PONTE DE OURO - 30

Após a Segunda Guerra Mundial, o regime democrático foi gradativamente adotado em todas as esferas da sociedade japonesa e os estudantes cresceram nesse ambiente social. Os professores entendiam em teoria que tanto eles como os alunos desfrutavam a mesma igualdade como seres humanos.

Embora as universidades também houvessem abraçado os ideais democráticos, o que os estudantes percebiam de fato era algo muito distante da democracia. Na verdade, estavam decepcionados com a conduta arrogante e autoritária do corpo docente que se considerava uma classe privilegiada.

A manifestação estudantil iniciada na Faculdade de Medicina da Universidade de Tóquio era uma revolta contra o regime arcaico e antidemocrático adotado pela direção dessa faculdade. Foi também o estopim do movimento de reformas pleiteadas pelos estudantes.

Em seu discurso, Shin-iti apontou os erros na conduta do corpo docente das universidades de obstruir o movimento estudantil com autoritarismo e imposições quase absurdas. Embora houvesse em cada universidade um motivo específico que havia feito eclodir o conflito, Shin-iti afirmava que a causa comum estava no espírito envelhecido dos professores, na conseqüente falta de paixão em educar, distanciando-se também das relações com seus alunos.

— A causa fundamental está no rompimento das relações entre professores e estudantes, isto é, no conflito entre gerações. Enquanto não for corrigido o abismo existente entre professores e estudantes, será quase impossível se encontrar uma solução para a crise que atinge hoje a maioria das universidades.

Conforme pensava Shin-iti, o professor é o maior responsável em criar e oferecer um bom ambiente educacional. Se ele perde a paixão de estudar e de se capacitar cada vez mais, ficará certamente desatualizado e não terá também disposição de estimular o coração dos jovens. Contudo, protegido pelo título de professor universitário, age com prepotência, imagina-se superior aos alunos e impõe-lhes sua autoridade.

Shin-iti acreditava que a solução para a manifestação estudantil encontrava-se na reforma do corpo docente.