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Na prática

Suas ações transformam o mundo!

Em setembro de 1991, há exatos trinta anos, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, proferiu sua primeira palestra na Universidade Harvard, uma das mais conceituadas instituições educacionais do mundo. Nessa ocasião, Ikeda sensei participou como palestrante convidado pela Kennedy School of Government [Faculdade de Governo Kennedy], e o tema de seu discurso foi A Era do Soft Power e a Filosofia Interiormente Motivada. Em sua exposição, o presidente Ikeda também apresentou um princípio fundamental do budismo: "Um dos conceitos budistas mais importantes, a origem dependente estabelece que todos os seres e fenômenos existem ou ocorrem mantendo relação com outros seres ou fenômenos. Tudo está ligado numa intrincada rede de causa e conexão, e nada, seja no domínio das questões humanas ou no dos fenômenos naturais, pode existir ou ocorrer de modo isolado."1 O termo “origem dependente” referido por Ikeda sensei em Harvard está intimamente ligado ao tema desta editoria Na Prática — “Pensar globalmente, agir localmente”. Ou seja, as ações institucionais da SGI e de seus membros pela paz, cultura e educação repercutem de modo positivo para a transformação de pequenas unidades, como na família dos praticantes budistas, e, em maior escala, na sociedade em que estão inseridos. Vamos entender como isso ocorre na realidade.

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01/09/2021

Suas ações transformam o mundo!

Alicerce do movimento Soka

A expressão “Pensar globalmente, agir localmente” foi cunhada pelo cientista francês e importante pensador das questões ambientais René Dubos (1901­–1982) e difundida pela futuróloga norte-americana Hazel Henderson, com quem o presidente Ikeda publicou em coautoria o livro Cidadania Planetária — Seus Valores, Crenças e Ações Podem Criar um Mundo Sustentável. O conceito tem se destacado há décadas, sobretudo nos temas relacionados ao meio ambiente, mas também nos campos acadêmicos, de inovação, desenvolvimento socioeconômico e dos direitos humanos.

Ikeda sensei diz no livro que o alicerce do movimento em prol da paz, promovido pela SGI, está em sintonia com o pensamento de Dubos. “O Sr. Makiguchi [primeiro presidente da Soka Gakkai] ensinou a importância de compreender que cada ser humano é mais do que um cidadão de seu próprio país. Todos nós somos integrantes da região onde vivemos e, ao mesmo tempo, somos cidadãos de todo o mundo”.2

Em sua obra Jinsei Chirigaku [Geografia da Vida Humana], Makiguchi sensei destacou que os indivíduos devem ter consciência em três níveis de cidadania. O primeiro é a consciência de nossas raízes e compromissos locais, baseados em nossa comunidade. O segundo é o senso de pertencermos a uma comunidade nacional. E o terceiro é compreender que todos nós somos cidadãos do mundo e que o mundo é o palco onde representamos o drama da nossa vida.3

Desse modo, entendemos que a humanidade e seu meio estão entrelaçados em um único corpo — assim como apresentado no conceito de “origem dependente” — e nada existe de maneira isolada. A partir dos ensinamentos budistas e dos incentivos do presidente Ikeda, os membros da SGI compreendem que seus esforços não são apenas para o progresso pessoal, mas principalmente para o bem-estar da sociedade.

Sobre isso, Ikeda sensei ressalta: “Vocês estão dando um maravilhoso exemplo do que é ser um bom cidadão na comunidade, estão trabalhando pela felicidade das pessoas e se empenhando para contribuir por uma sociedade melhor e um futuro brilhante”.4 Para elucidar como esse tema ocorre na prática, destacamos algumas ações que a organização e seus membros promovem em prol da transformação da humanidade.

Ação local — impacto global

Os praticantes do Budismo de Nichiren Daishonin da Soka Gakkai são estimulados a assumir a responsabilidade de criar um mundo melhor. Para tanto, recitam diariamente Nam-myoho-renge-kyo (daimoku) e trechos do Sutra do Lótus (gongyo) para fortalecer a energia vital, e compartilham os ensinamentos do budismo com o sincero desejo de que outras pessoas consigam superar seus desafios. Além disso, participam das reuniões de palestra — atividade mensal dos membros da organização de um pequeno núcleo —, nas quais iniciantes e veteranos da prática budista trocam incentivos para que o potencial de cada um seja despertado, reverberando também para as pessoas ao seu redor.

Em inúmeros países em que a SGI está presente, seus integrantes promovem movimentos que impactam de forma positiva a localidade e, em âmbito maior, a sociedade, fazendo valer o conceito tema desta matéria: “pensar globalmente, agir localmente”. Em paralelo a essas iniciativas locais, a SGI também promove diversas frentes de impacto social com base nos ensinamentos humanísticos do Budismo Nichiren, das quais veremos alguns exemplos a seguir.

Educação que transforma

As ações institucionais nas áreas da educação têm por objetivo desenvolver pessoas conscientes de seu papel social transformador. Por essa razão, o presidente Ikeda se empenhou para criar um pujante sistema educacional no Japão e em vários países — desde a educação infantil até a universidade —, assentado na educação humanística idealizada pelo professor e também fundador da Soka Gakkai Tsunesaburo Makiguchi. Além disso, organizações constituintes da SGI ao redor do mundo promovem iniciativas para o desenvolvimento educacional em sua respectiva localidade.

Um grande exemplo são os jovens da SGI-Camboja. Eles estão ajudando a melhorar a alfabetização e proporcionando aos alunos das áreas rurais acesso às alegrias da leitura. Nessas áreas, poucas escolas públicas disponibilizam bibliotecas e os alunos muitas vezes não têm acesso a outros materiais de leitura além de livros didáticos. O projeto teve início em 2014, quando foram doados livros infantis em khmer, idioma oficial do país, para duas escolas do ensino fundamental.

“Quando nós, jovens da SGI-Camboja, nos reunimos para discutir como contribuir com nossas comunidades locais, decidimos doar livros para escolas públicas e batizamos a iniciativa de ‘Luz do Aprendizado’”, diz Socheth Sok, coordenadora da Divisão dos Jovens do país.5

A Coordenadoria Educacional (CEduc) da BSGI desenvolve em todo o Brasil inúmeros projetos na área educacional fundamentados na “teoria da criação de valor”6 de Makiguchi sensei. Uma das atividades é a Academia Magia da Leitura, cujo intuito é aperfeiçoar as habilidades de oralidade, leitura e escrita dos participantes, além de despertar neles o desejo de ampliar conhecimento por meio da análise textual de obras memoráveis da literatura brasileira e estrangeira, dos livros de autoria do presidente Ikeda e dos periódicos da Editora Brasil Seikyo.

Cultura em benefício das pessoas

Em sua atuação pelo bem-estar da sociedade, a SGI também promove atividades e iniciativas culturais ensejando que seus membros evidenciem força capaz de transformar positivamente o meio em que vivem.

Sobre a importância da cultura e da arte, o presidente Ikeda disse certa ocasião:

A arte é uma arma poderosa na luta pela paz; é uma das expressões mais elevadas do triunfo humano. Os esforços daqueles que se dedicam a aperfeiçoar sua arte servem para edificar a paz e a cultura em benefício de toda a humanidade.7

Para tanto, várias instituições foram idealizadas por ele, como a Associação de Concertos Min-On, fundada em 1963, e o Museu de Arte Fuji de Tóquio, aberto em novembro de 1983, em Hachioji, ambos no Japão. Este último abriga um acervo de valor inestimável, com itens originários do Oriente e do Ocidente, incluindo quadros, esculturas, cerâmicas, porcelanas, armaduras e espadas medievais, medalhas e fotografias. Apresentações culturais, palestras e exposições são alguns dos eventos promovidos pela SGI com o intuito de desenvolver o potencial de cada integrante e aproximar o povo das variadas formas de arte.

Já no Brasil, são inúmeros projetos promovidos pela Coordenadoria Cultural (CCult) da BSGI, dos artísticos aos inclusivos. Destacamos aqui o Núcleo de Inclusão em Libras (NIL) cujo objetivo é expandir o entendimento do Budismo de Nichiren Daishonin para os surdos por meio da Língua Brasileira de Sinais.

Meio ambiente

Depoimento de Jean Dinelly Leão, engenheiro ambiental no Instituto Soka Amazônia

Sou engenheiro ambiental e trabalho no Instituto Soka Amazônia (ISA) desde 2016. Minha atuação se concentra na gestão da Reserva Particular Dr. Daisaku Ikeda, em todas as áreas que envolvem o relacionamento com parceiros institucionais e na atenção à legislação que ampara nossas atividades.

No instituto, estamos empenhados em pôr em prática os conceitos filosóficos propostos por nosso fundador, Dr. Daisaku Ikeda, nos quais seres humanos e o meio ambiente são unos e, ao mesmo tempo, exercem influência um sobre o outro.

Os principais projetos desenvolvidos pelo ISA são:

Academia ambiental — aulas de educação ambiental promovidas pelo instituto para jovens da rede municipal de ensino sobre a importância da conservação das espécies, o manejo da biodiversidade e a interação com o meio ambiente.

Conservação da natureza — conjunto de ações que permitem à comunidade local contribuir com a proteção da Amazônia a partir da coleta de sementes, da produção de mudas nativas em risco iminente de extinção e do plantio de mudas junto com a sociedade.

Apoio à pesquisa — parcerias com as principais universidades locais e centros de pesquisa, disponibilizando as áreas da Reserva Particular Dr. Ikeda para obtenção de conhecimentos científicos.

Os projetos desenvolvidos pelo Instituto Soka Amazônia têm beneficiado diversos setores da sociedade local, com destaque para a classe acadêmica, a indústria e, principalmente, as comunidades ribeirinhas. Em muitas oportunidades, os trabalhos realizados pela equipe do instituto provocam reflexão e, por vezes, mudança no comportamento dos moradores locais. Certa vez, ao visitarmos uma comunidade ribeirinha que vivia do extrativismo e do corte da madeira, mostramos que, para obter as sementes de determinadas árvores, era necessário pagar por elas. Um dos integrantes afirmou não imaginar que existia valor nas sementes, e que daquele momento em diante sua conduta seria a de preservar aquelas espécies.

Temos muito a fazer pela Amazônia enquanto instituto. Creio que, nos próximos anos, mais avanços serão obtidos em parceria com a comunidade da região, levando ao mundo a certeza de que na Amazônia existem pessoas e instituições preocupadas com a integridade ecológica local e seu impacto global, traduzidas em ações socioambientais.

Orgulho de pertencer à SGI

Em todos os lugares, membros da Soka Gakkai Internacional dedicam-se incessantemente à autorreforma — com a prática contínua e diária de gongyo e daimoku, do estudo do budismo, da relação de companheirismo estabelecida com os integrantes da organização local e dos incentivos do presidente Ikeda, além da participação e do apoio a projetos específicos em diversos setores, do educacional ao ambiental. Com esses esforços constantes, a consciência de serem agentes transformadores se expande, e uma energia positiva e vibrante se instaura na vida deles, irradiando vivacidade para os membros da família, da comunidade e a sociedade. Ikeda sensei diz:

Não temos artifícios secretos, nossos membros se encorajam mutuamente e aceitam os desafios impostos pela reforma individual de seu caráter. A vitória de cada pessoa sobre seu “eu menor” impulsiona o desenvolvimento social e, por fim, influencia a história da humanidade. Esse é o âmago do nosso movimento da revolução humana.8

Um dos grandes estudiosos do Budismo de Nichiren Daishonin Richard Hughes acompanha há décadas os trabalhos realizados pela Soka Gakkai e a SGI em prol da paz, da cultura e da educação. Ele ressaltou:

O Budismo de Nichiren Daishonin é uma das linhas budistas mais tradicionais do Japão e, na Soka Gakkai, ele assumiu a forma de um dos movimentos mais vibrantes, modernos e dedicados que existe. (...) Estudiosos começaram a reconhecer a Soka Gakkai como uma força positiva no mundo e como um excelente modelo daquilo que é chamado de “budismo de engajamento social” e essa é uma contribuição que atrai o mundo contemporâneo.9

Assim como observado pelo Dr. Seager, as atividades da SGI são um movimento efetivo de pessoas engajadas não somente pela felicidade de si, mas também para a felicidade de toda a humanidade. Compreender que cada integrante da organização e das instituições Soka cooperam verdadeiramente para a construção de um mundo melhor enche o coração de orgulho e de alegria. Simples ações na vida cotidiana, firmadas no humanismo budista, têm potencial transformador incalculável. Então, lembre-se: por meio de suas ações no local em que está, você pode mudar o mundo!

Notas:

1. Brasil Seikyo, 1.793, 30 abr. 2005, p. A5.

2. IKEDA, Daisaku; HENDERSON, Hazel. Cidadania Planetária — Seus Valores, Crenças e Ações Podem Criar um Mundo Sustentável. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 95.

3. Cf. Brasil Seikyo, ed. 1.718, 4 out. 2003, p. A3.

4. Brasil Seikyo, ed. 1.607, 9 jun. 2001, p. A3.

5. Disponível em: https://www.sokaglobal.org/in-society/initiatives/cambodia-light-of-learning.html. Acesso em: 6 ago. 2021.

6. Tsunesaburo Makiguchi desenvolveu os princípios da educação humanística baseado em sua “teoria da criação valor”, que abarca: “belo, benefício e bem”.

7. Brasil Seikyo, ed. 1.742, 3 abr. 2004, p. A3.

8. Brasil Seikyo, ed. 2.361, 25 fev. 2017, p. B4.

9. Terceira Civilização, ed. 405, maio 2002, p. 2.

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