construir uma sociedade melhor é realizar progressos no destino de cada indivíduo. Sob os regimes totalitários do passado, o indivíduo não era valorizado e por muito tempo as dimensões espirituais e pessoais da vida foram ignoradas. Por essa razão, é muito natural que o budismo, que ensina o respeito pela dignidade da vida e que todas as pessoas são torres de tesouro e budas, brilhe tão radiantemente nessas regiões onde imperava esse tipo de sistema.
(...) Todas as pessoas têm o direito de ser felizes e de vencer na vida.6

Ela escreveu em uma carta: “Um bom ano é um ano com saúde, com boa disposição, bons trabalhos; um ano em que se sente a alegria de viver todos os dias e em que não deixamos os dias passarem em vão, sem propósito, ligando sempre a esperança para o futuro”.
Não desperdice o tempo em vão. Cada dia é importante. Cada ano é precioso.7

Em fevereiro de 2008, foi publicado em série no Seikyo Shimbun o especial “Marie Curie: Uma Vida Dedicada à Ciência”, com base numa palestra promovida na Universidade Feminina Soka. Por meio dele, sensei incentivou não apenas as universitárias, mas também todas as mulheres Soka.

Ikeda sensei conclamou, expressando sua expectativa:

Qualquer que seja a época em que viva, cada pessoa possui uma missão que somente ela pode realizar. Não importa que seja algo simples. Quero que resplandeçam cada qual à sua maneira.
O importante é se poderá ou não dizer: “Eu fiz o meu melhor!”.
Os seres humanos não conseguem evidenciar a sua verdadeira força em meio a circunstâncias favoráveis. É no momento em que encaram as adversidades que conseguem extraí-la. É por lutarmos contra as circunstâncias desfavoráveis que podemos concretizar nossos grandes ideais.8

No topo: Cerimônia de inauguração da “estátua de Marie Curie” é realizada na Universidade Feminina Soka, em Hachioji, Tóquio, em 4 de abril de 1994, com a presença do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, e de sua esposa, Kaneko Foto: Seikyo Press

Materiais de pesquisa:

1. QUINN, Susan. Marie Curie. Tradução: Kyoko Tanaka. Misuzu Shobo.

2. CURIE, Eve. Biografia de Marie Curie. Tradução: Asushi Kawagushi e outros. Hakusuisha.

3. BIRCH, Biverley. Biografia — Pessoas que Mudaram o Mundo 1 — Marie Curie. Tradução: Yumiko Inui. Kaiseisha.

4. CURIE, Marie; CURIE, Irene. Cartas entre Mãe e Filha. Tradução: Yuko Nishikawa. Jimbunshoin.

5. IKEDA, Daisaku. Shin-Watashi no Jinbutsukan. Daisanbunmei-sha.

6. Do especial “Marie Curie: Uma Vida em prol da Ciência”, publicado no Brasil Seikyo, ed. 1.971, 17 jan. 2009.

7. Do ensaio “Resplendor do Século da Humanidade”, publicado no Brasil Seikyo, ed. 1.800, 18 jun. 2005.

8. Trecho de discurso proferido durante o Conselho de Representantes da Universidade Soka, em 2 de janeiro de 2005.

Acesse o link e assista ao vídeo sobre a vida de Marie Curie:

Marie Curie

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