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Aprender com a Nova Revolução Humana

Momentos inesquecíveis: volume 19 (parte 1)

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Dr. Daisaku Ikeda

11/04/2024

Momentos inesquecíveis: volume 19 (parte 1)

Recusar-se a ser derrotado é a própria vitória

Em fevereiro de 1974, Shin’ichi Yamamoto visitou a província de Okinawa para oferecer orientação e encorajamento aos membros. Durante a sua primeira visita à ilha de Miyako, ele realizou uma cerimônia em memória dos falecidos de guerra, assim como dos antepassados dos habitantes da ilha. Em uma atividade de plantio, uma palmeira foi plantada em homenagem a Morimasa Ibe, membro pioneiro que tinha sido líder de grupo em Miyako. Também encorajou calorosamente a Toki, viúva de Ibe.

No entanto, o preconceito em relação à Soka Gakkai entre os ilhéus era muito forte. Quando Ibe tentava realizar uma reunião de palestra, algumas vezes seus vizinhos se postavam do lado de fora e ficavam batendo canos de metal para atrapalhar a atividade. Mesmo assim, ele se mantinha determinado a possibilitar que seus conterrâneos se tornassem felizes, e se recusava a desistir. Contanto que estejamos firmemente decididos, nenhuma barreira pode nos deter. Com o tempo, o número de membros da Soka Gakkai na ilha aumentou para cerca de trinta famílias, e foi fundado um grupo no lado leste da ilha.

Porém, em julho de 1967, Ibe pegou um resfriado que acarretou complicações e, então, sua morte repentina. Ele tinha apenas 46 anos e estava no auge da vida. Deixou a esposa, Toki, e sete filhos, o mais novo somente com 2 anos e 4 meses. Toki não sabia o que fazer. Influenciados pelas crenças tradicionais da ilha, os vizinhos diziam que aquilo havia acontecido pelo fato de ela e o marido cultuarem “deuses da ilha principal”, aproveitando-se da morte de Ibe para intensificar os ataques à Soka Gakkai. Muitos na comunidade evitavam Toki, e seus filhos sofriam bullying na escola. Derramando lágrimas amargas, Toki decidiu que não seria derrotada.

Toki trabalhava ao limite de suas forças, perseverando na prática budista, com o objetivo de realizar o sonho do marido de levar a felicidade a todos em Miyako.

Então, na cerimônia em memória dos falecidos, ela recebeu a notícia de que o presidente Yamamoto plantaria uma árvore em tributo ao seu marido. A emoção tomou conta dela. Depois da cerimônia, Shin’ichi disse-lhe com carinho e convicção:

— Sei como está sendo difícil para você.

Tudo o que Toki conseguia fazer era tentar conter as lágrimas. Shin’ichi prosseguiu:

— Sei que a situação ainda deve ser muito árdua, mas você já venceu. Recusar-se a ser derrotada é, em si, a vitória. Por favor, pense nesta árvore como se fosse seu marido e viva cada ano que passa com plena esperança ao lado dos filhos. Tenho certeza de que seu marido está zelando por todos. Se você se mantiver fiel à fé até o fim, infalivelmente se tornará feliz. Esta vida é um grande drama concebido para tal propósito.

Toki chorava sonoramente.

— Você ficará bem. Não se preocupe com nada. Você tem o Gohonzon. Estarei orando por você — garantiu Shin’ichi.

Enxugando as lágrimas, Toki ergueu a cabeça e assentiu, com o brilho de uma nova determinação em seu olhar. (...) A vida ainda era complicada para ela e sua família, mas Toki já não sentia medo. Um magnífico arco-íris de esperança fulgurava em seu coração.

(Capítulo “Arco-íris da Esperança”)

*** 

O apreço é a fonte da felicidade

Em março, Shin’ichi visitou o Peru, onde os membros da Soka Gakkai, liderados pelo diretor-geral Vicente Seiken Kishibe, mudaram muito a percepção da Soka Gakkai na sociedade por meio de sua luta constante.

Na tarde de 22 de março, Shin’ichi resolveu dar um passeio por Lima. Desejava ver a capital do Peru e observar o modo como o povo vivia...

Ao se deparar com uma loja de roupas, Shin’ichi entrou.

— Quer comprar roupas? — perguntou Kishibe.

— Sim, quero comprar algumas para o senhor — respondeu Shin’ichi.

Percebendo o terno velho e surrado que Kishibe estava usando e a falta de um dente da frente, Shin’ichi ficou com muita pena do diretor-geral. Imaginou que, apesar de tocar um estúdio fotográfico e uma papelaria, a vida dele provavelmente não fosse fácil. Com um orçamento apertado, devia ter economizado ao máximo para guardar algum dinheiro para viajar pelo Peru a fim de visitar os membros.

Doar alegremente o próprio tempo e recursos em prol do kosen-rufu constitui a nobre atitude de um bodisatva. Esse espírito de fé com certeza se manifesta como infinita boa sorte e benefícios.

Shin’ichi disse sorrindo:

— O senhor lutou arduamente e deu tudo de si para trabalhar pela felicidade dos membros aqui do Peru em meu nome. Em sinal do meu profundo respeito e consideração, gostaria de presenteá-lo com um terno novo. Por favor, escolha um que lhe agrade.

— Oh, não, não posso aceitar — recusou-se Kishibe, sentindo-se tomado ao mesmo tempo por imensa gratidão e vergonha.

— Ainda não atendi às suas expectativas. Lamento terrivelmente esse fato. Não mereço ganhar esse presente do senhor — acrescentou.

— É um pequeno gesto de sincero apreço. Veja como um presente de seu irmão mais novo do Japão. Por favor, não pense mais nisso. — observou Shin’ichi em tom de leve reprimenda.

Em seguida, procurou um terno que se assentasse bem em Kishibe.

Sensei, por favor, não é necessário... — interveio Kishibe, com lágrimas brotando em seus olhos.

Porém, desistiu e simplesmente agradeceu e curvou-se com profunda gratidão:

— Muito obrigado. Já que faz tanta questão.

Pessoas modestas são naturalmente repletas de gratidão. O espírito de gratidão faz surgir um profundo sentimento, que se torna fonte da felicidade.

(Capítulo “Canção do Triunfo”)

(Traduzido da edição do dia 13 de maio de 2020 do Seikyo Shimbun, o jornal diário da Soka Gakkai.)

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Ilustração: Kenichiro Uchida

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