Os limites do spoiler

Spoiler é uma palavra em inglês, popularizada em português para se referir à revelação de partes ou até do desfecho de uma história.

Por ser leitora assídua das orientações do Dr. Daisaku Ikeda, pensava que havia recebido todos os spoilers possíveis de O Conde de Monte Cristo — obra citada por ele com certa frequência. Julgava que se referia às aventuras de um homem preso injustamente que, depois de solto, lutou para se vingar. E com isso, acreditava que já sabia tudo.

Apesar de ser do time que prefere não receber spoilers, gostava de saber das aventuras de Edmond Dantès da ótica de Ikeda sensei por duas razões: a primeira é porque aprendo muito com as orientações que falam sobre a perseverança do marinheiro e a outra é porque eu não tinha coragem o suficiente para enfrentar mais de 1.300 páginas divididas em dois enormes e pesados volumes de um texto escrito no século 19. Então, achava que o Mestre me poupava desse esforço e no meu íntimo eu o agradecia.

Caso alguém me perguntasse “Conhece O Conde de Monte Cristo?”, graças a Ikeda sensei, respondia “Conheço”. E não passava disso.

Lendo a Nova Revolução Humana, volume 30, parte I, encontro mais spoilers sobre o espírito do jovem Dantès envoltos pelo sábio olhar do Mestre:

Um jovem marinheiro chamado Edmond Dantès é vítima de uma trama traiçoeira que o leva a ser encarcerado na prisão de uma remota ilha, o Château d’If. Nessa prisão, ele conhece um padre idoso que se torna seu instrutor em ampla variedade de assuntos e lhe revela a localização de um valioso tesouro escondido em uma ilha chamada Monte Cristo. Depois de catorze anos, Dantès consegue fugir do cárcere, recupera o tesouro, adota o nome conde de Monte Cristo e surge na sociedade parisiense onde começa a se vingar daqueles que foram responsáveis por sua prisão injusta e também recompensa as pessoas boas que o ajudaram na vida.¹

Em uma de suas reflexões, Ikeda sensei afirma que a jornada percorrida pelo conde de Monte Cristo é o drama que os jovens devem viver:

O Sr. Toda concluiu: “Aqueles que superam sofrimentos na vida, tanto físicos quanto espirituais, tornam-se fortes. Os jovens, portanto, não devem procurar conduzir uma existência fácil e ociosa”. As honras da vida vão para aqueles que perseveram atravessando todas as dificuldades que encontram. Essas pessoas são vitoriosas no final.²

Toda sensei sugeria que os jovens lessem O Conde de Monte Cristo. Então, decidi me lançar a esse desafio.
Foi só começar que não conseguia mais parar, e acompanhei diariamente os desafios de Dantès guiado pela sabedoria do seu mestre, o abade Faria. Com eles, aprendi que um dos principais ensinamentos do romance é, assim como Ikeda sensei descreve, o poder da perseverança, representado pela frase final da publicação — “esperar e ter esperança”.³

Essa se tornou minha obra favorita. Já sabia muito da história porque a conhecia por intermédio do Mestre. Mas o maior ensinamento que ele me deu com essa experiência foi que a teoria, como um spoiler, não é capaz de transmitir o todo. A verdadeira essência está em pôr em prática o que Ikeda sensei orienta e incentiva.

Juliana Ballestero Sales Vieira Kamiya

Redação

Notas:

1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-I, p. 120, 2020.

2. Brasil Seikyo, ed. 2.398, 2 dez. 2017, p. B2-B3.

3. DUMAS, Alexandre. O Conde de Monte Cristo. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2020. p. 1370.