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Experiência & Comportamento

Construí a base de minha vida na época do Grupo 2001

CARLA ALVES DE OLIVEIRA, COORDENADORA DA DIVISÃO FEMININA DE JOVENS DA CIDADE DE SÃO PAULO

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01/09/2001

Construí a base de minha vida na época do Grupo 2001
Gostaria de agradecer a oportunidade de relatar a boa sorte adquirida ao longo desses vinte anos de prática que comemorarei, junto com minha família, no próximo dia 13 de setembro.

O motivo que nos levou a praticar o budismo foi a doença de minha mãe, que sofria com problemas psicológicos, chegando a ponto de não mais querer viver. Tratava-se com psiquiatras e praticava todas as religiões que lhe indicavam. Sofria com a depressão e fortes dores de cabeça, chegando a desmaiar nas ruas. Certo dia, não agüentando mais a situação, minha mãe foi até uma quitanda ao lado de nossa casa e perguntou à proprietária se conhecia algum remédio para uma pessoa que queria morrer. Essa vizinha pediu que aguardasse um instante e quando retornou trouxe um pedaço de papel escrito Nam-myoho-rengue-kyo. Solicitou que ela orasse repetidas vezes e disse que com isso se sentiria melhor. Minha mãe, desnorteada pelo sofrimento, voltou para casa e orou por aproximadamente quatro horas. A partir daí, tudo começou a mudar e, em seis meses, todos viemos a nos converter ao Budismo de Nitiren Daishonin.

Como tinha oito anos de idade, acompanhava todo o sofrimento de minha mãe e, pelo grande amor a meus pais, comecei a praticar o budismo com muito afinco e sinceridade. Participava de todas as atividades do Grupo 2001 e também das reuniões de palestra. Aos onze anos de idade, eu e uma amiguinha de treze anos, além de participarmos das atividades do Grupo 2001, recitávamos muito Daimoku e estudávamos diariamente o budismo.

Com a sincera prática, tivemos a grande boa sorte de sermos selecionadas para participar do inesquecível Grupo Superfantástico por ocasião do maravilhoso festival realizado em 1984. Quanta emoção! Diante do Mestre, realizei meu primeiro juramento com base na diretriz eterna da Divisão dos Estudantes: estudar, zelar pelos pais e cuidar da saúde.

Foi com esse sentimento que me esforcei ao longo desses anos para corresponder aos anseios do Mestre e cumprir dignamente meu juramento. Sem dúvida alguma, a base de minha vida foi estabelecida na época em que pertenci ao Grupo 2001. Aprendi a importância da recitação do Daimoku e de estudar o budismo, aprendi também a sonhar e a realizar meus sonhos.

Aos quatorze anos, com o objetivo de ajudar minha família, já que sou a mais velha, decidi trabalhar para também criar condições de prosseguir em meus estudos.

Ingressei em um banco como estagiária, trabalhava seis horas diárias e tinha tempo suficiente para me dedicar aos estudos. Nessa mesma época, entrei para a Nova Era Kotekitai, na qual pude crescer e aprender o verdadeiro espírito da Soka Gakkai e estreitar os laços de mestre e discípulo.

Após dois anos como estagiária, antes mesmo de encerrar o contrato, fui aprovada na seleção de um outro banco, no qual fui efetivada. Nesse local, comprovei ainda mais a boa sorte da prática, pois iniciei e concluí meus estudos universitários com o auxílio fornecido pelo banco de uma bolsa de estudo de cinqüenta por cento da mensalidade.

Paralelamente ao meu desenvolvimento profissional, assumi várias responsabilidades na organização, passando por todas as funções desde responsável pela DFJ de unidade (um nível abaixo do de bloco, existente na época), até a atual. Na Nova Era Kotekitai, atuei como responsável de departamento e posteriormente como vice-coordenadora da BSGI. Foram onze anos de maravilhosos treinamentos recebidos na Kotekitai, em que solidifiquei ainda mais a base de minha vida.

Quando estava no último ano do curso universitário, enfrentamos uma terrível crise financeira. Havíamos nos mudado de nosso apartamento próprio para uma casa alugada com a intenção de melhor acomodar a família, já que éramos seis, meus pais, eu e meus três irmãos. No entanto, após alguns meses, fomos testados pelas maldades, que não pouparam esforços para nos derrubar.

Minha mãe teve sérios problemas de saúde e sem convênio médico, pois meu pai teve de abandonar o emprego em decorrência também de problemas de saúde. Sofria muito ao ver minha mãe tentando cuidar-se pelo serviço público. Para completar o quadro, na mesma época nosso país passou por uma drástica mudança econômica e meu salário e o de meu irmão, também bancário, tiveram uma redução de cinqüenta por cento. Com todos esses acontecimentos, fiquei muito abalada, chegando a ter descontrole emocional. Nessa época, exercia a função de responsável pela DFJ de área e não queria, de forma alguma, transmitir meus sofrimentos para os companheiros. Pelo contrário, orava para ser forte, ter sabedoria e boa sorte para resolver todos os problemas e sempre incentivar e transmitir esperança para eles.

Estava com 21 anos e comecei a orar objetivando mudar o rumo de minha vida profissional. Para minha surpresa, fui convidada a trabalhar em um escritório de jóias. No entanto, não poderia simplesmente pedir minha demissão, pois a única forma de resolver nossos problemas financeiros era receber meus direitos pelos seis anos trabalhados no banco. Expliquei a situação para a pessoa que me fez a proposta de emprego e, com muita benevolência, ela aguardou por cinco meses até que finalmente, depois de muito Daimoku, consegui realizar meu objetivo.

Saí do banco no dia 5 de setembro de 1997 e no dia seguinte já estava empregada. Para completar ainda mais minha alegria, exatamente duas semanas antes de sair do banco, com o apoio de meu chefe, conseguimos uma vaga para meu pai na matriz do banco. Apesar disso, seu salário não seria suficiente para resolver todos os nossos problemas, por isso, mantive minha decisão de sair do banco. Nunca vi uma pessoa ficar tão feliz com uma demissão, como eu fiquei. Com o que recebi, quitei todas as dívidas de minha família e, posteriormente, ajudei meu pai a adquirir um automóvel. Decidimos retornar para nosso apartamento e não mais pagar aluguel.

No novo emprego, passei a ter uma renda mensal três vezes maior do que a anterior. No entanto, os obstáculos não demoraram a surgir. Comecei a ter dificuldades para participar das atividades nos finais de semana, pois não tinha um dia sequer de folga.

Havia sido nomeada responsável pela DFJ de área geral e responsável de departamento da Kotekitai. Após dois anos de grande desafio para conciliar as atividades e o trabalho, decidi novamente mudar de profissão, só que desta vez objetivei ingressar na área em que havia me formado.

Desde o ingresso na faculdade, tinha o desejo de atuar como auditora contábil, chegando até a participar de uma seleção para trainees em uma empresa multinacional. Na época, cursava o primeiro ano de faculdade e trabalhava no banco. Mesmo sendo aprovada na seleção, quando soube do salário e da dificuldade por ter de viajar, acabei recusando e nunca mais tentei essa área.

Após dialogar com meus pais para tomar a decisão certa, resolvi sair de meu emprego e tentar a profissão de auditora.

No mês de julho de 1997, realizei muitas visitas e intenso Daimoku e, como havia determinado, no mês seguinte estava empregada como auditora em uma empresa que me deu a oportunidade de aprender e desenvolver as habilidades nessa profissão.

Os anos seguiram e finalmente chegamos a 1999. Havia sido indicada para fazer parte da comissão central da “Convenção da Chuva”. Atuava como responsável pela DFJ da 6a RM e era vice-coordenadora da Nova Era Kotekitai da BSGI. Em meio aos preparativos da convenção, novamente nosso carma familiar se manifestou. Meu pai ficou desempregado e com uma imensa dívida de um carro que havia adquirido em conjunto com um de meus irmãos, que também ficou desempregado. Dois meses após a Convenção, meu irmão mais novo recebeu a notícia que iria ser pai e, para seu desespero, no mesmo mês ficou desempregado. E meu irmão havia se casado dois anos antes. Eu e minha mãe, unidas pelo Daimoku, direcionamos toda as nossas forças para a transformação daquela situação. Orávamos e nos incentivávamos mutuamente. O que mais me fazia sofrer era ver o sofrimento de minha mãe em ver seus filhos sofrendo. Foram momentos muito difíceis, nos quais pude contar com o grande apoio de uma querida companheira e veterana e também das demais companheiras da cúpula da DFJ da BSGI.

Nossa situação era tão ruim que cheguei a ficar revoltada, pois era a única que trabalhava. Tudo dependia de meus esforços. Orava muitas vezes chorando e buscava o conforto nas orientações de nosso querido Mestre.

Com forte fé e convicção e sempre baseada na escritura de Nitiren Daishonin que diz: “Mesmo que fosse possível errar ao apontar a terra, que alguém fosse capaz de unir os céus, que a maré não tivesse fluxo nem refluxo, que o sol se levantasse no Oeste, jamais aconteceria de as orações do devoto do Sutra de Lótus deixarem de ser concretizadas.” (Gosho Zenshu, pág. 1.351.) Dizia para minha mãe que havíamos chegado no fundo do poço e que a única coisa que nos restava era subir. Enquanto isso, fui indicada no mês de dezembro para a função que exerço atualmente. Quanta responsabilidade e quanto desafio! Quem imaginava o que se passava em minha vida? Aquele foi o último mês do ano e também o último que sofreria pela ação da maldade.

Iniciamos o ano 2000 com grandes vitórias. Meu irmão marcou seu casamento para o mês de fevereiro e, antes disso, ele foi admitido em uma empresa e recentemente foi promovido. Seu filho é lindo e o amamos muito. Meu outro irmão também conseguiu um excelente emprego em que trabalha até hoje. No mês de janeiro, consegui com muito esforço o direito de aposentadoria de meu pai. Quanta alegria novamente senti ao comprovar mais uma vez a veracidade e a força da Lei Mística.

Nesse mesmo ano, após estabilizar nossa situação, lancei um novo objetivo profissional, pois a empresa em que trabalhava, embora tivesse aberto as portas para exercer a função que desejava, não me oferecia condições para crescer profissionalmente.

Então, no mês de setembro, fui admitida em uma das maiores empresas multinacionais de minha área. Recentemente, antes mesmo de completar um ano na empresa, fui promovida comprovando mais uma vez a grandiosidade da prática da fé. Misticamente, essa empresa foi a mesma que eu havia recusado no primeiro ano de faculdade.

Hoje, embora trabalhando muito, posso visualizar perfeitamente meu futuro e fazer de todas as experiências vividas um grande incentivo para cada jovem da Cidade de São Paulo e de todo o Brasil.

Ao ouvir os constantes incentivos do Mestre, principalmente àqueles direcionados às moças, sinto uma imensa alegria e alento no coração para jamais abandonar minha missão com relação à minha família, pois Sensei orienta que nossos pais e irmãos, sejam eles como forem, poderão ser salvos se nós próprios nos tornarmos Buda.

Gostaria mais uma vez de agradecer a oportunidade e reconfirmar minha decisão de infalivelmente contribuir para o movimento pelo Kossen-rufu mundial. Como digna “Doutora da Felicidade”, estarei sempre orando para manifestar em meu coração um grande sol capaz de iluminar tudo e transmitir alegria e esperança para as pessoas.

Muito obrigada!

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