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Na prática

Budista 24 horas por dia

Ações imbuídas de fé impactam o mundo

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12/10/2018

Budista 24 horas por dia
Assim como no exemplo da câmera fotográfica, não faz sentido estudar o budismo e manter o Gohonzon sem tomar ações em coerência com o que se aprende, e esperar desfrutar os benefícios da filosofia. Estudar o budismo e participar das atividades da Soka Gakkai representam o conhecimento teórico. É por meio dessas experiências que aprendemos sobre os princípios básicos e os benefícios da prática. Manter o Gohonzon em casa representa ter a “melhor câmera”. É o objeto de devoção que usamos como espelho para polir nossa própria vida quando fazemos nossas orações. Assim, se recitarmos gongyo e daimoku, e com ações diárias nos tornarmos cidadãos exemplares no local em que estamos, usufruiremos verdadeiros benefícios desta filosofia. Entrar em ação com os princípios que o budismo nos ensina representa “clicar a foto”; e apreciar a beleza da imagem representa comprovar os benefícios.

Neste mês, vamos aprender como transformar empatia em ação praticando o budismo 24 horas por dia, e como isso pode mudar a vida.

Budismo — revolução social que começa de dentro para fora

O ambiente era extremamente perigoso. Roubos, brigas e derramamento de sangue eram frequentes. Havia barracas de jogos de azar e fábricas clandestinas de bebidas alcoólicas. Viciados em drogas e alcoólatras arrastavam-se entre os barracos. A polícia não conseguia prender os suspeitos que se refugiavam na favela. Os moradores da vizinhança chegavam a proibir suas crianças de entrar nesse antro sem lei.1

A descrição acima se parece com algum bairro que você conheça? Quando vemos o Japão hoje, país pacífico e símbolo de desenvolvimento tecnológico, não imaginamos que a descrição se refira a uma comunidade japonesa. No entanto, nesse trecho do romance Nova Revolução Humana, Ikeda sensei começa a descrever a transformação de uma favela que surgiu após o término da Segunda Guerra Mundial chamada Dokan.

Nesse ambiente, começaram a surgir membros da Soka Gakkai e a propagação se intensificou. Sensei relatou no romance:

[Os que entraram para a Soka Gakkai no Dokan] começaram a demonstrar mudanças em suas amarguradas fisionomias, tornando-se mais alegres e radiantes com a comprovação dos benefícios da prática budista na vida diária. Vendo esses resultados com seus próprios olhos, os moradores começaram a ouvir e a aceitar com sinceridade as explicações sobre o budismo.2

Cinco anos após o início do movimento de propagação do budismo na localidade, que teve como base a ação das pessoas comuns do povo, mais da metade dos moradores do Dokan já integrava a Soka Gakkai. Eles saíam animados para o trabalho e à noite muitas casas se tornavam locais para as reuniões de palestra. A mudança na vida das pessoas que viviam na região foi tão grande que, anos depois, o espaço já não abrigava mais famílias em situação de miséria. A favela simplesmente deixou de existir e o ambiente foi totalmente revitalizado.

Felicidade que contagia

Ao ler a história que o presidente Ikeda descreve na Nova Revolução Humana sobre a favela, é impossível não relacionar com a realidade que muitas localidades enfrentam no nosso país. Em meio a problemas sociais similares, como os moradores do Dokan conseguiram realizar uma mudança tão profunda?

No início, houve uma integrante da Divisão Feminina da Soka Gakkai que fez amizade com uma moradora do Dokan. Ao conhecer a realidade em que ela e sua família viviam, não conseguiu conter o desejo de conduzir as pessoas daquela comunidade à prática do budismo, para que enxergassem o potencial de cada um em desfrutar uma vida vitoriosa e feliz. No entanto, ela encontrava muita resistência. Os habitantes da região já não tinham mais esperança e acreditavam que nada poderia tirá-los daquela condição de sofrimento. Porém, a empatia que aquela integrante da Divisão Feminina sentia por essas pessoas era tão forte e sincera, que ela não desistiu e aos poucos conseguiu trazer algumas delas para a prática da fé.

Ao participar das atividades da Soka Gakkai e recitar daimoku, aquelas pessoas aprenderam a maneira mais elevada de viver, resgataram a esperança e renovaram a disposição para enfrentar cada desafio. Essa revigorada energia que brotava de cada um era traduzida em ação. Os vizinhos começaram a observar a mudança das famílias que praticavam. Como consequência, eles se abriam para experimentar a prática do budismo e naturalmente se converteram. Foi uma onda de otimismo e encorajamento que contagiou a todos nos arredores.

Com o passar do tempo, ao caminhar pelas ruas do Dokan pela manhã era possível ouvir as famílias recitarem gongyo em seus lares e ver as pessoas saírem animadas para trabalhar. No dia a dia, os praticantes da localidade conquistavam a confiança das pessoas no ambiente de trabalho, venciam as questões de saúde e vícios. O número de crianças matriculadas nas escolas aumentou, e o índice de delitos registrado pela polícia teve queda impressionante.

Ikeda sensei ainda narra:

No Dokan moravam pessoas sem documentos, delinquentes condenados, deficientes físicos e inclusive ex-policiais. Essas condições individuais não eram motivo para discriminação. Ao contrário, por todos terem passado por amargas experiên­cias, criaram em torno dos integrantes da Soka Gakkai uma comunidade solidária e humana envolvendo todos os moradores do lugar.3

O que é ser budista?

Há no imaginário de muitas pes­soas que, para seguir a filosofia budista, é necessário abandonar os desejos mundanos, evitar determinados alimentos e viver em retiro espiritual. No entanto, os membros da Soka Gakkai aprendem que é justamente em meio às questões do cotidiano que conseguem aplicar o budismo na vida. Portanto, não é preciso abandonar a vida mundana. As pessoas são capazes de atingir a iluminação na forma como se apresentam.

O presidente Ikeda afirma: “Uma vida longa não é necessariamente boa. O que importa é o que deixamos para trás, que tipo de valor criamos, e quantas pessoas ajudamos a se tornar felizes”.4

Fazer parte da Soka Gakkai, e pôr seus princípios em prática, é agir de uma maneira que possa inspirar outras pessoas a também ultrapassar os desafios que o drama da vida lhes apresente, e conduzi-las ao caminho da felicidade. É ser verdadeiro e autêntico em sua fé a todo instante. Isso evidenciará os valores do humanismo em seu coração e nas pessoas ao seu redor.

O que tornou possível a transformação definitiva do Dokan, por exemplo, foi a postura individual de cada morador que vivia 24 horas por dia com base nos ensinamentos que aprendiam na Soka Gakkai. Mantinham sua vida com honestidade e esforço, renovando a esperança, fortalecendo o coração por meio da prática do daimoku e inspirando as pessoas à sua volta concretizando o shakubuku. Ser budista é ter um estilo de vida que mantém o espírito elevado de não desistir até conquistar a vitória no final.

Conduzir as pessoas à felicidade

Ao orientar seu discípulo Shijo Kingo, Nichiren Daishonin lhe solicita: “Viva de maneira que todas as pessoas de Kamakura o elogiem”.5 Dessa forma, Daishonin não espera que seu discípulo valorize os elogios e seja engrandecido por eles, mas tenha uma postura elevada diante das dificuldades e seja digno de admiração.

Ter fé no budismo requer construir uma existência coerente com os ideais humanísticos da Soka Gakkai, a partir das ações de uma única pessoa, e transformar seus sofrimentos em empatia.

Essa em ação mudará seu lar, sua vizinhança, enfim, toda a sociedade. O budismo não é uma filosofia que existe apenas no plano das ideias. É uma prática que conduz as pessoas a desenvolver seres humanos de valor. Esse é o resultado da luta pelo shakubuku empreendida em meio às pessoas comuns.

A base dos ensinamentos da Soka Gakkai é reconhecer que não apenas você, mas todas as pessoas ao seu redor têm o potencial de atingir o estado de buda. Viver em coerência com esse princípio 24 horas por dia resulta na criação de uma comunidade solidária e humana.

Paz construída pelos jovens na baía de Hakata

A baía de Hakata, onde existia o Dokan, foi revitalizada. Mais tarde, foi construído o estádio Fukuoka Dome, que serviu de palco para o Festival Musical de Jovens da Ásia pela Paz em 23 de novembro de 1994.

O presidente Ikeda esteve presente e o evento reuniu 50 mil participantes, locais e estrangeiros. Entre o elenco das apresentações havia músicos de oito nações. Ao final, todos os jovens entoaram a canção Ode à Alegria de Beethoven, formando um enorme coral de 50 mil vozes. A apresentação se tornou símbolo do clamor e do juramento daqueles jovens para a construir uma nova era de paz em todo o mundo.

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