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Entrevista

Em ritmo contagiante

Cantor de funk

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01/04/2021

Em ritmo contagiante

Com o desejo de cumprir a missão de levar esperança e alegria às pessoas pela música, Jean Paul consolidou sua carreira no funk; e, com quase duas décadas de profissão, segue cantando e criando letras inspiradoras

- Pode nos contar como começou sua história na música? 

Por incrível que pareça, era para eu ser militar. Quem queria ser o artista da família era meu irmão, que adorava dançar e cantar. Quando ele tinha 17 anos, uma tragédia aconteceu e ele faleceu. Eu estava servindo na Aeronáutica e meu mundo desabou. Alguns anos se passaram e, de certa forma, incorporei o sonho dele ao meu. Hoje, toda vez que subo ao palco, lembro-me dele. E toda vez que termino o show e o público aplaude de pé ou pede “mais um”, dedico a vitória a ele. 

- Como você fez para se aprimorar na área?

No início da carreira, por usar muito a questão das rimas, lia bastante. Depois senti a necessidade de fazer faculdade. Sensei sempre incentivou os jovens a estudar, então entrei na faculdade, no curso de música. Porém, devido à agenda lotada e às viagens, ainda não consegui me formar, mas pretendo retomar. 

- Por que escolheu o funk como seu estilo musical?

O funk é um ritmo contagiante. Só de escutar a batida, mesmo sem a letra, já dá vontade de se mexer. Eu me apaixonei pelo ritmo e pela interatividade que o estilo provoca. 

- Poderia compartilhar um pouco de sua trajetória?

Em 2021, completo dezenove anos de carreira. No início, tudo foi difícil; foram muitos “nãos” e muitas “portas na cara”. 

Recordo-me de que chegava aos shows com outros artistas e, no meio da multidão, só tinha uma fã com um cartaz com meu nome: a minha mãe. Com o tempo, e não da noite para o dia, vieram os primeiros sucessos e os primeiros fã-clubes; até hoje, gravei três CDs e estamos preparando um DVD. 

- Qual a maior dificuldade que enfrentou na carreira?

Imagine um descendente de japonês, budista, cantando funk no Rio Grande do Sul. Parece piada, né? (rs). Posso dizer que sou um dos pioneiros do funk e não é fácil. Uma das maiores dificuldades foi a discriminação que o funk sofre pelas letras, mas minha missão sempre foi mostrar o outro lado — sem apologias a drogas ou sexo e sem comprometer a imagem das mulheres. Exemplo disso foi o show que fizemos no tradicional Theatro São Pedro, de Porto Alegre, RS: misturamos funk com orquestra!

- Você escreve suas próprias músicas? Como é o processo?

Componho a maioria das minhas músicas. O processo geralmente se dá baseado em histórias reais, que vivo no dia a dia, ou as que escuto. Por mais difícil que seja, sempre tento passar alguma mensagem positiva através do nosso funk, que fala de amor, alegria e energia.

- Quais são suas inspirações?

Passei minha infância ouvindo Beatles por ter um pai “beatlemaníaco” (rs). Em minha adolescência, ouvia Legião Urbana, mas no funk minhas referências são Claudinho e Buchecha, Sampa Crew, Mc Serginho, Charlie Brown Jr. e Mc Marcinho.

- Qual momento marcou sua carreira?

Nosso show no Japão, no Brazilian Day, em 2008, em Toyohashi. Prometi que se fosse um show magnífico digno da presença de Ikeda sensei, no final ofereceria esse show a ele. E realmente foi, pois o Mestre ficou sabendo e nos mandou uma mensagem pelo evento! Um dos momentos mais marcantes em minha carreira. 

- Como conheceu o budismo?

Tive grande boa sorte, pois, quando estava com meses de vida, meus pais se converteram ao budismo. Lembro-me com muito carinho das atividades do Grupo 2001 (antiga Divisão dos Estudantes), meu irmão e eu bagunçávamos muito (rs) a ponto de a minha mãe pensar se iria mesmo a uma atividade. Com toda a benevolência, os veteranos incentivavam minha mãe a participar e levar os “pestinhas”. Hoje, posso afirmar com toda a convicção que crescer no jardim do humanismo Soka é a maior herança que os pais podem deixar para os filhos, e por isso tenho muita gratidão aos meus pais. 

- Que conselho você daria para os Estudantes que desejam ser músicos?

Ter muito claro “para quê?” e “por quê?” desejam isso. Perguntem-se, constantemente: “Por que quero ser músico?” e “Para que quero ser famoso?”. Certa vez, minha mãe me disse: “Você não é um Mc, é um bodisatva da terra que cumpre sua missão através do microfone”. Tenham consciência de seu propósito, a missão que possuem. 

Não é uma estrada fácil. Lembrem-se de que “uma árvore não cresce de um dia para o outro” e que “mil começa com um”. Se vocês têm esse sonho, dediquem-se, esforcem-se, estudem, tenham coragem para continuar no momento mais difícil. Essa coragem, nós, que somos budistas e discípulos de Ikeda sensei, sabemos muito bem que vem da recitação do Nam‑myoho-renge-kyo, a fonte da energia vital que faz os sonhos se realizarem. 

- Na live da EBS, os funcionários ofereceram uma apresentação com umas de suas músicas como forma de agradecimento aos leitores, poderia contar um pouco sobre a letra?

Gostaria de agradecer e parabenizar aos funcionários da EBS, a apresentação ficou linda e adorei as coreografias! Essa letra tem um significado muito especial, pois foi feita no meio da pandemia. Um dia, olhando para meu filho, Kazuki, que vai completar 9 anos agora em abril, senti seu olhar preocupado e triste ao ver tudo o que estava acontecendo devido ao coronavírus. Então, eu lhe disse: “Tudo vai dar certo!”. E comecei a escrever uma música assim pensando em trazer uma mensagem de esperança. Kazuki é um Estudante assim como vocês. Da mesma forma, gostaria de dedicar essa música à Divisão dos Estudantes do Brasil. 

- Há algo que não perguntamos que gostaria de falar?

Há uma diretriz que o presidente Ikeda deixou para a DE que, sempre que posso, falo nos shows: “Seja forte, seja correto e cresça livremente!”. 

A história do funk

O funk é um estilo musical que surgiu através da música negra norte-americana no fim da década de 1960. E também se originou a partir da soul music, tendo uma batida mais pronunciada e algumas influências do R&B, rock e da música psicodélica. As características desse estilo musical são: ritmo sincopado, a densa linha de baixo, uma seção de metais forte e rítmica, além de uma percussão (batida) marcante e dançante.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/artes/funk.htm

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