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Caderno Nova Revolução Humana

Capítulo: “Ode às mães”

Volume 24, Partes 46 a 55 — Final

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06/09/2014

Capítulo: “Ode às mães”

Parte 46

O velório da mãe de Shin’ichi foi realizado no dia sete de setembro, e o funeral, no dia oito. As duas cerimônias ocorreram na residência da família, no bairro de Ota, em Tóquio. Pouco depois das catorze horas de oito de setembro, dia em que o caixão foi retirado da casa, Shin’ichi estava entrando no carro quando olhou para o céu. Ele viu nuvens flutuando na vastidão azul.

Nessa data, dezenove anos antes [em 1957], Josei Toda havia proferido a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, no Estádio de Mitsuzawa, em Yokohama. Shin’ichi lembrara-se, precisamente, de como fora aquele dia. Recordara-se também de sua mãe lhe falando da confiança que depositava no Sr. Toda e do orgulho que sentia em ver seu filho apoiá-lo.

Quando os negócios de Josei Toda enfrentavam sua pior crise e Shin’ichi estava lutando incansavelmente para vencer tais dificuldades, houve um período em que o Sr. Toda não conseguia pagar seu salário em dia e ele não tinha recursos para comprar um casaco ou até mesmo para comer. Durante essa época, Shin’ichi casualmente passou na casa de sua mãe para visitá-la. Ele não podia se dar ao luxo de levar nenhum presente, como era costumeiro nesses casos, mas desejava ver sua mãe e dizer-lhe que não se preocupasse com ele. Quando ela olhou para o filho, percebeu imediatamente os esforços dele. Com um sorriso, afirmou:

— Sei que excelente pessoa é o Sr. Toda. Nunca se esqueça de lhe ser grato, não obstante qual seja a situação, e trabalhe o máximo que puder por ele. Esta é a coisa certa a se fazer. Tenho orgulho de você por seguir sempre o caminho que acredita ser correto e trabalhar para o Sr. Toda por mais que isso possa exigir de você. Não se preocupe comigo ou com a família, simplesmente dê o máximo de si para alcançar os nobres ideais que você e o Sr. Toda acalentam.

Depois, trouxe-lhe o que tinha para comer em casa no momento.

Essas palavras representaram uma fonte de enorme alento para Shin’ichi, que estava empenhando esforços proporcionais aos de imensuráveis kalpa para apoiar e proteger seu mestre. As observações de sua mãe tinham grande peso. Por serem o incentivo de alguém que o havia criado com amor e devoção, penetraram profundamente em seu coração.

Parte 47

Quando os alunos das Escolas Femininas Soka de Ensino Fundamental II e Médio de Kansai (atuais Escolas Soka de Ensino Fundamental II e Médio de Kansai) tomaram conhecimento da morte de Sachi, mãe de Shin’ichi, imediatamente fizeram uma gravação da canção Mãe e enviaram-lhe a ele em seu tributo.

Shin’ichi escutou a fita na manhã de nove de setembro. A sinceridade e o carinho das meninas o tocaram fundo no coração. Para expressar sua imensa gratidão, encaminhou um retrato de sua mãe num álbum de fotos e escreveu na contracapa:

“Com o falecimento de minha mãe esta manhã, escutei a canção Mãe enviada por minhas meninas; ela ecoa pelo céu”.

A cerimônia fúnebre oficial de Sachi ocorreu no bairro de Shinagawa, em Tóquio, no dia treze de setembro. Shin’ichi discursou naquela oportunidade como representante da família enlutada (imagem da p. C3). Em suas palavras, contou que sua mãe havia entrado em estado crítico no início de julho e os médicos anunciaram que ela não viveria muito tempo, mas, então, ela conseguiu ter uma recuperação milagrosa e desfrutou mais dois meses de vida. Ele afirmou sentir fortemente que essa era uma demonstração do princípio budista do prolongamento da vida por meio da fé. Manifestando gratidão e louvor à vitória de sua mãe, encerrou expressando sua ardente determinação de se dedicar ainda mais fervorosamente em prol do kosen-rufu.

Sua mãe havia partido, mas seu espírito de compaixão pelos outros e seu amor pela paz permaneciam vivos no coração de Shin’ichi. O mesmo podia ser dito a respeito da vontade férrea do seu pai.

Os filhos que continuam vivendo demonstram a grandiosidade dos pais, que estão observando os filhos para verificar como estes conduzem sua vida e o que realizam. Nichiren Daishonin escreveu: “O corpo que o pai e a mãe deixam para trás não é outro senão a forma física e a mente do filho” (WND, v. 2, p. 572).

Fitando um retrato de sua mãe, Shin’ichi disse a si mesmo: “Mãe, iniciarei uma luta memorável!”

Parte 48

Na ocasião do funeral de Sachi, mãe de Shin’ichi, em treze de setembro, ele também estava apreensivo por causa de outro assunto. Durante vários dias, o tufão Fran trouxera fortes chuvas em várias regiões do Japão, causando danos generalizados enquanto se deslocava para o norte.

As áreas afetadas pelo tufão continuavam se ampliando e, nesse mesmo dia, casas estavam sendo inundadas ou arrastadas pela água e havia pessoas sendo dadas como desaparecidas ou mortas nas regiões sul e central do Japão.

A Soka Gakkai adiantou-se prontamente e empenhou-se nos esforços de resgate, estabelecendo um quartel-general de auxílio emergencial, além de outros postos de atendimento em seus centros culturais e centros comunitários nas áreas afetadas. Líderes regionais e provinciais visitaram os locais mais severamente atingidos, incentivaram as vítimas e distribuíram itens como alimento, roupas, remédios e outros suprimentos de emergência.

No funeral de sua mãe, Shin’ichi ouviu os relatórios sobre diversas regiões e deu várias instruções, tomando todas as medidas necessárias para facilitar as operações de auxílio e socorro. Desde o instante que assumira como terceiro presidente da Soka Gakkai, determinara firmemente em seu coração que jamais poderia tirar um dia de folga de suas responsabilidades enquanto outros estivessem sofrendo. A menos que os líderes possuam tal decisão, o grandioso juramento da concretização do kosen-rufu jamais poderá ser alcançado.

Shin’ichi iniciou uma viagem de orientações em catorze de setembro, a partir da província de Shizuoka, onde visitou o Centro de Treinamento de Tokai, em Atami (atual Centro de Treinamento de Shizuoka). Em março daquele ano, havia sido inaugurado lá o Parque Makiguchi, para celebrar as nobres realizações do presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi.

No dia seis de julho de 1943, durante uma viagem para divulgar os ensinamentos do Budismo de Nichiren Daishonin, o presidente Makiguchi foi intimado a se apresentar à Delegacia de Polícia de Shimoda, na província de Shizuoka.

Posteriormente, ele viria a ser transferido para Tóquio, onde seria preso sob suspeita dos crimes de lesa-majestade e violação da Lei de Preservação da Paz. Nessa data, seu discípulo Josei Toda fora levado sob custódia pela Polícia Superior Especial. Uma tempestade de feroz perseguição havia irrompido.

Apesar de idoso e submetido ao mais cruel interrogatório, Makiguchi não recuou um milímetro sequer. A despeito dessas adversidades, ele se manteve firme em suas convicções e defendeu bravamente os corretos ensinamentos do Budismo de Nichiren Daishonin. Em dezoito de novembro de 1944, contudo, ele morreu aos 73 anos na enfermaria da Casa de Detenção de Tóquio.

Parte 49

Shin’ichi estava fortemente convicto de que a Soka Gakkai havia florescido em virtude do espírito de “não poupar a própria vida” em prol do budismo, compartilhado e incorporado pelos dois primeiros presidentes da organização, Makiguchi e seu discípulo Toda.

Em Saldar as Dívidas de Gratidão, Nichiren Daishonin afirma: “Quanto mais profundas as raízes, mais fecundos são os ramos. Quanto mais distante a fonte, mais longa é a correnteza” (CEND, v. I, p. 770).

Makiguchi dedicou abnegadamente sua vida à propagação do verdadeiro ensinamento do budismo, que é a essência do Sutra do Lótus. Toda despertou para a sua sublime missão de bodisatva da terra enquanto estava na prisão e devotou a vida ao kosen-rufu. Contanto que a Soka Gakkai possua essa base de mestre e discípulo, e esse compromisso permaneça vivo e primordial dentro da organização, ela sempre crescerá e se desenvolverá, fluindo continuamente como um poderoso rio por todo o futuro. Mas, caso perdesse esse espírito comum de mestre e discípulo, a organização começaria a decair. Shin’ichi estava, portanto, determinado a celebrar e transmitir eternamente para as gerações futuras o espírito de “não poupar a própria vida” pelo bem do budismo, incorporado por Makiguchi. Por isso, ele criou o Parque Makiguchi em Shizuoka, cenário de um dos acontecimentos cruciais da vida do primeiro presidente.

Quando, em março, foi realizada a cerimônia de inauguração, Shin’ichi perguntou a Mitsuhisa Osawa, diretor do parque:

— Você sabe por que estabeleci o Parque Makiguchi aqui? Obviamente, ele fora preso na província de Shizuoka, mas este também é um lugar caloroso e pitoresco. O Sr. Toda dizia com frequência que o inverno na prisão era muito duro. Às vezes, de manhã, a cota de água destinada a eles ficava com a superfície congelada e eles tinham de quebrar o gelo para poder lavar o rosto. A roupa de cama era tão fina que eles ficavam tremendo a noite toda, e acordavam de manhã sem nem terem se aquecido. E as celas no confinamento solitário não tinham vista para fora.

— Para homenagear Makiguchi, que morreu suportando aquelas condições terríveis da prisão, determinei que, em tributo a ele, encontraria um local que fosse relativamente quente no inverno e possuísse uma bela paisagem. Este é o motivo pelo qual, movido pela gratidão, estabeleci aqui este Parque Makiguchi para glorificar eternamente o espírito dele.

Parte 50

Na solenidade inaugural, também foram descerradas várias pedras entalhadas com frases reproduzindo a caligrafia de Makiguchi: “Espírito Fundamental”, “Espírito da Gakkai”, “Eterno”, “Imensa Compaixão”, “Forte Determinação”, “Espírito de Levantar-se Só” e “Sucessores”. Shin’ichi havia sugerido que fossem depositadas no parque para enaltecer o espírito de Makiguchi e estimular os visitantes a contemplar os ideais defendidos por ele. E explicou a alguns líderes:

— Muitos membros virão ao Centro de Treinamento de Tokai para participar de cursos de aprimoramento. Quando o fizerem, quero possibilitar que sintam o espírito do Sr. Makiguchi e do Sr. Toda. Vamos erguer um busto do primeiro presidente aqui. Além disso, acomodemos uma exposição permanente de poemas e obras do Sr. Toda. Pensando no crescimento e na prosperidade da Soka Gakkai através dos tempos, desejo fazer deste parque um local em que se possa aprender o solene caminho de mestre e discípulo.

— Instalemos também monumentos de pedra com frases de Makiguchi e de Toda em outros centros de treinamento, centros culturais e sedes comunitárias.

Shin’ichi continuou em seus árduos esforços para preservar eternamente o espírito de mestre e discípulo da Soka Gakkai.

Seis meses depois, no dia quinze de setembro, Shin’ichi voltou ao Centro de Treinamento de Tokai para a cerimônia de descerramento de um busto do presidente fundador.

Com a remoção do véu, os raios de sol do início do outono brilharam sobre a escultura de bronze que retratava o rosto do bravo herói que havia suportado tanto. Em seguida, houve o plantio da canforeira de Chomatsu e da azaleia de Ine — cujos nomes rendem homenagem, respectivamente, ao pai e à mãe de Makiguchi.

Shin’ichi também compareceu a um curso de aprimoramento para membros selecionados da Divisão Masculina de Jovens e da Divisão dos Estudantes. Lá, discorreu sobre seu compromisso de proteger e honrar Makiguchi e Toda:

— Os presidentes Makiguchi e Toda nos ensinaram sobre o Budismo de Nichiren Daishonin, o Gohonzon e o Gosho.

O caminho do discípulo começa com o ato de se ter gratidão ao mestre.

Parte 51

Shin’ichi declarou:

— Não importando quão maravilhoso seja o budismo e quão grandioso seja o Gohonzon, se não houver ninguém para falar aos outros a respeito deles, nada será legado. É como se eles jamais tivessem existido. Por isso, Daishonin afirma: “A Lei não se propaga sozinha. Pelo fato de as pessoas a propagarem, tanto as pessoas como a Lei são dignas de respeito” (GZ, p. 856). Portanto, é importante viver de uma maneira que honre e demonstre gratidão ao mestre de quem se aprendera tais fatos. Esse é o modo certo de viver.

Prosseguindo, citando trechos de “soberano, mestre e pais” (WND, v. 2, p. 35), Shin’ichi esclareceu que abraçar o budismo consiste no caminho para a iluminação – em outras palavras, o caminho para a felicidade suprema:

— Quando as pessoas alcançam certo grau de conforto, status social ou reconhecimento, tendem a pensar que não existe ninguém melhor que elas e acabam caindo na ilusão de que encontraram a felicidade.

— Daishonin descreveu esse fato e observou pertinentemente: “Desse modo, contentamo-nos com esses pequenos ganhos e ficamos encantados com eles. O Buda ensinou-nos, porém, que tais conquistas representam mera prosperidade num sonho, uma alegria fantasiosa, e que devíamos simplesmente aceitar e abraçar o Sutra do Lótus e nos tornar budas rapidamente” (Ibidem, p. 36).

— O Sr. Makiguchi morreu numa gélida cela de prisão. Mas ele morreu sustentando suas convicções budistas, num estado de vida de felicidade absoluta. Espero que nenhum de vocês se deixe seduzir por fatores como status social, fama ou riqueza, e, em vez disso, avancem intrepidamente pela nobre estrada da fé, que constitui a sua missão.

— Ao salientar que sempre enfrentaremos obstáculos e adversidades, Daishonin menciona a seguinte passagem do Sutra do Lótus: “Como o ódio e a inveja em relação ao Sutra do Lótus sobejam mesmo quando Aquele que Assim Chega se encontra no mundo, quão piores não serão após a morte dele?” (LSOC, cap. 10, p. 203)

— Devemos estar certos de que o caminho do kosen-rufu é repleto de dificuldades. A Soka Gakkai com certeza se deparará com um obstáculo atrás do outro. Mas espero que protejam a organização, uma reunião de praticantes do Budismo de Nichiren Daishonin, e cumpram firmemente a missão que escolheram.

Shin’ichi desejava que os representantes da Divisão dos Jovens tivessem profunda consciência do significado do treinamento deles naquele parque dedicado ao presidente Makiguchi, que devotara a vida abnegadamente ao budismo.

Parte 52

No dia dezesseis de setembro, Shin’ichi esteve presente em uma cerimônia no Parque Makiguchi na qual se efetuara o descerramento de um monumento de pedra contendo um poema de Josei Toda. Representantes dos membros ergueram o pano branco para mostrar a pedra. A inscrição prendeu a atenção de todos:

A jornada da propagação

Da Lei Mística

É longa;

Encorajemo-nos Mutuamente

E avancemos juntos.

O Sr. Toda havia redigido essas linhas no Ano-Novo de 1955. O poema destaca a importância dos laços entre mestre e discípulo e entre os membros.

O kosen-rufu não pode ser concretizado sem o espírito de levantar-se só. Ao mesmo tempo, o kosen-rufu não se disseminará sem união, sem que um membro incentive o outro e sem o avanço conjunto. Josei Toda costumava se referir à Soka Gakkai — a organização que executa essa augusta tarefa — como “Buda Soka Gakkai”.

Conforme afirma Daishonin: “Todos os discípulos e seguidores leigos de Nichiren devem recitar Nam-myoho-renge-kyo com espírito de diferentes em corpo, unos em mente, transcendendo todas as diferenças que possa haver entre si, tornando-se inseparáveis como o peixe e a água. Esse laço espiritual é a base para a transmissão universal da lei suprema da vida e da morte” (CEND, v. I, p. 226).

Em outras palavras, se nos empenharmos na fé unidos por um propósito comum, de maneira tão inseparável quanto o peixe e a água, a transmissão universal da Lei suprema da vida e da morte, que constitui a transmissão universal da Lei Mística, continuará a fluir.

É por isso que a união de “diferentes em corpo, unos em mente” em prol do kosen-rufu representa uma condição fundamental do “Buda Soka Gakkai”. Esse poema do presidente Toda é uma lição que todos os membros devem gravar para sempre no coração.

Naquele mesmo dia, no Parque Makiguchi, Shin’ichi plantou uma muda de canforeira e de azaleia para homenagear Jinshichi e Sue, pai e mãe do Sr. Toda. Shin’ichi fazia tudo o que era possível para glorificar seu mestre.

No dia dezenove de setembro, Shin’ichi participou da Reunião de Líderes Centrais no Centro Cultural de Atami e, no dia seguinte, compareceu a reuniões de grupos especiais das Divisões Masculina e Feminina de Jovens. A viagem de orientações pela província de Shizuoka prosseguiu até vinte e um de setembro.

Parte 53

Shin’ichi chegara à conclusão de que não haveria futuro para o kosen-rufu ou para a Soka Gakkai a menos que o espírito de não poupar a própria vida pelo bem do budismo, incorporado pelo presidente fundador, Tsunesaburo Makiguchi, e pelo segundo presidente, Josei Toda, fosse transmitido às gerações futuras. Portanto, ele propôs e promoveu a instalação de monumentos de pedra e outras lembranças do espírito deles nos centros de treinamento e nos principais centros culturais e sedes comunitárias do país.

De vinte e quatro de setembro a seis de outubro, o presidente Yamamoto percorreu as regiões de Kansai e Chubu. No Centro Cultural de Quioto, prestigiou a inauguração da placa comemorativa contendo as inscrições “Espírito de Levantar-se Só”, reproduzindo a caligrafia de Makiguchi, e “Juramento de Kosen-rufu”, na caligrafia de Toda. No Centro Geral de Treinamento de Kansai, em Shirahama, na província de Wakayama, designou nomes para duas praças, denominando-as Jardim Makiguchi e Jardim Toda.

No dia dois de outubro, foram realizadas na Sede da Soka Gakkai em Shinanomachi, Tóquio, e nos principais centros espalhados pelo Japão, as primeiras reuniões em comemoração do Dia da Paz Mundial.

O Dia da Paz Mundial enaltecia a data em que Shin’ichi partira para sua primeira viagem ao exterior em prol da paz mundial — dois de outubro da 1960. A celebração havia sido decidida pelos vice-presidentes da Soka Gakkai em setembro do ano anterior (1976).

Shin’ichi, que se encontrava em Kansai na ocasião, esteve presente e discursou numa reunião comemorativa realizada no Centro Cultural de Kansai:

— O presidente fundador Makiguchi defendeu o ensinamento budista de que todas as pessoas podem atingir o estado de buda. Ele resistiu à opressão das autoridades militares e morreu por suas crenças. O segundo presidente, Josei Toda, com base na filosofia de respeito à dignidade da vida e, tendo em conta a condição do Japão como a única nação contra a qual foram empregadas armas nucleares, proferiu sua Declaração pela Abolição das Armas Nucleares e confiou-me a tarefa de abrir o caminho da paz mundial.

— Meu compromisso com a paz mundial foi instigado pelos dois primeiros presidentes. A força motriz das minhas ações em prol da paz deriva-se da determinação de viver como discípulo do Sr. Toda e concretizar seus ideais e princípios.

— Buscando o caminho da edificação da paz, efetuei minha primeira visita ao Havaí — local em que se iniciara a Guerra do Pacífico — nos Estados Unidos, nação que, um dia, o Japão considerara inimiga. Na viagem seguinte, movido pela minha devoção à paz, dirigi-me a Hong Kong — na época, colônia britânica —, e de lá segui para vários países asiáticos que haviam sido ocupados pelo Japão durante a guerra.

Parte 54

Nos dezesseis anos desde a sua primeira viagem ao exterior, Shin’ichi travara diversos diálogos em prol da paz, reunindo-se e conversando com o primeiro-ministro soviético Alexei Kosygin (1904–1980), o primeiro-ministro chinês Zhou Enlai (1898–1976) e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger. Ele havia visitado os Estados Unidos, a República Popular da China e a União Soviética — três nações consideradas, na ocasião, vitais para a paz do mundo —, e estabelecido relações amistosas com os líderes delas e aberto numa nova via de intercâmbio interpessoal.

A estrada da paz e amizade começa com o diálogo corajoso.

Quando o Sr. Makiguchi estava na prisão, disse ao interrogador: “Vamos dialogar!”, e empenhou-se em ensinar o budismo a ele. O Sr. Toda expunha destemidamente suas convicções em relação ao budismo, independentemente do fato de estar conversando com o primeiro-ministro japonês ou com outras personalidades influentes de sua época.

Se a interação de uma pessoa com as outras se mantiver no âmbito das formalidades ditadas pela educação, não resultará em amizade verdadeira. Somente por meio do diálogo corajoso a pessoa poderá compartilhar o que está em seu coração, criar afinidade e cultivar compreensão mútua e amizades profundas.

No dia cinco de outubro, Shin’ichi, após ter viajado de Kansai para Chubu, plantou, no Centro de Treinamento de Chubu, quatro mudas de cerejeiras para homenagear os pais dos dois primeiros presidentes da Soka Gakkai. Além disso, replantou uma canforeira de cento e cinco anos para comemorar o centésimo quinto aniversário de nascimento de Makiguchi.

Perto do fim daquele mês, Shin’ichi esteve em Tohoku e Hokkaido, onde, no dia vinte e cinco, participou de uma solenidade assinalando o início da construção do Parque Memorial Toda, na Vila Atsuta, terra natal de Josei Toda. O ideal subjacente ao estabelecimento do parque memorial era promover a conscientização em relação às realizações do Sr. Toda, tornar o lugar onde ele passara a juventude conhecido pelo mundo inteiro e criar um local para celebrar o juramento conjunto de mestre e discípulo, que perdura pelas três existências.

Ele também visitou o Centro de Treinamento de Tohoku, em Towadako, na província de Aomori (atual cidade de Towada) e tomou parte na cerimônia de descerramento de monumentos de pedra contendo a inscrição das palavras do Sr. Makiguchi “Concessão da Profecia” e “Espírito de Levantar-se Só”.

Shin’ichi esforçava-se incansavelmente para assegurar que o espírito de mestre e discípulo fosse perene, difundindo o espírito dos dois primeiros presidentes da Soka Gakkai entre os membros do Japão e do mundo e gravando a essência do kosen-rufu no fundo do coração deles.

PARTE 55

Durante a viagem de orientações para as regiões de Chubu, Hokuriku e Kansai em meados de novembro, Shin’ichi visitou a província de Ishikawa, onde Toda havia nascido.

No dia treze de novembro, propôs a criação do Salão Memorial Toda no Centro Cultural de Ishikawa como uma forma de glorificar o epicentro das atividades do kosen-rufu na província. No dia seguinte, esteve no Centro Cultural de Toyama, onde também sugeriu a instalação de um Salão Memorial Makiguchi.

No dia dezessete, Shin’ichi assistiu à cerimônia de inauguração do Memorial Makiguchi de Kansai, que havia sido erguido na cidade de Toyonaka, na província de Osaka. A inauguração estava marcada para a véspera do dia dezeito de novembro, aniversário de fundação da Soka Gakkai, que coincidia com o aniversário da morte do primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi.

No dia dezoito, no Auditório Memorial Toda de Kansai, Shin’ichi participou de uma celebração pelo 46º aniversário do estabelecimento da Soka Gakkai e lembrando o 33º (32º pelo cômputo ocidental) aniversário da morte do presidente fundador Makiguchi. Na oportunidade, Shin’ichi declarou:

— O presidente Makiguchi sustentou os ensinamentos verdadeiros do budismo e morreu na prisão por suas crenças. O presidente Toda deu continuidade ao legado do presidente Makiguchi e jurou dedicar toda a sua vida ao kosen-rufu. Ao ser libertado do cárcere, perseverou fidedignamente à propagação da Lei sem poupar sua vida. Esse solene esforço de mestre e discípulo e a dedicação conjunta à Lei são a conduta dos bodisatvas da terra, cuja missão essencial é realizar o kosen-rufu.

Na terceira cerimônia em memória (segundo ano) de Makiguchi, Toda relembrou seu mestre e disse: “Embora não seja digno, durante meus dois anos sofrendo na prisão, decidi doar a minha vida ao kosen-rufu. Por favor, observe-me. Apesar da minha falta de compreensão e capacidade, estou determinado a atender seu desejo e cumprir a missão da Gakkai para que possa merecer o seu elogio quando me encontrar novamente com o senhor no Pico da Águia”. Shin’ichi também prometeu:

— O Sr. Makiguchi empreendeu seu heroico esforço na prisão, mesmo com uma idade avançada, até o momento de sua morte, pensando inteiramente em nosso bem na época atual. O kosen-rufu não poderá ser alcançado a menos que herdemos esse mesmo espírito. Eu também firmo o juramento de dar continuidade ao espírito dos presidentes Makiguchi e Toda e de me dedicar de corpo e alma ao kosen-rufu.

O avanço eterno de nosso movimento Soka, a grandiosa estrada do kosen-rufu, depende totalmente da unicidade de mestre e discípulo.

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