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Na prática

Você é o próprio OCEANO!

Neste exato momento, milhares de mães dão à luz uma linda criança em algum lugar do planeta. Segundo o Worldometers1 — site que apresenta diversos dados em tempo real —, a população global chegará em breve à marca de 8 bilhões de habitantes. Diante de um número tão expressivo de pessoas no mundo, podemos parecer insignificantes e até pensar que não somos capazes de contribuir para o bem-estar da humanidade. Pois bem, a história nos prova que uma única pessoa tem sim o potencial de transformar o próprio destino e também de apoiar muitos outros seres humanos a alterar positivamente o rumo da vida. O buda Nichiren Daishonin deixa claro em seus escritos quanto confia no ímpeto transformador de uma única pessoa:2 Se procurarmos saber qual é a origem do Monte Sumeru, descobriremos que começou com uma única partícula de pó. De maneira semelhante, o grande oceano originou-se a partir de uma única gota de orvalho. Uma mais uma são duas; duas se convertem em três; e assim sucessivamente, até formarem dez, cem, mil, dez mil, cem mil ou um asamkhya. Ainda assim, “uma” é a mãe de todos. Diante dessa reflexão, vamos entender como podemos desenvolver uma capacidade ilimitada, tão vasta como o oceano.

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03/11/2020

Você é o próprio OCEANO!

Pequeno filete d’agua

Tomamos como exemplo um riacho. Ele nasce tímido, como um pequeno filete d’agua no alto de uma montanha, e sem demora inicia sua longa e importante jornada de transformação. A primeira tarefa é descer lá do topo. Pelo caminho, o pequeno riacho recebe afluentes e tão logo se transformará num grande rio.

De imediato, aquele pequeno riacho passa por circunstâncias desafiadoras, situações necessárias para ganhar força e robustez — cachoeiras com grandes quedas, trechos sinuosos, poluição pela ação do homem. Contudo, ele segue firme em seu curso até desaguar no oceano, e por fim se tornar o pró-prio oceano.

Em comparação com a vastidão do oceano ou a própria grandiosidade do universo, nossa vida aparenta ser muito pequena — nada além de uma gota de orvalho sobre uma folha. Mas, assim como as gotas de orvalho se juntam para formar o poderoso oceano, podemos também nos tornar unos com a Lei Mística e realizar feitos realmente grandiosos. Tal como o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, assegura no tema dos romances Revolução Humana e Nova Revolução Humana de sua autoria: “Seja como for, a grandiosa revolução humana de uma única pessoa um dia impulsionará a mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade!”.3

Organização em prol da paz

Assim como garante o buda Nichiren Daishonin, uma simples gota de orvalho contém toda a essência e imensidão de um oceano. Foi a partir da determinação de Tsunesaburo Makiguchi e seu discípulo sucessor, Josei Toda, educadores convictos em contribuir para a reforma educacional japonesa, que a Soka Gakkai foi estabelecida. Em 18 de novembro de 1930, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda formaram um grupo para empreender atividades educacionais e religiosas.

Com o passar dos anos, a Soka Gakkai se desenvolveu de maneira notável, estendendo-se para todo o território nacional. Suas atividades ultrapassaram os limites do arquipélago japonês e hoje a organização celebra seus noventa anos presente em 192 países e territórios, e é composta por mais de 12 milhões de membros no mundo inteiro. Assim como a Soka Gakkai, que iniciou suas ações tão pequena como a gota d’agua e atualmente se tornou tão pujante como o oceano, todas as pessoas, à sua maneira, conseguem despertar a força colossal da Lei Mística na própria vida.

Triunfar sobre o destino

No romance Nova Revolução Humana, é narrada a história de Vicente Seiken Kishibe como exemplo dessa expansão da vida. Kishibe superou imensos infortúnios que a vida lhe reservou e atuou em prol da felicidade de inúmeras pessoas por meio da prática budista. Além de suplantar a falência dos negócios e a saúde precária dos filhos, sua ação foi determinante para que a organização prosperasse e alcançasse também o reconhecimento da sociedade em seu país.

Kishibe nascera em Okinawa, Japão. Após se formar numa escola de agricultura, teve a oportunidade de viajar para a Argentina e aprofundar o conhecimento sobre o cultivo do solo. Logo, mudou-se para o Peru, e em pouco tempo se tornou empresário no ramo de ferragens. Ao assinar um contrato fraudulento sem conferir o teor, Kishibe acumulou grande dívida. Com seus três filhos doentes, ele nem sequer tinha dinheiro para alimentá-los, muito menos para prover-lhes remédio. Ao ver seus filhos sofrerem com a doença, lastimava a falta de sorte na vida.4

Vicente já estava com mais de 45 anos. Havia perdido tudo que construíra durante os mais de vinte anos desde que se radicara no Peru. Além de não conseguir encontrar soluções para sustentar a família, os pesadelos não o deixavam dormir. Desesperado, Vicente tentou suicidar-se duas vezes. Na primeira vez, atirou-se de um precipício no subúrbio de Lima. Ficou gravemente ferido, mas foi resgatado com vida. Acabou fracassando também na segunda tentativa ao saltar de um ônibus em alta velocidade. Com o intuito de ajudar no sustento da família, a esposa de Vicente, Rosália, abriu um salão de beleza com ajuda financeira do pai e do irmão mais novo dela. Nessa época, Vicente foi convidado por um amigo de escola para conhecer o budismo na casa de Masayoshi China. “Se você praticar o budismo com toda seriedade, será capaz de superar quaisquer dificuldades!” — estas palavras convictas de China tocaram profundamente o coração de Vicente. Sem rodeios, ele assinou imediatamente o requerimento de conversão e decidiu ingressar na Gakkai. Isso ocorreu em março de 1962.

À medida que praticava e participava das atividades da Soka Gakkai, Vicente percebeu que algo começava a mudar em seu interior. Ele sentia mais dinamismo na atuação diária e estava transformando a maneira de encarar as diversas questões relacionadas à vida.

Diante da dura realidade, Vicente pensava que era a pessoa mais infeliz do mundo. Entretanto, com a prática da fé, percebeu que foi pelo fato de enfrentar os sofrimentos que teve a oportunidade de encontrar o Gohonzon e ser verdadeiramente feliz junto com a família. Com isso, a certeza da felicidade brotou em seu coração. Pouco tempo depois, Vicente abriu uma loja especializada em fotos no subúrbio de Lima, denominando-a de Foto Shiawase (Foto Felicidade). Esse nome simbolizava sua decisão de comprovar infalivelmente a felicidade por meio da prática do budismo.
Em novembro de 1962, quando foi fundado o Distrito Peru, Vicente e Rosália foram nomeados responsáveis de comunidade. Nessa ocasião, Vicente decidiu: “Devotarei minha vida em prol do kosen-rufu. Por isso, devo criar rapidamente uma base mais sólida em todos os aspectos da minha vida”. Nessa época, Rosália havia conquistado a simpatia das mulheres do bairro e seu salão de beleza estava sempre lotado. Pouco tempo depois, as ruas das imediações da Foto Shiawase foram asfaltadas e escolas, cartórios e prédios de órgãos públicos foram construídos. Tudo isso contribuiu para o sucesso no trabalho de Vicente, possibilitando-o liquidar as dívidas. Ao mesmo tempo, seus filhos ficaram curados das doenças.
Com a constatação de todas essas mudanças, Vicente e Rosália empenharam-se nas atividades com profundo sentimento de gratidão. Ao saberem que algum membro passava por dificuldades, eles iam imediatamente visitá-lo, não se importando com a distância. A decisão de ambos era levar felicidade para todos os peruanos.

A dedicação pelo bem-estar e progresso do povo peruano e o desenvolvimento da organização no país fizeram com que a vida de Kishibe e de sua família também florescesse. Pouco tempo depois desse episódio, ele foi nomeado diretor-geral da SGI do Peru e, a partir de então, uma nova jornada de expansão do Budismo Nichiren teve início na sociedade peruana. Além do mais, a atuação dos membros como bons cidadãos conquistou, gradativamente, a simpatia e o respeito das pessoas.

Torne-se tão vasto quanto o oceano

Vicente Kishibe, mesmo diante das amarguras, ao iniciar a prática do Budismo de Nichiren Daishonin de maneira consistente e determinada, conseguiu expandir sua condição de vida interior e manifestar a grandiosidade da Lei Mística. Mesmo pensando ser incapaz de transformar seu mau destino, adquiriu força proporcional à imensidão do universo.

Com esse exemplo, compreendemos que cada indivíduo, tal como um pequeno riacho, ao confluir com outros córregos — como o mestre da vida e os companheiros da Soka Gakkai —, ao mesmo tempo que enfrenta percursos sinuosos e grandes quedas d’agua para se tornar um grande rio — ou seja, as adversidades que podem resultar em enorme fonte de aprimoramento da vida —, se transformará por fim num vasto oceano.

Quando devotamos a vida ao grande juramento pelo kosen-rufu, conseguimos realizar uma grandiosa revolução humana. Quando nos alicerçamos na Lei Mística e lutamos juntos na Soka Gakkai ao lado dos nossos amigos, conseguimos modificar positivamente todos os sofrimentos e adversidades — transformando veneno em remédio — e consolidar sem falta vitórias radiantes.5

Dessa forma, o presidente Ikeda recomenda que as pessoas trilhem pelo caminho da prática budista, e assim conquistem uma vida repleta de vitórias.

Siga em frente e não desista!

Nesses noventa anos de estabelecimento da SGI, milhares de pessoas ao redor do mundo emitiram das profundezas da vida o brilho da Lei Mística. Mesmo sufocadas pelas dores dos sofrimentos, aquelas que enfrentaram os obstáculos com coragem e sabedoria provenientes da prática budista triunfaram — são inúmeras histórias de superação iguais às da família Kishibe. Como a junção de pequenas gotículas que formam um grande oceano, os membros da SGI, cada qual em sua realidade, constituem uma organização em prol da autêntica felicidade de todas as pessoas do mundo. Dessa forma, mesmo diante dos infortúnios da vida, tenha coragem, siga em frente sem jamais desistir e se torne imponente como o grande oceano.

Notas:

1. Disponível em: https://www.worldometers.info. Acesso em: 13 out. 2020.

2. CEND, v. I, p. 698.

3. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana, v. 1, p. 7.

4. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana, v. 11, p. 93-95.

5. Brasil Seikyo, ed. 2.394, 4 nov. 2017, p. B3.

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