Conheça o Budismo
BS
Todos os dias são kuon ganjo
Cada dia é uma nova partida, um revigorante drama da luta pessoal contra o destino ao mesmo tempo em que se vive para inspirar as pessoas
25/03/2017
DAISAKU IKEDA: Independentemente da maneira como esses ensinamentos falam a respeito da “vida eterna do Buda”, há uma grande limitação. Em primeiro lugar, como descrevem o mundo do buda como um local belo e grandioso, afastam-se do “Sakyamuni ser humano”. Isso significa seu afastamento da realidade da vida humana.
A outra limitação diz respeito à causa e ao efeito que estamos discutindo agora. Se a “causa do estado de buda” vem primeiro e o “efeito do estado de buda” vem depois, então o buda aparece em algum momento em particular no tempo. Em resumo, para explicar o buda do tempo sem início nem fim, é necessário reconhecer o efeito do estado de buda (benefício) como inerente da causa do estado de buda (prática). Essa segunda explanação é a única que pode explicar a realidade do Buda Original eternamente presente nas três existências.
SUDA: Essa parece ser a conclusão mais lógica.
DAISAKU IKEDA: O bodisatva Práticas Superiores é, na verdade, um buda que está se empenhando no nível da prática budista que leva à iluminação. Em outras palavras, é o buda que incorpora a simultaneidade da causa e do efeito.
O Buda Original cuja vida não tem início nem fim não poderia ser revelado sem o aparecimento do bodisatva Práticas Superiores. Seu surgimento indica a existência do “verdadeiro buda de kuon ganjo”, o buda iluminado do tempo sem começo, que supera muito a ideia de um passado inimaginavelmente remoto chamado gohyaku jintengo.
SUDA: Agora estou compreendendo melhor várias questões que antes pareciam ambíguas. Esse “Buda Original cuja vida não tem início nem fim” é então o Nam-myoho-renge-kyo Nyorai ao qual nos referimos como o buda da liberdade absoluta de kuon ganjo, ou tempo sem começo.
DAISAKU IKEDA: Correto!
SUDA: Assim fica claro neste contexto que kuon ganjo não significa o passado remoto, mas transcende essa estrutura e, de fato, o próprio conceito de tempo.
DAISAKU IKEDA: Sim. Kuon ganjo é um outro nome para a vida que não tem início nem fim. Não se refere à doutrina do tempo, mas sim à doutrina da vida. A verdade que se encontra nas profundezas da vida, a verdade do universo que atua incessantemente, é chamada kuon ganjo. E pode ser chamada também de “o buda originalmente dotado ds três propriedades iluminadas”.
Daishonin diz: “Kuon significa o que não foi criado nem adornado, mas que permanece em seu estado original” (Gosho Zenshu, p. 759). “O que não foi criado” significa inerentemente dotado e não indica um momento específico no tempo. “Nem adornado” significa não possuir as trinta e duas características e oitenta aspectos e refere-se às pessoas comuns da forma como elas são.
“Permanece em seu estado original” quer dizer que existe eternamente.
Kuon significa Nam-myoho-rengue-kyo; significa Gohonzon. O exato instante em que oramos ao Gohonzon é kuon ganjo; é o tempo sem início. Para nós, cada dia é kuon ganjo. Podemos fazer a cada dia com que a vida suprema, pura e eterna de kuon ganjo se manifeste de todo o nosso ser. Damos a cada dia uma nova partida de kuon ganjo, o ponto de partida da vida.
SUDA: É isso o que significa viver com base no princípio místico “verdadeira causa”.
DAISAKU IKEDA: Essa é a razão de o momento presente ser muito importante. Não devemos viver no passado; não há nenhuma necessidade disso. Aqueles que se empenham totalmente no momento presente e têm uma grande e ardente esperança no futuro são pessoas verdadeiramente sábias na arte de viver.
Ao transmitir a essência do Sutra do Lótus ao bodisatva Práticas Superiores, Shakyamuni o encarrega de realizar o kosen-rufu nos Últimos Dias da Lei. Portanto, quando nos levantamos com seriedade e lutamos pela ampla propagação da eterna Lei Mística, sentimos a eternidade do tempo sem começo a cada momento. Toda sensei sempre considerou a propagação da Lei Mística como sua responsabilidade pessoal, prometendo concretizá-la sem depender de ninguém. E orava para que os jovens se levantassem com o mesmo espírito de fé. Certa ocasião em que havia aproximadamente vinte jovens reunidos, ele bradou de repente com uma voz vigorosa: “Eu realizarei o kosen-rufu!” E fez então com que cada um repetisse as mesmas palavras. Um após outro exclamou com veemência: “Eu realizarei o kosen- rufu!” Alguns falaram com uma voz fraca e insegura. Alguns ficaram confusos. E outros abandonaram a fé tempos depois. O único desejo de Toda sensei era que os jovens se levantassem com a mesma determinação dele. Essa era sua rigorosa benevolência. Sinto o mesmo pelos membros da Divisão dos Jovens.
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