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Na prática

A chave para a boa saúde

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01/11/2022

A chave para a boa saúde

Uma das “Cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai” é “Prática da fé para manter a boa saúde e obter longevidade” — dois pontos intrinsecamente ligados.

Nosso mestre, Dr. Daisaku Ikeda, é um exemplo claríssimo de longevidade, visto que, na juventude, os médicos afirmavam que ele não chegaria aos 30 anos devido à saúde frágil. Na infância, no período da Segunda Guerra Mundial, por conta da escassez de comida, ele não se alimentava direito, fato determinante para corroer ainda mais seu vigor físico — além de sofrer de um quadro grave de tuberculose.

Ikeda sensei se recorda: “A minha juventude foi sombria por ter contraído tuberculose. Era magro e não tinha condições de alimentar-me satisfatoriamente”.1 

No Estudo da edição, ele reflete, com propriedade:  

A doença constitui um dos “quatro sofrimentos universais” — nascimento, envelhecimento, doença e morte; não é estranha a nenhum de nós. Mas ela pode nos levar ao desespero, a desistir da vida e a perder a força para continuar vivendo. Esse aspecto da doença, que suga a vitalidade das pessoas, atuando como um “ladrão de vida”, é o que o budismo considera um “demônio”, uma “maldade” ou função da maldade.2 

Desse modo, a editoria Na Prática, inspirada na postura do Mestre, apresentará a chave para manter a boa saúde, ressaltando a importância de manifestar iluminada sabedoria, a partir da prática budista, especialmente nos momentos de profundo sofrimento, em benefício não somente de si, mas também como encorajamento para as pessoas ao redor.

Duas categorias da doença

A definição de saúde apresentada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) está muito associada ao olhar do Budismo de Nichiren Daishonin sobre o tema. A entidade diz que talvez seja evidente uma pessoa estar saudável quando não está doente. Mas, quando se leva em conta o que pode, de fato, provocar o surgimento de doenças, a discussão é bem mais ampla.3 Considerando isso, em 1946, a OMS definiu saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou de enfermidade.

A relação entre corpo e mente também é explicitada pela sabedoria budista. Seus ensinamentos classificam as doenças em duas categorias. No livro Sabedoria na Saúde, o presidente Ikeda comenta:

A relação entre a mente e a doença, a mente e a saúde, é um ponto em que o budismo e a medicina convergem. Os escritos budistas também apresentam muitas formas de classificar as doenças. No Gosho, Nichiren Daishonin escreve sobre as 404 enfermidades do corpo e os 84 mil tipos de doenças da mente, sendo que os últimos surgem dos três venenos da avareza, ira e estupidez.
O budismo não é simplesmente um ensino espiritual; tampouco trata-se de teoria abstrata. Ele focaliza a realidade das doenças físicas e mentais e procura amenizar o sofrimento a partir das perspectivas de sua filosofia e da medicina.
Além disso, é muito natural que o budismo se preocupe em primeiro lugar com o papel da mente. E como as doenças relacionadas ao estresse aumentam, a relação entre a mente e a saúde em geral será ainda mais focalizada.4

Assim como afirmado, o ensinamento budista é um inestimável meio para amenizar o sofrimento das pessoas envoltas pela doença. O presidente Ikeda diz ainda:

Muitas pessoas se sentem vulneráveis quando ficam doentes. Recitar o rugido do leão do Nam-myoho-renge-kyo é o único caminho para aniquilar as funções da maldade que minam nossa confiança. Quando nossa vida reverbera esse poderoso rugido do leão, não temos nada a temer.5

Foi reverberando o rugido do leão do Nam-myoho-renge-kyo, aliado à precaução com a saúde que Ikeda sensei pôde, ao longo da jornada da vida, vencer a maldade da doença. Por isso, podemos afirmar que a prática budista é a chave certeira para obter a sabedoria cotidiana que reflita em hábitos e postura adequados para o bom funcionamento do corpo, e em energia vital para manter sempre a atitude mental positiva.

Independentemente de ser acometido pela doença do corpo ou da mente, ou alguém próximo sofra com ela, o importante é não deixar que essa adversidade subtraia a vitalidade de lutar para vencer uma grande mazela.

A seguir, vamos conhecer brevemente a história de Sidney Tojer, médico, consultor do Departamento de Saúde (Depas) da BSGI e vice-coordenador da Coordenadoria Cultural da BSGI. Em momentos distintos, ele passou pelo desafio das doenças do corpo e da mente. Para a Terceira Civilização, de forma exclusiva, ele explica por que a prática budista foi fundamental para superar as difíceis situações.

Depoimento

Sidney Tojer

Eu, como médico e praticante dos ensinamentos de Nichiren Daishonin, sempre estou atento aos conteúdos que trazem reflexão sobre os “quatro sofrimentos da vida” — nascimento, envelhecimento, doença e morte —, pois me remontam a duas experiências marcantes.

A primeira e mais antiga é quando evidenciei um quadro grave de depressão. Naquele momento, experimentei a ação da “maldade da doença”, conforme mencionado pelo presidente Ikeda no Estudo da edição, que suga a energia vital, provoca o desânimo e a falta de esperança. Com os incentivos de um veterano da BSGI, comecei a desafiar a recitação de daimoku, estabelecendo um juramento de extinguir essa maldade e erradicando a depressão. Foi uma longa batalha, mas, ao me levantar com a determinação de vencer “custasse o que custasse”, consegui enfim ultrapassar essa árdua adversidade.

A segunda e mais recente é que senti verdadeiramente a proteção obtida com a prática budista constante no decorrer da minha vida. Em maio deste ano (2022), tive um sério problema cardíaco que poderia ser irreversível. Estava com 97% de obstrução de uma das coronárias.

Embora o quadro fosse delicado, não fui dominado pela força da maldade da doença nem fiquei abalado ou desesperado; a todo tempo eu estava convicto de que sairia ileso da grave situação. E, para minha imensa felicidade, o processo, desde a descoberta do problema até os procedimentos invasivos, transcorreu com total êxito. De acordo com os médicos, não terei nenhum comprometimento funcional. Quanta boa sorte!

Como budistas, além de nos munirmos de energia vital e muita sabedoria com a recitação do daimoku, outro ponto determinante para prevenirmos qualquer tipo de doença é a procura pela medicina regularmente, assim como a busca por profissionais, quando for preciso, que cuidam da saúde mental para tratamento e prevenção. E também exercermos ações saudáveis diárias como alimentação adequada, exercícios constantes, atitude mental positiva, agir em benefícios da felicidade das demais pessoas, entre tantas outras condutas que devem ser incorporadas ao nosso dia a dia.

Com a vivência do Dr. Sidney, podemos compreender ainda mais que, nos períodos de grande desafio, especialmente da doença, estar ao lado de pessoas que nos amparam — como o veterano dele, que foi importante no momento crucial da depressão —, além da prática budista constante, é essencial para que a tranquilidade e a decisão de vencer não deem lugar ao desânimo e à descrença.

Apresentaremos, a seguir, trechos de orientações do presidente Ikeda6 para cuidar da mente e do corpo que podem ser postas em execução na vida diária de qualquer pessoa.

Recite gongyo e daimoku com entusiasmo e vigor

A boa sorte e os benefícios que extraímos ao orarmos vigorosamente são imensuráveis. Nosso corpo, coração e mente começam a exibir seu ilimitado potencial latente.

Além disso, do ponto de vista médico, sentar-se ereto e respirar profundamente também são considerados muito benéficos para a saúde. O aumento da nossa capacidade respiratória beneficia nosso sistema cardiovascular.

Um membro do Departamento de Profissionais da Saúde (do Japão) observou que usar a voz é uma maneira importante para aliviar o estresse. Quando as pessoas deixam de fazer uso da voz, tendem a envelhecer mais rapidamente.

Sentar-se adequadamente e juntar as palmas das mãos ao recitar gongyo e Nam-myoho-renge-kyo é, em todos os sentidos, o ato mais solene e significativo, de acordo com os princípios subjacentes que governam o universo. Nosso corpo unido à nossa mente, individualmente, como microcosmo, se alinha e se funde com o ritmo fundamental do universo, o macrocosmo. Dessa forma, dia após dia, nosso ser rejuvenesce. Esse é o primeiro fundamento para a saúde e longevidade.

Mantenha uma vida equilibrada

Dormir o suficiente é outra base importante para a boa saúde. Não ter um sono adequado é como deixar o motor de um carro constantemente ligado. Acabará apresentando falhas ou enguiçando.

Administrar o tempo com sabedoria, tentar realizar o gongyo com antecedência e ir se deitar cedo nos permitem estar preparados para iniciar a manhã seguinte revigorados. Desenvolver sabedoria e autocontrole para pôr esses procedimentos em prática beneficia a saúde.

Ficar preso ao ciclo nocivo de se manter acordado até tarde, mesmo que seja por rotina ou força do hábito, dormir demais e despertar sem se sentir revigorado significam, definitivamente, não pôr a fé em prática de maneira correta na vida diária.

Dedique-se à felicidade de outras pessoas

A atividade física é, logicamente, um fator crucial para melhorar a saúde. [Da mesma forma,] os esforços ao contribuir para a propagação do budismo, a felicidade das outras pessoas e o bem da sociedade são uma inimaginável fonte de revitalização interior e energia para viver com ânimo.

Em contraste, se paramos de agir pelos outros, considerando tais esforços um aborrecimento e nos fechamos em uma concha de vantagens pessoais e frio individualismo, então, nosso corpo e nossa mente começarão a estagnar e, em virtude disso, nos tornaremos mais suscetíveis a doenças.

Precisamos nos movimentar. Quando os seres vivos, que têm a capacidade de se mover, deixam de ser ativos, começam a declinar.

O mesmo ocorre com a água de um rio. Se a água parar de correr, se tornará turva e fétida. No domínio da Lei Mística, também, aqueles que abandonaram a prática por achar que contribuir para a felicidade de outras pessoas era uma tarefa tediosa são indivíduos que permitiram que a água cristalina de sua fé se tornasse turva, levando-os a estagnar espiritualmente.

Tenha bons hábitos alimentares

Comer em demasia pode levar à obesidade. O grande mestre Tiantai, da China, listou o ato de comer ou beber de forma imprópria como uma causa da doença. Como corrigir hábitos alimentares desequilibrados? Como, efetivamente, controlar o desejo de comer mais do que necessitamos? É exatamente aí que precisamos aplicar a sabedoria e o bom senso.

De acordo com a medicina, é desejável parar de ingerir alimentos três horas antes de ir se deitar. Mas, se estiverem realmente com fome e acharem que é impossível não comer nada, prefiram vegetais ou qualquer outro alimento de baixa caloria.

Estar doente não é sinônimo de fraqueza ou de derrota

Certamente, todos experimentarão os “quatros sofrimentos inevitáveis da vida humana”, expostos no budismo: nascimento, envelhecimento, doença e morte. Portanto, como vimos ao longo da matéria, a doença não é sinônimo de fraqueza ou de derrota.

Mesmo em uma situação de saúde adversa que possa parecer angustiante — como a apresentada pelo Dr. Sidney Tojer e o relato da juventude de Ikeda sensei —, não se entregar ao desespero e à desesperança e cultivar momento a momento a determinação da superação são a autêntica expressão de plena vitória, sempre fundamentados na prática da fé, nas orientações encorajadoras do Mestre e nos diálogos e incentivos de veteranos e amigos da organização de base. Com isso, podemos ir além de obter a saúde para nós mesmos.

Ikeda sensei declara:

Mesmo que os familiares não pratiquem o budismo, você deve ser esse sol da esperança que ilumina e conduz a família à felicidade absoluta. Na luta contra a doença, seja individual ou familiar, você é capaz de atingir a condição mais pura da saúde.
Ore um sincero daimoku e confie na força do Gohonzon. Lute sem medo e avance com perseverança. Não aceite a derrota e jamais retroceda um passo. Se assim fizer, você certamente triunfará!7

Dessa maneira, a prática budista é a chave precisa para obtermos sabedoria e energia vital renovada, vencermos a maldade da doença, e, consequentemente, conquistarmos uma infindável boa saúde e longevidade. Além do mais, essa postura impassível poderá entusiasmar outras pessoas a não se abaterem diante da enfermidade.

No topo: Presidente Ikeda passeia de bicicleta no Centro de Treinamento de Nagano (Karuizawa, Tóquio, ago. 1988). Foto: Seikyo Press.

Notas:

1. Brasil Seikyo, ed. 1.805, 30 jul. 2005, p. A3.

2. Terceira Civilização, ed. 651, nov. 2022, p. 59.

3. Cf. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-me-exercitar/noticias/2021/o-que-significa-ter-saude#:~:text=Seguindo%20essa%20linha%20mais%20abrangente,com%20a%20defini%C3%A7%C3%A3o%20de%20sa%C3%BAde.

4. IKEDA, Daisaku. Sabedoria na Saúde. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2012. p. 10.

5. Terceira Civilização, ed. 651, nov. 2022, p. 61.

6. Brasil Seikyo, ed. 2.316, 19 mar. 2016, p. B1.

7. Brasil Seikyo, ed. 2.174, 15 set. 2012, p. B2.

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