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Na prática

Vença a doença combatendo o mal pela raiz

O budismo nasceu a partir do desejo do buda Shakyamuni em entender o motivo de os seres vivos passarem por sofrimentos e sua busca por um caminho que lhes permitia superá-los. Ao observar as pessoas à sua volta, chegou à conclusão de que, dentre outros sofrimentos, invariavelmente os seres vivos adoecem. A forma como deseja enfrentar esse sofrimento é uma escolha de cada um. Há pessoas que negligenciam e ignoram sintomas de doenças, outras que os enfrentam com indomável decisão de vencer. Tiantai, grande mestre chinês budista, sugere seis diferentes causas da doença que podem ser traduzidas para os tempos atuais da seguinte forma:1 1. Incapacidade de adaptação às mudanças no ambiente externo. 2. Hábitos alimentares inadequados. 3. Influência de bactérias, vírus ou estresse psicológico. 4. Distúrbios no ritmo da vida. 5. Instintos ou desejos caóticos inerentes à natureza humana. 6. Carma. Na seção Na prática desta edição, vamos explicar cada uma dessas causas, e ainda apresentar uma visão budista sobre como enfrentar e vencer o desafio da doença. Para compreender as seis causas da doença, vamos analisá-las em três partes: a primeira composta por causas externas; a segunda, causas internas; e a terceira, o carma.

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09/02/2019

Vença a doença combatendo o mal pela raiz
Causas externas

A “incapacidade de adaptação às mudanças no ambiente externo”, os “hábitos alimentares inadequados” e a “influência de bactérias, vírus e estresse psicológico” são causas de doenças que dependem de fatores externos. A primeira, “incapacidade de adaptação às mudanças no ambiente externo”, representa aquelas doenças que nos acometem quando passamos por mudanças drásticas de clima, por exemplo. Já reparou que, quando a temperatura ambiente cai repentinamente, ou quando a umidade do ar muda, muitas pessoas adoecem? É exatamente sobre esse fenômeno que esse ponto se refere (veja quadro nesta página).

Já a segunda, “hábitos alimentares inadequados”, é um ponto que devemos buscar equilíbrio, pois, tanto excessos quanto restrições extremas na alimentação, sem acompanhamento de um profissional, podem ser extremamente prejudiciais.

Os alimentos são utilizados pelo nosso organismo para realizar o metabolismo, ajudar na manutenção e no crescimento dos tecidos, além de fornecer energia. Vale destacar, no entanto, que as funções desempenhadas por dado alimento dependem dos nutrientes que ele possui.

Para uma orientação adequada em cada situação, é importante consultar um nutricionista, porém, sabe-se que uma alimentação saudável segue a pirâmide nutricional, conforme figura acima.2

A “influência de bactérias, vírus e estresse psicológico” são fatores que agem de forma silenciosa. Casos provocados por microrganismos podem ser prevenidos com medidas de higiene pessoal. Mas, uma vez que tenha algum sintoma diferente, é necessário procurar um médico.

Causas internas

Os itens seguintes da lista de seis causas da doença — “distúrbios no ritmo da vida” e “instintos ou desejos caóticos inerentes à natureza humana” — estão diretamente ligados à saúde emocional e psicológica das pessoas. Os “distúrbios no ritmo da vida”, conforme explicação de Ikeda sensei,3 referem-se à falta de sono e de exercícios. Se mantiver uma vida sedentária e com sono desequilibrado (ver ao lado), seu organismo fica cada vez mais suscetível a doenças.

“Instintos ou desejos caóticos inerentes à natureza humana”, ou ilusões, desequilibram as funções da mente e do corpo. O budismo explica que essas são as principais causas de doenças mentais (veja nesta página). Isso acontece quando “vestimos” a realidade com projeções que nossa mente cria. Na psicologia, projeção é um mecanismo de defesa em que o indivíduo atribui a outras pessoas seus próprios pensamentos e emoções, passando a acreditar nessa nova realidade, que muitas vezes é ilusória.

Nesse contexto, qual é então o papel da prática da fé? Independentemente se a causa da doença vem de fatores externos ou internos, o mais importante é a maneira como o indivíduo se comporta quando ela se manifesta. Recitar daimoku dota a pessoa de sabedoria no dia a dia. Além disso, nos auxilia a fortalecer nossa saúde. “A determinação de não pegar um resfriado — advinda da dimensão mental e espiritual — estimula os nervos (...) e aumenta a resistência contra a doença”,4 afirma o presidente Ikeda. Tudo em nossa vida responde à altura da nossa determinação. É como se tivéssemos um exército com milhares de soldados aguardando o comando decidido de seu general.

A prática budista consiste em oração e ação. Quando enfrentar uma doença, procure bons médicos para obter um bom tratamento. A todo instante, recite Nam-myoho-renge-kyo.

Combata a doença com o ímpeto de um leão

O último ponto sugerido por Tiantai, o “carma”, é o que torna a visão do budismo sobre a doença única e surpreendentemente motivadora. A seguir, vamos entender como.

Durante muito tempo, acreditava-se que o carma fosse algo imutável. No entanto, Nichiren Daishonin negou essa teoria e explicou que todas as pessoas, sem exceção, são capazes de transformar o próprio carma e atingir a iluminação ao abraçarem a Lei Mística. Independentemente das causas fisiológicas da doença, se passamos por essa situação, é porque faz parte do nosso carma. Ou seja, é resultado de pensamentos, palavras e ações que manifestamos no passado. Contudo, o carma de doença não precisa ser visto de maneira negativa.

A prática do daimoku leva o indivíduo a atingir o estado de buda. A sabedoria advinda dessa condição alcançada internamente muda sua percepção sobre a situação em que se encontra. Ele passa a enxergar as dificuldades como oportunidades para seu crescimento, transformando o carma em missão. Assim, a pessoa se torna dotada de grande força interior, como o “ímpeto de um leão no ataque”. Tudo muda quando se adota uma maneira elevada de enxergar a vida.

A vida é o tesouro mais valioso que possuímos, pois é por meio dela que podemos conduzir as pessoas à iluminação com base na prática da fé. Portanto, um budista enxerga a doença não apenas como desafio para manter a própria saúde, mas uma oportunidade para dedicar a vida, com seu exemplo de superação, em prol da felicidade de outras pessoas que estão sofrendo.

Nichiren Daishonin afirma:

"Dizem que o rei leão avança três passos e recua um para concentrar toda a sua força e atacar; e emprega a mesma força tanto para agarrar uma minúscula formiga como para atacar um feroz animal."5

Seja para enfrentar uma gripe, ou algo mais grave, o praticante budista adota a mesma postura do leão. Empenha-se com seriedade para vencer o desafio, a fim de cumprir sua missão.

O presidente Ikeda também afirma: “O ‘coração do rei leão’ representa a máxima coragem. É também a energia vital fundamental que se manifesta naqueles que reúnem essa coragem”.6 Não existe fonte maior de energia vital do que recitar o daimoku.

Transformar a doença em missão

A prática budista deve se basear no bom senso. Mantenha-se sempre firme na recitação do Nam-myoho-renge-kyo diante do Gohonzon, mas não negligencie também os pontos referentes a alimentação, sono, equilíbrio mental e doenças infecciosas. Se surgir um grande desafio nesse assunto, realize o tratamento com altivez e firme prática da fé.

Quando recitamos daimoku, estamos assumindo o protagonismo da nossa vida. Isso porque a determinação da vitória é ponto fundamental para superar o desafio, seja qual for. Do ponto de vista do budismo, vitória na saúde não quer dizer ausência de doença, significa não deixar se abalar por ela. E só é possível quando damos um profundo significado ao desafio que enfrentamos. Fazer a causa para a transformação cármica é o caminho direto para combater pela raiz o mal que nos causa sofrimentos.

Certamente, enfrentar a doença não é tarefa fácil. No entanto, quando ela surgir, muna-se de coragem por saber que esta é mais uma oportunidade para manifestar o “espírito do rei leão” em sua vida. O presidente Ikeda nos incentiva com a seguinte frase: “As cerejeiras florescem com tanta beleza porque resistem ao extremo rigor do inverno. O mesmo se aplica à vida humana. A vida é uma sucessão de mudanças. É preciso travar uma luta incessante”.7

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