Caderno Nova Revolução Humana
BS
Vamos ter uma suprema existência
Capítulo “Brado da Vitória”, volume 30
Ho Goku
11/04/2024
PARTE 17
Fitando os jovens, Shin’ichi Yamamoto disse:
— Se esse é o desejo de vocês, eu os apoiarei. Posso então fazer umas alterações?
Em uníssono, todos responderam “Sim!”.
— Então, vamos juntos criar uma canção sublime que possa ser cantada para sempre!
De imediato, Shin’ichi passou para o estudo e a lapidação da letra da canção:
— Inicialmente, sobre a introdução “Ah, a hora do amanhecer chegará”, a palavra “amanhecer” já vem sendo muito utilizada tanto nas canções da Soka Gakkai como nos hinos de alojamentos estudantis. Numa canção, o início é muito importante. O primeiro verso é o que decidirá a vitória ou a derrota. É necessária uma imagem de cor nítida e resplandecente tal como um feixe de luz do sol ou da lua se estendendo amplamente. Acho que a imagem desta canção pode ser a da coloração carmesim. Que tal colocarmos no começo da letra “Ah, a manhã carmesim despontou”? O título da canção será Kurenai no Uta [Canção do Carmesim]. Queria fazer com que a melodia também fosse algo alegre, forte e que, conforme ela avançasse, evidenciasse um frescor ainda nunca antes visto nas canções. Por exemplo, que tal se fosse assim?
Shin’ichi cantarolou uns acordes. Tomohiro Suginuma, encarregado da elaboração da música, registrou imediatamente a partitura. Com isso, a ideia da música também ficou definida.
— Quero que crie uma música nova que siga na vanguarda do tempo, considerando as já existentes até agora. Desejo que se torne uma canção que as pessoas se sintam inspiradas e felizes só de ouvi-la. Dizendo de forma clara e direta, não quero que seja uma música que fique se alternando agitadamente e transmita inquietude, mas que seja magnânima e imponente. E vamos fazer com que se torne uma canção que todos sintam vontade de cantá-la, em vez de serem obrigadas a entoá-la.
A reunião de diálogo se tornou na atividade de composição da canção.
— Vamos também pensar mais e trabalhar as palavras “tempestades de obstáculos e de maldades”. Que tal se colocarmos “Ó, prepotentes obstáculos e maldades”? O importante numa letra é que não fique dependendo de expressões comuns que vieram sendo utilizadas, e somar contínuos esforços em busca de ideias criativas e inovação. O kosen-rufu que objetivamos e o princípio de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra” possuem aspectos não compreensíveis nas concepções existentes até agora. Isso porque é algo totalmente novo, sem precedentes. Assim sendo, para representá-los, é imprescindível uma nova forma de expressão.
PARTE 18
Shin’ichi Yamamoto seguiu revisando a letra dialogando com os jovens. Por meio da elaboração da canção, ele tentava ensinar aos jovens o coração da Soka Gakkai e desenvolver neles a consciência como sucessores Soka.
— Vamos mudar o verso da terceira estrofe “Do kosen-rufu, que seria edificado pelos pais e pelas mães” para “Edificado pelas mães agora já idosas”. Dessa forma, creio que surge uma imagem mais concreta. Quero incluir na palavra “mães” tanto os pais como as pessoas que edificaram a Soka Gakkai em seus primórdios. Este é um ponto de suma importância. Agora, a organização possui um magnífico centro de treinamento, e também maravilhosas sedes regionais em todas as localidades. A Soka Gakkai se tornou de fato a maior organização religiosa do Japão. Mas, até chegarmos aqui, houve muitas árduas e angustiantes batalhas e dramas emocionantes de muitos companheiros veteranos, a começar pelo pai e pela mãe de vocês. Mesmo sendo menosprezados como “pobres” e “doentes” e lutando contra os preconceitos e as ofensas ocasionados por mal-entendidos, eles se dedicaram à propagação sem recuar um único passo, com esforço e elevada disposição. Não importando o sofrimento e a tristeza que experimentassem, os companheiros tinham uma grande esperança. Era a convicção de que os filhos sucessores, ou seja, vocês, se desenvolveriam de maneira admirável e digna, e se tornariam extraordinários líderes do kosen-rufu e da Soka Gakkai. Por isso mesmo, independentemente do que ocorresse, conseguiram se esforçar e continuar na batalha com o sentimento de “Esperem e verão!” e “Não serei derrotado jamais!”. Nunca devem trair as expectativas desses pais e mães. Se ignorarem esse sentimento deles, serão ingratos. Peço a vocês que se tornem alguém que os companheiros dos primórdios da Soka Gakkai elogiem como “Magníficos sucessores que se desenvolveram em sucessão. Isso sim, é o nosso maior orgulho!”.
Shin’ichi corrigiu toda a letra, da primeira à terceira estrofe. O número de alterações chegou a mais de trinta.
— Eu ainda vou pensar mais. Pela Divisão dos Jovens, quero deixar uma sublime canção que será cantada e herdada para toda a eternidade. Concluirei uma música que se tornará a prova da declaração da contraofensiva do kosen-rufu.
Nesse dia, ele se dedicou à revisão da letra até tarde da noite. E ponderou profundamente sobre cada uma das palavras com o sentimento de embutir nelas a sua alma.
PARTE 19
Na tarde do dia 13, Shin’ichi Yamamoto participou da reunião de gongyo comemorativo dos 25 anos de fundação do Distrito Aichi, promovida no auditório do Centro de Treinamento de Shikoku.
Na visita a Kochi, realizada há três anos com o desejo de se encontrar com os companheiros da província e incentivá-los, Shin’ichi também chegou ao Centro de Treinamento de Kochi, próximo ao Cabo Ashizuri, e se dedicou a orientar e incentivar aqueles nesse local. Esses membros haviam superado várias dificuldades e se reuniram ali com o espírito elevado.
Na reunião de gongyo comemorativo, citando frases como “Sem as adversidades, não existiria devoto do Sutra do Lótus”,1 Shin’ichi reconfirmou que era natural se deparar com grandes perseguições no caminho do kosen-rufu, e falou sobre a postura da prática da fé:
— É justamente no momento das dificuldades que se conhece a essência da fé de uma pessoa. Existem pessoas que traíram companheiros, revelando seu coração covarde, e fogem. Há também pessoas que decidem em seu coração que “Agora é o momento da verdade” — e se levantam resolutamente. Essa diferença é definida pela trajetória de como veio polindo e fortalecendo a fé no dia a dia. Não há como estabelecer uma fé forte e destemida de um dia para o outro. Pode-se dizer também que o empenho contínuo e diário nas atividades da Soka Gakkai é para manter a fé inabalável nos momentos de adversidades com coragem. Nós somos mortais comuns, não passamos de pessoas do povo. Por essa razão, somos humilhados e perseguidos. No entanto, o que propagamos é a mais sublime e elevada Lei chamada “Lei Mística” e, por essa razão, podemos realizar sem falta o kosen-rufu. Além disso: “A Lei não se propaga por si mesma. Por ser propagada pelas pessoas, tanto a Lei como as pessoas tornam-se dignas de respeito”.2 Portanto, “as pessoas de propagação” que expandem a suprema Lei conseguem trilhar uma suprema existência. Ser injuriado infundadamente e sentir raiva e revolta em prol do kosen-rufu e da Soka Gakkai se tornarão tudo em eterna boa sorte. Sem sermos aturdidos por palavras e ações de baixo nível, vamos ter até o fim uma suprema existência em exato acordo com os princípios do budismo!
Uma estrondosa salva de palmas irrompeu no auditório.
Tanto Tokushima como Kagawa, Ehime e Kochi se levantaram. Shikoku se tornou a pioneira da batalha da contraofensiva.
PARTE 20
Nesse dia 13, em que foi realizada a reunião de gongyo de Kochi, Shin’ichi Yamamoto incentivou, além dos participantes da atividade, os membros de cada uma das divisões e integrantes dos grupos de bastidores, e ainda tirou fotos comemorativas com muitas pessoas. Também continuou a lapidar a letra e a canção Kurenai no Uta [Canção do Carmesim] nos intervalos entre esses momentos.
A cada alteração da letra, ele comunicava os jovens.
Tomohiro Suginuma, responsável pela composição da música, havia começado a elaborá-la com base naquilo que Shin’ichi cantarolou na reunião de diálogo, e conseguiu lhe dar uma forma, a princípio.
No final da tarde do dia 13, quando Shin’ichi vistoriava as dependências do centro de treinamento e deu uma olhada no auditório, viu os membros cantando em coro a canção com as alterações para gravar numa fita cassete. Após ouvir o coral por algum tempo, ele transmitiu sua impressão ao compositor Suginuma:
— Parece que a música está um pouco difícil. Vamos deixá-la mais fácil de cantar e mais agradável.
À noite, chegou às mãos de Shin’ichi a fita cassete com a música gravada. Ao ouvi-la, ele disse:
— Ficou excelente! A música está bem assim. Desse jeito, agora é a letra que está perdendo para a música. Vamos melhorá-la ainda mais!
Shin’ichi trabalhou a letra ainda com mais dedicação.
No dia 14, ele ouviu a fita com a canção no Centro de Treinamento de Shikoku, e também durante a sua visita ao Centro Cultural de Shikoku e à Sede da Divisão Feminina de Shikoku, e continuou lapidando a letra.
E mesmo à noite, quando foi ao banho coletivo com representantes da Divisão Sênior (DS) e da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) de Shikoku, ele ainda continuou pensando na melhoria da letra da canção.
Os componentes da Divisão Masculina de Jovens do Japão haviam externado o anseio de que essa canção não fosse apenas da Divisão Masculina de Jovens de Shikoku, mas que pudesse ser cantada amplamente no país inteiro como canção da divisão.
— Se for assim, vamos torná-la algo ainda mais extraordinário.
Após o banho também, ele continuou revendo cada trecho, cada palavra, sempre se perguntando: “Não há nenhum outro ponto para corrigir?”; “Não há nada mais para melhorar?”.
O processo de criação é uma batalha contra o próprio coração que tenta se conformar e ceder facilmente. É vencendo esse coração e seguir somando esforços, desafios e reflexões em busca de alternativas até o extremo que se abrem os novos caminhos.
Shin’ichi queria ensinar aos jovens sucessores esse espírito de luta de uma criação.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
Notas:
1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, 2020, p. 33.
2. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 856.
Ilustrações: Kenichiro Uchida
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