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Encontro com o Mestre

Ter um espírito altruístico

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Dr. Daisaku Ikeda

20/06/2024

Ter um espírito altruístico

(Trecho do romance Nova Revolução Humana, v. 19)

Okinawa agora ganhava um novo objetivo. Como afirmou o escritor francês Romain Rolland: “A vida é uma luta contínua em busca de melhoria e progresso. Portanto, vamos nos empenhar juntos, não descansando jamais sobre nossos próprios louros, mas estabelecendo objetivos cada vez mais elevados para alcançarmos”.1 Possuir um objetivo é fonte de esperança e de inspiração. (...)

No decorrer de suas palavras [na convenção comemorativa dos vinte anos do movimento do kosen-rufu em Okinawa, realizada em 8 de fevereiro de 1974], Shin’ichi2 elucidou a essência do movimento Soka.

— Em suma, consiste no espírito altruístico de se importar com os outros. Incutir esse espírito no coração dos seres humanos é a chave para a concretização da paz mundial. (...)

A Soka Gakkai havia, até então, possibilitado que um número incalculável de pessoas consolidasse em sua vida o espírito de apoiar e se interessar pelo próximo. Muitos membros da organização começaram a praticar o Budismo Nichiren por estarem sofrendo em virtude de doenças, preocupações financeiras, problemas familiares ou outras dificuldades pessoais. Em outras palavras, iniciaram a prática em benefício próprio.

No entanto, Nichiren Daishonin expressa: “Deve não só perseverar como também ensinar aos outros”.3 Além de nós próprios nos esforçarmos na fé, afirma ele, devemos ajudar os outros a fazer o mesmo. Basicamente, o ato de nos empenharmos pelo kosen-rufu por desejarmos a felicidade do próximo é que possibilita que nos tornemos genuinamente felizes. Trata-se da fusão da prática para si e da prática para os outros. Nossos próprios sofrimentos se tornam a força propulsora para a suprema prática de bodisatva, que é o kosen-rufu.

Ao darmos o melhor de nós pelo bem dos outros, libertamo-nos do nosso eu menor, focado apenas em preocupações pes­soais, e gradativamente expandimos e elevamos nosso estado de vida. O compromisso com o bem-estar dos outros nos impele a transformar nossa própria condição de vida e a realizar nossa revolução humana.

A vida dos membros da Soka Gakkai, que recitam Nam-myoho-renge-kyo de todo o coração pela felicidade de seus amigos e, imbuí­dos de total sinceridade, compartilham os ensinamentos de Nichiren Daishonin com os outros, transborda de alegria, coragem e esperança. Mesmo que possamos enfrentar vários problemas de saúde, financeiros ou de outro tipo, podemos ultrapassá-los seguramente, como um hábil surfista deslizando sobre ondas colossais.

O benefício grandioso e ver­da­deiro da fé reside nessa transfor­mação interior fun­damen­tal e na revolução humana. De acordo com o princípio da unici­dade da vida e seu ambiente, quando nossa condição de vida muda, podemos mudar nosso ambiente também e, desse modo, solucionar todos os nossos problemas e contrariedades.

Shin’ichi deu ênfase à importância do compromisso com o bem-estar dos outros durante o seu discurso na convenção por saber que a felicidade dos integrantes de Okinawa e a consolidação da paz dependiam disso. Ele desejava que os membros de Okinawa encarassem com seriedade esse espírito e interagissem sinceramente com seus vizinhos, tornando-se pessoas merecedoras de confiança e estimadas na comunidade.

Fonte:

IKEDA, Daisaku. Arco-íris da Esperança. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 19, p. 64-65, 2019.

Notas:

1. ROLLAND, Romain. Roman Roran Zenshu [Coletânea de Obras de Romain Rolland]. Tradução: Masakiyo Miyamoto e Tokuo Ebihara. Tóquio: Misuzu Shobo, v. 19, p. 68, 1983. Tradução do japonês.

2. Pseudônimo do presidente Ikeda no romance Nova Revolução Humana.

3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 405, 2020.

Clamor pela paz

Em 16 de julho de 1960, Ikeda sensei visitou pela primeira vez as terras de Okinawa, no extremo sul do Japão. Quinze anos haviam se passado desde o fim da Segunda Guerra Mundial e Okinawa estava sob o domínio dos Estados Unidos, que lá implantaram bases militares e até uma plataforma de lançamento de mísseis nucleares.

Durante a sua quarta visita à localidade, em 2 de dezembro de 1964, ele se encontrava no segundo andar da sede de Okinawa, com a caneta em punho, para iniciar o romance Revolução Humana. Após escrever “Revolução Humana” e “Capítulo 1, Alvorada”, interrompeu a escrita. As palavras iniciais não vinham.

Ele se lembrou, então, do local no sul de Okinawa em que foi travada uma sangrenta batalha e que havia visitado várias vezes. Enquanto as lembranças de sua juventude durante a guerra voltavam, Ikeda sensei pensou no momento em que seu mestre, Josei Toda, havia acabado de sair da prisão e viu, pela primeira vez, a cidade de Tóquio em ruínas. Naquele momento, as palavras vieram à mente.

Não há ato mais bárbaro do que a guerra! Não existe um fato mais trágico do que a guerra! Entretanto, a guerra ainda continuava...1

Assim nascia a frase inicial do romance Revolução Humana que perpetuaria o espírito Soka pela concretização da paz.






Vista para o Oceano Pacífico e a colina Mabuni a partir do Museu Memorial da Paz de Okinawa. Em frente à colina existe um monumento gravado com o nome daqueles que morreram na Batalha de Okinawa durante a Segunda Guerra Mundial (cidade de Itoman, Okinawa)

Vista para o Oceano Pacífico e a colina Mabuni a partir do Museu Memorial da Paz de Okinawa. Em frente à colina existe um monumento gravado com o nome daqueles que morreram na Batalha de Okinawa durante a Segunda Guerra Mundial (cidade de Itoman, Okinawa)



No topo:
Presidente Ikeda incentiva os membros da Divisão dos Estudantes em frente ao Monumento à Paz Mundial (Centro de Treinamento de Okinawa, Onna, Japão, fev. 1991). Por sugestão de Ikeda sensei, este local, uma antiga plataforma de lançamento de mísseis nucleares militares dos Estados Unidos, renasceu como um local de difusão da paz

Fonte:

Adaptado de matéria publicada no Seikyo Shimbun de 2 de março de 2024.

Nota:

1. IKEDA, Daisaku. Alvorada. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 21, 2022.

Fotos: Seikyo Press

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