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A prática da fé da Soka Gakkai é a porta de acesso a imensuráveis benefícios e boa sorte

[17] “Fé, prática e estudo”: princípio fundamental do Budismo Nichiren Parte 1 [de 3]

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17/08/2019

A prática da fé da Soka Gakkai é a porta de acesso a imensuráveis benefícios e boa sorte

Explanação

No dia 20 de abril de 1951, em meio à confusão e ao tumulto da sociedade japonesa do pós-guerra, foi publicada a significativa primeira edição do Seikyo Shimbun, o jornal da Soka Gakkai. Hoje, decorridos mais de 65 anos e 19 mil edições, o veículo continua transmitindo esperança e coragem aos seus leitores.

Meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, desejava que todas as pessoas do Japão e do mundo lessem o Seikyo Shimbun, e eu compartilho o mesmo sentimento.

A palavra escrita constitui um meio poderoso para abrir novas fronteiras para o kosen-rufu. Em particular, jamais me esquecerei da energia e da paixão que Toda sensei devotou para redigir seus textos desde a primeira edição do Seikyo Shimbun, entre eles partes do romance Revolução Humana, a serem publicadas em série no jornal, uma coluna intitulada Epigramas e outras matérias de destaque. Além disso, escreveu o artigo principal apresentado na primeira página da edição inaugural com o título O que é Convicção?.

Nessa matéria, Josei Toda declarou: “Este é realmente o tempo do kosen-rufu. Devemos ser corajosos”.1 Para agir com coragem, salientou ele, devemos possuir convicção absoluta no que estamos fazendo.

Na época, a sociedade japonesa continuava muito caótica. A Soka Gakkai possuía um pequeno número de membros e não estava consolidada na sociedade. No entanto, Toda sensei possuía uma convicção absoluta, e essa foi a razão pela qual a organização conseguiu prosseguir e alcançar um desenvolvimento extraordinário.

 

“Fé, prática e estudo” são as ações básicas da Soka Gakkai

Nesse artigo sobre convicção, Toda sensei enfatizou: “‘Fé, prática e estudo’ são um pré-requisito vital para nós, seguidores do Budismo de Nichiren Daishonin, e ensinar a Lei Mística aos outros [shakubuku] é uma condição essencial para todos os praticantes que firmaram o juramento de concretizar o kosen-rufu. Uma vez que abraçamos o Gohonzon, devemos nos lembrar de que o Buda nos confiou essa missão há incontáveis eras passadas”.2

De fato, “fé, prática e estudo” são a força propulsora do crescimento e da vitória de todos os membros da Soka Gakkai, bodisatvas da terra do “tempo sem início”. São diretrizes eternas para nossos esforços no cumprimento da missão que nos foi confiada pelo Buda.

No escrito O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos, Nichiren Daishonin registra: “Empenhe-se nos dois caminhos da prática e do estudo. Sem prática e estudo não pode haver budismo. Deve não só perseverar como também ensinar aos outros” (CEND, v. I, p. 405).

Empenhar-se na fé, na prática e no estudo e sustentar o ensinamento correto, ligados diretamente a Daishonin, têm sido a tradição da Soka Gakkai desde os primórdios
da organização. Hoje, o Budismo Nichiren pulsa vibrantemente apenas nos esforços dos membros da Soka Gakkai para propagar a Lei Mística com compaixão, alicerçados na “fé, prática e estudo”.

Neste momento em que a SGI avança a passos ainda mais largos como religião mundial, gostaria de reiterar aos nossos membros de todas as partes do globo a importância do princípio da “fé, prática e estudo”, analisando diversas passagens dos escritos de Nichiren Daishonin. Nesta oportunidade, vamos nos concentrar no primeiro dos princípios fundamentais do Budismo de Nichiren Daishonin: a “fé”.

 

Trecho do escrito 1

O Aspecto Real do Gohonzon

Este Gohonzon também se encontra só nos dois ideogramas com os quais se escreve “fé”.3 É a isto que se refere o sutra [do Lótus] quando diz que se pode “obter acesso somente por meio da fé”. [LSOC, cap. 3, p. 110].

Visto que os discípulos e mantenedores leigos de Nichiren creem no Sutra do Lótus com exclusividade — descartando honestamente os meios apropriados [cf. LSOC, cap. 2, p. 79] e não aceitando uma única estrofe dos demais sutras [cf. LSOC, cap. 3, p. 115], tal como o Sutra do Lótus ensina —, eles poderão entrar na Torre de Tesouro do Gohonzon. Que tranquilizador! Esforce-se ao máximo pelo bem de sua próxima existência. O mais importante é que, somente com a recitação do Nam-myoho-renge-kyo, a senhora poderá atingir o estado de buda. Sem dúvida, isso dependerá da força de sua fé, pois a fé é a base do budismo. (CEND, v. II, p. 92-93)

 

“Nós, da Soka Gakkai, temos fé!”

Na Reunião Nacional de Líderes da Soka Gakkai realizada em novembro de 1957, quando já se podia avistar a concretização do juramento de sua existência de alcançar 750 mil famílias, Toda sensei proclamou: “Nós, da Soka Gakkai, temos fé”.4

Muitos representantes da mídia estavam presentes na atividade. Cien-te das especulações tecidas por eles sobre a razão do desenvolvimento descomunal obtido pela Soka Gakkai, Josei Toda declarou de modo explícito e contundente que havíamos vencido por meio da fé. Seu rugido de leão ainda ressoa em meus ouvidos.

Ele poderosamente acrescentou: “A fé é primordial! Nós devemos praticar o Budismo de Nichiren Dai-shonin. Contanto que se lembrem disso, nunca se surpreenderão com o que alguém escreva ou diga a nosso respeito”.5

Fé nada mais é que ter o coração do rei leão, que nos permite superar quaisquer adversidades.

Para as pessoas de forte fé, não há nada que as atemorize. Enquanto tiverem fé, uma convicção inabalável emanará. A fé sólida assegura uma vida plena e realizada. Se persistirmos em nossa prática da fé, infalivelmente alcançaremos a felicidade e a vitória na vida.

Por meio do seu discurso na reunião nacional de líderes, Toda sensei conclamou aos membros da Soka Gakkai que se mantivessem imperturbáveis diante dos caprichos da sociedade e prontos a avançar com base na fé.

A fé é nosso alicerce e ponto de partida — essa é a essência do Budismo Nichiren.

 

“O Gohonzon se encontra nos dois ideogramas com os quais se escreve fé”

Em O Aspecto Real do Gohonzon, Nichiren Daishonin elucida o significado da fé escrita com dois ideogramas e os benefícios que podem ser obtidos por meio dela. Ele endereçou essa carta à monja leiga Nichinyo para agradecer os oferecimentos dedicados ao Gohonzon enviados por ela.

Nessa carta, Daishonin explica que inscreveu o objeto de devoção, o Gohonzon, como o “estandarte da propagação do Sutra do Lótus” (CEND, v. II, p. 91). Ele o denomina “grande mandala nunca antes conhecido” (Ibidem, p. 92), dotado do poder para habilitar todas as pessoas a atingir a iluminação, e “concentração de benefícios”6 (Ibidem), fonte de infinitos benefícios.

Este magnífico Gohonzon, afirma Daishonin, encontra-se somente nos dois ideogramas com os quais se escreve fé (cf. CEND, v. II, p. 92).

A fé é o caminho supremo para se atingir o estado de buda. O Sutra do Lótus expressa que podemos “obter acesso somente por meio da fé”7 (LSOC, cap. 3, p. 110). Até mesmo Shariputra, um dos dez principais discípulos de Shakyamuni, aclamado como o “mais notável em sabedoria”, só conseguiu penetrar no ilimitado mundo do estado de buda por meio da fé, não pela sabedoria.

De modo semelhante, mesmo que o Gohonzon esteja diante de nós, sem fé não conseguiremos ativar o poder dele.

Daishonin alcançou o estado de buda perseverando em sua grandiosa luta com o espírito de manter “o desejo único e ardente de contemplar o Buda, não hesitando mesmo que isso custe a própria vida” (LSOC, cap. 16, p. 271).8 Então, ele inscreveu seu estado de vida iluminado na forma de mandala — o Gohonzon. Por meio da fé fundamentada na profunda consciência de que “O Gohonzon existe apenas dentro do corpo de pessoas como nós, mortais comuns, que abraçam o Sutra do Lótus e recitam o Nam-myoho-renge-kyo” (CEND,
v. II, p. 832), podemos gerar benefícios imensuráveis.

Quando convocamos fortemente o poder da fé e da prática, oramos fervorosamente ao Gohonzon e nos dedicamos à concretização do grande juramento pelo kosen-rufu, conseguimos revelar dentro de nós o estado de buda — que é em si a Lei Mística —, manifestar o poder do Buda e da Lei, e desfrutar e fazer pleno uso de grandiosos benefícios.

Josei Toda observou a respeito disso: “Se o nosso poder da fé e o poder da prática forem de uma unidade, obtemos o poder da Lei e o poder do Buda de uma unidade. Se o nosso poder da fé e o poder da prática forem de uma centena, obtemos o poder da Lei e o poder do Buda cem vezes maiores. Se o nosso poder da fé e o poder da prática forem de dez mil, então o poder da Lei e o poder do Buda obtidos serão dez mil vezes maiores”.9

Tudo deriva da nossa fé. Como Daishonin afirma na carta Resposta à Monja Leiga Nichigon, outra de suas discípulas, “Se a sua oração será ou não respondida, isso dependerá de sua fé; [caso não seja,] de maneira alguma deverá me culpar” (CEND, v. II p. 347).

Para pessoas de forte fé, jamais haverá impasse.

Aqueles que perseveram na fé poderão experimentar dentro da própria vida o mesmo grandioso estado de buda alcançado por Daishonin e serão capazes de direcionar tudo rumo à felicidade.

Os que “obtiverem acesso por meio da fé” jamais serão vencidos pelos infortúnios.

 

Acreditar exclusivamente no Sutra do Lótus é o caminho direto para a felicidade

Em seguida, no escrito O Aspecto Real do Gohonzon, Daishonin cita duas passagens do Sutra do Lótus — “descartando honestamente os meios apropriados [cf. LSOC, cap. 2, p. 79] (CEND, v. II, p. 349) e “não aceitando uma única estrofe dos demais sutras” [cf. LSOC, cap. 3, p. 115] (CEND, v. II, p. 92). Ele o faz para enfatizar a importância de se “crer no Sutra do Lótus com exclusividade”. “Com exclusividade”, nesse contexto, pode ser interpretado como “único e exclusivo” e também como “determinação”.

Acreditando exclusivamente no Sutra do Lótus — “descartando honestamente os meios apropriados” e “não aceitando uma única estrofe dos demais sutras” —, declara Daishonin, a pessoa pode “entrar na Torre de Tesouro do Gohonzon” (CEND, v. II, p. 92). Ou seja, por abraçar o Gohonzon do Nam-myoho-renge-kyo e nos dedicar sinceramente ao kosen-rufu, podemos entrar no palácio da felicidade, no mundo do estado de buda, não obstante onde estejamos ou quais sejam nossas circunstâncias.

Referindo-se à nossa atitude em relação ao Gohonzon, Toda sensei dizia que devemos orar com fé determinada, ou seja, acreditando exclusivamente na Lei Mística.

Ao persistirmos com tal fé, poderemos acumular benefícios imensuráveis. Abraçando a Lei Mística e se esforçando ardentemente na prática budista, qualquer pessoa poderá trilhar com orgulho a grandiosa estrada da revolução humana, da conquista da condição de felicidade absoluta.

Nichiren Daishonin prossegue em sua carta: “O mais importante é que, somente com a recitação do Nam-myoho-renge-kyo, a senhora poderá atingir o estado de buda” (Ibidem). E afirma também que o fato de a pessoa atingir ou não o estado de buda depende da força da fé dela (cf. CEND, v. II, p. 93).

Nossa felicidade não é definida em razão do tempo que praticamos o budismo, muito menos por nossa posição na organização ou na sociedade. É determinada pela força ou profundidade da nossa fé.

Um princípio essencial do Bu-dismo Nichiren é que tudo começa com a fé, independentemente de quem seja ou de quais forem suas circunstâncias.

 

Trecho do escrito 2

O Significado da Fé

O que chamamos de fé não é nada fora do comum. Fé significa depositar nossa crença no Sutra do Lótus, em Shakyamuni, em Muitos Tesouros, nos budas e bodisatvas das dez direções, nas divindades celestiais e nas divindades benevolentes, e recitar Nam-myoho-renge-kyo do mesmo modo que uma mulher ama seu marido, que um homem sacrifica a vida por sua esposa, que os pais se recusam a abandonar seus filhos ou uma criança se nega a deixar sua mãe.

E não é só isso; as pessoas deveriam ponderar sobre as passagens do sutra que dizem “Descartando honestamente os meios apropriados”
[cf. LSOC, cap. 2, p. 79] e “Não aceitar uma única estrofe dos demais sutras” [cf. LSOC, cap. 3, p. 115] sem o menor pensamento de descartá-las, assim como uma mulher se recusa a largar seu espelho, ou como um homem porta sempre sua espada. (CEND, v. II, p. 304)

 

“O inverno nunca falha em se tornar primavera”

No escrito O Significado da Fé, endereçado à monja leiga Myoichi, Nichiren Daishonin esclarece aspectos importantes da fé, aos quais devemos prestar atenção.

Myoichi praticava os ensinamentos de Nichiren Daishonin ao lado do marido. Em meio à opressão aos seguidores de Daishonin após a Per-seguição de Tatsunokuchi,10 o casal teve suas terras confiscadas em virtude de sua fé no Sutra do Lótus. Então, o marido de Myoichi faleceu antes de Daishonin ser perdoado e receber permissão para regressar da Ilha de Sado.

Myoichi ficou sozinha com dois filhos para criar, um deles estava doente. A saúde dela também não era boa. Entretanto, ela se recusou a ser derrotada por suas árduas circunstâncias e continuou a praticar os ensinamentos de Nichiren Daishonin com fervor, mesmo depois da morte do marido. Apesar da situação econômica difícil, ela apoiou seu mestre enviando um serviçal para auxiliá-lo enquanto Daishonin estava em Sado e mais tarde no Monte Minobu.

Foi para essa sincera “mãe do kosen-rufu” que Daishonin dedicou sua imortal mensagem de esperança: “O inverno nunca falha em se tornar primavera” (CEND, v. I, p. 560). Como essas palavras de incentivo do seu mestre devem tê-la inspirado e fortalecido!

Aqueles que mais sofrem merecem se tornar as pessoas mais felizes de todas — este é o espírito do genuíno empoderamento propiciado pelos ensinamentos do Budismo de Nichiren Daishonin, a essência do coração de Daishonin, e a grande filosofia humanística da Soka Gakkai.

 

A expressão de nossa autêntica e singela natureza humana

Tempos depois, Nichiren Dai­sho­nin endereçou à monja leiga Myoichi outra carta intitulada O Significado da Fé, que se inicia com a afirmação: “O que chamamos de fé não é nada fora do comum” (CEND, v. II, p. 304).

Para esclarecer seu ponto de vista, Daishonin compara a fé à forma como uma mulher preza seu marido, o homem ama e protege sua esposa, os pais cuidam dos seus filhos, e um filho se agarra à sua mãe (cf. CEND, v. II, p. 304).

O afeto entre marido e mulher ou entre pais e filhos é uma expressão espontânea da vida, uma manifestação na nossa natureza humana intrínseca. Devemos recitar Nam-myoho-renge-kyo ao Gohonzon com a mesma espontaneidade e com o coração sincero. Fé é isso, afirma Daishonin.

Depois de ficar viúva, Myoichi seguiu em frente empenhando-se ardentemente na fé, não apenas por ela mesma, mas por seu falecido marido. Ela também deu o máximo de si para criar os filhos para que se tornassem excelentes jovens. Sem dúvida, as palavras repletas de compaixão vindas de Daishonin ecoaram nas profundezas do coração dela.

A fé sempre deve ser honesta e despretensiosa.

Como escreve Nichiren Daishonin: “Sofra o que tiver de sofrer, desfrute o que existe para ser desfrutado. Considere tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida e continue recitado Nam-myoho-renge-kyo, independentemente do que aconteça” (CEND, v. I, p. 713).

Nos momentos de sofrimento ou de alegria, devemos simplesmente levar tudo ao Gohonzon, expressando, ao orar, aquilo que estiver em nosso coração.

 

Praticar com liberdade e naturalidade

Nichiren Daishonin inscreveu o Gohonzon em prol da felicidade de todas as pessoas. Ao orarmos ao Gohonzon e entrarmos em contato com a condição de vida iluminada de Daishonin incorporada nesse objeto de devoção, sem falta nos tornamos felizes. O Buda dos Últimos Dias da Lei infalivelmente protegerá aqueles que empreendem ações, como emissários dele, para promover o kosen-rufu.

A força ou profundidade da fé não pode ser mensurada por aspectos formais. Daishonin, por exemplo, não nos instrui especificamente sobre quanto tempo devemos recitar daimoku, e assim por diante. Sem dúvida, é importante estabelecermos metas pessoais referentes à quantidade de daimoku que desejamos recitar. Isso não quer dizer que devamos cometer exageros e nos forçar a recitar quando estivermos muito cansados ou sonolentos demais para isso, apenas por alguma cota arbitrária que estipulamos para nós mesmos. Seria mais produtivo e válido se descansássemos um pouco e recitássemos na manhã seguinte, quando estivéssemos bem física e mentalmente.

Daishonin também ensina em seus escritos que recitar Nam-myoho-ren-ge-kyo, mesmo uma única vez, produz benefícios incomensuráveis.

Em outro escrito intitulado Rei Rinda, ele expressa: “O relinchar dos cavalos brancos [que revitaliza o rei Rinda] é o som de nossa voz recitando Nam-myoho-renge-kyo”11 (CEND, v. II, p. 256). Evidenciemos uma poderosa energia vital recitando um daimoku vibrante e vigoroso, ritmado como o galopar de magníficos corcéis brancos correndo livres por vastas planícies.

Lembrem-se de que estamos praticando o budismo para concretizar nossa felicidade e a de outras pessoas.

 Trecho do escrito 3

Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente (Ongi Kuden)

O ato de aceitar e manter esta Lei original [Nam-myoho-renge-kyo] é expresso pela única palavra “fé”. A única palavra “fé” é a espada afiada com a qual se dissipa a escuridão fundamental ou a ignorância fundamental. O comentário [de Tiantai, em Palavras e Frases do Sutra do Lótus] diz: “Acreditar significa não duvidar”. Deve refletir sobre isso. (OTT, p. 119-120)

“Acreditar sem duvidar” para dissipar a escuridão

Há mais um ponto importante com relação à nossa atitude na fé, ou seja, acreditar sem duvidar.

Em Registro dos Ensinamentos Trans­mitidos Oralmente (Ongi Kuden), Nichiren Daishonin diz que a fé é a “espada afiada” para dissipar a ilusão profundamente arraigada da escuridão fundamental ou ignorância fundamental (cf. OTT, p. 119). Para explicar o que é fé, ele cita a definição oferecida por Tiantai em Palavras e Frases do Sutra do Lótus: “Acreditar significa não duvidar”.

“Não duvidar” quer dizer crer no Gohonzon (Nam-myoho-renge-kyo) com fé absoluta, sem se deixar abalar por nenhum obstáculo.

É o oposto de compreender os ensinamentos, mas carecer de fé. Daishonin adverte: “‘Conhecimento sem fé’ refere-se aos que têm conhecimento sobre as doutrinas budistas, mas carecem de fé. Essas pessoas jamais atingirão o estado de buda” (CEND, v. II, p. 298). Mesmo que uma pessoa consiga entender intelectualmente os ensinamentos budistas complexos, isso não será suficiente para atingir o estado de buda nesta existência.

O que então significa “não duvidar”? É acreditar de todo o coração, possuir convicção absoluta. Contudo, devo frisar que existe uma diferença crucial entre este “não duvidar” [e a erradicação das dúvidas depois de inquirir e buscar respostas] e simplesmente nunca duvidar.

Se uma religião rejeitasse a existência de dúvidas, estaria repudiando a liberdade inerente ao espírito humano [de questionar e pensar de forma crítica]. Essa religião se alienaria da sociedade e incorreria no risco de resvalar para o dogmatismo e o fanatismo.

 

A fé para a construção de um eu inabalável

Ingressei na estrada da fé aos 19 anos. Embora tivesse acabado de conhecer Josei Toda, ele me concedeu respostas claras para cada uma das minhas francas perguntas. As palavras dele reverberavam incontestável filosofia e humanismo. Depois, fiquei sabendo que ele mantivera suas convicções mesmo ao ser preso pelas autoridades militaristas da época da guerra.

Percebi, intuitivamente, que poderia acreditar no que aquele homem dizia, e decidi ingressar na Soka Gakkai. Depositando, em primeiro lugar, minha fé em Josei Toda como meu mestre, comecei a aprofundar minha fé na Lei Mística e no Gohonzon.

Como jovem iniciante na prática do Budismo de Nichiren Daishonin, obviamente eu tinha muitas indagações. Mas ao me encontrar com Toda sensei, meus dias passaram a ser dedicados à profunda ponderação e reflexão sobre as respostas do budismo às questões existenciais e filosóficas fundamentais.

Ele costumava dizer: “A fé busca a razão, e a razão aprofunda a fé”. “Razão”, no contexto, poderia ser traduzida como “lógica”. Com base em minha experiência, a fé se aprofunda mediante o esclarecimento de questionamentos e dúvidas, e a reflexão contínua e intensa sobre tais indagações no curso da prática budista, até finalmente obtermos uma resposta satisfatória que possamos aceitar de todo o coração.

Em Registro dos Ensinamentos Trans­mitidos Oralmente (Ongi Kuden), Dai­shonin enuncia: “Sem fé não pode haver compreensão, e sem compreensão não pode haver fé” (OTT, p. 54-55).

Aprofundando nossa fé, o espírito de procura para compreender os ensinamentos aflora; e estudando os ensinamentos e aplicando-os na vida, fortalecemos nossa convicção à medida que experimentamos o poder da prática budista. E consolidar uma convicção absoluta nas profundezas do nosso ser significa “não duvidar”.

Voltando à passagem que estamos estudando, Nichiren Daishonin declara que a escuridão fundamental ou ignorância fundamental pode ser dissipada com a “espada afiada” da fé — a fé livre de dúvidas (cf. OTT, p. 119-120).

A escuridão fundamental ou ignorância fundamental constitui o tipo mais básico de ilusão ou negatividade — a incapacidade de acreditar que a natureza de buda é inerente à nossa vida. Equivale essencialmente a não ser capaz de acreditar na própria dignidade. Se não conseguirmos acreditar em nossa própria natureza de buda, também não seremos capazes de acreditar na natureza de buda dos outros.

Por maiores que sejam os avanços conquistados, a ciência e a tecnologia não podem solucionar esse problema. No mundo de hoje, onde o ódio e a desconfiança predominam de forma disseminada, o Budismo de Nichiren Daishonin nos ensina como fazer resplandecer essa condição de
vida supremamente nobre que há dentro de nós, ajudar os outros a fazer o mesmo, e edificar a genuína alegria de viver. A fé na Lei Mística é a “espada afiada” que subjuga a escuridão fundamental intrínseca a cada um de nós.

 

“Nam-myoho-renge-kyo é sua própria vida”

Toda sensei costumava dizer: “Devem acreditar que Nam-myoho--renge-kyo é a sua própria vida!”12 e que “Propagar a Lei Mística nos Últimos Dias da Lei significa acreditar firmemente que sua vida não é nada a não ser Nam-myoho-renge-kyo!”.13

Essa é a conclusão do Budismo de Nichiren Daishonin. Estou certo de que as palavras de Toda sensei incorporam a convicção inabalável que representa a essência da “espada afiada” da fé capaz de dissipar toda escuridão ou ignorância.

Praticando o Budismo Nichiren, nós, como membros da Soka Gakkai, atingimos uma condição na qual percebemos profundamente que nós próprios somos entidades da Lei Mística e possuímos um potencial ilimitado.

Kosen-rufu não é nada além da construção de uma era de revolução espiritual na qual cada pessoa atue alicerçada na crença profunda na natureza de buda infinitamente nobre inerente a si própria e a todos os seres humanos. Estamos liderando o movimento para efetuar uma grande mudança no destino da humanidade.

Como membros da Soka Gakkai, empenhamo-nos na fé consagrada à concretização do kosen-rufu, visando à nossa felicidade e também à das outras pessoas. Essa é a expressão perfeita do importante espírito da fé ensinado por Daishonin nas passagens dos escritos “dois ideogramas com os quais se escreve fé” e “a única palavra fé”.

Muitos pensadores eminentes ex­­ternaram admiração pelas ricas experiências compartilhadas por nossos membros em todos os cantos do mundo — comprovações obtidas por meio da fé e da prática budistas.

Nichiren Daishonin escreveu: “Eu e meus discípulos, ainda que ocorram vários obstáculos, desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de buda” (CEND, v. I, p. 296).

A Soka Gakkai é um agrupamento de pessoas corajosas que internalizaram essa passagem. Sem se deixarem vencer por nenhuma adversidade, nossos membros vêm agregando experiências e mais experiências do poder invencível da fé. Eles acumularam o infinito “tesouro do coração” e conquistaram uma fé ilimitada, pura, profunda e forte.

Os membros da Soka Gakkai possuem uma fé imbuída de sabedoria para viver com base na verdade suprema da Lei Mística, de coragem para erradicar toda forma de miséria e de compaixão transbordante de convicção de que as pessoas são budas. Trata-se de uma fé firmemente estabelecida, que permite alcançar uma condição de vida de felicidade eterna.

 

A Soka Gakkai sempre será uma organização de fé

Como membros da Soka Gakkai, temos um puro compromisso com a verdade e a justiça. Possuímos uma firme convicção fundamentada em claras provas documentais, teóricas e reais. Temos uma crença poderosa e invencível que não é destruída por nada.

A Soka Gakkai sempre será uma organização de fé.

Juntem-se a mim e aos companheiros do mundo todo, para trilharmos com orgulho e confiança a grandiosa estrada da fé — ligados pelo espírito de unicidade de mestre e discípulo diretamente com Nichiren Daishonin.

Agora é o momento de construir uma base eterna para a Soka Gakkai.

 

 

(Daibyakurenge, edição de setembro de 2016)

Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI

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