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Entrevista

Atuar no palco e nos bastidores

Conheça a história do Yago, um ator apaixonado pelo teatro

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Redação

18/09/2022

Atuar no palco e nos bastidores
Perfil
  • Yago Marcelo Gonçalves Lima
  • 25 anos
  • Mora em Belford Roxo (RJ)
  • Vice-responsável de subcoordenadoria da Divisão dos Jovens
  • Formação: bacharel em artes cênicas na PUC-Rio
Poderia falar um pouco sobre você?

Eu me chamo Yago Gonçalves, sou morador da cidade de Belford Roxo (RJ). Minha família pratica o Budismo de Nichiren Daishonin desde 1976, quando minha avó conseguiu realizar o grande desejo de engravidar da minha mãe. Faço parte da terceira geração de praticantes do budismo.

Desde muito novo, tive contato com vários movimentos criativos. Na escola, apresentava programas estudantis, participava de danças e pesquisas culturais e outras atividades artísticas. Na Divisão dos Estudantes, também fui um Estudante muito envolvido. Brinco dizendo que gostava de aparecer, mas, na verdade, já existia um impulso que me lançava para o que eu iria me tornar, que é um artista.

Sou membro do grupo Sokahan desde os 9 anos. Atuar nos bastidores quando queria estar no palco moldou a minha personalidade e ainda molda, pois é importante ter humildade para entender o que não acontece na frente do público. Esse é o treinamento da minha vida.

Você sempre teve interesse pelo teatro? Como começou?

Foi em 2012, quando fui ao teatro pela primeira vez e senti o desejo de estar onde os atores estavam, e não na plateia.

No ano de 2013, comecei um curso de iniciação teatral com o diretor Guedes Ferraz, que até hoje é meu diretor. Na época, como era muito jovem, tímido e inseguro, cheguei a pensar que era só uma fase, mas ouvia nas reuniões dos Estudantes que “tínhamos que correr atrás dos nossos sonhos”.

É interessante compartilhar que, em 2014, na Academia dos Sucessores Ikeda 2030, tivemos um momento com os departamentos da organização e eu conheci os integrantes do Departamento de Artistas (DEPART). Infelizmente, não lembro o nome do ator, mas lembro bem que ele me disse que nada era difícil e que, se eu quisesse, eu poderia alçar voos altos. Nunca me esqueci dessas palavras.

Entrevista, RDez 250, out. 22, 1

Yago durante a apresentação do espetáculo Novos Amigos, no Sesc São João de Meriti (Rio de Janeiro, jul. 22)

Como é um curso de teatro?

Existem momentos que precisamos ficar sentados e estudar a teoria, mas a maior parte das aulas são práticas. O professor ou o diretor estimula o aluno a se colocar em diversas situações que não são reais e encará-las como verdadeiras. Há uma frase que diz que “O ator é um grande fingidor”.

Existem diversos métodos de trabalho, dos mais tradicionais até os modernos. Eu, particularmente, tenho uma grande afinidade pelo método de Constantin Stanislavski, um diretor e ator russo que viveu no final do século 19 e início do século 20. Após anos de estudo e experiência, ele escreveu uma série de livros para sistematizar seu método de atuação. Para Stanislavski, o seu sistema não era o fim, mas o começo pelo qual os atores poderiam começar suas vivências cênicas.

Quando você descobriu que queria ser ator de teatro?

Quando comecei a estudar teatro, em 2013. Aprendi diversas técnicas e vi tudo o que o teatro poderia me proporcionar, desde encontros com outros artistas e ideias até as mais diversas atuações no tablado. Mas a certeza veio depois que assisti a uma entrevista daquela que, para mim, é a grande diva do teatro brasileiro, Fernanda Montenegro. Ela disse que para saber se você é mesmo feito para as artes você precisa se afastar do teatro. Quando você não consegue se manter distante e existe algo dentro de você que incomoda, então, você deve voltar.

Quando passei no vestibular para letras, em 2016, fiquei um ano distante do teatro. Acredito que foi o pior ano da minha vida porque não me sentia completo.

Como é o seu dia a dia no trabalho? Qual é a parte mais legal? E a mais desafiadora?

Engana-se quem pensa que o teatro é um espaço livre de regras e tarefas. Nos grupos que participei, todos os atores são responsáveis pelo trabalho e pela ordem do espaço. Aprendi com a atriz e dramaturga Maria Clara Machado que o ator tem que saber fazer tudo dentro do teatro, isso inclui lavar banheiro, varrer o chão, receber as pessoas e preparar o cenário. Parecem as tarefas de um membro do grupo Sokahan, não é mesmo? Só depois que o lugar está preparado para o trabalho é que começamos a ensaiar e estudar as peças.

Entrevista, RDez 250, out. 22, 2

Yago participa da reunião comemorativa da Divisão dos Estudantes da RM Belford Roxo (Rio de Janeiro, abr. 2019)

Pode compartilhar um momento marcante da sua carreira?

Em 2019, a companhia da qual faço parte, chamada Centro de Pesquisas Teatrais – Tudo Sob Controle, realizou o 16o Festival Nacional de Teatro de Duque de Caxias. Nesse evento, que durou 15 dias e recebeu mais de 15 mil pessoas, tive a oportunidade de conversar com artistas de todo o Brasil, entender suas trajetórias e suas diferenças culturais. Foi muito desafiador realizar um evento dessa proporção e com tantas pessoas envolvidas, mas também foi uma alegria imensa.

Hoje, eu sou o tesoureiro da companhia. É uma responsabilidade grande e que foi conquistada por conta do meu trabalho sério e por ter aplicado tudo o que aprendi com os incentivos do Mestre.

Existe algum trabalho que você se identifique mais?

Dentro das artes, tenho me afeiçoado mais pela produção cultural, desde a concepção do projeto até a realização. Acredito que minha atuação no grupo Sokahan tenha influenciado nisso. Gosto de pensar nos eventos e nas apresentações, assim como na demanda administrativa e criativa.

Qual é o seu sonho?

Agora que estou na reta final da faculdade, meu sonho é continuar no mundo acadêmico, seja realizando uma nova graduação ou uma especialização e, com isso, expandir minha área de conhecimento e atuar como um verdadeiro profissional para que, no futuro, eu consiga dirigir meu próprio espetáculo e lecionar, que sempre foi um grande desejo do meu coração.

Quais dicas daria para os Estudantes que querem seguir a carreira de ator?

Assim como acontece em outras profissões, existem muitas pessoas que estão na mesma corrida que a sua. Por isso, o que importa é lembrar-se que só existe um de você no mundo inteiro, então, mesmo que seja um começo desafiador, você tem o seu lugar no mundo. Persista no que acredita e encare seus esforços como um trabalho, mesmo que não seja remunerado no início. É do trabalho e do esforço contínuo que criamos laços com pessoas que, no futuro, abrirão caminhos maiores para a realização dos nossos sonhos. Além disso, estude, estude e estude! Não existe rosto bonito, existe quem leva a sério e quem não leva. São as pessoas que conduzem o trabalho com seriedade que são valorizadas.

Tem alguma dica do teatro que pode ajudar no dia a dia dos Estudantes?

Respire profundamente. Por incrível que pareça, a respiração nos ajuda a controlar e canalizar nossas emoções e manter o autocontrole.

Quando estiver nervoso ou tenso por alguma questão, lembre-se que a respiração pode te tranquilizar e trazer sua atenção para o que importa no momento presente.

Se engana quem acha que os atores não ficam nervosos antes de entrar em cena. Na verdade, o frio na barriga é a sensação mais gostosa que existe antes de subir no palco. O que o ator faz é usar o nervosismo a seu favor respirando fundo. É mágico!

Tem algum incentivo da organização que goste?

Ainda muito jovem, quando era responsável de bloco, lembro de uma matéria do estudo do budismo que falava sobre sermos o corpo, e não a sombra. A matéria incentivava da seguinte forma:

Independentemente das circunstâncias e das pessoas, decida, viva e lute pelos seus sonhos. Você perceberá que a sua felicidade é absoluta e não depende das pessoas ou das circunstâncias.
(Brasil Seikyo, ed. 2.193, 31 ago. 2013, p. D4)

Gostei tanto dessa frase que, na época, tirei uma foto da matéria no jornal Brasil Seikyo e postei nas redes sociais. Ela inspira a minha caminhada até hoje porque sei que, para realizar meus objetivos, dependo unicamente dos meus esforços.

Fotos: Arquivo pessoal

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