Nichiren - “Ainda assim, darei a vida em prol da Lei”

Daishonin devolveu o budismo para o povo

Nichiren Daishonin é o Buda dos Últimos Dias da Lei. Para entender sua importância é preciso, primeiro, compreender a época.

Últimos Dias da Lei são um estágio peculiar da humanidade caracterizado por extrema confusão tanto no mundo do budismo quanto na sociedade.

Shakyamuni fundou o budismo cerca de 500 anos a.C. e, com o tempo, a eficácia de seu ensinamento foi se perdendo. Quanto mais o tempo passava, mais a Lei da vida revelada por ele se distanciava das pessoas.

Ikeda sensei afirma: “Resumindo, é uma época crítica em que tanto o budismo como a sociedade chegaram a uma encruzilhada e que, se for permitido que permaneçam nesse estado, provavelmente acabarão levando a sociedade a mais confusão e ao colapso” (Diálogo sobre a religião humanística, publicado em série na revista Terceira Civilização).

Nichiren Daishonin nasceu em 1222 e encontrou o Japão daquele período exatamente como descrito nos sutras. “Assim, ele buscou uma maneira de possibilitar às pessoas da época mudarem fundamentalmente sua vida e concretizarem a felicidade absoluta e, ao mesmo tempo, transformarem a sociedade. E suas descobertas são hoje igualmente relevantes”, assegura o presidente da SGI.

Ele não se poupava para garantir a felicidade de todos

Nichiren Daishonin estudou todos os sutras e filosofias disponíveis na época em profundidade e com rara habilidade.

Sua sabedoria aliada a uma profunda compaixão o levou a compreender as raízes do caos em que se encontrava a prática budista e conectá-la a esse caos com a realidade política, social, econômica, religiosa, filosófica.

Havia algo muito errado e era necessário agir; e ele agiu, se responsabilizando sozinho pela felicidade das pessoas do mundo. No entanto, isso não foi simples; sua existência épica incluiu revelar o Gohonzon do Nam-myoho-renge-kyo (a lei original da vida e da morte), além de iniciar a propagação dessa Lei. A propagação lhe rendeu dificuldades inimagináveis. Primeiro foi encarar pessoa por pessoa e paciente e apaixonadamente compartilhar uma forma de prática na qual cada indivíduo também manifestasse o poder infinito latente em si. Não fosse só isso, precisou lidar com a corrupção no mundo do budismo que se transformara numa prática centrada em formalidades e cargos, arraigada em poderosos detentores do mando político. A teia de relações humanas era complexa e o fato de aparecer um jovem dizendo verdades e apontando os erros dos poderosos provocou ira e reações das mais diversas.

Ikeda sensei revela o drama pelo qual Nichiren teve de passar: “Foi uma batalha que consumiu todo o seu ser. A vida inteira de Daishonin foi uma sucessão de batalhas para conduzir as pessoas dos Últimos Dias à iluminação. Frequentemente nos deparamos no Gosho com frases como ‘somente eu, Nichiren’ e ‘no início dos Últimos Dias da Lei’. Ambas são manifestações do profundo espírito de Daishonin de assumir a responsabilidade por tudo e de se levantar na vanguarda dos dez mil anos e mais dos Últimos Dias, revelando e propagando pela primeira vez a grandiosa Lei que capacita todos os seres humanos a extrair o máximo de seu potencial” (Ibidem).

É possível se tornar buda agora

Ser buda não é status, mas é manifestar a poderosa energia vital de quem, assim como Nichiren, “se responsabiliza por tudo”, ou seja, se levanta e ensina cada indivíduo a converter sofrimento em alegria profunda.

Buda é quem inicia a mudança do mundo por meio da própria revolução humana e, pessoa por pessoa, compartilha o júbilo da prática da Lei Mística.

É um trabalho que exige empenho total, uma vez que gera oposição das instâncias que não querem ver as pessoas iluminadas.

O Buda Original dedicou todo o seu ser numa luta sem igual. Suas intensas batalhas como um cidadão comum iluminado pela lei eterna são um modelo para todos os membros da SGI. Nada o deteve na ânsia consciente de cumprir sua missão; seus escritos (Gosho) deixaram para a posteridade a prova documental da real dimensão da grande força de Nichiren.

Por que Daishonin causou tanta polêmica? Um dos motivos foi sua proposta de prática budista: a garantia de que as pessoas do povo, sem exceção, podem manifestar agora o estado de buda descrito no Sutra do Lótus.

Ikeda sensei analisa: “Daishonin encontrou a resposta na revelação do sutra de que todas as pessoas podem atingir o estado de buda. Aliás, este ensinamento não é sobre tornar-se buda em algum momento do distante futuro. É possível para os seres humanos tornarem-se budas agora”. (Ibidem).

Amigo das pessoas sofridas, implacável com os poderosos

Nichiren foi um grande ser humano, amável, sábio, sincero com as pessoas do povo. E implacável com os poderosos que causavam sofrimento às pessoas.

Sua meta era devolver ao povo o budismo original capaz de fazer todos felizes e plenamente realizados. Seu caráter humanístico abraçava as pessoas, as encorajava a serem fortes, autônomas, esperançosas.

Ikeda sensei declara: “O humanismo budista não está fundamentado numa estrutura conceitual fixa, mas sim no potencial de cada pessoa para realizar sua revolução humana cultivando sua inerente natureza de buda” (Ibidem).

Daishonin deixou meios práticos para qualquer pessoa converter sofrimento em alegria.

Ikeda sensei apresenta o auge da filosofia do Buda: “Daishonin concluiu que o único caminho para conduzir as pessoas dos Últimos Dias da Lei à felicidade é cultivar a própria natureza de buda e capacitar as outras pessoas a fazer o mesmo. E ele revelou o Nam-myoho-renge-kyo como o meio para alcançar isso. Os Últimos Dias da Lei são uma ‘era de conflitos’ — uma época em que tudo tende para a desavença. A força para resistir a essa torrente vem da firme convicção na existência da natureza de buda em si próprio e nos demais. E realizar a prática de reverenciar os outros se resume em agir com base nessa convicção. O kosen-rufu nada mais é que a expansão da rede de pessoas que compartilham essa mesma convicção e que avançam de acordo com ela. Foi Daishonin quem colocou a corrente do kosen-rufu em movimento para repelir a torrente desta ‘era de conflitos’.” (Ibidem).

Nichiren faleceu serenamente em 1282. Viveu e lutou como um grande ser humano. Somente na SGI, hoje, é possível ver pulsar o verdadeiro espírito do Buda de lutar com entusiasmo em meio ao povo garantindo pelo shakubuku a felicidade de cada pessoa.