Brasil Seikyo
Por clique para buscar
EntrarAssinar
marcar-conteudoAcessibilidade
Tamanho do texto: A+ | A-
Contraste
Cile Logotipo
Caderno

Descarte o medo e adote a coragem

Nichiren Daishonin estava sozinho. Um religioso desarmado diante de um enfurecido exército comandado por líderes autoritários que, sem julgamento, sentenciaram um pacifista à morte na madrugada de 12 de setembro de 1271 na escura praia de Tatsunokuchi. Nessa cruel circunstância, o coração do Buda brilhou de orgulho e confiança em dar a vida ao Sutra do Lótus e jamais ceder ao poder autoritário. No momento da decapitação, um objeto luminoso cruzou os céus e provou a verdade. Ali nascia o budismo do povo, da verdade e da justiça.

ícone de compartilhamento

06/09/2014

Descarte o medo e  adote a coragem

Seja um grande ser humano: gentil, amigo e implacável diante das pressões e da injustiça

Setembro é um mês inspirador na SGI porque estudamos um dos períodos mais interessantes da história do budismo: o momento em que Nichiren Daishonin “abandonou o provisório e revelou o verdadeiro”.

Abandonar o provisório e revelar o verdadeiro (Hosshaku Kempon) é o princípio budista segundo o qual cada pessoa deve viver dando o seu melhor em cada coisa que faz, abandonando a fraqueza, a covardia, o medo e adotando a coragem — a Lei Mística — como inspiração e ponto de partida.

Isso nada tem a ver com tornar-se alguém “superpoderoso” nem diferente ou melhor que os outros. Agir assim seria apenas prepotência. O budismo ensina a pessoa a ser grandiosa em humanismo, esperança, gentileza e senso de justiça.

A postura destemida de Josei Toda

O líder da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, nos conta: “Lembro-me de um jornalista que certa ocasião perguntou sarcasticamente ao Sr. Toda: ‘Já que o senhor é o presidente da Soka Gakkai, isso o torna um buda vivo, não é?’. ‘Ah!’, retrucou Josei Toda com uma sonora risada. ‘Se um buda vivo comesse peixe cru e tomasse uísque, isso seria terrível. Não existe nenhum ser assim.’

“Toda Sensei sempre dizia: ‘Sou simplesmente um mortal comum íntegro. Os líderes religiosos que dizem ser deuses ou algo parecido são impostores’.”

“Ser um impostor”, nesse caso, é adotar como razão de viver coisas transitórias como cargo, status, dinheiro etc. Se a felicidade depender desses fatores, ela não se sustenta e cria um ambiente nocivo e corrupto.

O budismo tem uma proposta completamente diferente: ensina a adotar o essencial (a Lei Mística, a origem e força impulsionadora de todos os fenômenos) como seu objeto de devoção. Ao adotar em seu caráter o desejo original da vida de ser feliz e fazer todos felizes, sua força se multiplica infinitamente e todos os aspectos da sua vida diária brilham com sucesso, alegria e humanismo.

Ser um “mortal comum íntegro” é tornar a sua vida cotidiana repleta de boa sorte, compaixão, amizade, respeito pelas pessoas e vitórias. Os membros da SGI vivem assim os seus dias.

Reflexão do presidente Ikeda

Budismo é uma busca constante para viver de forma grandiosa e vitoriosa. O presidente Ikeda reflete: “Como viver da melhor maneira, como ser verdadeiramente humano, esses são os pensamentos que permeiam minha mente a todo momento”.

Ele nos ensina que Nichiren Daishonin teve uma experiência marcante. Em 12 de setembro de 1271, o Buda estava num “beco sem saída”. Sozinho diante de um enorme exército do governo, condenado à revelia à decapitação numa tramoia arquitetada por líderes corruptos. Sua vida estava próxima do fim. Não havia saída.

Mas o que para muitos seria desesperador, para Daishonin foi um momento de júbilo. Como ele havia “descartado” o provisório e adotado uma vida correta em prol do Sutra do Lótus, não havia o que temer. Ao adotar para si a missão de praticar e propagar o Nam-myoho-renge-kyo, ele sabia que haveria oposição e riscos reais à sua vida. O que fazer? Qual a forma correta de viver? Esconder-se? Fugir? Não, absolutamente não!

Daishonin proclamava cada vez mais alto a verdade e lutava pela justiça. Seu coração tinha decidido ficar ao lado da Lei Mística e por causa disso o medo da morte havia desaparecido do seu coração. Que grandiosidade!

Ele escreveu mais tarde sobre o que pensou diante da possibilidade de decapitação: “Quão afortunado eu sou por doar minha vida pelo Sutra do Lótus! Se este corpo impuro for decapitado, será como trocar areia por ouro ou pedras por joias” (END, v. I, p. 158-159).

No momento em que o carrasco, na escuridão da praia, ia decapitar o Buda, um objeto luminoso cortou inesperadamente os céus da madrugada e os soldados ficaram aterrorizados. Daishonin nem por um instante se abalou; ele saiu desse episódio completamente convicto de que incorporar no caráter o “grande desejo” de recitar e propagar o daimoku é a forma correta de vida que sempre garante a vitória máxima. Uma única pessoa de nobre caráter venceu todas as tentativas do exército de matá-lo.

O presidente Ikeda afirma: “O Hosshaku Kempon de Daishonin e da Soka Gakkai mostra quão grandiosa é uma pessoa e que cada uma tem o poder incalculável de enfrentar qualquer tipo de opressão e se sagrar campeã”.

O buda Nichiren Daishonin achou saída para uma situação sem solução. O próprio universo tornou-se seu alido.

Seu juramento de tirar o sofrimento do povo o fez expor claramente que a miséria da população tinha raiz na corrupção do clero atrelada a um governo inescrupuloso. O clã que dominava o país foi deposto anos depois desse episódio, mas a “vida” de Daishonin está gravada no Gohonzon e eternizada pela ampla propagação desses ideais pela Soka Gakkai.

Não é algo sobrenatural

A experiência de Daishonin o fez ainda mais humano, mais sensível à necessidade urgente de alertar sobre os erros dos governantes e dos religiosos da sua época. O presidente Ikeda explica:

“O Hosshaku Kempon de Nitiren Daishonin não deve ser visto como algo sobrenatural, como se ele passasse a ocupar uma posição inacessível às pessoas comuns. O que Daishonin na realidade revelou em Tatsunokuchi foi a suprema conduta como ser humano. Por meio de seu próprio exemplo, Daishonin mostrou a existência grandiosa e digna de um ser humano. Ele certamente não deixou de ser uma pessoa. Ao contrário, manifestou a vasta condição de vida dentro dele a fim de possibilitar a todas as pessoas elevarem também sua condição de vida”.

Em setembro, reflita sobre esse ponto essencial e também adote a unicidade de mestre e discípulo como modelo de conduta e inspiração diária.

Diante de toda situação “sem saída”, a escolha correta a se fazer é recitar Nam-myoho-renge-kyo com entusiasmo embalado pelo sincero desejo de que recitar daimoku é a garantia de que não há beco sem saída. Essa fé deve aumentar momento a momento descartando o medo e se recusando a ser desencorajado pela situação. E quanto mais lutar, mais aumenta sua humanidade, usando sua própria vida como incentivo às outras pessoas.

Compartilhar nas