marcar-conteudoAcessibilidade
Tamanho do texto: A+ | A-
Contraste
Cile Logotipo
Conheça o Budismo

Leveza e Liberdade

A visão budista sobre o carma

download do ícone
ícone de compartilhamento

02/02/2019

Leveza e Liberdade

Carma pesado é coisa do passado

Passamos anos da nossa vida refletindo sobre as causas do nosso sofrimento. Em diversas religiões e filosofias de vida a resposta para essa questão está no carma. Mas será que é isso mesmo? O que é carma? Ele é mutável? Essas são somente algumas dúvidas que surgem quando falamos deste assunto. O Conheça o Budismo desta edição traz uma reflexão sobre o tema e pretende que, ao final da leitura, você reconfigure a sua visão e perceba que a vida pode ser ainda mais livre e leve.


Mas o que é carma?

A palavra “carma” (karma, do sânscrito, que socialmente indicava “força” ou “movimento”) significa “ação”, e dessa forma podemos dizer que é o resultado de ações cometidas durante determinado período, no nosso caso, de toda a nossa existência. O carma é um reflexo de tudo o que fazemos, e isso inclui não somente ações concretas, mas também tudo o que falamos e o que pensamos. Não pode ser confundido com destino, conceito que está relacionado a algo fadado a acontecer, a fatalidade e a sucessão de fatos a que a humanidade e demais “coisas” do universo estão sujeitas a vivenciar.

Outra confusão que fazemos a respeito deste assunto é que o carma é um acúmulo infinito de causas. Se fosse assim, teríamos de viver em eterna penitência sem conseguir encontrar a felicidade, o que não condiz com os ensinamentos do Budismo de Nichiren Daishonin. Todos nascemos para viver e conquistar a felicidade absoluta e o budismo praticado pela Soka Gakkai garante esse direito. Nesta matéria, veremos que sim, é possível transformar o carma.

Amenize...

Na prática budista, o ideal não é somente amenizar o carma, pois ainda assim sofreríamos com resultados parciais de nossas ações. Em diversas de suas cartas, Nichiren Daishonin alerta seus discípulos sobre questões do carma, porém, no escrito Amenização do Efeito Cármico, consta uma análise mais profunda sobre amenizar seus efeitos. Em um trecho, Nichiren diz “O Sutra do Nirvana expõe o princípio de amenizar o efeito cármico. Se uma pessoa, na presente existência, não erradicar o carma negativo acumulado desde o passado, ela experimentará o sofrimento do inferno no futuro.” (CEND, v. I, p. 207). Essa é uma visão antiga do budismo provisório exposta como comparativo por Daishonin.

O buda Shakyamuni, fundador do budismo, acreditava que naquela época (século 5 a.C.), a sociedade não estava preparada para uma visão completa e profunda sobre a filosofia budista, deixando a essência do seu ensinamento no Sutra do Lótus. Anos mais tarde, no século 13, Nichiren Daishonin, ao compreender o âmago dos ensinamentos de Shakyamuni, revelou os fundamentos do budismo, inclusive estabelecendo a recitação do Nam-myoho-renge-kyo como prática principal para manifestação do estado de buda, condição máxima dos seres humanos.

Nichiren Daishonin revelou: “No entanto, se enfrentar grandes obstáculos nesta vida [pelo Sutra do Lótus], o sofrimento do inferno se desvanecerá instantaneamente” (Ibidem). Ele quer dizer que, ao praticarmos como ele ensina e nos dedicarmos à propagação da Lei Mística para a paz e a felicidade das pessoas enfrentando todos os obstáculos, estamos fazendo a causa necessária para manifestar a força individual que por nada será abalada.

Nada de castigos

Olhando por esse viés, fica evidente que carma não é um castigo, é apenas o resultado de atos cometidos por nós próprios. É uma manifestação da lei da causalidade budista e pode ser exemplificada como uma energia lançada a algo ou a alguém que volta com a mesma intensidade com que foi emitida — positiva ou negativa, intensa ou superficial. Assim, é importante salientar que o carma pode ser positivo e não somente negativo, como se pensa comumente: ações positivas geram resultados positivos, já as ações negativas...

...e transforme o carma

O mais importante para erradicar o carma negativo é criar a consciência de que cada um é o responsável pelo seu próprio sucesso e felicidade. A pessoa que recita o Nam-myoho-renge-kyo evidencia uma elevada condição de vida (estado de buda) e passa a encarar cada fato da vida com coragem e convicção, sem se permitir ser afetada pelos acontecimentos.

Um dos maiores resultados da prática budista é manifestar essa condição vigorosa e sábia diante de tudo o que ocorre no dia a dia.

Agirmos em nosso dia a dia permeados pela energia vital oriunda da recitação do daimoku contribui para que o nosso carma negativo seja dissipado. Como estamos falando de causalidade budista, afirmamos que, segundo os ensinamentos de Nichiren Daishonin, a partir do momento que não nos permitimos entrar em desespero e enxergamos a dificuldade como oportunidade de comprovar a veracidade da prática budista, fazemos a causa para a vitória e toda a causa negativa criada em nossa existência se desvanece.

Sol que brilha dissipando as nuvens

É como se os nossos problemas fossem nuvens negras pairando sobre a nossa cabeça e, de tão pesadas, consomem nossa energia vital. Ao basear­mos a vida na recitação convicta do gongyo e do daimoku, ensinando aos outros sobre o budismo, corajosamente determinados a superar as dificuldades, manifestamos o nosso mais puro e nobre estado de vida, o estado de buda, tão brilhante quanto o sol.

O resultado disso é que essas nuvens desaparecem por completo dando espaço para dias iluminados e radiantes.

O que importa é o agora

Ao estudar o Budismo de Nichiren Daishonin, em algum momento nos deparamos com os conceitos de “o que importa é o coração” e “o mais importante é o agora” (niji, neste momento); dessa forma, reforçamos que o mais importante é renovarmos a decisão de não sermos afetados pelos efeitos de causas passadas.

Mas, ao se falar de carma, outra questão frequente é sobre como ficam os efeitos das causas feitas no passado? A resposta é que até essas causas negativas do passado podem ser transformadas em algo positivo! Como? Precisamos manifestar sabedoria e analisar tais efeitos como causadores da nossa revolução humana, pois são também muitas dessas causas que nos impulsionam a praticar o budismo e a buscar a felicidade. Dessa maneira, conseguiremos transformar até o passado outrora negativo em algo positivo.

Conclusão

Aprendemos que o carma é o resultado de todas as nossas ações. Que ele pode ser positivo ou negativo – e ainda, mesmo negativo, se visto como trampolim para a felicidade, passa a ser um carma positivo. Compreendemos também que o carma é amenizável, mas o mais importante é eliminá-lo definitivamente. Entendemos que a determinação convicta de se desprender das amarras do carma, aliada a uma ação honesta e à sincera prática budista, gera a sabedoria e energia vital necessárias para uma vitória definitiva.

Sendo assim, convidamos a todos a manifestar o máximo potencial do seu estado de buda evitando cometer causas negativas, valorizando ao máximo o seu coração e o de todos os que estão ligados à nossa existência.

Compartilhar nas