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Conheça o Budismo

Buda - Ser humano comum com extrema compaixão

Há um risco do budismo desaparecer: quando se diviniza o Buda. Um ser humano nunca será mais que um ser humano; o Buda nunca pode ser tratado como divindade inalcançável, mas como pessoa comum que, mergulhada em problemas reais, vive de forma nobre, corajosa e coerente com o propósito original da vida: ser feliz se dedicando à felicidade das pessoas. Shakyamuni, o fundador do budismo era alguém que qualquer um de nós teria imenso prazer em ouvir, em estar perto, em aprender com ele e compartilhar suas ideias.

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05/11/2016

Buda - Ser humano comum  com extrema compaixão

Retornem ao Shakyamuni humano

No livro O Buda Vivo, lançado em português pela Editora Record [edição esgotada], o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, analisa a vida do fundador do budismo, Shakyamuni.

“Ao longo dos anos fui gradativamente construindo uma imagem de quem acredito que deva ter sido o buda Shakyamuni, o fundador da religião budista” (Ibidem, p. 7), afirma ele na introdução.

Shakyamuni viveu há cerca de 2.500 anos na região norte-central da Índia e se devotou incansavelmente a descobrir a natureza da Lei: “Pensador de proporções gigantescas, ele persistiu nos seus esforços para desvendar a fonte da criação e libertar a existência humana de todos os impedimentos, em benefício dos seres humanos das eras posteriores” (Ibidem, p. 7).

Ao longo do livro, o presidente Ikeda insiste num dos principais temas do budismo: jamais podemos divinizar o Buda. Um ser humano, sempre — ao tratarmos o Buda como um ser distante, a faísca para a felicidade absoluta é apagada.

O maior objetivo do budismo é descobrir como é a Lei que o Buda descobriu e praticou. E desvendar a forma de outras pessoas também manifestarem no cotidiano essa mesma Lei.

Homem de bom senso que zelava pelas pessoas

O fundador do budismo era imperturbável em sua busca interior; de personalidade calorosa, respeitoso com as pessoas que precisavam de apoio e rigoroso com os líderes. Uma pessoa de bom senso, confiável e amável.

O presidente Ikeda relata: “Tenho na mente a imagem do tipo de pessoa que ele deva ter sido — um homem que, por mais pressionado que fosse para escolher entre uma proposição filosófica e outra, nunca se esqueceu de sorrir. Um sábio que, às vezes com um ar de distanciamento, em outras com um ar de orgulho, e noutras ocasiões silenciosa e serenamente percorreu imperturbável seu caminho. É essa imagem de Shakyamuni que tenho esperança de apresentar neste livro” (p. 11).

Shakyamuni não pretendia fundar uma religião — ele revelou em si a Lei última da vida e se dedicava sinceramente a cuidar de pessoas, transmitindo a elas a lei que ele mesmo havia descoberto; seu jeito de agir, sua atraente filosofia de vida e a forma como transmitia essa lei é que mais tarde foram denominadas budismo.

“Ele foi, sim, um homem que, em linguagem quase espantosamente simples e natural, utilizando pequenas histórias e analogias que podiam ser compreendidas por todos, procurou despertar em cada indivíduo o espírito que reside no ser interior de todas as pessoas. Quando fala à humanidade em sua maneira despretensiosa, percebe-se nas palavras claras e simples ecos de um outro reino, aquele de um homem realmente iluminado que lutou contra a escuridão em si mesmo e venceu, chegando à determinação final da verdade” (Ibidem, p. 12).

A beleza do livro O Buda Vivo está no esforço sincero do presidente Ikeda em apresentar a vida do fundador do budismo do ponto de vista humano. O Buda arriscou a vida por anos a fio em busca da iluminação, do reino interior mais profundo. Ao tomar contato com essa lei, se dedicou a ensiná-la com clareza, paciência e profundo respeito às pessoas, principalmente às que mais sofriam.

Um jovem humanista e buscador da verdade

Shakyamuni era filho de rei e deve ter passado pelo tipo de treinamento que o prepararia para assumir o trono do pai no momento apropriado. A lenda diz que sua mãe fez o filho receber instruções em artes civis e militares.

O clã Shakya, onde nasceu, não era tão grande nem poderoso e a expectativa no jovem era enorme. Mas Shakyamuni “era por natureza um jovem muito introspectivo e de pendores filosóficos. Acredito que o jovem Shakyamuni possa ser descrito como um humanista e buscador da verdade, que possuía um agudo senso de justiça” (Ibidem, p. 22), afirma o presidente Ikeda.

Ele se casou aos 16 ou aos 19 anos, conforme a fonte de estudo, e teve um filho chamado Rahula. Mas o jovem não conseguia banir da sua mente a profunda angústia que sentia com as questões do envelhecimento, da doença e da morte.

Aos 19 anos decidiu renunciar ao luxo e à família em busca de respostas sobre a raiz da vida. Essa escolha mudou não só a vida dele mas de toda a história espiritual do mundo. Dois professores lhe ensinaram muitas coisas mas a angústia continuava. Praticou mortificações religiosas até se reduzir a um estado de definhamento, mas ainda não conseguia chegar à essência da vida. Então, caiu em profunda meditação ao pé de uma figueira numa floresta e obteve a iluminação. Segundo fontes, foram dez anos de esforço.

O que movia Shakyamuni era seu desejo ardente de achar meios para transcender os sofrimentos inerentes à vida humana.

Iluminação é a vitória completa sobre a negatividade mental

Os últimos momentos antes da iluminação de Shakyamuni são dramáticos [Na página C4, o presidente Ikeda relata mais detalhes].

As forças negativas mentais mais profundas e amedrontadoras tentavam de tudo para fazê-lo desistir; em seu íntimo, um turbilhão de emoções — mas “ele as desafiou de frente e não arredou o pé nem um centímetro” (Ibidem, p. 66). Ele não se deixava distrair por nada e lutava concentrado em busca da sua meta.

Ao vencer a camada mais profunda da negatividade, atingiu a iluminação nas primeiras luzes do dia depois de mais uma noite inteira de busca: “ele sentiu sua vida desabrochar e num relâmpago discerniu a realidade final das coisas. Nesse momento de iluminação, ele se tornou um buda e nasceu a fé budista, que estava destinada a produzir um impacto imensurável sobre a história da humanidade” (Ibidem, p. 69).

Sua iluminação não era apenas a descoberta de um pensador ou de um gênio. A iluminação de Shakyamuni foi universal, profunda, fundamental o suficiente para transformar o destino e o sofrimento do indivíduo que a apreende: “É o único estado de vida que pode mudar o destino da pessoa e lhe abrir um futuro infinito. A iluminação por ele alcançada foi do mais alto nível possível. Que alegria, que bem-aventurança ele deve ter sentido” (Ibidem, p. 73).

Pelo resto de sua vida, o Buda esteve comprometido com o propósito de manter e propagar seu estado de vida pelo bem das pessoas.

Linhagem humanista: de Shakyamuni à SGI

“O que Shakyamuni alcançou sob a árvore Bodhi foi a apreensão intuitiva da essência da vida” (Ibidem, p. 78).

Ele viveu até o último suspiro ensinando às pessoas como manifestar a mesma condição que a dele.

Ao longo dos séculos, as pessoas divinizaram o Buda e nenhuma prática religiosa era capaz de fazer uma pessoa comum florescer em si a iluminação.

O Buda Nichiren Daishonin, no século 13, no Japão, clamou o retorno ao Shakyamuni humano e por meio do Sutra do Lótus, o principal ensinamento do fundador do budismo, revelou o Gohonzon do Nam-myoho-renge-kyo, cuja prática e propagação permitem novamente a qualquer indivíduo do povo manifestar o estado de buda. Hoje, a fé para se alcançar na vida cotidiana essa mesma condição é encontrada na SGI, a herdeira direta da linhagem humanista do budismo.

Concluísmo com a afirmação do presidente Ikeda: “A felicidade de todas as pessoas, ou seja, o estabelecimento de uma religião em prol do bem-estar dos seres humanos, é uma linhagem desde Shakyamuni, Sutra do Lótus, Nichiren Daishonin, Makiguchi sensei até a Soka Gakkai atualmente. Essa é também a linhagem da revolução religiosa — o combate à natureza demoníaca que causa o sofrimento humano” (BS, ed. 2.324, 21 mai. 2016, p. B2).

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