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Crônica

De uma vida “que chora pelo destino” para uma que “vive pela missão”

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Redação

03/07/2023

De uma vida “que chora pelo destino” para uma que “vive pela missão”

“Devo escrever de forma simples e concisa.” Andava em círculos pelo quarto, perguntando-se como colocaria em texto sua filosofia de vida. Não queria ficar citando expressões difíceis, teorias que ninguém entenderia. Então, lembrou-se exatamente de quando ele próprio se dera conta de qual era sua filosofia de vida. 

Já era tarde da noite. Sem perceber, fechou as janelas, sentou-se em sua escrivaninha e começou a redigir. Depois do título “Filosofia de Vida”, colocou na segunda linha “O Mistério da Vida”.

Escreveu sobre o dia em que dentro de uma minúscula e suja cela viu piolhos pulando de um lado para o outro. Esmagou um deles, enquanto os outros continuavam a saltitar alheios ao que tinha acontecido, e se perguntou “Onde foi parar a vida do piolho esmagado? Essa vida teria desaparecido eternamente deste mundo?”.

Após registrar esse fato, achou que era muito asqueroso para colocar numa tese filosófica. Então, narrou outra situação: “Há também um pé de cerejeira. Se destacarmos um galho e deixá-lo em um vaso com água, chegará o momento em que os brotos se tornarão flores, e novas e franzinas folhas se abrirão. A vida desse pedaço de galho de cerejeira seria a mesma daquela da árvore original? A vida é cada vez mais incompreensível”.

Depois de descrever a vida do piolho e da cerejeira, chegou à vida do ser humano. Ele continuou a colocar no papel o momento em que viveu na prisão. Lá, ele voltou a sentir a angústia que tinha desde a juventude, quando perdeu seus pais, sua filha e sua esposa. Queria amenizar o sofrimento diante dessas inestimáveis perdas. Nessa busca, lia avidamente o Sutra do Lótus e recitava constante daimoku com a própria vida, exatamente de acordo com os ensinamentos de Nichiren Daishonin. Sozinho, em pé na cela solitária, sentia o corpo tremer de alegria quando atingiu uma “condição mental imensurável nunca antes experimentada”.

Foi assim que ele começou a escrever sobre a verdadeira natureza da vida. Com seu alto grau de miopia, releu o que havia escrito quase encostando a folha no rosto. “Sentiu-se satisfeito por ter conseguido se expressar de forma simples e clara, melhor do que imaginava”.

Esse episódio1 transcorreu anos antes do lançamento da Terceira Civilização (TC), que completa 55 anos neste mês. Trata-se do drama de escrever o primeiro artigo a ser veiculado na revista Daibyakurenge, a qual seria lançada em breve. A Daibyakurenge, tradicional publicação de estudo do budismo do Japão, é referência e maior inspiração para nossa TC.

Hoje, a cada linha que pretendemos escrever, vivemos a mesma inquietude de Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai e protagonista desta narrativa: “Como transmitir a essência da filosofia do Budismo de Nichiren Daishonin, em palavras fáceis, para que seja compreendida pelas pessoas?”.

Estamos, há 55 anos, alicerçados e conduzidos pela habilidade de Ikeda sensei de falar sobre os complexos problemas de maneira simples, a partir de experiências cotidianas.

Ikeda sensei descreve o papel da TC, afirmando:

Quantas e quantas pessoas conseguiram despertar para a dignidade da vida tanto de si como de outros por meio do diligente estudo dessas revistas, e assim manifestaram alegria e decisão de reviverem juntas e avançarem a partir de uma vida “que chora pelo destino” para uma que “vive pela missão”!2

Com o sentimento do primeiro artigo escrito por Toda sensei, a Terceira Civilização, rumo aos seus sessenta anos, seguirá inquieta e diligente em cumprir sua missão de contribuir para a felicidade das pessoas, para a prosperidade social e para a paz mundial, como Ikeda sensei nos confiou.

Juliana Ballestero Sales Vieira Kamiya

Redação

Foto: Getty Images

Notas:

1. Cf. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 4, p. 38-43, 2023.

2. Terceira Civilização, ed. 599, jul. 2018, p. 6-7.

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