Entrevista
RD
Escrita amiga
Entrevista com a Estudante Júlia Grassi, medalhista na 6a Olimpíada de Língua Portuguesa
Redação
17/11/2021
Perfil
● Júlia Grassi
● 14 anos
● Mora em Presidente Prudente (SP)
Foi com uma redação sobre a infância da avó que Júlia tocou corações e conquistou a medalha de bronze na Olimpíada de Língua Portuguesa, edição 2019. O feito rendeu-lhe uma homenagem da Câmara Municipal de Presidente Prudente
Pode contar um pouco sobre você?
Estou no 8o ano do ensino fundamental, faço curso de espanhol e uso meu tempo livre para ler, ouvir música e assistir aos vídeos da área de criminologia, pois meu objetivo é me tornar delegada da Polícia Federal.
Nasci numa família budista e, desde pequena, recito gongyo e daimoku de manhã e à noite na companhia dos meus pais e do meu irmão e participo das reuniões da organização. Cresci sabendo da importância dessa prática para a minha vida e que tudo pode mudar para melhor a partir do meu sincero sentimento dedicado ao kosen-rufu.
Como ficou sabendo da Olimpíada de Língua Portuguesa?
Ela ocorre a cada dois anos, porém, em 2018, não aconteceu e foi transferida para 2019, quando entrei no 6o ano e já podia participar no gênero memórias literárias. Fiquei sabendo do evento pela minha professora de língua portuguesa, que começou a estudar com a turma essa categoria literária.
Você sempre gostou de escrever?
Sempre gostei de ler, mas a escrita não era muito a minha área. Depois de receber o incentivo para participar da olimpíada, minha visão mudou. Agora, escrever se tornou um dos meus refúgios, pois me ajuda a desabafar. A escrita é como uma amiga.
(Foto da esq.) Júlia com o irmão Gustavo. (Foto da dir.) Com os pais, Orlando e Zilda (maio 2021)
Como funcionou a olimpíada?
A primeira etapa aconteceu dentro da escola: os alunos produziram os textos e os professores de língua portuguesa decidiram qual deles iria representar o colégio. A segunda etapa aconteceu em nível municipal e só então passou-se à fase estadual, momento em que as elaborações literárias competem para representar o estado na semifinal. A próxima é a fase regional, na qual ganhei a medalha de bronze. Para passar para a etapa nacional, é preciso ganhar pelo menos a medalha de prata. Por fim, para a grande final, avançaram seis estudantes.
Conquistar a medalha de bronze foi um feito inédito para a região do meu município. Senti um misto de emoções. Fiquei muito feliz por ter recebido uma medalha para poder lembrar desse momento. Não tinha esperança de chegar tão longe. Foi uma surpresa para mim!
Poderia compartilhar o que escreveu no texto campeão? Quais foram as dificuldades para redigi-lo?
O processo de criação começou com uma entrevista com a minha avó paterna. Fiz algumas perguntas a ela e produzi o texto. O assunto foi sobre a infância dela e as diferenças entre o tempo que ela viveu e o de hoje. Eu fiz o texto em pouco tempo, pois tinha várias informações, entretanto, a maior dificuldade foi incorporar emoção e fazer parecer que era a minha avó quem estava contando. Foi a estratégia que usei para passar veracidade.
Qual a parte mais legal de escrever? E a mais desafiadora?
A que eu mais gosto é a possibilidade de ser uma pessoa na escrita totalmente diferente da que eu sou, podendo assumir vários papéis, ser quem eu quiser. A parte mais desafiadora é moldar o texto para que fique de acordo com o meu gosto, trocando palavras aqui e ali, a chamada revisão.
Ficamos sabendo que você recebeu uma homenagem da Câmara Municipal de Presidente Prudente. Pode nos contar como foi?
A vereadora que teve essa ideia era diretora na minha escola quando ganhei a medalha. Mesmo que tenha sido um feito importante na época, não houve relevância por parte da mídia, por isso, a fim de incentivar os jovens e os professores, foi concedida essa congratulação da Câmara Municipal. Isso me encorajou, pois fiquei muito admirada que a vereadora Joana d’Arc tenha dedicado seu tempo para essa homenagem.
(da esq. para dir.) Júlia, a vereadora Joana d'Arc e a professora Sandra na entrega da homenagem da Câmara Municipal (set. 2021)
Qual dica daria para quem quer participar de uma olimpíada?
Focar em seus objetivos, alegrar-se com as pequenas conquistas, nunca desistir e sempre procurar novas alternativas para superar os obstáculos. Quando um resultado não for muito bom, pense que haverá outros momentos para se capacitar e melhorar. Conhecimento e experiência nunca são demais. É muito importante também orar ao Gohonzon com a firme determinação de que conseguirá manifestar sabedoria ao tomar suas decisões e, assim, fortalecer a sua convicção.
Fico muito inspirada ao ver a confiança que nosso mestre deposita nos jovens; isso me norteia a me esforçar na prática da fé.
Fotos: Arquivo pessoal
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