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Os Dez Estados da Vida

(Jikkai)

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13/05/2006

Os Dez Estados da Vida

• Conceitos Gerais

Os Dez Estados da Vida, também conhecidos como Dez Mundos, compõem a base da filosofia de vida elucidada pelo Budismo de Nitiren Daishonin. É uma teoria profunda e prática que esclarece, com simplicidade, as complicadas questões da vida.

Os diversos estados da vida, ou reações da vida que se manifestam em resposta às ações externas, foram escalonados em dez categorias básicas: Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda.

Esses estados não são condições fixas em que uma pessoa terá que viver por toda a sua existência, mas condições fundamentais que existem em forma latente na vida de todas as pessoas sejam budistas ou não.

Os Dez Estados da Vida não são sentimentos meramente emocionais, espirituais ou físicos. Esses estados estão latentes na vida e manifestam-se do interior de uma pessoa como uma reação imediata e diretamente proporcional às influências externas, negativas ou positivas.

Costuma-se classificar os Dez Estados da Vida agrupando-os em função de suas características, conforme breve descrição a seguir:

a) Três Maus Caminhos e Quatro Maus Caminhos: Os três estados inferiores, isto é, Inferno, Fome e Animalidade são conhecidos como Três Maus Caminhos; e, juntamente com o estado de Ira, constituem os Quatro Maus Caminhos. São estados de vida que se caracterizam pelo sofrimento em conseqüência do mau carma acumulado pelas pessoas.

b) Ciclo dos Seis Caminhos: Os seis estados constituídos pelos Quatro Maus Caminhos acrescidos dos estados de Tranqüilidade e de Alegria formam o Ciclo dos Seis Caminhos. Na vida diária, as pessoas manifestam ciclicamente estes seis estados em função de influências externas. As pessoas nestes seis estados são arrastadas, exclusivamente, pelas influências externas e não conseguem manter autocontrole sobre as circunstâncias da vida.

c) Quatro Nobres Caminhos: São os quatro estados de vida superiores, isto é, Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda. São condições de vida alcançadas pelos esforços desenvolvidos pelas próprias pessoas quando conseguem se libertar do domínio das influências externas.

d) Dois Veículos: São os estados de Erudição e de Absorção, nos quais as pessoas conquistam uma certa independência na vida por meio da percepção obtida da verdade parcial. Entretanto, as pessoas nestes “Dois Veículos” ficam apegadas à percepção apenas para o bem de si mesmas e não se dedicam à felicidade de outros.

• Três Maus Caminhos e Quatro Maus Caminhos

Dentre os dez estados, encontramos um grupo inferior, chamado de Quatro Maus Caminhos, composto pelos seguintes estados de vida:

a) Estado de Inferno: É a condição de vida mais baixa dentre os dez estados. É um estado de sofrimento constante em que as pessoas não tem forças para influenciar suas circunstâncias de vida, nem esperanças em relação ao futuro; não podem fazer nada do que gostariam de fazer, nem mesmo gritar para desabafar suas angústias. Esse incontrolável e inextinguível sofrimento caracteriza o estado de inferno.

b) Estado de Fome: É caracterizado pela obsessão de realizar os desejos e pela incapacidade de satisfazê-los. Neste estado de vida inferior, as pessoas são completamente dominadas e controladas por seus desejos insaciáveis e por terríveis insatisfações. São infelizes e impedidas de se desenvolverem e prosperarem.

c) Estado de Animalidade: É também um estado de vida em que as pessoas são conduzidas unicamente por seus instintos, agem compulsivamente com irracionalidade e sem moralidade. O critério de suas ações é aproveitar-se dos mais fracos e bajular os mais fortes. As pessoas no estado de Animalidade perdem o sentido da razão e suas emoções são facilmente dominadas pelo medo e pela covardia. Além disso, não conseguem encontrar soluções nem esperanças e resignam-se diante do destino.

d) Estado de Ira: É o quarto estado de vida que, associado aos “Três Maus Caminhos” formam as “Quatro Tendências Maléficas” ou “Quatro Maus Caminhos”. Neste estado, as pessoas possuem consciência de seus atos embora baseadas em pontos de vista distorcidos do certo e do errado, enquanto nos três anteriores não têm controle sobre a vida, pois são completamente dominadas pelos desejos. No estado de Ira, as pessoas preocupam-se única e exclusivamente consigo mesmas, com seus próprios benefícios, pouco se importando com os demais ou com seus pontos de vista. São conduzidas pelo egoísmo e pela ambição de ser superior, derrubando outras pessoas.

As pessoas nestes quatro estados carecem de energia vital para ver as coisas sob outros ângulos e procuram valorizar somente a satisfação de seus próprios desejos vorazes. São completamente destituídas de uma visão mais elevada, por isso, resolvem as questões à sua maneira limitada, invariavelmente gerando mais causas negativas na vida. Isto, por sua vez, resulta em efeitos negativos na forma de sofrimentos que geram mais desejos mundanos. Para saciar estes desejos, acabam gerando mais causas negativas que resultam em mais sofrimentos. E assim, o ciclo se repete, aprisionando a pessoa dentro de seu mau carma.

As pessoas que vivem nos Quatro Maus Caminhos não acreditam que existe a possibilidade de vida melhor. São conformistas por natureza e acham que a vida é somente da forma em que vivem. Por isso, mergulhadas no egoísmo, são destituídas de qualquer sentimento altruísta de contribuir de alguma forma para a felicidade dos outros.

• Ciclo dos Seis Caminhos

Após os Quatro Maus Caminhos, estão os estados de Tranqüilidade e de Alegria.

a) Estado de Tranqüilidade: Esta é uma condição em que a pessoa pode controlar temporariamente seus impulsos e desejos por meio da razão. Assim, uma pessoa passa a ter uma vida tranqüila e em harmonia com o meio, que inclui as pessoas e o ambiente, pois os problemas não constituem ameaça à aparente estabilidade alcançada. Nesse estado, as energias da vida de uma pessoa estão sob considerável controle, imbuída do desejo de viver em meio à afeição de parentes e amigos, e de viver em paz de acordo com seus próprios conceitos de moral e ética. Porém, pode cair instantaneamente para os “Três ou Quatro Maus Caminhos” pelo mais leve desvio ocorrido em suas circunstâncias de vida. De toda a forma, a Tranqüilidade é o estado normal dos seres humanos e é conhecido também como o estado de Humanidade.

b) Estado de Alegria: É uma condição de vida de contentamento que se origina na concretização dos desejos e na solução dos problemas. Portanto, é uma condição de vida comumente almejada pelas pessoas por ser de plena felicidade. Situações da vida de uma pessoa, tais como, a aquisição de uma nova casa, o ingresso em uma universidade, o casamento, o jantar em um restaurante de primeira categoria, a aprovação em um bom emprego, o restabelecimento de um problema de saúde, e muitas outras, representam naturalmente um momento de muita felicidade. Porém, como este estado está diretamente associado a uma determinada realização, como por exemplo à conquista de um bem material ou de uma posição social, a felicidade é apenas relativa. Em outras palavras, a alegria nesse estado de vida é efêmera e desaparece com o passar do tempo ou com a mudança das circunstâncias. Os Quatro Maus Caminhos mais os estados de Tranqüilidade e de Alegria constituem os Seis Caminhos que se caracterizam basicamente pela busca da satisfação dos desejos pessoais. Nestes estados, as pessoas não conseguem cultivar a benevolência de se empenhar pelo bem de outros. Portanto, são marcadas pela não-consciência do significado da missão essencial como ser humano. A maioria das pessoas no mundo encontra-se nestes Seis Caminhos e vivem de acordo com suas respectivas visões de vida.

Como cada um desses seis estados manifesta-se de acordo com causas externas, as pessoas vivem aprisionadas, em completa dependência das circunstâncias. Esta é a característica principal das pessoas dos seis caminhos. São estados em que as pessoas são arrastadas exclusivamente pelas influências externas, ficando privadas da liberdade de manter autocontrole sobre as circunstâncias da vida. Por esta razão, diz-se que as pessoas vivem no seu cotidiano pelo Ciclo dos Seis Caminhos.

• Quatro Nobres Caminhos e Dois Veículos

Os quatro estados de vida mais elevados formam os “Quatro Nobres Caminhos” que são condições alcançadas pelos esforços desenvolvidos pelas próprias pessoas.

a) Estado de Erudição: É a condição experimentada por uma pessoa quando ela se empenha para alcançar um estado duradouro de contentamento e de estabilidade por meio da auto-reforma e do desenvolvimento próprio. É o estado em que o indivíduo dedica-se à criação de uma vida melhor pela aquisição de idéias, conhecimentos e experiências de seus predecessores. A condição vivida por um cientista ao desenvolver pesquisas em busca de novas descobertas exemplifica o estado de Erudição.

b) Estado de Absorção: Este estado é semelhante ao de Erudição pois trata-se de uma condição em que o indivíduo também busca a auto-reforma. Porém, no estado de Absorção, as pessoas não buscam a percepção da verdade em experiências dos predecessores, mas sim em observações diretas, por si mesmas, dos fenômenos da natureza. Os artistas e os filósofos vivem comumente este estado de Absorção.

A Erudição e a Absorção são conhecidas como os “Dois Veículos” por conduzirem as pessoas para uma certa independência na vida por meio da percepção obtida da verdade parcial. Contudo, na condição de “Dois Veículos”, as pessoas ficam apegadas à percepção para o bem de si mesmas e não lutam para beneficiar os outros.

c) Estado de Bodhisattva: Uma pessoa neste estado manifesta uma vida plena de benevolência e sua característica é dedicar-se à felicidade de outras pessoas promovendo ações altruísticas. Esta benevolência difere essencialmente do conceito de caridade ou compaixão, e sua definição exata é “retirar o sofrimento e dar felicidade”. A caridade e a compaixão podem aliviar o sofrimento, mas não conseguem retirá-lo nem oferecer felicidade. A característica maior do estado de Bodhisattva é a busca constante do estado de Buda, ao mesmo tempo em que procura ensinar esse caminho para que as pessoas tornem-se capazes de manifestar a força inerente na vida para conquistarem a felicidade absoluta.

d) Estado de Buda: Constitui-se numa condição de vida em que a pessoa adquire a sabedoria que lhe permite compreender a verdadeira essência de sua vida, manifestar a profunda benevolência para com todas as pessoas e ter a percepção sobre as três existências da vida e sobre a Lei básica do Universo. É uma condição de vida no estado de felicidade absoluta que nada pode corromper. Da mesma forma que nenhum estado de vida é estático, o estado de Buda é experimentado no decurso das contínuas atividades altruísticas diárias. Portanto, não se deve considerar o estado de Buda como objetivo máximo a ser alcançado somente no final da vida.

Cabe ressaltar que os Dez Estados, inclusive os Quatro Nobre Caminhos, estão todos inerentes na vida de todas as pessoas. No escrito “O Objeto de Devoção para a Observação da Mente”, Nitiren Daishonin afirma: “A transição das coisas está clara para nós, porque o estado dos Dois Veículos (Erudição e Absorção) está presente nos seres humanos. Mesmo um frio vilão ama sua esposa e filhos. Ele, também, tem o bodhisattva dentro da sua vida. O Estado de Buda é o mais difícil de demonstrar, mas desde que os outros nove mundos na realidade existem como estados da vida humana, o senhor deve ter fé de que o estado de Buda também existe dentro da sua vida”. (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. I, pág. 56.)

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