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A Lei que rege a vida

O Nam-myoho-renge-kyo é a Lei para a qual Nichiren Daishonin despertou e que soluciona fundamentalmente os problemas de sofrimento das pessoas.

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Redação

12/01/2023

A Lei que rege a vida

Shakyamuni, fundador do budismo, nasceu como um príncipe na Índia antiga. Renunciando a esse modo de vida, ele fez do sofrimento de outras pessoas o próprio sofrimento e buscou uma solução. Como resultado, despertou para a verdade de que a eterna Lei fundamen­tal que permeia o universo e a vida existia no interior da própria vida. Dessa forma, passou a ser conhecido como Buda ou “aquele que despertou”. Com sabedoria e compaixão, ele expôs inúmeros ensinamentos, os quais foram compilados, mais tarde, como sutras budistas. Dentre eles, destaca-se o Sutra do Lótus, que revela a verdade da iluminação do Buda.

Nichiren Daishonin elucida que a Lei fundamental para a qual Shakyamuni despertou e que possibilita a transformação do sofrimento de todas as pessoas pela raiz, conduzindo-as ao caminho da felicidade, é o Nam-myoho-renge-kyo.


Lei fundamental para atingir o estado de buda

Buda é aquele que personificou a Lei fundamental na própria vida, enfrentou e venceu todas as formas de adversidades e consolidou uma condição de felicidade absoluta inabalável. Ele também percebeu que essa Lei transcende a vida e a morte, sendo algo indestrutível que jamais se perde. O Nam-myoho-renge-kyo também é a lei eterna que permeia as “três existências” — passado, presente e futuro.



Profundo significado

No próprio nome, Nam-myoho-renge-kyo, podemos observar o profundo significado da Lei fundamental.

Myoho-renge-kyo corresponde ao nome completo do título do Sutra do Lótus em japonês [literalmente, Sutra do Lótus da Lei Maravilhosa (ou Mística)]. Por ser difícil de compreender, a Lei revelada no Sutra do Lótus é chamada Lei Mística (myoho).

A metáfora usada para compreendermos as características da Lei Mística é o lótus (renge).

Para exemplificar, mesmo crescendo num lamaçal, o lótus não se macula e produz uma flor pura com agradável fragrância. Essa é uma analogia aos seguidores e praticantes da Lei Mística que auxiliam e orientam as outras pessoas, com mente e ação puras, em meio ao mundo real mergulhado em sofrimentos e angústias.

A flor de lótus possui outra característica, pois, diferentemente de outras plantas, traz no interior das pétalas o seu fruto (pedestal do lótus), desde o início. Assim, pétalas e frutos (sementes) crescem simultaneamente, e, mesmo após o desabrochar das flores e o surgimento dos frutos, as pétalas permanecem. A flor (causa) e o fruto (efeito) germinam ao mesmo tempo e ilustram a simultaneidade de causa e efeito.

Esse princípio ensina que, mesmo no estágio no qual uma pessoa não conseguiu manifestar a condição de buda (estado de buda), esta é inerente à sua vida, apesar de não ser visível, e que atingir o estado de buda não significa deixar a condição de mortal comum.

Dessa forma, a flor de lótus é uma metáfora usada para explicar a característica da Lei Mística.


Coração do Buda

A Lei Mística elucida a verdade eterna e, portanto, é respeitada e seguida como kyo (sutra ou ensinamento do Buda).

Nam (ou namu) é a reprodução fonética dos ideogramas em chinês da palavra original em sânscrito namas que significa “curvar-se” ou “reverenciar”. O termo foi traduzido a partir do significado dos ideogramas em chinês — “devotar a própria vida” (kimyo). Possui o sentido de devotar-se de corpo e mente à Lei, pondo os ensinamentos em prática e incorporando-os com todo o seu ser.

O Nam-myoho-renge-kyo é a cristalização da postura de compaixão e sabedoria de buda que deseja conduzir todas as pessoas à iluminação, ou seja, é o próprio coração do Buda.


A condição de vida do buda Nichiren Daishonin

Apesar de o Sutra do Lótus revelar a existência da Lei fundamental do universo, ele não indicou especificamente do que se tratava nem a sua denominação.

Foi Nichiren Daishonin quem despertou para a verdade de que essa Lei fundamental revelada no Sutra do Lótus existia no interior da própria vida e esclareceu que ela era o Nam-myoho-renge-kyo.

Em outras palavras, o Nam-myoho-renge-kyo não é simplesmente o resultado da junção de Nam ao título do sutra Myoho-renge-kyo, mas, na realidade, trata-se do nome da própria Lei.

Por meio da revelação da Lei como Nam-myoho-renge-kyo, Daishonin abriu o caminho para libertar, pela raiz, as pessoas que sofrem e se iludem por desconhecer a verdadeira natureza de sua vida. E, assim, capacitou-as a edificar uma felicidade inabalável. É por esse motivo que louvamos Nichiren Daishonin como o Buda dos Últimos Dias da Lei cujo propósito era a felicidade de todas as pessoas deste período, uma era de conflitos, repleta de sofrimentos.


Os mortais comuns são originalmente a própria Lei Mística

De acordo com o Budismo de Nichiren Daishonin, originalmente cada pessoa é o próprio Nam-myoho-renge-kyo. Entretanto, por não terem a percepção dessa verdade da vida, as pessoas comuns não conseguem extrair a força e as funções desta Lei fundamental existente em seu interior.

Buda é um estado de percepção dessa verdade e, mortal comum, o de ilusão e de descrença dela. Portanto, no momento em que acreditamos, de fato, no Nam-myoho-renge-kyo e o pomos em prática, manifestamos a força e as funções da Lei Mística em nossa vida.



Objeto de devoção para a prática budista

Nichiren Daishonin representou a própria iluminação e seu estado de buda na forma de mandala, o Gohonzon. Daishonin fez do Gohonzon o objeto de devoção para nossa prática como mortais comuns, visando atingir o estado de buda, personificando o Nam-myoho-renge-kyo em nossa própria vida, da mesma forma que ele. E escreveu:

Jamais busque este Gohonzon [objeto de devoção] fora de si mesma. O Gohonzon existe apenas dentro do corpo de pessoas como nós, mortais comuns, que abraçam o Sutra do Lótus e recitam Nam-myoho-renge-kyo”.2


O importante é reverenciarmos o Nam-myoho-renge-kyo, a vida do Buda e a Lei fundamental incorporadas ao Gohonzon, acreditando e aceitando que este se encontra inerente à nossa própria vida, podendo manifestá-lo para evidenciar nosso estado de buda.

A seguinte passagem consta em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente:


A grande alegria [é a que uma pessoa] experimenta quando entende pela primeira vez que desde o início é um buda. O Nam-myoho-renge-kyo é a maior de todas as alegrias.3


Quando percebemos que somos originalmente um buda e o próprio Nam-myoho-renge-kyo, manifestamos a imensurável e formidável boa sorte na vida. Não há alegria maior do que essa.

Ao triunfarmos sobre inúmeras dificuldades com base na Lei Mística, entramos na órbita da felicidade indestrutível e adornamos esta existência com a maior das alegrias.

Fonte:

Os Fundamentos do Budismo Nichiren para a Nova Era do Kosen-rufu Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2016. p. 78

Notas:

1. Brasil Seikyo, ed. 1.586, 1o jan. 2001, p. 4.

2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 92, 2019.

3. The Record of the Orally Transmitted Teachings (Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente). Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 211-212.

Ilustração: GETTY IMAGES

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