Artigo
JUVENTUDE-SOKA
Como promover uma sociedade pacífica e tolerante?
No mês em que comemoramos o Dia Internacional da Tolerância, entenda como podemos conviver em meio às diferenças
Redação
29/11/2024

Conviver com as diferenças: eis uma tarefa desafiadora nos últimos tempos, em que somos oito bilhões de indivíduos com opiniões, crenças, valores e contextos diferentes.
Na sociedade atual, seja nas ruas, nas redes sociais, no Brasil ou em outros países, vemos o enfraquecimento dos valores da tolerância.
Com frequência, ouvimos relatos de desrespeito em razão da raça, nacionalidade, orientação sexual, religião, opiniões políticas, entre outros. Muitas vezes, as manifestações de intolerância resultam em violência, inclusive, bélica.
Mas, o que fazer?
Na obra O Princípio Humanístico, Daisaku Ikeda e Felix Unger visualizam o futuro com esperança e demonstram uma paixão mútua pela expansão do diálogo como meio prático e aprofundado para cultivar a tolerância e a paz.
No diálogo, Ikeda aponta:
O sentimento da responsabilidade pelos outros e pela sociedade deve ser evocado internamente. A palavra “responsabilidade” significa habilidade em responder. Pessoas que sofrem supressões intolerantes querem mais que liberdade ou tratamento preferencial. Elas desejam uma sociedade que as respeite, valorize e reconheça. Enquanto membros da sociedade com a habilidade de dar respostas, elas anseiam por solidariedade. A responsabilidade desse tipo é a prova da verdadeira liberdade. O único caminho para concretizar a tolerância é aumentar o número de pessoas com tal sentimento de responsabilidade e elevar a solidariedade ao nível global. (O Princípio Humanístico, p. 82)
O presidente Ikeda afirma que “a verdadeira união começa com uma profunda mudança na mente de cada pessoa”.1 Ou seja, para que haja a tolerância no local em que atuamos, tudo deve começar comigo e, mais especificamente, em nossa mente. Sobre esse aspecto, o Mestre explica:
A tolerância implica ouvir nossa voz interior ou nossa consciência. É um diálogo com outras pessoas e consigo, um questionamento constante sobre as próprias possibilidades de preconceito e de interesses particulares. (O Princípio Humanístico, p. 83)
Ao refletir e questionar nossos pensamentos e nossas ações em meio à convivência, estamos fazendo a própria revolução humana. Em outras palavras, significa ter propósitos claros e possuir um forte poder de decisão. Sem isso, o parâmetro de julgamento, a falta de força para decidir e a fragilidade do estado de vida terminam por fazer a pessoa sofrer e ser influenciada negativamente, seja atacando os mais fracos ou se remoendo de angústia pela pressão dos outros.
É nesse aspecto que entra a recitação do Nam-myoho-renge-kyo. Com ela, transformamos nossa consciência, manifestamos forte determinação e conseguimos tomar decisões e ações positivas. Resultado: a convivência com as pessoas muda radicalmente e se harmoniza.
Tudo se revoluciona quando nosso pensamento muda.
Tolerância ativa versus tolerância passiva
Até aqui entendemos como a mudança no pensamento transforma o ambiente. Mas, na hora de aplicarmos isso, será que estamos manifestando uma tolerância ativa ou passiva?
O presidente Ikeda explica:
Defino tolerância como ativa quando ela nos permite frutificar uma humanidade mais rica por meio do respeito, do desfrute e do aprendizado com a existência dos outros. Essa é a tolerância com conteúdo. [...] A tolerância passiva é mera formalidade. O que quer que seja denominado “tolerância” deve ser analisado a partir do questionamento se a sua prática torna as pessoas mais profundamente solidárias e felizes. (O Princípio Humanístico, p. 75)
Portanto, quando temos uma atitude fechada, apenas suportamos as pessoas ou mascaramos os sentimentos, estamos aplicando a tolerância passiva. Isso equivale a uma forma de coerção, o que produz maior tensão social e, por fim, resulta em intolerância.
A partir do momento em que ultrapassamos o sentimentalismo, iniciamos o diálogo com empatia e estimulamos o aprendizado, partindo da transformação da nossa consciência, manifestamos a tolerância ativa. Essas ações resultam na união harmoniosa.
Tolerância e compaixão
Na obra O Princípio Humanistico, o Mestre afirma: “Em termos budistas, a essência da expansão da tolerância é a compaixão”.2
A compaixão budista se caracteriza por dois aspectos: o desejo de constituir amizade e o desejo de abraçar o sofrimento dos demais como se fosse o próprio e ajudá-lo a manifestar a imensa força vital inerente em seu ser.
Dessa forma, ao aceitar as pessoas exatamente como são e simpatizar com suas alegrias e tristezas enquanto busca o aprimoramento em prol de si e dos demais, estamos aplicando a compaixão budista.
Assim, quando nos esforçamos pela convivência harmoniosa e adotamos a compaixão e a tolerância ativa como pontos centrais, somos capazes de inspirar as pessoas a mudar sua postura e manifestar seu potencial positivo.
Começando por nós, vamos aplicar e transmitir esse sentimento às pessoas. Consequentemente, transformaremos a família, a comunidade, a nação e toda a humanidade.
Notas:
1. Terceira Civilização, ed. 494, out. 2009, p. 43.
2. IKEDA, Daisaku; UNGER, Felix. O Princípio Humanístico. Editora Brasil Seikyo: São Paulo, p. 46, 2023.
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