Artigo
JUVENTUDE-SOKA
Observar a mente
Entenda como o budismo e a neurociência se relacionam
Redação
26/09/2024

A natureza é recheada de características e comportamentos que instigam nossa curiosidade. Um desses traços é a habilidade que alguns animais têm de se adaptar ao ambiente e utilizar recursos de defesa diante de um perigo. É o caso do camaleão, que consegue se camuflar na paisagem para se proteger dos predadores.
Da mesma forma, o cérebro humano se adapta e cria mecanismos de defesa em determinadas situações. Para se ter uma noção, nosso cérebro é tão extraordinário que constrói a própria realidade por meio de memórias associativas, assim chamadas porque conectam pensamentos, palavras e ações para construir conceitos. Esses, por sua vez, comandam as reações na forma de novos pensamentos, novas palavras e ações. Um exemplo disso é a temida ansiedade, que desencadeia uma enxurrada de pensamentos, a maioria deles com soluções e possíveis desdobramentos, a partir de algo que ainda não aconteceu e que pode não acontecer.
Nosso cérebro também tem a capacidade de criar conexões e reações idênticas de acordo com experiências do passado e moldar nosso comportamento no presente. Porém, dependendo da experiência, a mente tende a tornar o mecanismo de defesa um padrão ou hábito e utilizá-lo sempre que uma situação parecida surgir. Um exemplo é quando nos acostumamos com o caos: nos tornamos ansiosos e hipervigilantes sempre que uma nova situação surge. Portanto, o que antes o protegia contra um problema, agora é o problema: pensamos demais para resolver qualquer questão.
E daí surge a pergunta: como desprogramar esse padrão?
O Budismo Nichiren ensina a importância de observar a mente, encarar, reconhecer e ressignificar os eventos do passado e de nos tornarmos “mestres de nossa mente em vez de permitir que ela nos domine”.1 O meio para isso é a oração. Recitar diariamente Nam-myoho-renge-kyo cria conexões positivas no cérebro e quebra o ciclo negativo de ansiedade e hipervigilância. Sobre isso, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, afirmou:
Como somos seres humanos, é muito natural que nossa mente comece a devanear, fazendo com que venha à tona todo tipo de pensamentos e recordações. Simplesmente compartilhem todos esses pensamentos com o Gohonzon. Não existe uma forma estabelecida ou um padrão para fazermos a oração. O budismo enfatiza a naturalidade. Portanto, simplesmente, orem de forma sincera sem fingimento nem artifícios, sendo exatamente como vocês são. (Juventude – Sonhos e Esperanças, v. 2, p. 144-145)
Outro importante aspecto é exercitar diariamente a mente para reconhecer o que é ou não um perigo real e se atentar ao que é fruto da mente ansiosa. Quando aliamos isso à oração, temos maior clareza da circunstância e adquirimos sabedoria para agir. Assim, aos poucos, os pensamentos deixam de ser um padrão e passamos a controlar nossa mente.
Cientes disso, vamos “observar a mente” e nos tornar mestres dela, agindo sabiamente sempre com base na oração.
Nota:
1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 525, 2020.
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