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BS
Tudo começa com a mudança no coração
Redação
09/02/2023
Todas as pessoas podem manifestar o estado de buda por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo e atingir uma condição de vida de felicidade absoluta
“Simultaneidade de causa e efeito” (inga guji, em japonês) é uma expressão que retrata uma das maravilhas da Lei Mística. A “causa”, mencionada nesse contexto, refere-se ao exercício budista para atingir o estado de buda e à vida nos nove mundos1 que desenvolve tal prática. O “efeito” corresponde aos benefícios que podem ser conquistados por meio dos exercícios budistas, e é também a condição do estado de buda, ou a vida do mundo dos budas.
Todos os sutras, exceto o Sutra do Lótus, elucidavam que o estado de buda só podia ser alcançado ao final de incontáveis kalpa de exercícios budistas, e as pessoas nasciam e renasciam inúmeras vezes, extinguindo os sofrimentos originados pelos maus atos cometidos e suas retribuições a cada existência, além de acumularem a boa sorte para finalmente atingir o estado de buda. Nesse conceito, a causa gera o efeito em momentos distintos, e constitui a “não simultaneidade de causa e efeito”.
“Simultaneidade dos nove mundos e do estado de buda”
Em contrapartida, o Sutra do Lótus prega que a magnífica condição de buda é originalmente inerente à vida de todo e qualquer ser vivo, e revela que todas as formas de vida possuem simultaneamente a “causa”, que são os nove mundos, e o “efeito”, que é o mundo dos budas, elucidando o princípio de “simultaneidade de causa e efeito”. Portanto, sob esse ponto de vista, pode-se dizer que os princípios da “simultaneidade de causa e efeito” e da “possessão mútua dos dez mundos” são equivalentes. Como a causa e o efeito estão inerentes em cada instante da vida, denomina-se também de “causa e efeito num único momento da vida”.
A lei de simultaneidade de causa e efeito revelada no Sutra do Lótus é representada pela flor de lótus (renge). Desde que se transforma em um pequeno botão, a flor de lótus já possui em seu interior o receptáculo que será o fruto. Para uma grande parte das plantas, a flor, que é a causa, desabrocha antes e suas pétalas caem para que o fruto surja. Mas, no caso da flor de lótus, as pétalas e o fruto se desenvolvem simultaneamente.
Da mesma forma, do ponto de vista da verdade revelada pelo Sutra do Lótus, todos os seres vivos possuem dentro de si tanto a causa dos nove mundos como o efeito do estado de buda. Isso elucida a capacidade de se manifestar diretamente o estado de buda sem deixar de lado os nove mundos.
Atingir o estado de buda na forma que se apresenta
O princípio da “simultaneidade de causa e efeito” elucida a possibilidade de as pessoas atingirem o estado de buda, a qualquer momento e em qualquer lugar, na forma que se apresentam. A chave para atingir o estado de buda encontra-se no ato de acreditar na Lei Mística, a qual revela que todas as pessoas possuem a condição de sabedoria de buda, ou o estado de buda, em sua vida e de efetuar diligentes esforços para alcançar essa condição. Em termos concretos, significa crer no Gohonzon — a Lei Mística da simultaneidade de causa e efeito inscrita na forma de objeto de devoção por Nichiren Daishonin —, recitar Nam-myoho-renge-kyo e propagar esse ensinamento às demais pessoas.
O coração se reflete no comportamento e abre a condição de vida
“Simultaneidade de causa e efeito” também é uma expressão que pode ser usada para se referir à causa e ao efeito que ocorrem em determinado momento. Por exemplo, analisando a causalidade no mundo do inferno, que é a condição de raiva, na ação de falar mal de outra pessoa imbuído de raiva, a raiva é a causa, e o ato de falar mal, o efeito. Já em relação à causalidade no estado de buda, que é a condição de iluminação do Buda, pode-se associar a causa e o efeito à prática da recitação do daimoku. Nessa prática, por se acreditar na Lei para a qual o Buda despertou, recita-se Nam-myoho-renge-kyo com a boca. Assim, o ato de “acreditar” se refere à causa e o de “recitar com a boca” ao efeito. Essa causa e esse efeito ocorrem no mesmo momento, representando, portanto, a simultaneidade de causa e efeito. Se o coração se move, o corpo também se move em unicidade. O coração não é visível, mas ele se manifesta de forma perceptível no comportamento do corpo. Se o coração se definir, assim fará o corpo, abrindo prontamente a condição de vida.
Fonte:
Os Fundamentos do Budismo Nichiren para a Nova Era do Kosen-rufu Mundial. v. 2. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2017. 63 p.
Notas:
1. Os “dez mundos” podem ser interpretados como estados de vida potenciais existentes em cada ser, ou seja, dez condições ou estados de vida que toda pessoa pode manifestar ou experimentar a qualquer momento. São eles: (1) mundo do inferno; (2) mundo dos espíritos famintos; (3) mundo dos animais; (4) mundo dos asura; (5) mundo dos seres humanos; (6) mundo dos seres celestiais; (7) mundo dos ouvintes da voz; (8) mundo dos que despertaram para a causa; (9) mundo dos bodisatvas; e (10) mundo dos budas. Os “nove mundos” correspondem a todos exceto o mundo dos budas.
2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 188, 2019.
3. Brasil Seikyo, ed. 1.369, 1o jun. 1996, p. 3.
Ilustração: GETTY IMAGES
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