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Seja feliz de verdade

Você faz sua felicidade! Saber disso transforma a sua vida. Essa sabedoria vem da fé. Mas muitos preferem a ilusão de que a felicidade precisa ser encontrada. Procurar dentro ou fora de si mesmo não faz diferença, sofrer é viver em busca de algo que já possui e ser infeliz é responsabilizar as circunstâncias. Ser feliz depende unicamente de você enxergar a felicidade que já existe em você. Continue a ler para descobrir como ser feliz de verdade.

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28/03/2014

Seja feliz de verdade
Para “fazer a sua felicidade”, você precisa de felicidade! A alegria é o ponto de partida para gerar mais alegria. Essa ideia não é tão estranha. Você já deve ter ouvido os ditados populares: “Dinheiro atrai dinheiro” e “Ódio provoca mais ódio”. O mesmo acontece com a felicidade.

Antes de aprofundar neste assunto, é importante compreender por que “procurar a felicidade” não é uma atitude sábia. Entenda uma lógica simples: quem procura felicidade é porque acredita que não a tem, é infeliz. Por mais que essa pessoa dê desculpas ou procure culpados, o fato é que ela sofre porque não tem fé em si mesma.

Reforçando a ideia mais uma vez: procurar dentro ou fora de si mesmo não faz diferença. Se está procurando é porque não acredita que já possui a felicidade. A falta de fé é o que o impede de crescer e causa sofrimento.

Felicidade é vida

Essa “felicidade que você já possui” é a vida! Todo mundo tem vida. Logo, sentir-se feliz simplesmente porque está vivo é algo natural, deveria ocorrer sem dificuldade. No entanto, a maioria se esquece de se alegrar e prefere sofrer por diversos motivos por não “enxergar” essa vida em si.

O Buda Nitiren Daishonin afirma: “O Buda existe dentro do nosso coração. Tome, por exemplo, o fato de que o fogo pode ser produzido por pedras ou que as joias possuem valor em si mesmas. Nós, seres humanos, não podemos ver nossas sobrancelhas, que estão próximas, nem o céu distante. Do mesmo modo, não compreendemos que o Buda existe em nossa própria mente” (END, v. 1, p. 413).

Buda significa vida. Todos são budas porque possuem vida. A felicidade absoluta e a alegria do estado de Buda você sente só por estar vivo.

“Estar vivo”, no sentido amplo e eterno, não se limita a somente respirar e ter pulso. Vida refere-se à energia vital, à natureza intrínseca da vida e da morte, àquilo que está nas profundezas da existência de todos os seres animados e inanimados.

Falando em morte, para o Budismo Nitiren, morte não significa ausência de vida. Pelo contrário, morte é vida. Por isso, a filosofia budista afirma que morte é júbilo, alegria plena. Pelo fato de a morte ser vida, significa que possui felicidade. Nascer e morrer fazem parte da mesma vida, é a mesma dinâmica do acordar e dormir, ações necessárias para se viver bem.

O presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, diz: “Os ciclos de vida e morte são comparados a períodos alternados de sono e despertar. Podemos compreender a morte como um estado no qual, assim como o sono, nos prepara para as atividades do próximo dia, descansamos e nos reabastecemos para uma nova vida. Vista por este prisma, a morte não é para ser rejeitada, mas reconhecida, junto com a vida, como um benefício a ser apreciado” (BS, ed. 1.245, 9 out. 1993, p. 3).

É impossível alguém não sentir que está vivo! Da mesma forma, é inacreditável que uma pessoa não saiba que já possui a felicidade. Tudo é vida, tudo é felicidade.

No entanto, mesmo que a felicidade que você já possui seja a sua própria vida, isso não tem valor prático para sua vida diária caso não enxergue isso em si mesmo.

Você faz a felicidade

Talvez você esteja se perguntando: “Para que fazer felicidade se já tenho felicidade?”.

Até aqui, ficou claro o que é a felicidade que você já possui. Mas, apesar de entender racionalmente, ou se esforçar para acreditar que já tem essa felicidade, você precisa do benefício visível para se firmar nessa fé. Afinal, sua realidade contradiz o fato de já possuir a felicidade uma vez que seu ambiente insiste em convencê-lo do contrário.

Não pense que sentir alegria por estar vivo seja mero conforto espiritual ou uma atitude conformista em relação aos desafios cotidianos. A felicidade que você já possui é a mesma felicidade que você faz. Essa é a relação entre ambas, são inseparáveis.

De acordo com o Budismo Nitiren, a virtude invisível é o que gera o benefício visível. Sem a virtude interna, o benefício externo não aparece. Isso porque ambos são unos, não existem separados.

A felicidade que você já possui é o que gera a felicidade que você faz. A virtude é invisível porque, apesar de ela existir dentro de si, você não a vê. Mas quando enxerga essa felicidade, ela se transforma no benefício visível. Portanto, fazer felicidade é o mesmo que enxergá-la dentro de si.

Para enxergar em si, é preciso um espelho que reflita essa virtude.

Para clarear

- Virtude invisível é a felicidade que você já possui.

- Benefício visível é a felicidade que você faz.

Olhe para o espelho

Nitiren Daishonin escreveu: “Uma pessoa pode ver os órgãos sensoriais dos outros, mas não pode ver os seus próprios. Ela reconhece seus próprios órgãos sensoriais somente quando se olha num espelho claro” (END, v. I, p. 47).

O Gohonzon — objeto de devoção para OBSERVAÇÃO da mente — é o espelho. Ele existe para você enxergar a felicidade, ou o potencial máximo da vida, dentro de si.

O presidente Ikeda explica: “O propósito do Gohonzon é nos permitir ‘observar nossa mente’, ou seja, ENXERGAR e despertar para o estado de Buda inerente à nossa vida. Mas ser capaz de VER a verdadeira natureza de nossa mente, ou manifestar a iluminação, não é algo alcançado por meio de teorias ou práticas meditativas, o fundamento de tudo é a fé. É por isso que Daishonin escreve: ‘Este Gohonzon também se encontra unicamente nos dois ideogramas com os quais se escreve ‘fé’. O ‘Objeto de Devoção para a Observação da Mente’ [Gohonzon] é o ‘objeto de devoção da fé’” (TC, ed. 547, mar. 2014, p. 57).

Ao ver a virtude invisível em si mesmo, você enxergará a mesma virtude nos outros e em seu ambiente. Dessa forma, o benefício visível surgirá de maneira completa e extraordinária. Isto é sabedoria.

O que salva você de qualquer beco sem saída é enxergar a vida em tudo — isso é sabedoria.

O Buda Nitiren Daishonin afirma que “Se a mente das pessoas é impura, sua terra será igualmente impura. Mas se a mente é pura, assim será sua terra. Portanto, não há duas terras, pura e impura ao mesmo tempo. A diferença reside unicamente na mente boa ou má das pessoas” (END, v. 1, p. 3).

Se sua vida é feliz ou sofrida, depende unicamente de você. Jamais, em hipótese alguma, responsabilize as circunstâncias. Pode ser inacreditável, mas elas não definem a sua felicidade.

O professor de psicologia da Universidade de Harvard e especialista em felicidade, Dr. Daniel Gilbert, confirma: “Tanto nas pesquisas de campo quanto nas pesquisas em laboratório, constatamos que ganhar ou perder uma eleição, começar ou terminar um namoro, ganhar ou não ganhar uma promoção, passar ou não em um vestibular têm muito menos impacto, menos intensidade e menos duração que as pessoas esperam que tenham. Na verdade, um estudo recente, mostrando quanto grandes traumas da vida afetam as pessoas, sugere que, se aconteceu há mais de três meses, com poucas exceções, não têm nenhum impacto na sua felicidade. Por quê? Porque a felicidade pode ser sintetizada”.1

Sintetizar é um termo adotado pelo Dr. Gilbert para explicar que o ser humano, em meio a circunstâncias adversas, produz a sua própria felicidade. Assim, “A felicidade pode ser sintetizada” significa que você faz a sua felicidade em qualquer situação.

Veja algumas frases de alguém que fez a própria felicidade, independentemente do que acontecia ao seu redor.

Quem disse isso?

1. “Poderia haver alegria maior que esta?”

2. “O senhor deve estar encantado com esta grande boa sorte.”

3. “(...) sinto imenso prazer”.

4. “Por ver tudo dessa forma, sinto imensa alegria”.

Quem é esta pessoa feliz, e em quais circunstâncias ela disse isso?

Estas são palavras de Nitiren Daishonin. Ele disse (frases 1 e 2): “Poderia haver alegria maior que esta?” (WND, p. 767) e “O senhor deve estar encantado com esta grande boa sorte” (END, v. 1, p. 163), pouco antes de sua iminente decapitação na praia de Tatsunokuti.

Como o governo falhou em executá-lo, enviou-o ao exílio na gelada Ilha de Sado. Na época, o exílio era o mesmo que a pena de morte; era como ser jogado num deserto para morrer. O objetivo era que Daishonin morresse de fome, de frio ou até mesmo que fosse assassinado. De seu exílio, o Buda Nitiren Daishonin afirmou (frases 3 e 4): “Mesmo que seja agora um exilado, sinto imenso prazer” (END, v. 1, p. 368) e “Por ver tudo dessa forma, sinto imensa alegria, muito embora esteja agora no exílio” (WND, p. 386).

Essa era a elevada condição de vida de Daishonin. Numa situação em que a morte era uma certeza, ele não se deu por vencido, fez a própria felicidade, mudou as circunstâncias e voltou vivo do exílio.

Em sua saída de Sado, escreveu: “Embora a vida em Sado fosse dura, estava relutante em partir, como se meu coração estivesse sendo deixado para trás, e parecia que era puxado de volta a cada passo que dava” (BS, ed. 1.816, 22 out. 2005, p. B6).

O presidente Ikeda comenta as palavras do Buda Nitiren: “Daishonin assemelhava-se a alguém que deixava seu lar para trás. Longe de expressar ressentimento ou reclamação do exílio, ele sente remorsos por deixar Sado. Nitiren Daishonin transformou seu árido local de exílio numa terra pura e agradável com laços de sincera amizade” (Ibidem).

No dia de sua decapitação na praia de Tatsunokuti, era impossível que sobrevivesse; ele sobreviveu.

Voltar vivo do exílio e ainda com o perdão do governo foi algo além do impossível; ele foi perdoado e retornou.

O retorno de Daishonin do exílio foi a pedido do governo que o perdoou dois anos depois de enviá-lo para a Ilha de Sado. Os governantes queriam consultá-lo acerca de uma solução para a grave crise que o Japão passava e ofereceram um templo, recursos e proteção para ele orar pela vitória do país na guerra contra os mongóis.

Daishonin recusou e se manteve fiel à sua fé.

O que transformou por completo a situação de Daishonin? Foi a sua fé. Em nenhum momento ele duvidou da verdade de que já possuía a felicidade. Não deixou de acreditar na vida, na natureza de Buda que existia dentro dele e dentro das outras pessoas. Essa era a fé que ele sustentou diante da fúria dos ventos contrários e da sedução dos ventos favoráveis.

Nem mesmo a morte é capaz de vencer a fé do estado de Buda. A vitória de Daishonin na praia de Tatsunokuti abriu o caminho para que todas as outras pessoas também vivam com alegria, independentemente das circunstâncias. Para tornar isso possível, ele cristalizou a própria fé na forma do Gohonzon — o espelho que reflete a felicidade que já existe dentro de você.

O espelho

O Gohonzon representa a vida que existe em tudo — a essência real de todos os fenômenos. Ali está o estado de Buda — a natureza intrínseca da vida e da morte ou a Lei Mística da vida e da morte.

Dentro de você está contida a mesma vida, ela é o Tesouro do Coração. Nada pode destruir ou influenciar esse tesouro que permanece puro e invencível, e ele próprio é a chave para ativar o poder do Gohonzon.

“O próprio coração dos senhores é a chave que abre o objeto de devoção da fé que palpita nas profundezas do seu ser”, afirma o presidente Ikeda (PHJ, p. 287).

O Tesouro do Coração é o benefício invisível ou a fé. Nitiren Daishonin escreveu: “Ter fé é a base do Budismo” (Sabedoria do Sutra de Lótus, v. 2, p. 61). O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, dizia: “Não há nada mais grandioso nem mais poderoso que a fé” (TC, ed. 547, mar. 2014, p. 64).

Podemos dizer que:

Virtude invisível é a fé no Gohonzon

Benefício visível corresponde à sabedoria

Fé e sabedoria

A era moderna mantém a ilusão de que o intelecto é independente, separado da fé e, por isso, muitas pessoas têm preconceito em relação à fé, associam-na ao fanatismo e à alienação.

Essa visão equivocada é a raiz dos graves problemas atuais que ameaçam a existência da humanidade. Essa separação criou uma razão sem fé, que instituiu o século da megamorte, ao produzir armas de destruição em massa, por exemplo, ou mesmo a ineficácia da utilização da tecnologia e do conhecimento científico para resolver questões básicas para o ser humano, tais como a fome e a pobreza. Por outro lado, a fé, como fanatismo irracional, gerou o ódio e as guerras.

O que o mundo necessita é de uma nova unificação da fé e da razão que englobe todos os aspectos do ser humano e da sociedade. Que seja capaz de solucionar as questões cotidianas de cada pessoa até os mais complexos problemas da sociedade.

Para o Budismo Nitiren, fé é sabedoria. O presidente Ikeda comenta: “A fé no Budismo definitivamente não é fé cega ou fanatismo que rejeita o critério da razão. É de fato uma função racional, um processo de cultivo da sabedoria que se inicia com um espírito de busca respeitosa” (Sabedoria do Sutra de Lótus, v. 2, p. 61).

A sabedoria é a aplicação da fé — o potencial máximo da vida — para resolver todas as questões. Sobre essa relação entre fé e sabedoria, Daishonin escreveu: “A fé corresponde à verdade eterna e imutável. A sabedoria corresponde às suas funções de acordo com as circunstâncias mutáveis” (Ibidem, p. 68).

Dessa perspectiva, fé e sabedoria são duas ferramentas para explorar a vida. Ambas fornecem energia para você se desafiar continuamente, trabalhar para se aperfeiçoar em todos os campos da vida e alcançar aquilo que deseja.

Isso é diferente de querer mudar as circunstâncias para ser feliz. A fé ensinada pelo Budismo Nitiren não fornece respostas fáceis nem é uma fuga das dificuldades. Ao contrário, rejeita as ações mágicas.

Felicidade, ou fé, vem primeiro, como ferramenta para você jamais se acomodar ou desistir de construir uma vida melhor para si mesmo e para os outros.

As pessoas geralmente recorrem à fé em busca de salvação e benefício pessoal. O Budismo proporciona a mudança dessa postura. A fé budista muda de “pessoas que são salvas” para “pessoas que salvam os outros”, ou indivíduos que se unem ao Buda em sua ação para abrir o caminho e conduzir todas as pessoas à iluminação.

A fé é a força que possibilita o microcosmo do “eu” sentir o macrocosmo “universal”. É por meio dessa força, o poder da fé, que as pessoas têm acesso ao vasto mundo da sabedoria dos budas.

A fé é o coração amplo e limpo, que não visa somente à salvação pessoal. É o coração que se une ao mestre em sua dedicação em prol do Kossen-rufu. Sendo assim, a fé no Gohonzon é o desejo sincero de se unir ao mestre; e sabedoria é praticar o Chakubuku.

Em essência, o que você sente ao despertar sua fé é confiança nos seres humanos, respeito pelas pessoas e esperança no futuro. Essa é a natureza de Buda que reconhece o brilho da iluminação em todas as pessoas. Esse é o benefício visível­­ — a vasta sabedoria do Buda que se adquire por meio da fé.

Sabedoria é viver com fé

Sabedoria não é simplesmente ser inteligente. Conforme visto no tópico anterior, é algo muito mais profundo. Em essência, é ter um “coração magnânimo”. Sabedoria significa humanidade e caráter sustentados pela força, amplitude e profundidade de espírito, ou seja, pela fé.

Nitiren Daishonin disse: “O sábio deve ser chamado humano” (END, v. 1, p. 299). Ele explica que você é sábio quando persevera no caminho correto de vida com base na Lei Mística, sem ser influenciado por elogios e censuras.

Praticar o Budismo é viver com fé e sabedoria. Daishonin afirma que “Mesmo os mortais comuns podem atingir o estado de Buda se nutrirem em sua vida sincera fé. Em sentido mais profundo, sincera fé corresponde ao desejo de compreender e viver em espírito, e não em palavras, os sutras” (WND, v. 1, p. 268).

Daishonin também declara: “Fé representa o valor que colocamos numa joia ou num tesouro; e sabedoria, representa a própria joia. É por meio da fé que podemos ‘comprar’ a sabedoria dos budas do passado, presente e futuro” (GZ, p. 725).

Fé no Gohonzon

Sobre a fé no Gohonzon, é importante esclarecer dois pontos fundamentais.

Primeiro, fé no Gohonzon é iluminação imediata. Ao recitar o Nam-myoho-rengue-kyo diante do Gohonzon, você enxerga a felicidade que existe dentro de si, aquela que já possui.

Você não está procurando por ela dentro de si, e muito menos fora. Na verdade, está enxergando essa felicidade que já existe dentro de si do jeito que você é, sem pôr nem tirar. Isto é iluminação na presente forma.

Esse conceito é difícil de aceitar porque inúmeras pessoas pensam que há muito a transformar, e por isso a felicidade só virá depois de um longo processo de desafios e de árduas lutas. Este não é um pensamento correto. Quem vive dessa forma condiciona a felicidade a fatores externos. Pensa que “quando tudo estiver bem, eu também estarei bem”. A felicidade é perfeitamente possível em meio às circunstâncias mais adversas porque, independentemente de qualquer coisa, você possui vida.

O estado de Buda vem em primeiro, é o ponto de partida para qualquer transformação. E a iluminação é imediata.

Leia a seguir alguns comentários do presidente Ikeda a esse respeito: “De acordo com a visão budista convencional, o processo para atingir a iluminação é semelhante a uma árdua escalada de uma trilha na montanha em direção ao distante pico do estado de Buda. Em contraste, o Budismo Nitiren é um ensinamento que possibilita a todas as pessoas atingirem imediatamente o cume da iluminação. Em decorrência desse estado de Buda, visualizamos as montanhas que estão ao nosso redor e abaixo de nós e olhamos o panorama espetacular da natureza estendendo-se em todas as direções.

“Manifestamos imediatamente essa vasta condição de vida do estado de Buda — exatamente agora, exatamente onde estamos. Dessa forma, na sociedade contamos aos outros sobre a alegria que experimentamos ao manifestar esse estado de vida. Essa prática representa a quintessência do Budismo de Nitiren Daishonin” (PHJ, p. 68).

“Não é necessário ir a algum outro lugar distante nem se tornar uma pessoa especial. Independentemente de passarmos por sofrimentos ou alegrias, se continuarmos a orar sinceramente ao Gohonzon e agirmos pelo Kossen-rufu, então, exatamente da forma como somos, nos tornaremos budas da ‘essência real de todos os fenômenos’ e realizaremos a missão que somente nós podemos cumprir” (Ibidem).

“Na época de Daishonin — e, muitas vezes, também hoje em dia — nós nos deparamos com uma visão profundamente enraizada de que somos seres diminutos, insignificantes e que a realidade última e o eterno valor habitam em algum lugar fora de nós, num local distante. Esse pensamento está totalmente ligado à crença em algum poder sobrenatural, de outro mundo

“O Budismo Nitiren, no entanto, rejeita completamente essa ideia. Ele ensina sobre a verdadeira realidade da vida na qual a Lei eterna e imutável se manifesta nas pessoas comuns, que vivem aqui e agora” (TC, ed. 547, mar. 2014, p. 55).

“Este é o princípio de “abraçar o Gohonzon é a própria iluminação” (juji soku kanjin, em japonês). É também chamado “atingir o estado de Buda na presente forma” (sokushin jobutsu) e “realização imediata da iluminação” (jikitatsu shokan).

“Nitiren Daishonin afirma que, para uma pessoa que abraça a Lei Mística, ‘não é difícil se tornar Buda’. Com o ensinamento de Nitiren Daishonin, um caminho condutor ao estado de Buda foi estabelecido para todos. Atingir o estado de Buda não é algo que só acontece no futuro distante ou em algum lugar remoto. O Budismo de Nitiren Daishonin possibilita a todos atingirem o estado de Buda nesta existência.

“O ensinamento ‘abraçar o Gohonzon é a iluminação’ representa um ponto de vista revolucionário do que vem a ser atingir o estado de Buda. O presidente Toda dizia: ‘Em contraste aos budas do capítulo ‘Hoben’, que praticaram por dezenas de milhares de anos, podemos completar nossa prática e atingir o estado de Buda simplesmente acreditando no Gohonzon e recitando uma única frase — Nam-myoho-rengue-kyo’” (PHJ, p. 68).

Jamais procure fora

O segundo ponto é entender que nunca se deve buscar o Gohonzon fora de si mesmo. Esse comportamento se revela no pensamento de que “vou praticar o Budismo para mudar minhas circunstâncias e depois serei feliz”. Ou seja, considerar a transformação circunstancial como causa da felicidade lhe faz buscar o Gohonzon fora de si mesmo e, dessa forma, é impossível ativar o Gohonzon que existe dentro de si.

O presidente Ikeda diz: “Nitiren Daishonin mostra um fato ainda mais surpreendente: ‘Jamais busque este Gohonzon fora de si mesma. O Gohonzon existe apenas dentro do corpo de pessoas como nós, mortais comuns, que abraçam o Sutra do Lótus e recitam Nam-myoho-rengue-kyo’. Com isso, ele explica que o Gohonzon não existe fora de nós, mas sim em nossa própria vida. Deslocar o foco da fé e da prática do exterior para o interior do indivíduo foi uma mudança dramática” (TC, ed. 547, mar. 2014, p. 55).

Outro desdobramento do pensamento errado de buscar o Gohonzon fora de si é quando você o considera um ser transcendente, fora e diferente de si mesmo. Se você se considera menos, um ser insignificante, isso também impede que a prática budista funcione.

O presidente Ikeda comenta: “Se pensamos que o Gohonzon consagrado no oratório é grandioso, mas ficamos apenas implorando por seus benefícios, tornamo-nos dependentes dele como objeto externo. Por mais tempo que passemos recitando Daimoku, nós próprios não conseguiremos brilhar. O mesmo pode ser dito quando algo ruim acontece. A tendência é nos lamentarmos de que a culpa é do Gohonzon.

“Por outro lado, nossa vida resplandece de boa sorte e benefícios quando a polimos incessantemente enquanto enfrentamos a realidade do dia a dia com a convicção de que o mesmo estado iluminado do Gohonzon existe em nós próprios” (TC, ed. 430, jun. 2004, p. 18).

Não existe nada mais poderoso ou extraordinário que a fé. Essa fé existe dentro de você e está representada no Gohonzon.

Conclusão

“Qual é o objetivo da nossa fé?” — pergunta o presidente Ikeda.

“Ela se resume a uma única palavra: iluminação. Em termos mais práticos, significa estabelecer a felicidade absoluta em nossa vida diá­ria, isto é, criar um padrão de vida que por nada, absolutamente por nada, seja abalado ou arruinado. Ser verdadeiramente feliz. Nisso está sintetizado o objetivo da prática da fé. De que forma podemos criar um padrão de vida no nível da felicidade absoluta? Essa fórmula foi ensinada claramente por Nitiren Daishonin: não há outro meio senão a recitação do Daimoku. Se dissermos que é uma fórmula muito simples, não há algo tão simples como recitar o Daimoku. Isto demonstra a grandiosidade da filosofia de vida do Budismo Nitiren que abre, por um processo simples, o caminho da felicidade a todos” (NRH, v. 5, p. 141).

“O Gohonzon existe apenas dentro do corpo de pessoas como nós” — o real significado dessa afirmação é que o Gohonzon inscrito por Daishonin funciona como um meio pelo qual despertamos e evidenciamos o Gohonzon (estado de Buda) dentro de nós. Quando oramos diante do Gohonzon físico, o mesmo Gohonzon está em nosso coração. Ele se manifesta claramente quando recitamos Nam-myoho-rengue-kyo para a nossa felicidade e a felicidade dos outros” (TC, ed. 547, mar. 2014, p. 55).

Portanto, a fé no Gohonzon é a felicidade como ponto de partida para gerar mais felicidade e transformar as circunstâncias. Essa é a FÉlicidade que nos faz felizes de verdade.

“Para quem têm fé no Gohonzon, tudo é benefício. Aí reside a diferença entre os que praticam a fé na Lei Mística e os que não praticam”

Daisaku Ikeda

(PHJ, p. 131.)

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